19/08/2017

A Escola e o Ensino de Jovens e Adultos(EJA): Uma Função Social

Por Ivan Carlos Zampin – Professor Doutor, Docente no Ensino Superior, Ensino Fundamental, Médio e Gestor Escolar.

 

           A função social da escola é a formação de indivíduos críticos e criativos que possam exercer plenamente a cidadania, participando dos processos de transformação e construção da realidade. Ter clareza da função social da escola e do homem que se pretende formar é essencial para que a prática pedagógica seja competente e socialmente comprometida, assim mais claramente as funções do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), mostram para a sociedade atual seu valor e necessidade de existir.

          O Brasil ingressou na década de 90 com 35 milhões de brasileiros em condição de pobreza absoluta, 30 milhões de analfabetos e 22 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho por absoluta desqualificação profissional. Diante dessa realidade pretendeu-se instituir o que convém chamar de “escola-cidadã”, que expressa uma política educacional fortemente marcada pelo empenho em criar novos laços entre ensino e sociedade, abrangendo ideias do que se quer ensinar, como se quer ensinar e pra quem se quer ensinar e, sobretudo, indica uma escola onde se aprenda mais e melhor, combatendo assim, a crise de baixa qualidade de ensino. Essa transformação equivale a por em prática os princípios da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional   N.º 9394/96, que sustenta o compromisso por excelência da escola brasileira com a construção da cidadania, onde o educando não é só cidadão do futuro, mas é cidadão hoje. Com essa visão, o que se pretende é fortalecer as manifestações do espírito democrático, participativo e valorizador da autonomia que deve caracterizar a educação de base em nosso país. Os longos anos de autoritarismo que marcaram nossa história restabelece o compromisso com a consolidação da democracia, fornecendo acesso a informações necessárias para uma opção política consciente. Isso vai além das atitudes durante as eleições, implica também em possibilitar maior participação e responsabilidade em todas as dimensões da vida pública, consolidando a identidade da nossa nação e tendo consciência de direitos e deveres, disposição para participação, para o debate de ideias e reconhecimento de posições diferentes das suas. Para que isso aconteça de fato a educação far-se-á com base em quatro pilares segundo Jacques Lucien Jean Delors:

 

  • Aprender a conhecer: combinando uma cultura geral suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias. O que também significa aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades pela educação ao longo de toda vida.

 

  • Aprender a fazer: a fim de adquirir, não somente uma qualificação profissional porém, de uma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe.

 

  • Aprender a viver juntos e aprender a viver com outros: desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências, realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.

 

  • Aprender a ser: para melhor desenvolver sua personalidade e poder agir com autonomia, discernimento e responsabilidade pessoal.

 

        Dentro dessa perspectiva, são educadores não apenas os professores por possuírem o conhecimento específico em cada área, mas também todos aqueles que seguindo uma linha de conduta comum ao perfil da escola se envolvam de maneira atuante no processo educacional visando conjuntamente o pleno desenvolvimento do educando e exercendo seu papel com compromisso e dedicação.

        O Diretor será um articulador das ações de todos os segmentos, o condutor do projeto da escola, dando prioridade às questões pedagógicas e mantendo o ânimo de todos na construção do trabalho educativo, sendo assim um inspirador e incentivador na busca do mesmo ideal. É na sociabilização com os colegas que o professor desenvolverá seu potencial da participação, cooperação, respeito mútuo e crítico. Caberá ao diretor e ao grupo, juntos manterem-se incentivados e observar, pensar, analisar, finalmente investigar apontando a direção do trabalho coletivo. Por meio de atividades instigantes e provocadoras, motivar a contribuição dos educadores transmitindo confiança e previsão de sucesso.

        Nesse contexto, também possibilitará a reflexão coletiva com apoio teórico que amplie a visão dos docentes estabelecendo o equilíbrio entre teoria e prática para que as novas ideias tornem-se fundamentadas. Seu exercício continuado fortalece a ação educativa e o crescimento do compromisso e da coletividade.

 

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×