A Educação e o CAV
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
É sabido que a educação é um processo subversivo que faz com que o educando saia da inércia e se torne um protagonista cognoscente, todavia para que isso ocorra, o processo educativo não deve se limitar apenas a uma aprendizagem conteudista, faz-se imperioso que este processo instigue o discente a pensar e a desenvolver o seu discernimento.
Paulo Freire ciente disso, nos adverte quanto aos dois tipos de pedagogia, que para ele era a pedagogia dos dominantes que se baseia na concepção “bancária” em que o professor ignora toda modo operante do aluno e consequentemente toda sua experiência de vida, centrando dessa forma em uma narração de que o professor é o único autor do processo ensino-aprendizagem e instiga o aluno a uma memorização do conteúdo ministrado por ele, reforçando cada vez mais a sua dominação e em concomitância, a subjugação dos educandos.
Em relação a pedagogia do oprimido, ela que tem o seu fulcro na prática libertadora e todos nós sabemos o quão libertador é o conhecimento.
Essa pedagogia supera a relação verticalizada entre professor e aluno e com isso, estabelece uma relação dialógica na qual se faz necessário a troca e não imposição.
Nessa pedagogia, leva-se em consideração a experiência de vida dos educandos e o professor se faz um mediador entre o processo ensino-aprendizagem e o saber.
É a simples integração de experiências práticas ao processo de ensino-aprendizagem fazendo com que essa aprendizagem ocorra de forma ativa, reflexiva e com significado para o contexto do educando.
Importante observar que esta forma de pensar e agir de Paulo Freire se converte com o Ciclo de Atuação Vivencial (CAV) que utiliza de uma experiência concreta na qual o educando é um agente atuante e uma situação prática como jogos, dinâmicas, simulações, projetos, visitas técnicas, atividades que extrapolam o ambiente limitado da sala de aula dentre outras metodologias ativas como forma de viver a experiência, bem como refletir sobre ela, no que foi aprendido, e o que funcional ou não.
Cabe perceber que situações como esta utilizadas no processo educativo, permite ao aluno a conceitualização, isto é, a construção do seu conhecimento, com conexões a conceitos teóricos, e uma melhor compreensão sobre a experiência trabalhada à luz, claro, de conteúdos acadêmicos ou competências e habilidades desejadas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Interessante pontuar que o CAV estimula o aluno a pensar em como aplicar o que foi aprendido em outras situações da vida real, além de vislumbrar novas estratégias e novos desafios para outras situações.
Dito isso, pode-se perceber que o CAV favorece a aprendizagem significativa, desenvolve o pensamento crítico e reflexivo bem como o protagonismo cognoscente, faz correlações com teoria e prática, instiga a autonomia intelectual além de promover o senso de comprometimento do aluno com o processo ensino-aprendizagem além de contribuir com a retenção de conteúdo.
Vale observar que o CAV perpassa por todas as competências da BNCC se trabalhado de forma correta, já que ele desenvolve: conhecimento; pensamentos crítico, científico e criativo; oferece um repertório cultural, comunicação e argumentação; senso de responsabilidade; cidadania; autoconhecimento dentre outras que dependerão claro, do profissional da educação e das habilidades que ele pretenderá desenvolver no educando.
Assim sendo, que a educação continue buscando desenvolver a criticidade de seu educando e percebendo que as ideias de Paulo Freire são atemporais, isto é, continuam a ser aplicadas em nosso cotidiano e fazendo a diferença para os que mais precisam.