13/06/2025

A Educação e a Pedagogia da Culpa

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

 

A história da humanidade é marcada por ações maléficas ao qual a manipulação da informação fundida com a ignorância e o preconceito trouxeram e ainda trazem em si, consequências irreparáveis.

Peguemos como exemplo a época da inquisição. O caro leitor sabe quantas bruxas a Igreja assassinou na santa fogueira para expulsar os “demônios”?

Claro que é impossível determinar com exatidão tal número, por falta de registros e até mesmo, porque quem queimava, era quem tinha o poder de tudo em tal época, sem contar que tais ações por mais absurdas que alguns achassem, eram inquestionáveis, já que os questionadores poderiam correr um grande risco em fazer companhia nesta fogueira.

Apesar da falta de registros, estudiosos estimam que mais de 40 mil pessoas foram queimadas, e muitas outras torturadas durante a Inquisição e a sua grande maioria era do sexo feminino, e dito isso, volto a pergunta anterior: Quantas bruxas foram queimadas na santa fogueira?

A resposta correta é nenhuma, não existiram bruxas, eram apenas mulheres que se encontravam além de seu tempo. Eram felizes sozinhas, usavam a natureza para curar as pessoas, pensavam diferente do que antes era imposto. Enfim, eram mulheres vistas como pontos fora da curva, e fazendo uma analogia, usava-se a pedagogia da culpa, que nada mais é que a transferência da responsabilidade de algum problema.

Peguemos como exemplo, a Peste Negra que se espalhou pela Europa entre os anos de 1347 e 1351 e dizimou entre 25 a 27 milhões de pessoas, o que corresponde por cerca de 1/3 de sua população e claro, buscou-se culpados para este grande mal e obviamente, muitos acreditaram que a maior causa desta doença que dizimava a população era de origem sobrenatural, e claro que a culpa recaia nas bruxas, fomentando assim a “caça as bruxas” e julgamento de pessoas ligadas a bruxarias e por consequência, queimadas ainda vivas, devido à crença popular de que eram responsáveis pela propagação da doença e a fogueira seria uma forma de castigo, outras como decapitação e enforcamento também eram realizadas.

Observe que o sistema nunca era o culpado. Não se via problema em como as coisas eram conduzidas e assim tem sido em nosso dia a dia, o sistema falho como é, não assume a culpa de que a educação está como está devido a sua manipulação, impondo uma educação estéril para uma sociedade formada por pessoas docilizadas e subalternas para que não questione a manipulação do sistema que representa a elite esmagadora.

A pedagogia da culpa é usada pelo sistema hoje e coloca o professor como a principal variável de uma educação pública (Municipal e/ou Estadual) quase falida, desconsiderando a falta de estrutura, salários defasados, situações precárias no trabalho docente e alto índice de periculosidade nesta função, problemas estruturais, descaso com as políticas públicas, falta de investimento, desmonte de programas educacionais, pressões para camuflar resultados, sobrecarga de trabalho docente, dentre outras coisas que culminam no fracasso da educação, mas que o sistema educacional joga toda a situação nas costas do professor, isto é, ele é o principal culpado pela educação estar como está?

Apesar de tratar de uma lógica perversa, é uma estratégia de jogar a comunidade contra o professor, tirando qualquer apoio que poderia surgir caso acontecesse algum manifesto por parte da docência.

O professor é visto dessa forma como o verdadeiro vilão, mas na verdade, é justamente este profissional que com seu esforço hercúleo e um certo grau de subversão quanto a manipulação do sistema, não deixa e educação entrar em queda livre neste abismo social.

Os profissionais da educação são os verdadeiros heróis anônimos para muitos, e seus poderes estão em acreditar no potencial de cada aluno e não medir esforços em desenvolver todas habilidades necessárias para que estes educandos possam se livrar das amarras da ignorância, do preconceito e da alienação.

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