11/04/2016

A DICOTOMIA DA EDUCAÇÃO

Wolmer Ricardo Tavares*

Escrever sobre educação chega a ser muito instigante, pois encontramos a olhos vistos, bons e maus exemplos a nos direcionar para o que deverá ser escrito, e não incorrer ao erro com generalizações inconsistentes e definir qual o tipo de educação: Pública ou Privada e se a mesma está relacionada ao ensino básico, fundamental, técnico, superior, jovens e adultos, inclusiva, rural, etc....

            Cabe aqui uma simples pergunta: não bastaria falar sobre educação? Precisa haver mesmo tanta dicotomia entre a educação pública e a educação privada? E essa mesma dicotomia se reflete até mesmo na pública, pois as federais têm um ensino com muito mais qualidade e estão entre as melhores do país, todavia as Estaduais e Municipais estão entre as piores.

            Obviamente, muitos afirmam que a educação privada tem uma qualidade melhor o que é constatado nos exames como Ideb, ENADE, Prova Brasil dentre outras avaliações, mas apesar da escola particular oferecer um ensino com mais qualidade que as públicas (exceto as federais), este ensino ainda chega a ser inferior quando comparado com os países de primeiro mundo.

            Claro que não podemos esquecer que ainda somos um país subdesenvolvido, com problemas oriundos deste subdesenvolvimento como uma baixa qualidade de vida, desigualdade social, discrepância na educação, corrupção, alta taxa de violência, e os princípios básicos para a cidadania e dignidade de um povo.

            Na educação privada, encontramos uma preocupação com o conteúdo e em muitos casos, um profissionalismo por parte dos educadores, fazendo-se valer a meritocracia, sem contar que o perfil de seu corpo discente é diferenciado das demais escolas, mas afirmar isso, pode ser uma falácia, pois os alunos das escolas públicas federais em algumas das vezes, não fazem parte deste seleto grupo social.

            O fato é que existe uma rede de variáveis quando se trata de uma educação pública (municipal e estadual) seja nas escolhas dos profissionais que muitas das vezes não acontecem pelo método da meritocracia, da falta de incentivo e qualificação dos educadores, do descaso com o público levando a uma precarização dos recursos humanos e infra-estruturas, salvo algumas “sazonalidades”; do comprometimento dos educandos que em muitas das vezes se resume a zero, do comprometimento das famílias cujos pais sequer sabem os nomes dos professores de seus filhos e mal aparecem nas reuniões, nas condescendências do sistema, na falta de profissionalismo de muitos educadores tendo um dos motivos a zona de conforto em que se encontra ou da força política que possui; na infra-estrutura oferecida pelo sistema, na nulidade da autoridade do educador em sala de aula, na falta de disciplina dos educandos, no desperdício de materiais didático-pedagógico, nos desperdícios da alimentação por parte dos educandos, dentre outras que corroboram para uma educação pública sofrível e estéril.

            É observado que uma escola reflete bem a sua gestão, ou seja, se o gestor e sua equipe forem bons, com o tempo, isso refletirá positivamente no resultado da mesma e também da comunidade a qual está inserida, em contrapartida, se este gestor e sua equipe forem sofríveis, não demorará para que o caos se instale, inclusive, corrompendo as crianças que encontravam-se disciplinadas.

            Essa dicotomia nos mostra por um lado, a escola privada oferecendo o que há de melhor (pelo menos acredita-se) ao educando, visto que os pais veem a educação como investimento no educando e não gastos, e por outro lado, uma educação pública alienante, idiotizadora e condescendente com o educando que sequer demonstra vontade em estudar, pois sabe que está amparado pelo sistema e que as probabilidades dele ir para a série seguinte são quase todas favoráveis, ou seja, a escola pública virou uma fábrica de néscios que serão manipulados pelo sistema elitizado, aumentando exponencialmente a segregação no Brasil.

            Nessa educação, professores fingem ensinar e os alunos sequer conseguem fingir aprender, e o deprimente é ver discursos de representantes deste sistema falido usando de uma demagogia para acolher cada vez mais um contingente de pessoas a serem idiotizadas, com depoimentos singulares ao qual estudantes de escolas públicas municipais e federais que conseguiram se aproximar do topo da pirâmide social.

            Cabe aqui uma simples pergunta: “A dicotomia da educação tem que prevalecer para que o homem seja lobo do próprio homem?”

*Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade – www.wolmer.pro.br

 

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