04/09/2015

A Educação Pública e o Proselitismo

            Façamos uma análise a sofrível educação pública, que apesar de “parcos interesses em melhorá-la”, ainda, esbarra-se nos interesses de uma falsa elite manipuladora e esmagadora.

            Temos nessa educação pública um proselitismo, ou seja, um verdadeiro esforço em converter um grande grupo de pessoas em massa de manobra, isso porque, é imposto aos filhos da pátria um engessamento do saber, e nada mais que um saber estéril.

            Para Giles (1983) o homem só se torna humano graças a educação, mas o que vem a ser educação? Será que os que nossos alunos de escolas públicas recebem mesmo é educação? Será que essa educação, pode-se dizer de qualidade?

            Podemos afirmar que a educação implica em processos que leva o educando a um nível de crítica avaliativa, a conscientização e a um protagonismo, e da mesma forma, podemos negar que a educação pública atinja o mencionado acima.

            A educação pública se baseia em uma pedagogia cínica, consciente de si como manipuladora, enganosa, e estéril, o que implica em manter cada vez mais seus alunos submissos e ignorantes, convergindo com a pedagogia dos oprimidos sempre alertado por Freire, que existe como prática de dominação.

            Para Souza (2007) a educação é vista como uma palavra mágica, e nela deveria estar a solução de todos os males da humanidade, como crise de valores, desemprego, violência, exclusão social, preconceito, ausência de limites, etc... mas se analisarmos de forma correta, isso seria, nada mais, nada menos que maiêutica, pois para Giles (1983, p. 14) será na maiêutica que o “educando alcançará até as verdades científicas mais difíceis, se for bem conduzido”.

            Para o autor, a maiêutica é um processo que já pressupõe a presença do conhecimento na alma do educando e para estimular, basta o educador conduzir o educando à plena consciência de possuir o referido conhecimento, por intermédio de um processo de questionamento inteligente e hábil, o que foi muito utilizado por Sócrates e denominado Maiêutica Socrática, pois ele levava seus discípulos e interlocutores a questionarem o próprio saber

            Podemos perceber que a escola pública está distante de educar seus alunos da forma acima, desta maneira, observamos que ela apenas ensina e instrui seus educandos, com isso, a pedagogia cínica é reforçada, mas certo estamos de que essa situação um dia mudará, e a escola pública terá o mesmo brilhantismo de épocas remotas em que se falava dela como referência em educação, como o tão renomado Colégio Pedro II, inaugurado em 1837 e até a década de 1950 foi considerado “Colégio Padrão do Brasil” [1].

            A educação pública de hoje nos remete as falas de Chinoy (2006) quando cita uma romancista, poetisa e teatróloga inglesa do século XIX, Hannah More. Para essa personagem, não poderia ser permitido que os pobres aprendessem a escrever. Segundo Burke e Ornstein (1998) Hanna More pregava a disciplina social que era ensinar a submissão total à autoridade e incentivar a resignação cristã em face da privação e da adversidade.

            Observe, o que tínhamos no século XIX, temos hoje na educação pública do século XXI, ou seja, nada de devir, nada de evolução, apenas sementes de sonhos jogados em terrenos estéreis e adubados com a certeza da ignorância dos filhos que serão o futuro da nação,

            Caso a educação pública realmente focasse uma educação de qualidade, implicaria em seus alunos pensamentos radicais, e isso incomodaria os dominantes e inverteria a situação a pirâmide do poder.

            Concluindo com os dizeres de Aranha (1996, p. 51) quando aduz ser a educação um conceito genérico, e supõe o “processo de desenvolvimento integral do homem” sendo ele a capacidade física, intelectual e moral, focando tanto a formação de habilidades quanto o caráter e a personalidade social, o que é corroborado por Biekarck (1998) quando esclarece que a educação tem a tarefa de acompanhar o desenvolvimento do homem, visto que ela é oriunda do latim educere cujo significado é extrair, tirar desenvolver. Então conclamemos a uma educação de qualidade a nossos educandos para que assim possamos extrair e desenvolver neles o prazer em aprender, a ser crítico, a ser protagonista de sua própria vida e a instigar em si mesmo um devir para seu futuro.

 

Referências

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda.  Filosofia da Educação. 2 ed. São Paulo: Moderna, 1996.

BIEKARCK, Peter, "A Pedagogia Waldorf", de R. Lanz - Editora Antroposófica, 1998

BURKE, James e ORNSTEIN, Robert.  O Presente do Fazedor de Machados – Os dois gumes da história da cultura humana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998, 350 p.

CHINOY, Ely. Sociedade: Uma introdução à sociologia São Paulo: Cultrix 2006

DURKHEIM, Émile. Educação e sociologia. 11 ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978.

GILES, Thomas Ransom.  Filosofia da Educação.. São Paulo: EPU, 1983.

SOUZA, João Valdir Alves de,.  Introdução a Sociologia da Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

 

[1]   Para informações sobre o Colégio Pedro II, vide https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Pedro_II

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