05/09/2018

A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA NECESSÁRIA À CONSTRUÇÃO DE SABERES PEDAGÓGICOS: VYGOTSKY, PIAGET E WALLON EM REVISÃO

A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA NECESSÁRIA À CONSTRUÇÃO DE SABERES PEDAGÓGICOS: VYGOTSKY, PIAGET E WALLON EM REVISÃO

Flávia Cristina Martins de Oliveira

teacherflafi@gmail.com

RESUMO

Este artigo apresenta a importância da Psicologia da Educação para a área educacional. A construção de saberes pedagógicos, como embasamento teórico do professor, é primordial para o desenvolvimento de um trabalho com êxito em sala de aula. Conhecer o processo de ensino-aprendizagem é necessário ao fazer pedagógico, no ato de ação-reflexão-ação da prática docente. O trabalho discorre sobre a história da Psicologia da Educação, e em seguida faz uma revisão sobre as teorias que tem contribuído para a área educacional: Vygotsky e o sociointeracionismo; Piaget e o cognitivismo; e Wallon, em defesa da integração do ser humano e da importância da afetividade para o processo de ensino-aprendizagem. Conhecer as teorias existentes é importante para que o professor faça escolhas assertivas e refletidas no ato de ensinar.

Palavras-chave: Psicologia da Educação. Processo ensino-aprendizagem. Teorias da aprendizagem.

A proposta do artigo

Este artigo discorre sobre a importância da Psicologia da Educação no âmbito educacional e as três principais teorias da psicologia que balizam a educação na atualidade.  Os estudos de Piaget, Vygotsky e Wallon são amplamente difundidos durante a formação inicial em pedagogia e em todas as licenciaturas. O embasamento teórico é o alicerce para a atuação do professor em sala de aula, na elaboração do planejamento escolar, na escolha do material para os alunos ou para o desenvolvimento de um currículo com objetivos claros e atingíveis.

A proposta é apresentar como a Psicologia da Educação pode colaborar com os professores, pois pode ajudá-los a compreender o processo ensino-aprendizagem e desenvolver atividades refletidas e escolhidas para o perfil de seus alunos, conhecendo suas necessidades, deficiências e o saber já adquirido, preparando assim aulas com mais possibilidades de sucesso. Além disso, apresentará as teorias mais abrangentes na área educacional, Vygotsky e o sociointeracionismo; Piaget e o cognitivismo, e Wallon, em defesa da integração do ser humano e da importância da afetividade para o processo de ensino-aprendizagem. É importante a compreensão delas e, se possível, a integração desses conhecimentos como aporte teórico para o processo de ação-reflexão-ação dos saberes pedagógicos, e não uma escolha estanque em apenas uma só teoria. Para que o professor compreenda toda a articulação do processo de se ensinar e aprender, é necessário que ele tenha bem claro o que é relevante ou não dentro de sua realidade educacional. Por isso, acredita-se que todos os estudiosos da área contribuam consideravelmente para o enriquecimento dos conhecimentos pedagógicos. Cabe somente ao professor, no seu cotidiano, escolher o que lhe cabe melhor, em cada grupo, em cada atividade, em cada momento de sala de aula.

O surgimento de uma nova ciência

A Psicologia é uma ciência relativamente nova, nasceu como desmembramento da Filosofia e com as crescentes descobertas da Biologia ocorridas no séc. XIX. No momento de seu surgimento, a sociedade estava sofrendo grandes mudanças socioeconômicas devido à crescente expansão do capitalismo, ou seja, se consolidava na sociedade o ideário liberal em que os problemas sociais eram pensados como problemas de cultura individual. Nesse momento revela como dominante a necessidade de conhecer o homem em sua dimensão mais individual. A Psicologia surge já como uma necessidade prática de organizar, ajustar e adaptar o ser humano neste contexto social.

Pela característica singular de seu surgimento, ela trouxe consigo ideias filosóficas de várias correntes, apresentando uma pluralidade de conceitos que se desenvolveram a partir da ressignificação dessas ideias filosóficas. Ao longo da história, a Psicologia esteve em constante articulação com a educação. Nesta relação foram surgindo conhecimentos específicos interligados às duas áreas, que se concretizaram na Psicologia da Educação.

Historicamente, houve esforços da Psicologia em se estabelecer como ciência, e para que houvesse emancipação da filosofia, ela tentou fundamentar suas teorias nos métodos experimentais utilizados na ciência física. Da mesma maneira, as teorias pedagógicas também procuraram se estabelecer fora das correntes filosóficas, buscando fundamentação científica.

A emancipação escolar exerceu força para que a Psicologia se estabelecesse como área científica, já que era necessário introduzir mudanças neste contexto. A Psicologia da Educação surgiu da necessidade de adequar a demanda de alunos nas escolas com a crescente democratização do ensino. Foi assim que ela começou a analisar cientificamente os fenômenos educativos, procurando contribuir para a melhoria na educação.

Neste percurso, a Psicologia focou somente o indivíduo, suas necessidades básicas em detrimento das mudanças que o cercava. Nas escolas tecnicistas e escolanovistas, ela foi utilizada como instrumento para adequar alunos, aplicar testes de inteligência, de aptidão, etc., ficando sua ciência muito isolada ao estudo do indivíduo, sem as influências do meio.

Em sua trajetória, a Psicologia da Educação teve seu crescimento na área educacional pela difusão da literatura norte-americana e pela vasta gama de conhecimentos no processo e desenvolvimento da aprendizagem. Infelizmente, ela foi mal interpretada como ciência e foi-lhe atribuída uma importância equivocada, como fonte para a resolução de todos os problemas escolares, o que ocasionou na psicologização dos processos educacionais.

A análise do indivíduo de forma objetivista e sem considerar as mudanças sociais e culturais do mundo que o cerca, restringe a Psicologia a uma ciência reduzida em relação à realidade de contexto social. Isso se reflete na escola, tudo que ela não consegue solucionar, delega à Psicologia, aos "psicologismos".

Mesmo com várias pesquisas e descobertas neste campo, em razão desta primeira aplicabilidade da Psicologia no século passado, e infelizmente em alguns casos, até hoje, fica marcado o seu reducionismo no âmbito escolar.

A Psicologia da Educação tem uma condição epistemológica muito rica, e com essa gama de conhecimentos científicos, ela tem muito a contribuir, principalmente na formação dos professores, e o reducionismo dessa ciência precisa ser revisto. A escola não pode ser vista por si só, ela está inserida em um contexto social e histórico que a caracteriza, que a molda. A Psicologia possui um grande potencial de contribuições para a educação, segundo Larocca (1999, p. 17):

[...] é possível depreender que o potencial de contribuições da Psicologia da Educação está marcado por duplo aspecto. O primeiro advém de sua condição epistemológica, ou seja, do conhecimento científico que é o conhecimento psicológico. O segundo, do fato de que este conhecimento deve servir à Educação (como prática social multifacetada), colocando-a no centro das análises e definindo, portanto, o seu papel na construção de um projeto social.         

Com cursos de formação de professores deficientes à atual demanda do universo escolar, muito do que as teorias têm a oferecer acabam sendo vistas erroneamente, por meio dos “modismos psicologizantes”. Com mudanças nas políticas públicas e falta de compromisso com uma educação a longo prazo, as propostas pedagógicas mudam, os cursos de formação oferecem o que está em voga e abordagens tão ricas e necessárias ao professor acabam sendo mal interpretadas e sua aplicabilidade comprometida.

A Psicologia da Educação tem muito a contribuir, porém não pode ser vista como a única responsável por mudanças. Ela é apenas uma das várias ferramentas apresentadas dentro do cenário escolar para ampliar os conhecimentos epistemológicos dos docentes. É importante que haja articulação com as outras áreas afins para que um bom trabalho educacional se concretize. Como observa Souza; Kramer (1991, p. 70):

[...] quanto mais as universidades e os sistemas de ensino confundirem as cabeças dos professores com teorias redentoras, supostamente dotadas de capacidade de resolver os problemas educacionais [...], menos contribuições efetivas estarão sendo dadas a uma educação democrática, e portanto de qualidade. É crucial que os professores tenham acesso ao conhecimento produzido nos vários campos, mas é preciso dimensionar esse conhecimento na provisoriedade que o caracteriza, superando modismos apressados, classificações levianas da prática escolar e propostas de mudanças rápidas e superficiais. (p. 70)

Dentre os grandes estudiosos da Psicologia da modernidade, existem Piaget, Wallon e Vygotsky. Todos com grandes contribuições para a educação e formação de professores. Cada um a seu tempo, com teorias que ora se completam ora se rechaçam, porém com uma ciência que vem a complementar os estudos na formação de profissionais da educação, que atualmente tanto carecem de embasamento para se aventurarem na arte de ensinar, e contribuir para mudanças significativas nas próximas gerações.

Vygotsky e o sociointeracionismo

Vygotsky teve influência direta das ideias marxistas, por meio de estudos filosóficos do materialismo histórico-dialético. Eles se baseiam no pressuposto básico de que a natureza, a história e o espírito se entrelaçam em um constante processo de mudanças e transformações. A verdade não é dogmática, mas depende dos processos e modificações que acompanham os eventos. A partir dessa filosofia, Vygotsky desenvolveu seus mais importantes pressupostos, considerando o desenvolvimento humano um processo complexo. Sua abordagem acredita que a aprendizagem do homem está inter-relacionada com a apropriação das experiências históricas e culturais. Esse pensamento é chamado de sociointeracionista, pois considera que o homem constitui-se através de suas interações sociais, ele transforma e é transformado pelo seu mundo histórico e cultural.

Em suma, na abordagem vygotskyana, o homem não é uma tábula rasa onde são depositados conhecimentos, ele interage com o mundo, produz o seu próprio saber, é um sujeito ativo que constrói e reconstrói sua cultura e sua história, não há verdade absoluta, dogmatismos, o mundo é feito pela participação e influência ativa do sujeito no contexto em que está inserido.

Apesar de sua morte precoce, Vygotsky deixou um grande legado de estudos, tanto concluídos como em andamento. Seus colaboradores deram cabo a várias de suas pesquisas. Mesmo assim, muito de sua obra ficou fragmentada, e aqui no Brasil, suas obras completas nunca foram, de fato, publicadas. Contudo, seus principais postulados são de grande riqueza e acrescentam muito na área da Psicologia. 

Vygotsky foi um pesquisador marcado pela pluralidade e interdisciplinaridade. Suas pesquisas perpassaram por diversas áreas do conhecimento. Ele realizou grandes progressos nas áreas de neurologia, psiquiatria e psicologia. Analisou o processo de ensino-aprendizagem de crianças deficientes, trabalhou com crianças cegas e surdas. Deixou trabalhos que colaboraram posteriormente para o desenvolvimento científico nessa área.           

Ele se dedicou por muitos anos às funções psicológicas superiores, ao estudo da linguagem e do pensamento, ao conceito de signos, da mediação simbólica, ao estudo da constituição do psiquismo humano e suas diferenças entre este e a dos animais. Analisou também os processos de aprendizagem dentro e fora do contexto escolar.  Vygotsky deixou uma vasta contribuição científica para a posteridade.

Para Vygotsky existem dois níveis de desenvolvimento: o primeiro é o da aprendizagem já efetivada, que ele chama de zona de desenvolvimento real, e o outro é da capacidade a ser construída, elaborada, que ele chama de zona de desenvolvimento potencial.

Esse segundo nível se refere àquilo que a criança é capaz de fazer, porém com a mediação de outra pessoa. Para isso, a criança desempenha atividades com outros colegas ou adultos, a partir do diálogo, colaboração, imitação, pistas, etc. A distância entre o que a criança é capaz de fazer autonomamente e o que ela pode realizar com a mediação de outra pessoa ou grupo é o que se chama de zona de desenvolvimento potencial ou proximal.

Em suas pesquisas, Vygotsky desenvolveu postulados e teorias de grande contribuição no âmbito escolar. Principalmente no estudo da aprendizagem infantil, como salienta Rego (1995, p. 74):

O conceito de zona de desenvolvimento proximal é de extrema importância para as pesquisas do desenvolvimento infantil e para o plano educacional, justamente porque permite a compreensão da dinâmica interna do desenvolvimento individual. Através da consideração da zona de desenvolvimento proximal, é possível verificar não somente os ciclos já completados, como também os que estão em via de formação, o que permite o delineamento da competência da criança e de suas futuras conquistas, assim como a elaboração de estratégias pedagógicas que a auxiliem nesse processo.

Na abordagem vygotskyana, o ensino escolar desempenha um papel muito importante na formação de conceitos formais e científicos, que só a escola consegue oferecer. De acordo com Rego (1995, p. 79):

 [...] a escola propicia às crianças um conhecimento sistemático sobre aspectos que não estão associados ao seu campo de visão [...]. (A escola)  Possibilita que o indivíduo tenha acesso ao conhecimento científico construído e acumulado pela humanidade.

Reitera-se assim a relevância do sociointeracionismo para a construção dos saberes acumulados pelas sociedades, onde a escola é o local de suma importância para o desenvolvimento do ser humano.

Piaget e a construção do conhecimento

Outro grande pesquisador da atualidade é Jean Piaget. Seus conceitos foram difundidos com grande adesão há poucas décadas, mas devido ao seu reducionismo e má interpretação, foram mal aplicados e utilizados como método em sala de aula. Somente agora eles têm retomado espaço e interpretados como abordagens e não como método a ser empregado.

Os conceitos elaborados por Vygotsky e Piaget possuem pontos em comum, porém não acompanham a mesma filosofia em vários aspectos. Contudo, são abordagens que podem ser estudadas e somadas na área da educação, apesar de alguns pesquisadores as considerarem distintas:

Muitos pesquisadores da atualidade tendem a ver mais similaridades do que oposições entre as propostas piagetianas e vygotskyanas. Inversamente, outros tantos acreditam que elas são teorias tão distintas que, em se escolhendo uma, se está necessariamente descartando a outra. (DAVIS, 2005, p. 38)

No artigo intitulado Interlocuções entre Psicologia e Educação, Queiroz (2003, p. 2) faz um ensaio entre as principais abordagens de Vygotsky e Piaget, enfatizando os pontos em comum e concluindo que ambos os pesquisadores oferecem grandes contribuições para a educação:

A Psicologia Genética de Piaget e a Teoria Histórico-Cultural de Vygotsky destacam-se nesse panorama. Fato que nos leva a privilegiar as contribuições das duas abordagens ao caracterizarmos os ‘novos’ contornos da subjetividade-cognição [...] Serão focalizadas as inclinações comuns, fazendo-se uma ou outra referência ao modo específico como cada uma as concretiza. [...] ambas as teorias enraízam-se em um mesmo solo. Pressupostos idênticos conduzem a determinado desenho da subjetividade e da cognição.

Piaget teve grande influência da corrente estruturalista defendida por Kant, Husserl, entre outros. Biólogo por formação, baseou-se no campo da biologia e no estruturalismo para desenvolver sua teoria, chamada de construtivista. Essa abordagem enfatiza a interação entre o indivíduo e o meio, com ênfase no sujeito.

Para Piaget, o desenvolvimento e a aprendizagem não caminham juntos. O primeiro antecipa o segundo e somente quando a criança está preparada fisiologicamente, é capaz de aprender. Na concepção de Piaget, a aprendizagem se dá através da “equilibração majorante”. Isto é, a construção do conhecimento acontece quando um estado de equilíbrio (o que já foi assimilado) entra em contato com um novo conceito, assim o cognitivo entra em estado de desequilíbrio. Quando as novas estruturas são internalizadas, há um retorno ao estado de equilíbrio, ou seja, a aprendizagem aconteceu, os novos conceitos foram assimilados.

Para Piaget, é necessária a ligação do sujeito com o mundo para que haja desenvolvimento em estágios cada vez mais avançados:

Na Psicologia Genética de Piaget, a interação com o mundo físico e social propicia, pouco a pouco, a ascensão a estágios de desenvolvimento mais complexos. (QUEIROZ, 2003, p.2)

A principal diferença entre os postulados de Vygotsky e Piaget é que o primeiro acredita que para a aprendizagem acontecer, é necessário um estímulo externo; o desenvolvimento acontece na interação com o meio, interpsicologicamente e depois intrapsicologicamente. Já para Piaget, a aprendizagem ocorre quando o sujeito já está preparado biologicamente para internalizar novos conceitos, ou seja, o caminho oposto.

Wallon: por uma formação integral 

Henri Wallon foi um grande psicólogo francês do séc. XX. Teve sólida formação acadêmica ligada à psicologia, tais como: filosofia, medicina e psiquiatria. Sua teoria e seus estudos se voltaram para a criança e para a educação. Seus projetos resultaram em uma grande reforma no sistema educacional francês. Foi influenciado pela filosofia marxista, no entanto, não fazia menções declaradas em seus trabalhos à Marx e Engels, fundadores do materialismo dialético. No artigo Produção de Vygotsky e Wallon: Comparação das Dimensões Epistemológica, Metodológica e Desenvolvimental, Mahoney et al. (2007, p. 36)  corrobora-se essa afirmação:

Wallon difere de seus colegas soviéticos ao pouco fazer citações das obras de Marx, Engels e Lênin. Wallon utiliza os principais pressupostos teórico-metodológicos sem, no entanto, usar muitas referências diretas. Isto não significa que sua produção é menos explicitamente marxista que a dos Soviéticos. [...] Entendemos que a diferença é mais de estilo e de condições culturais e necessidades historicamente determinadas, do que um maior ou menor grau de entendimento ou apropriação do marxismo.

Este artigo mostra com clareza as similaridades e diferenças entre as abordagens de Vygotsky e Wallon. Ambas abarcam a mesma ideologia em relação ao embasamento epistemológico:

 (Vygotsky e Wallon) Defendem que o psiquismo tem sua origem sócio-histórica, e assim sendo, o cérebro não é seu demiurgo. No entanto, sem este não existe psiquismo, pois é ele que lhe confere materialidade. Desta forma, o biológico não determina quem somos, mas não somos sem o biológico. Há efetivamente uma integração orgânico-social, visto que o homem não vive e se desenvolve sozinho, mas é ontologicamente social. (MAHONEY ET AL., 2007, p. 37)

Wallon dedicou-se por muitos anos ao desenvolvimento da criança, concentrando-se na consciência humana e nas origens biológicas do ser humano para fundamentar sua teoria. A partir de suas análises, criou a teoria do desenvolvimento, que trata a pessoa de forma integral, como um ser indissociável em seus aspectos motor, afetivo e cognitivo. O desenvolvimento infantil é dividido em estágios: impulsivo emocional, sensório-motor e projetivo, personalismo, categorial, puberdade e adolescência.

Para Wallon a pessoa deve ser considerada em ser uníssono, e o desenvolvimento da criança passa por todos os estágios mencionados. Respeitando a integridade biológica da criança, ela passará de um estágio para outro em um processo de mudança e desequilíbrio, que é altamente influenciado pelo meio e pela cultura que a circunda. Tanto para Vygotsky quanto para Wallon os estados de mudança levam a crises e instabilidades até que o estágio superior se estabilize.

Pode-se caracterizar cada período (ou estádio) para os autores (Vygotsky e Wallon), além do já apontado caráter ontológico sócio-histórico, por uma série de características e formações orgânicas e psíquicas idiossincráticas àqueles anos de vida e que são essenciais para o desenvolvimento do indivíduo. É importante ressaltar que este desenvolvimento está estritamente vinculado à apropriação pelos indivíduos dos conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade. (MAHONEY et al., 2007, p. 43)

O artigo supracitado faz uma análise das abordagens de ambos os pesquisadores e conclui que, apesar das diferenças em suas teorias, muito há a acrescentar para a educação: “Na perspectiva walloniana, tal qual a de Vigotski [...], a educação e particularmente a escola, ganha papel de relevo [...]” e encerra:

Vigotski e Wallon, partindo de contextos culturais tão diversos oferecem conceitos  e princípios valiosos para a reflexão sobre a educação dos dias atuais. (MAHONEY et al 2007, p.47)

Considerações para a educação

Esta breve revisão dos trabalhos de Vygotsky, Piaget e Wallon tem por finalidade mostrar a importância de seus conceitos, assim como a sua aplicabilidade na formação dos profissionais da educação. O processo de ação-reflexão-ação não se realiza por si só se não tiver um embasamento teórico que possa melhorar a prática docente. Para isso, a Psicologia da Educação oferece um grande escopo, do qual neste artigo contemplam-se os postulados mais relevantes para a educação.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, L. R.; MAHONEY, A. A. Henri Wallon – Psicologia e Educação. São Paulo: Loyola, 2003.

ALMEIDA, P. C. Os Saberes Necessários à Docência no Contexto das Reformas para a Formação de Professores: o caso da Psicologia da Educação. Tese (Doutorado em Educação) Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2005. 210 f.

DAVIS, C. Piaget ou Vygotsky: Uma Falsa Questão. In: Coleção Memória da Pedagogia: Vygotsky – Uma Educação Dialética. São Paulo: Duetto. 2º vol, 2005.

GUERRA, C. T. Conhecimento Psicológico e Formação de Professores. In: AZZI, R. G., BATISTA, S., SADALLA, A. (Org.) Formação de Professores: Discutindo o Ensino de Psicologia. Campinas, SP: Alínea, 2000.

LAROCCA, P. Psicologia na Formação Docente. Campinas, SP: Alínea, 1999.

MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. R.; ALMEIDA, S. H. V. Produção de Vygotsky e Wallon: Comparação das Dimensões Epistemológica, Metodológica e Desenvolvimental. Psicologia da Educação. São Paulo, vol 24, 1º sem. de 2007. p. 35-50. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psie/n24/v24a04.pdf> Acesso em jan 2017.

REGO, T. C. Vygotsky: Uma Perspectiva Histórico-Cultural da Educação. Petrópolis, Rio de Janeiro: 2º ed., Vozes, 1995.

SOUZA, S. J.; KRAMER, S. (Org). Histórias de Professores: Leitura, Escrita e Pesquisa em Educação. São Paulo, SP: Ática, 1991.

QUEIROZ, D. S. Interlocuções entre Psicologia e Educação. In: 26ª Reunião Anual da ANPED - Associação Nacional de Pós-graduação em Educação, Poços de Caldas, 2003. Disponível em <http://26reuniao.anped.org.br/tpgt20.htm> Acesso em jan 2017.

VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

 

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Volume/Edição

Autores

  • OLIVEIRA, Flávia Cristina Martins de

Páginas

  • 1 a 10

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Palavras chave

  • Psicologia da educação, processo ensino-aprendizagem, teorias da aprendizagem

Dados da publicação

  • Data: 05/09/2018
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