16/11/2016

A Estreita Visão de Educação

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

Sabendo que a educação é a causa primária de todas as transformações, cabe aqui questões como: Para que transformações? Precisamos mesmo de alunos pensantes? Do jeito que a Educação pública está indo, estamos a caminho de uma inextricável educação.

            Como se não bastasse um governo usurpador, estamos diante de uma educação pública se definhando a olhos vistos, e para piorar, temos um ministro de educação que não é educador cercado por assessores de mesmo naipe, ou seja, o nosso ministério da educação se transformou em um ministério da deseducação, onde se tem administradores, engenheiros, acionistas, empresários, exceto, educadores.

E este ministério da deseducação, costuma-se ouvir as mais horrendas pérolas. Parece que há uma disputa para ver quem fala mais idiotices e pasmem... dará empate, pois tais idiotices tem como causa uma incontinência verbal recheada das mais vis imbecilidades sendo a mais recente dita por um de seus assessores engenheiro que é “pedagogo tem uma visão estreita de educação”

            Os pedagogos têm uma estreita visão de educação? Se seguirmos por esta mesma linha, os professores também têm uma estreita visão de educação, mas como é a  visão é que este ministério tem sobre educação?

            Com meu parco conhecimento em educação, percebi que esta formidável equipe estaria certa no século XIX, o problema é que estamos em pleno século XXI, ou seja, todos corroborariam com Hanna More que foi uma poetisa, teatróloga e romancista inglesa do século XIX.

Para ela, os pobres não precisavam aprender a ler e nem escrever. Suas ideias ficaram conhecidas como a solução de More que se resumia em submissão total à autoridade para enfrentamento da crise crescente, incentivando assim, a resignação cristã em face da privação e da adversidade.

            Hanna afirmava que a educação fomentava pensamentos radicais e ela afirmava que o seu verdadeiro objetivo era treinar as classes baixas nos hábitos da indústria e da devoção e é justamente isso que nosso ministério da deseducação pretende fazer, pois um dos argumentos de seus assessores é que a produtividade da mão de obra no Brasil deveria estar aumentando e contribuindo para o crescimento do PIB, ou seja, eles não querem pessoas pensantes, eles querem apenas mão de obra.

            Se a sociedade conhecesse a obra Saber Pensar, escrito por Demo e publicada pela Editora Cortez no ano de 2000, entenderia a citação do autor quando afirma que estamos na época da “Mais-valia absoluta”, caracterizada pela exploração extensiva da mão-de-obra, ou seja, pela espoliação sobretudo da força física do trabalhador, visualizada em dias de trabalho extremamente longos e cansativos.

            Este governo está desconstruindo a nossa educação e já começaram quando adulterou a história de Paulo Freire, um de nossos ícones na educação brasileira que recebeu 29 títulos de Doutor Honoris Causa, e a primeira pessoa a receber o prêmio King Baudouin International Development Prize. Este prêmio demonstra o reconhecimento quanto a contribuição para duradoura para justiça, democracia e respeito à diversidade.

            Depois criaram o PEC 241 que simplesmente irá sucatear ainda mais a educação pública e mudou-se o nome para PEC 55, essa mudança irá desarticular qualquer manifestação, pois o que está em tramitação no senado é o PEC 55 e não mais o 241, isso tudo é uma questão de manipulação para enganar a sociedade. O fato é que o Brasil será o único país a definir por lei o limite de gastos públicos.

            Paralelo a estes absurdos, outros políticos tão corruptos quanto nossos representantes passaram a apoiar a escola sem partido, esquecendo-se de que não existe uma educação neutra. Toda educação é um ato político, o que já era afirmado por Libâneo em sua obra Didática publicada pela Editora Cortez em 1990. Nela o autor afirma que “Como toda a profissão, o magistério é um ato político porque se realiza no contexto das relações sociais onde se manifestam os interesses das classes sociais”.

            Com a atual educação, estamos perdendo os princípios justiça, democracia, e respeito à adversidade e estamos sendo conteúdistas com informações estéreis para aumentar a massa de manobra dessa sociedade elitista e manipuladora.

            Como dizia Freire, precisamos ser educadores a favor da esperança apesar de tudo, lutando contra o despudor, o autoritarismo, a licenciosidade, a discriminação, enfim, contra tudo aquilo que fere a dignidade de nosso povo.

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