A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA COMO CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE A OBESIDADE INFANTIL
RESUMO
O tema dessa pesquisa aborda o alarmante crescimento da obesidade de crianças no Brasil e no mundo, decorrente por descontrole alimentar, pelo sedentarismo e falta de atividade física. De forma descritiva e através de coleta de dados bibliográficos foi desenvolvido o objetivo que motivou esse trabalho que é apresentar a importância das aulas de educação física, como conscientização de uma prática saudável, em função da evolução da obesidade infantil. Percebe-se que o avanço da tecnologia vem contribuindo para esse malefício, fazendo com que as crianças passem horas na frente da televisão e entretidas em jogos e celulares, e com a mudança nos hábitos familiares decorrentes da correria do dia a dia, muitas crianças passam o dia na escola, sendo essa responsável pelo bem estar e desenvolvimento intelectual e físico da criança. Existem muitas formas de tratamento e prevenção contra a obesidade e é na escola que a criança pode começar a ter seus primeiros conhecimentos e mudanças de hábitos através das aulas de educação física e ser um agente multiplicador desse conhecimento. Nessas aulas, a criança passa a ter a oportunidade de participar de atividades sendo motivada na formação de novos hábitos alimentares, e atividades que proporcionam o gosto em movimentar-se, respeitando seu ritmo. Esse trabalho do profissional de educação física tem um peso grande sobre a conscientização da obesidade favorecendo a saúde, quando de forma prazerosa e recreativa, interfere nessa mudança de hábitos e, quando trabalhado por toda equipe escolar de forma multidisciplinar fica mais rico e eficaz. Havendo um trabalho de entendimento mútuo, diminui o risco dessas crianças sofrerem consequências físicas, emocionais e sociais, como a discriminação e o “bulling”, por exemplo. Como tem crescido muito o número de crianças afetadas pela obesidade é que se optou em desenvolver, de maneira concisa, o tema dessa pesquisa. Dessa forma conclui-se que é importante o trabalho do professor de educação física como conscientizador a fim de transformar comportamento e ações
dos alunos sobre a necessidade das mudanças dos hábitos alimentares e físicos para uma vida saudável.
Palavras-Chave: Obesidade Infantil; Educação Física; Professor; Conscientização; Prevenção.
ABSTRACT
The theme of this research is the awakening of obesity in children in Brazil and in the world, due to lack of food, sedentary lifestyle and lack of physical activity. In a descriptive way and through the collection of bibliographic data, the objective was developed that motivated this work and is a condition for the education of physical education classes, as an awareness of a healthy practice, in function of the evolution of childhood obesity. It is noticed that the advancement of technology has contributed to this evil, causing as children spend hours in front of the television and entertained in games and cell phones, and with a change in the family habits due to the day-to-day running, many children spend the day at school, being responsible for the child's intellectual and physical well-being and development. There are many forms of treatment and prevention against obesity and it is in school that the child can begin with their knowledge and changes of habits through physical education classes and be a multiplier agent of this knowledge. In these classes, a child will have an opportunity to participate in activities being motivated in the formation of new eating habits, and activities that give the taste to move, respecting its rhythm. The work of the physical education professional has a great weight on the awareness of obesity favoring health, when in a pleasurable and recreational way, interfere in this change of habits and, when worked by all the school staff in a multidisciplinary, richer and more effective way. If there is mutual understanding, it reduces the risk for children to suffer physical, emotional and social consequences, such as discrimination and bull-fighting, for example. As the number of children affected by obesity has grown, and the topic of the research is concise. Thus, it is concluded that the work of the physical education teacher is important as a conscientizer in order to transform students' behavior and actions on a need for changes in eating and physical habits for a healthy life.
Key- Words: Child Obesity; Body education; Teacher; Awareness; Prevention.
INTRODUÇÃO
Ao ser analisado o assunto pesquisado desse trabalho, percebeu-se que é alarmante a problemática que envolve a obesidade infantil através dos índices registrados no Brasil. Diante dessa perplexidade é que o assunto foi abordado e visto que por meio da intervenção da educação física como uma atividade, que não só trabalha a prática através de exercícios, mas uma forma de proporcionar contribuições aos alunos de adquirirem conhecimento e conscientização sobre a prevenção dessa patologia.
A atividade física está associada ao incentivo à saúde e bem estar e o professor pode ser o impulsionador dos alunos, sendo que a escola desde a educação infantil tem em sua proposta curricular essa disciplina.
O avanço da tecnologia, a falta de segurança pública e a violência, proporcionaram a inatividade física, pois as brincadeiras de rua foram substituídas por jogos eletrônicos e isso faz parte do aumento do número de crianças com sobrepeso, além disso, a mudança de estilos de vida das famílias também mudou, fazendo com que muitas crianças passem a maior parte do seu tempo dentro das escolas.
Sendo assim, o objetivo que motivou esse trabalho é apresentar a importância das aulas de educação física, como conscientização de uma prática saudável, em função da evolução da obesidade infantil.
Assim pode se dizer que a escola é uma das instituições principais em diversos assuntos relacionados à criança, e pode trabalhar com a prevenção da obesidade em sua prática cotidiana proporcionando lanches e comidas saudáveis e promovendo, junto com o profissional de educação física um programa destinado com a mesma finalidade.
É durante as aulas de educação física que as crianças podem perceber a importância dessa atividade para sua saúde, através de momentos lúdicos e prazerosos, e também o profissional assessorando com temas relacionados à saúde em geral.
Contudo, o estímulo para que as crianças que apresentam sobrepeso tenha significado, o professor deve adotar atividades onde não haja a competitividade para que elas não sejam excluídas, a função é uma prática que desperte o interesse, mas que também a faça perceber como ela pode melhorar seu grau de competência e habilidade, através de atividades que são interessantes e envolvem a participação de todos os alunos, sem discriminação ou exclusão em termos de rapidez e agilidade.
Esse trabalho apresenta um assunto de conscientização através da educação, procurando evitar que as crianças, principalmente as que estão em fase de desenvolvimento, possam passar por restrições e o aumento de doenças sérias e perigosas.
O desenvolvimento desse assunto é de grande importância, pois é preciso que haja um alerta intensivo de conscientização e mudanças de hábitos alimentares e atividades físicas. Por ser um conteúdo vasto que atinge principalmente a área de saúde, começar por outro ponto acessível a muitos indivíduos é que esse tema se torna de suma importância ao abranger o espaço educacional e tendo o professor de educação física como mediador de possíveis mudanças.
Dessa forma através da escola e de atividades formuladas em exercícios e temas conscientizadores os professores de educação física são agentes importantes para iniciar mudanças de hábitos alimentares e de atividades físicas, segundo o objetivo traçado para essa pesquisa.
Utilizou-se para essa pesquisa a busca de dados sobre o tema através da exploração de coletas bibliográfica, destacando a importância das aulas de educação física contra a obesidade infantil, utilizando fontes tais como livros de diferentes autores, artigos, sites de busca científica como Scielo, bibliotecas digitais, entre outros, que disponibilizam material confiável com literaturas relacionadas ao assunto, tem caráter descritivo, pois reproduz algumas peculiaridades sobre o tema, e qualitativa a fim de considerar o objetivo que norteia esse tema estabelecendo relações entre os princípios aqui estabelecidos.
REVISÃO DA LITERATURA
OBESIDADE INFANTIL: ENTENDER ANTES DE AGIR
A criança tem no período da primeira infância a mais longa e importante fase do seu desenvolvimento e de acordo com Lourenço (2015) a Organização Mundial da Saúde (2007), considera que essa fase é onde estão incluídos os domínios físico, social, emocional, cognitivo e linguístico, todos com a mesma importância. Vai influenciar fortemente em seu bem estar, o risco de ocorrência de problemas associados à obesidade, problemas de saúde mental, entre outros, isso significa que se a criança não for atendida corretamente nesses domínios, sua saúde pode estar gravemente comprometida causando grande impacto e implicações em sua vida (LOURENÇO, 2015).
A obesidade, desde há alguns anos, já vem atingindo as crianças em todo mundo, essa situação ocorre quando aparece um desequilíbrio entre o consumo e o gasto de energia (LOURENÇO, 2015).
Teoricamente, pode se dizer que várias condições contribuem para essa situação da obesidade infantil, como a má regulação do apetite; diminuição da capacidade de queimar calorias; uma complexidade em utilizar estritamente as gorduras da alimentação e um problema de armazenar a gordura no lugar adequado (FRELUT, 2004).
A ABESO (2010) - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, realizou uma Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, apresentou um aumento importante no número de crianças acima do peso no país, principalmente na faixa etária entre 5 e 9 anos de idade, uma em cada três crianças no Brasil está pesando mais do que deveria.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a obesidade infantil é considerada um dos problemas de saúde pública mais graves do século XXI. Em 2010, havia 42 milhões de crianças acima do peso em todo o mundo, das quais 35 milhões viviam em países considerados em desenvolvimento (ROSANELI, et al., 2012).
POSSÍVEIS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS; MEIOS DE PREVENÇÃO E TRATAMENTOS DA OBESIDADE INFANTIL
Muitos fatores, independentes ou combinados, podem ser a causa desse aumento na obesidade infantil, má alimentação, fatores genéticos e sociais, sedentarismo, doenças hormonais ou medicação a base de corticoide.
Segundo Atalla (2016), hoje em cada 5 crianças no Brasil, 4 não conseguem fazer 1 hora de atividade física por dia em 5 dias da semana, informação que de acordo com a Organização Mundial de Saúde é o mínimo recomendado. Isso coloca o Brasil em 1º lugar no “ranking” de sedentarismo infantil.
Hoje com as mudanças de vida nas famílias e a correria do dia a dia, muitos pais recorrem às comidas mais rápidas e fáceis de serem oferecidas, geralmente as industrializadas, além disso, vários fatores interferem como valores, regras socioculturais, necessidades fisiológicas, mídias, facilidades de preparo, entre outras, que vão sendo desenvolvidos e virando hábitos pelos indivíduos (CUNHA, OLIVEIRA, 2014).
O sedentarismo é uma causa que aliada à má alimentação são grandes culpados, pois crianças que passam horas na frente da televisão, com vídeo games, celulares e devorando pacotes de biscoitos sofrem com um enorme prejuízo em sua saúde (FRELUT, 2004).
Muitas crianças com excesso de peso apresentam alterações nos níveis de colesterol e triglicérides, intolerância à glicose, apneia do sono, diabetes, distúrbios metabólicos, problemas respiratórios e ortopédicos, doenças pelo excesso de gordura no fígado, além disso, pode se tornar um adulto obeso. As consequências da obesidade podem ser sérias nos impactos em relação aos problemas psicossociais, depressão, ansiedade, isolamento social e autoestima, sendo consequências do “bullying”discriminação e de brincadeiras de mau gosto (PIMENTA, 2013).
A prática de atividades físicas é essencial para um crescimento saudável, brincadeiras e jogos ao ar livre, andar de bicicleta em parques, além de prazerosas são atividades que auxiliam e impedem que esse mal ocorra (MARTINS, 2009).
A primeira forma de ajudar a criança no problema que ela encontra com a obesidade e a conscientização dos adultos responsáveis pelo seu bem estar (COLLOCA, DUARTE, 2008).
Ainda, segundo esses mesmos autores, diversos setores ligados à saúde, à educação, à pesquisa acadêmica, órgãos de governo e até mesmo alguns setores da mídia, buscam alertar para os riscos inerentes a obesidade infanto-juvenil (COLLOCA, DUARTE, 2008, p. 199).
Conforme coloca Alves (2008), o passo inicial é a busca de um especialista, com o pediatra que irá analisar o caso individualmente de acordo com o crescimento e desenvolvimento. Outros profissionais também podem auxiliar nesse combate como Endocrinologista, Nutrólogo, Nutricionista, pois serão capazes de diagnosticar, elaborar e otimizar um tratamento.
Ainda de acordo com Lourenço (2015), idade é um fator muito importante, pois no período de desenvolvimento e crescimento ela pode entrar num estado de IMC aceitável e saudável, sem a necessidade de uma dieta ou outro tratamento de emagrecimento, diferente de quando a criança apresenta riscos de desenvolver doenças. Contudo a base é uma alimentação saudável e a prática de exercícios. Percebe-se que é uma avaliação complexa e o tratamento é com uma equipe multiprofissional, pois envolve mudanças de hábitos no estilo de vida, muitas vezes não só da criança, mas da família toda (GEUS et al., 2011).
Hábitos como comer frutas, legumes e vegetais, alimentos integrais no lugar dos refinados, evitar biscoitos, bolachas e refeições prontas, sucos industrializados, evitar ou diminuir os “fast-food”, adequar as porções de acordo com a idade da criança, são condutas favoráveis. E essencialmente o hábito de exercer uma atividade física, pois além de queimar calorias, ajuda a fortalecer os ossos e músculos. Os exercícios também favorecem e melhoram o humor e ajudam no sono (FRELUT, 2004).
Existe o tratamento farmacológico quando a criança apresenta casos mais graves de obesidade e com complicações. Santos (et al., 2014, p.5) coloca a afirmação feita pela ABESO (2010) que “o uso de medidas farmacológicas e de medicamentos deve ser considerado quando o percentual de pacientes que não obtêm resultados satisfatórios da perda de peso com medidas conservadoras é alto”.
Ainda segundo Santos (et al., 2014) a regra básica inicial é jamais iniciar um tratamento com medicamentos. Pelo menos durante seis meses, crianças e adolescentes, em sua maioria, devem ser tratados de forma conservadora.
Assim, pode se dizer que a iniciação da educação física na escola, desde a educação infantil pode ser feita através de aulas bem elaboradas e planejadas não só fisicamente, mas também para a conscientização, conforme o tema abordado nessa pesquisa.
O PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO COMBATE À OBESIDADE INFANTIL
A escola tem um papel muito importante no desenvolvimento global da criança, isso implica necessariamente que, todas as áreas do conhecimento, Psicologia, Psicologia Educacional, Pedagogia, Didática e Ciências da Educação, não se podem tornar imunes a este desenvolvimento, que coloca a escola como o lugar da especialização do saber, através de seus conteúdos programáticos e também sobre a preocupação com a formação do aluno, para que ele possa se integrar a sociedade (MORGADO, 2001).
Para a educação infantil, uma proposta pedagógica que inclua no cotidiano escolar o brincar é de grande importância por atender as necessidades dessa faixa etária. O brincar deve estar conectado com o conhecimento sistematizado oferecido pela escola. Afinal, “brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia” (BRASIL, 1998, p. 22).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LBD) 9.394, trouxe alguns avanços para a área da educação física. Inseriu-a como disciplina obrigatória nas grades curriculares das escolas brasileiras, reconhecendo-a como componente curricular e também como área de estudo relevante na formação global dos indivíduos (BERTINI JUNIOR, TASSONI, 2013).
Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais cabe à Educação Física escolar a “responsabilidade de lidar de forma específica com alguns aspectos relativos aos conhecimentos procedimentais, conceituais e atitudinais característicos da cultura corporal de movimento” (BRASIL, 1998, p. 36).
Considerando esse desenvolvimento, identificar os alunos com sobrepeso ou com tendência a obesidade, é que o profissional de educação física pode desenvolver atividades que contemplem todos os alunos, infelizmente há uma grande maioria que é responsável em identificar essa situação e não o fazem.
O professor de educação física pode, de forma simples, mas bem elaborada, trabalhar não só no combate, mas principalmente na prevenção, onde com diagnóstico precoce esse mal será combatido de forma facilitada e eficaz (BENEDITO, et al., 2014).
Nas últimas décadas a Educação Física Escolar, assumiu diferentes identidades com diferentes objetivos que se sucederam e acabaram por receber a denominação de tendências (GHIRALLDELY, 1988).
Porém, seja qual for a definição quanto ao objeto de estudo e objetivos da Educação Física na escola, o importante é a inclusão do aluno no movimento a ser realizado. Esse aluno constrói seu conhecimento através de suas experiências num papel mais ativo e nesse caso específico em termos de motricidade (MATTOS, NEIRA, 2005).
Dessa forma, é possível compreender através da pesquisa, que a percepção do professor deve abranger quais temas relacionados a boa alimentação e formas de atividades corporais, sejam os jogos, os esportes, a ginástica, a dança, entre outras que constituem o conteúdo de seu trabalho mais adequado nesse processo de conscientizar seu aluno para que ele adote para si e divulgue essa aprendizagem propagando seu conhecimento .
Na aprendizagem e no ensino do movimento corporal, deve-se acompanhar a experiência prática e reflexiva e diversificada nas abordagens dos conteúdos na aplicação dentro de contextos significativos, onde professor e aluno podem participar de uma integração cooperativa de construção e descoberta, em que o professor promove o processo, como possibilidades reais, e o aluno contribui com o seu estilo pessoal de executar e refletir, e, portanto, de aprender, trazendo conhecimentos prévios, assim ambos podem obter recursos de troca de informações de aprendizagem e de ensino (BRASIL, 1988).
É fundamental que no cotidiano escolar se garantam as condições para o usufruto dos conhecimentos resultantes dessas vivências, que se dê destino à produção dos alunos para a valorização, manutenção e a promoção da saúde dentro como fora da escola. Assim, o incentivo a uma alimentação saudável, começando pelo lanche escolar e consequentemente outras refeições realizadas fora e dentro da escola mais a prática de exercícios, pode transformar os maus hábitos e tornar esses alunos agentes multiplicadores, pois essas crianças podem observar, investigar, promover ações e práticas, sentir segurança e confiança para transmitirem formas de mudanças aos hábitos e comportamentos, não só de si próprio mas também da comunidade na qual está inserida ( BURGEMEISTER, 2017).
O movimento, que é indissociável da Educação Física e, que pode também ser considerado indissociável da saúde se faz necessária que a atenção dos professores acatem estratégias para determinar a prevalência, orientar sobre a prevenção e controle da enfermidade, além de encaminhar os casos graves para tratamento (COSTA, 2012).
Os professores de Educação Física são os profissionais que tem conhecimentos na área da saúde e que fazem parte da equipe escolar, podendo utilizar de seus conhecimentos num trabalho, não só de atividades física, mas de conscientização, utilizando uma metodologia adequada e temas de forma multidisciplinar, para que os alunos sejam capazes de identificarem os problemas da obesidade e fornecer informações importantes quanto ao grau de desenvolvimento da gordura, contribuindo assim no combate a obesidade (COSTA, 2012).
Os professores desta disciplina, em sua formação, obtêm informações que lhes permitem desenvolver um trabalho em diferentes níveis de aptidões físicas. Cabe ao professor monitorar a sua aula, não colocando o aluno em situação insustentável. Importante ressaltar que como existe um sistema de avaliação nas escolas, o ideal é que o professor avalie o aluno não pela sua performance , mas sim pelo seu progresso. Apesar de parecer irrelevante, a nota há de gerar nesse aluno um grande sofrimento em face de incompreensão e indiferença, pois pode resultar em situações incontornáveis para o aluno. No entanto, cabe desempenhar a função de reconhecer os esforços empreendidos na execução de uma atividade (FRELUT, 2004).
O professor de educação física, ao abordar o trabalho sobre a obesidade, deve organizar a situação de ensino e refletir de que forma os afetos, os sentimentos e as sensações do aluno interagem com a aprendizagem das práticas da cultura corporal de forma a minimizar pequenos incidentes, pois receio ou a vergonha do aluno em correr riscos de segurança física é motivo suficiente para que ele se negue a participar de uma atividade, e em hipótese alguma o aluno deve ser obrigado ou constrangido a realizar qualquer atividade. As propostas devem desafiar e não ameaçar o aluno. Outra característica da maioria das situações de prática corporal é o grau elevado de excitação somática que o próprio movimento produz no corpo. A elevação de batimentos cardíacos e de tônus muscular, a expectativa de prazer e satisfação e a possibilidade de gritar e comemorar configuram um contexto em que sentimentos e emoções de raiva, euforia, medo, coragem, vergonha, alegria, entre outros, são vividos e expressos de maneira intensa. A expressão desses sentimentos em manifestações verbais, de riso, de choro ou de agressividade deve ser reconhecida como objeto de ensino e aprendizagem, para que possa ser pautada pelo respeito por si e pelo outro, por se tratar de um assunto extremamente delicado (BRASIL, 1988).
Por outro lado, quando os alunos entendem a importância da luta ao sedentarismo e que esse é uma das causas mais relevantes da obesidade, os professores conseguem atingir esses alunos na prática de atividade física, gerando a conscientização da saúde e consequentemente minimizando expressões negativas de sentimentos (LIMA, 2013).
A importância do professor de educação física às aulas deve estar voltada para o desenvolvimento psicomotor da criança e adolescente, valorizando a movimentação sem interrupção de suas atividades para que eles possam executar brincadeiras ou jogos intermitentes que trabalham o sistema cardiovascular, respiratório e sistema muscular com um pouco mais de intensidade, respeitando os limites de cada aluno, para o corpo começar a ter as respostas fisiológicas responsáveis por um bom funcionamento do organismo e também auxiliar na queima de energia acumulada de alimentos ricos em calorias (SANTOS; CARVALHO; JÚNIOR, 2007 apud LIMA, 2013).
Segundo Darido (2004), a Educação Física procura instigar o aluno às práticas de atividades físicas fora do seu horário escolar, ou seja, tanto a criança como o adolescente, quando percebe a importância da educação física no desenvolvimento de suas habilidades na escola através do trabalho que o professor apresenta, direciona seu interesse em casa aproveitando todo aquele tempo e espaço direcionados ao lazer.
O processo de ensino e aprendizagem em Educação Física, portanto, não se restringe ao simples exercício de certas habilidades e destrezas, mas sim de capacitar o indivíduo a refletir sobre suas possibilidades corporais e, com autonomia, exercê-las de maneira social e culturalmente significativa e adequada (BRASIL, 1997).
Apesar da grande responsabilidade do professor e das aulas de educação física no desenvolvimento motriz do aluno, o conhecimento da sua função e qual a necessidade dessa disciplina deve ser dado ao aluno, para que ele tenha consciência da influência em sua vida (LIMA, 2013).
Assim, como conceitua Darido (2004, p.55), na Educação Física, é fundamental considerar “procedimentos, fatos, conceitos, atitudes e valores como conteúdos, todos no mesmo nível de importância”.
Nesse sentido, o papel da Educação Física ultrapassa o ensinar esporte, ginástica, dança, jogos, atividades rítmicas, expressivas e conhecimento sobre o próprio corpo para todos, mas inclui também os seus valores subjacentes, ou seja, quais atitudes os alunos devem ter nas e para as atividades corporais. E, finalmente, busca garantir o direito do aluno de saber o porquê dele realizar este ou aquele movimento, isto é, quais conceitos estão ligados àqueles procedimentos voltados à consciência de uma vida saudável (DARIDO, 2004).
Desse modo, nota-se que a conscientização que o professor passa nas aulas de educação física, pode acontecer através do aprender se exercitando e brincando tornando o momento em algo possível e prazeroso. As atividades quando lúdicas são mais significativas para a criança e as envolvem de forma mais intensa no processo, favorecendo um conhecimento ativo em que o aluno é sujeito da construção desse conhecimento (ALVES, 2008).
Diante do exposto, é possível perceber que é indispensável na escola e nas aulas de educação física, que se organize uma rotina pedagógica criativa que contemple a atividade física proporcionando alegria, prazer e aprendizagem para os alunos dessa etapa escolar, tanto física como teoricamente, porém lúdicas.
O professor deve diversificar as atividades e modalidades que podem ser coletivas ou individuais, o importante nessa conscientização é qualquer movimento do corpo que aumente o gasto energético do organismo.
De acordo com Facio (2015) despertar o interesse da criança em atividades físicas, que envolve habilidades motoras e esforço físico, a prática de um esporte que, enquanto atividade física organizada, ajuda no desenvolvimento social. Partindo de regras e condições, as crianças conseguem compreender formas de se relacionar com os outros, trocando experiências, competindo e formando espírito de equipe. Tanto as atividades físicas como a participação em atividades esportivas podem contribuir em muito na prevenção e combate da obesidade infantil. A atividade deve ser divertida e ter componente lúdico para garantir a participação das crianças por mais tempo.
Assim, entende-se que quando a criança começa compreender a importância das regras, da organização, interação e troca com os colegas, ela inicia uma mudança comportamental, além disso, a criança tem energia e curiosidade, sendo dessa forma, um modo do trabalho do professor agir no foco do seu objetivo de conscientização.
A conscientização da obesidade para os jovens e adolescentes dão andamento a um processo de busca de identificação e afirmação pessoal, em que a construção da autoimagem e da autoestima desempenham um papel muito importante. Nesta construção, as experiências corporais adquirem uma dimensão significativa, cercada de dúvidas, conflitos, desejos, expectativas e inseguranças. Quase sempre influenciados por modelos externos, o jovem e o adolescente questionam a sua autoimagem em relação a beleza, capacidades físicas, habilidades, limites, competências de expressão e comunicação, interesses etc. (BRASIL, 1988).
Sendo assim, diferenciar informações de conhecimento é a verdadeira forma de conscientizar e através da aprendizagem eficaz é que a criança se transforma num agente multiplicador (BURGEMEISTER, 2017).
Com a interação da teoria e prática da atividade física sobre a obesidade infantil, o professor de educação física desenvolve um trabalho de conhecimento, vivência e conscientização desse problema que atinge crianças e adolescentes no Brasil e no mundo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer desta pesquisa, alguns pareceres sobre o entendimento ao combate e a prevenção da obesidade infantil, são colocações semelhantes e homogêneas entre os autores pesquisados sobre essa questão que o tema aborda, considerando que é um resultado de uma irregularidade do conjunto de diversos fatores envolvidos no corpo através de influências ambientais e de algumas inclinações genéticas individuais, causando a obesidade e promovendo um desequilíbrio intenso em longo prazo.
A conscientização nas crianças através das aulas de educação física, diálogos e trocas de informações, monitorado pelo professor de educação física, pode proporcionar à criança a prática de atividades, visando a diversidade e amplitude de movimento, melhorando, evoluindo e enriquecendo várias áreas psicomotoras.
Juntamente com a prática, é fundamental que a escola desenvolva um trabalho multidisciplinar contribuindo para que as crianças aprendam a importância em escolher bem seus alimentos quanto aos valores nutricionais e possam passar e multiplicar essas informações e conhecimentos.
Os professores devem ficar atentos aos problemas que podem surgir com crianças obesas, que ficam vulneráveis e expostas ao estigma de peso, que vão desde efeitos psicológicos, como depressão, baixa autoestima e isolamento social, contribuindo para que o problema se agrave.
Constata-se então que a saúde dessas crianças depende de uma série de fatores que atuam em sinergia para intensificar-se ou exaurir-se reciprocamente todos os fatores nesse contexto que são determinantes no desenvolvimento dos impactos sobre a promoção das mudanças em práticas e atitudes.
Por conseguinte, o professor deve ter um olhar diferenciado de sujeito para sujeito, colocando mudanças em um trabalho coletivo a fim de estudar possibilidades de consolidar um projeto consciente e coerente fundamental para a transformação e concepção da prática física com o conhecimento e conscientização desse crescente e alarmante problema da obesidade infantil.
O professor de educação física é um agente modificador importante atuante na escola com uma forte contribuição com seu trabalho de consciência corporal e vida saudável, que através de um trabalho bem planejado, atrativo, prazeroso e organizado consegue atingir e causar mudanças de hábitos e comportamentos importantes sobre o combate à obesidade.
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