A (auto)mediocrização do professor
É comum, ao sabor do senso comum, ouvir afirmações de que a profissão professor está em extinção devido às tecnologias, novas mídias ou novas concepções de aprendizagem. Efetivamente a existência destas “novidades” é algo real e conquistou um espaço significativo na vida de crianças e adolescentes que certamente vêem na figura caricata do professor “dono do saber”, um instrumento ultrapassado, uma verdadeira sucata humana. Para sorte da garotada este perfil de professor está em extinção de fato, não pelas “novidades” mas pelo fato de que os novos educadores estão fomentando um novo paradigma de “ser professor”.
Se antes o professor era responsável pela disseminação do saber sistematizado, aos poucos assumiu o papel de coadjuvante como mediador entre o saber e seus alunos. Esta mediocrização, muitas vezes aceita pelos professores, deixou-os numa posição aparentemente cômoda, porém estrategicamente arquitetada para sucatear a profissão professor. Aos acomodados e conformados certamente caberá a triste despedida pela porta dos fundos daquilo que um dia foi sua profissão.
Entretanto cumpre dizer novas perspectivas fundam um novo “ser professor”. Um professor inconformado, protagonista da sua ação pedagógica, participante ativo da vida de seus alunos, exercendo sua profissão de forma a fazer a diferença em relação ao contexto em que se situam. Neste novo paradigma profissional surge o “ser educador”, sujeito capaz de valer-se de crises e conflitos para romper com a estagnação de seu papel mediador. Este novo ator assume-se como sujeito político pois optou pela ação, pela crítica e por sua inserção pessoal no processo educativo.
O educador emergente neste novo paradigma não será o amo que fará pela família o que lhe cabe, mas um personagem fundamental que se ocupará da tarefa de inconformar cada geração em relação ao que a história lhe propõe. Caberá ao educador transmitir saberes e principalmente propor caminhos para utilizá-los de forma adequada e especialmente buscar mais. Neste sentido, tecnologias, mídias e novas metodologias podem auxiliar em sua tarefa, porém o “ser educador” é algo a ser construído através do comprometimento do professor consigo e com seus alunos.
Extinguir o medíocre é próprio da história em qualquer profissão ou função em diferentes sociedades ou organizações, e no magistério não poderia ser diferente. O padecer de alguns, entretanto não permite a ninguém generalizar, exceto aos próprios padecentes que consideram o trabalho de seus colegas cópias de seu próprio fracasso. Mas com a extinção deste grupo, decretada pela sua própria conduta abre espaço para a inovação. Os medíocres cedem seu espaço aos que acreditam que “ser educador” não é uma missão ou uma vocação, mas uma atitude genuinamente profissional, de respeito a si e aos educandos.