11/10/2018

Educação Física Infantil: o Brincar, o Lúdico, o Jogo e o Papel do Educador

EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL: O BRINCAR, O LÚDICO, O JOGO E O PAPEL DO EDUCADOR

 

Lindinalva de Novaes Romano

Acadêmica de Educação Física da Universidade Norte do Paraná Campo Grande – UNOPAR CG – Campo Grande, MS, Brasil

lindi_14romano@outlook.com

 

Gildiney Penaves de Alencar

Professor Tutor Presencial do Curso de Educação Física da Universidade Norte do Paraná – UNOPAR CG – Campo Grande, MS, Brasil

Mestrando em Saúde e Desenvolvimento da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – Campo Grande, MS, Brasil

Especialista em Fisiologia do Exercício e Treinamento Esportivo pelo Instituto de Educação e Pesquisa Alfredo Torres – IEPAT – Campo Grande, MS, Brasil

gildiney.gpa@gmail.com

 

 

RESUMO

 

Ao iniciarmos a elaboração desta pesquisa, fez-se necessário centrar-se na atualidade para mostrar que a preocupação com a criança parte de um contexto cultural, social, político e econômico do qual a criança faz parte, portanto, merece atenção e cuidado. Pensando na disciplina da Educação Física, destacamos o lúdico como uma ferramenta fundamental na Educação Infantil, possibilitando um entendimento de que a formação lúdica concede ao educador uma visão clara sobre o significado do jogo, do brinquedo e da brincadeira. Nesse sentido, a presente pesquisa tem como objetivo analisar literaturas especializadas sobre a importância do brincar na Educação Infantil e esclarecer, através da atividade lúdica, o quanto é enriquecedor sua utilização para o desenvolvimento dos alunos em geral nesta etapa. As brincadeiras são atividades as quais a criança reproduz fatos da vida social, em que, através destas, adquire elementos imprescindíveis para a construção de sua personalidade e para compreender a realidade da qual faz parte, é uma forma de educar a criança. A atividade lúdica é entendida como uma forma de entretenimento, que diverte as pessoas que estão envolvidas e que dá prazer ao participante e que estão relacionadas com os jogos e com as brincadeiras. O jogo constitui uma atividade primária do ser humano. É principalmente na criança que se manifesta de maneira espontânea, alivia a tensão interior e permite a reeducação do comportamento. Este estudo permitiu entendermos a criança enquanto protagonista em suas atividades tais como as brincadeiras, o lúdico e os jogos, nos quais sua participação é muito relevante para aquisição de habilidades como que desenvolvam o cognitivo, motor, emocional e social.

 

 

Palavras-chave: Educação Física Infantil. Brincadeira. Lúdico. Jogo.

 

CHILD PHYSICAL EDUCATION: THE PLAYER, THE LUDIC, THE GAME AND THE ROLE OF THE EDUCATOR

 

Lindinalva de Novaes Romano

Gildiney Penaves de Alencar

 

ABSTRACT

 

When we started the elaboration of this research, it was necessary to focus on the present time to show that the concern with the child starts from a cultural, social, political and economic context of which the child is part, therefore, deserves attention and care. Thinking about the discipline of Physical Education, we highlight the playful as a fundamental tool in Early Childhood Education, enabling an understanding that the recreational training gives the educator a clear vision about the meaning of play, play and play. In this sense, the present research aims to analyze specialized literatures on the importance of playing in Early Childhood Education and to clarify, through playful activity, how enriching its use for the development of students in general in this stage. Play is an activity in which the child reproduces facts of social life, through which he acquires essential elements for the construction of his personality and to understand the reality of which he is a part, is a way of educating the child. Play activity is understood as a form of entertainment, which entertains the people who are involved and who gives pleasure to the participant and who are related to the games and the games. The game is a primary activity of the human being. It is mainly in the child that manifests spontaneously, relieves the inner tension and allows the reeducation of the behavior. This study allowed us to understand children as protagonists in their activities such as play, play and games, in which their participation is very relevant for acquiring skills as they develop cognitive, motor, emotional and social skills.

 

Keywords: Child Physical Education. Play. Ludic. Game.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Ao iniciarmos a elaboração desta pesquisa, fez-se necessário centrar-se na atualidade para mostrar que a preocupação com a criança parte de um contexto cultural, social, político e econômico do qual a criança faz parte, portanto, merece atenção e cuidado.

Segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil – RCNEI (BRASIL, 1998), a Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica e contribui no desenvolvimento psicológico, físico e social da criança. Isso é confirmado na Lei de Diretrizes e Bases – LDB (BRASIL, 1996) quando trata sobre a Educação Infantil, em que tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança, complementando a ação da família e da comunidade.

Nessa perspectiva, Caldeira et al. (2015) frisam que o RCNEI é um documento oficial que aponta sugestões e reflexões para os professores, não sendo um material que defina como deve ser formado um currículo para a Educação Infantil; também é fundamental destacar que o RCNEI faz parte dos documentos denominados de Parâmetros Curriculares Nacionais.

Pensando na disciplina da Educação Física, destacamos o lúdico como uma ferramenta fundamental na Educação Infantil, possibilitando um entendimento de que a formação lúdica concede ao educador uma visão clara sobre o significado do jogo, do brinquedo e da brincadeira.

Segundo Rau (2012) muitos profissionais da área da educação usam a ludicidade como um recurso pedagógico e percebe-se que a aplicação de recursos lúdicos, como jogos e brincadeiras, ajudam a deslocação dos conteúdos para o mundo do educando.

Marinho et al. (2012) afirmam que todo tipo de brincadeira é uma forma de aprendizagem observacional renovadora, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade antecipadamente experimentada. No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e têm um significado diferente daquele que designa ter.

Entretanto, o brincar tem despertado o interesse de estudiosos de diversas áreas, isso porque são inúmeros os benefícios desse ato na vida da criança, que muitos teóricos tiveram a preocupação de apresenta-las em suas obras. Carneiro e Dodge (2007, p. 33) esclarecem que “através do brincar as crianças aprendem a cultura dos mais velhos, se inserem nos grupos e conhecem o mundo que está ao seu redor”.

Nesse sentido, a presente pesquisa tem como objetivo analisar literaturas especializadas sobre a importância do brincar na Educação Infantil e esclarecer, através da atividade lúdica, o quanto é enriquecedor sua utilização para o desenvolvimento dos alunos em geral nesta etapa.

Assim, para um melhor entendimento, o estudo apresentará algumas discussões norteadoras tais como o brincar, o lúdico, o jogo, a Educação Infantil e o papel do educador.

                    

O BRINCAR, O LÚDICO E O JOGO

 

Os significados acerca dos termos referenciados neste estudo como o brincar, o jogo e o lúdico muitas vezes são tomados como sinônimos, mas são atividades diferentes umas das outras, tendo seus conceitos e devidas importâncias, inclusive assumindo relações entre eles dentro da Educação Infantil, principalmente se tratando da Educação Física.

A partir dessas considerações, Carneiro e Dodge (2007, p. 33) afirmam que “o brincar permite o exercício contínuo do aprender a conhecer, pois, brincando, a criança conhece o mundo das múltiplas interações que estabelece com ele”.

Essa afirmação da ênfase no primeiro pilar da educação, ou seja, o aprender a conhecer debruça-se sobre o raciocínio lógico, compreensão, dedução, memória e processo cognitivo por excelência.

Vygotsky (1991) apud Neves e Freitas (2004) entende que as brincadeiras são atividades as quais a criança reproduz fatos da vida social, em que, através destas, adquire elementos imprescindíveis para a construção de sua personalidade e para compreender a realidade da qual faz parte, é uma forma de educar a criança.

Nesta mesma linha de pensamento, ganha destaque o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI) ao dizer que:

 

“Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas e de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros” [...] (BRASIL, 1998, p. 28).

 

Portanto, as brincadeiras devem fazer parte do rol de atividades a serem desenvolvidas na Educação Infantil e, quando tratamos da Educação Física nesta etapa, é uma das principais estratégias para que se tenha um pleno desenvolvimento da criança.

De acordo com Neves e Freitas (2004, p. 8) “o corpo necessita de movimento para que possa desenvolver. É essa movimentação que traz benefícios ao ser humano”. Desta forma, o lúdico torna-se um caminho para a motivação, estímulos e incentivo à praticar exercícios.

Na ludicidade, as crianças são impulsionadas pelos desejos, fantasias e sonhos. Assim, permanecem numa movimentação constante onde criam e recriam suas brincadeiras sem qualquer tipo de imposição (NEVES; FREITAS, 2004).

Concordando com o autor, pode-se dizer que o professor de Educação Física não pode desprezar essa ferramenta tão essencial para o desenvolvimento da criança, sendo a ludicidade “um mecanismo de extrema importância para o aprendizado, principalmente no campo da psicomotricidade” (NEVES; FREITAS, 2004, p. 9).

Segundo Marcellino (1999), a atividade lúdica é entendida como uma forma de entretenimento, que diverte as pessoas que estão envolvidas e que dá prazer ao participante e que estão relacionadas com os jogos e com as brincadeiras. Com isso, a Educação Física faz uso dessa importante ferramenta, levado em conta os diversos desafios gerados nas aulas com propostas de divertir as crianças e, ao mesmo tempo, elas aprendem e sentem prazer na prática de tais atividades. 

Neves e Freitas (2004) enfatiza que o lúdico é uma ferramenta essencial para o professor de Educação Física, uma vez que ele se torna o mediador dessas atividades, incentivando e motivando à prática de exercícios para uma vida saudável, sendo um método importante para estimular a prática de atividades físicas (MARIN; SILVA, 2017).

Conforme Neves e Freitas (2004, p. 11) “o jogo constitui uma atividade primária do ser humano. É principalmente na criança que se manifesta de maneira espontânea, alivia a tensão interior e permite a reeducação do comportamento”. É interessante ressaltar aqui o prazer que a criança manifesta ao participar das atividades lúdicas, nem tanto pelo entretenimento, mas pelo esforço e vitória.

Brolesi, Steinle e Silva (2015) descreve que quando não há um impedimento às crianças, elas utilizam seu corpo em atividades de explorar e conhecer, contribuindo assim para seu repertorio motor. Quando ela brinca ou joga é capaz de esquematizar mentalmente a realidade ao seu redor.

Santos (2008) afirma que através do jogo a criança organiza as informações, criam e recriam situações para compreendê-las. Deste modo, o professor tem a oportunidade de entender as limitações, sentimentos, emoções, conhecimentos e necessidade de cada criança.

Defende-se, portanto, que o papel do educador diante do jogo é essencial no sentido de preparar a criança para a competição sadia, desenvolvendo o respeito para com o adversário.

É importante salientar também que, a inserção dos jogos na Educação Física deve acontecer, porém, não estimulando a competição pela competição, mas sim pensando em estimular o saber ganhar e perder desde então. Além disso, pensando na Educação Física, esta é uma oportunidade de observar as crianças com potenciais encaminhamentos para as atividades esportivas, porém, verificar as habilidades motoras para as devidas correções, se necessário.

 

EDUCAÇÃO INFATIL E O PAPEL DO EDUCADOR

 

Quando tratamos do papel do educador na Educação Infantil, este precisa estar preparado para as diversas situações que podem ocorrer dentro do espaço educacional. Muito além de transferir conhecimento para as crianças, o professor é o principal parceiro da criança no aprendizado do cuidar de si. Ele necessita ter um conhecimento básico sobre nutrição, metabolismo humano, saúde coletiva, processos infecciosos, de modo a providenciar melhores condições de atendimento às necessidades infantis de cuidado físico e promover vivências mais saudáveis nos ambientes coletivos (AMATO; FERNANDES, 2011).

Sendo assim, pode-se então reconhecer a importância das aulas de Educação Física no contexto da Educação Infantil, para que as crianças possam se desenvolver através dos jogos e das brincadeiras, de modo a estimular o cognitivo e as habilidades motoras de maneira simultânea, sendo que o professor precisa, principalmente através do movimento, estimular as crianças.

Conforme Caldeira (2015, p. 15) relata que:

 

“O RCNEI apresenta que o movimento é inato no ser humano; relata que a criança, ao nascer, apresenta movimento, sendo assim o professor de Educação Física não irá ensinar o movimento para seus estudantes como muitos acreditam, mas sim possibilitar aos estudantes a compreensão deste movimentar, mesmo nos diferentes níveis de desenvolvimento em que as crianças são submetidas neste nível de escolarização (2015, p. 15)”.  

 

O docente deve ter sabedoria de como acontece o desenvolvimento do sujeito, de como vai formando o seu mundo ao atuar sobre ele. Desta forma, Caldeira (2015) reforça que o professor de Educação Física não pode regressar a sua ação para a busca de melhora da coordenação motora das crianças, mas de proporcionar que as crianças entendam de que tipo de ações elas necessitam para estabelecer uma determinada tarefa e que estas ações poderia não ser o bastante para uma tarefa simular, mas com diferenças.

Vale frisar também o que diz Brolesi, Steinle e Silva (2015, p. 73) ao afirmar que “o papel do professor diante do jogo é essencial no sentido de preparar a criança para a competição sadia, desenvolvendo o respeito para com o adversário”.

Nesse contexto, percebe-se que o papel do educador é fundamental no decorrer das atividades na educação infantil, pois ele é o mediador entre a criança e o conhecimento, proporcionando diversos estímulos.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Este estudo permitiu entendermos a criança enquanto protagonista em suas atividades tais como as brincadeiras, o lúdico e os jogos, nos quais sua participação é muito relevante para aquisição de habilidades como que desenvolvam o cognitivo, motor, emocional e social.

Mediante essas considerações, sugerimos que o assunto aqui exposto seja trabalhado em palestras e forme parceria entre pais, educadores e a comunidade com o propósito de resgatar as brincadeiras antigas e aplicá-las no cotidiano escolar da Educação Infantil, evitando que essa cultura seja esquecida.

Diante disso, cabe ressaltar que o papel do educador é ser o mediador nas brincadeiras e jogos, ele motiva e enriquece a experiência e faz com que a criança desenvolva-se em todos os aspectos.

 

REFERÊNCIAS

 

AMATO, A. A. G.; FERNANDES, A. C. R. O papel do professor de Educação Infantil e o processo ensino-aprendizagem de crianças inclusivas. 2011. 56 f. Monografia (Especialização em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar) – Universidade de Brasília, Brasília, 2011.

 

BRASIL, Presidência da República. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 dez. 1996.

 

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: Ministério da Educação e do Desporto. Secretária de Educação Fundamental-Brasília. MEC/SEF, 1998.

 

BROLESI, M.; STEINLE, M.; SILVA, S. Jogos, Brinquedos e Brincadeiras. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A., 2015.

 

CALDEIRA, A. S; SERON, B. B. Educação Física Escolar e Saúde. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A., 2015.

 

CARNEIRO, M. Â. B.; DODGE, J. J. A descoberta do brincar. São Paulo: Melhoramento, Boa Companhia, 2007.

 

MARCELLINO, N. C. Lúdico Educação e Educação Física. Ijuí/Rio Grande do Sul: Editora UNIJUÍ, 1999.

 

MARIN, J. L. O.; SILVA, A. O treinamento funcional infantil na visão das crianças e dos pais. 2017. 17 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Educação Física) – Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, 2017.

 

MARINHO, H. R. B.; MATOS JUNIOR, M. Á.; SALLES FILHO, N. A. FINCK, S. C. M. Pedagogia do movimento: universo lúdico e psicomotricidade. Inter Saberes. Curitiba, 2012.

 

NEVES, C. F.; FREITAS, N. G. A prática da atividade motora como recreação. 2004. 36 f. Monografia (Pós-Graduação lato sensu em Psicomotricidade) – Universidade  Cândido Mendes, Rio de Janeiro, 2004.

 

RAU, M. C. T. D. A ludicidade na Educação: uma atitude pedagógica/ Educação Infantil: praticas pedagógicas de ensino e aprendizagem. Curitiba: Inter Saberes, 2012.

 

SANTOS, A. L. As brincadeiras no âmbito escolar: um estudo sobre o papel do brincar no desenvolvimento cognitivo de crianças da Educação Infantil de uma Escola privada do Paranoá-DF. Associação Península Norte de Educação Ciência e Cultura (CECAP), Projeto de Pesquisa. Brasília, 2008.

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Volume/Edição

Autores

  • ROMANO, Lindinalva de Novaes; ALENCAR, Gildiney Penaves de.

Páginas

  • 1 a 8

Áreas do conhecimento

  • Nenhuma cadastrada

Palavras chave

  • Educação Física Infantil, Brincadeira, lúdico, Jogo

Dados da publicação

  • Data: 11/10/2018
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