14/06/2019

A Importância da Afetividade Na Educação Infantil

NUNES, Eliene Rodrigues [1]

            HENS, Marcia Inês [2]

ALMEIDA, Leandro[3]

GOMES, Antonio[4]

CARVALHO, Edione Teixeira de.[5]

 

RESUMO

O presente artigo visa de analisar a importância da afetividade na educação infantil, especificamente com crianças de 0 a 04 anos, vinculadas a creches e pré-escola, na linha da docência, no processo de ensino aprendizagem, como também os vínculos afetivos nas relações professor/aluno e família/criança, apontando para o fato de que a afetividade pode determinar o sucesso de uma criança. O artigo leva a uma reflexão sobre a afetividade, quando o professor se torna o principal mediador em sala de aula, propiciando a aprendizagem, demonstrando que pode melhorar o convívio e os vínculos do aluno. Permitindo um relacionamento estabelecido entre a amizade e o respeito, desenvolvendo o seu próprio progresso físico, psíquico, espiritual e moral. De acordo com Wallon, Chalita e Chardelli, entre outros, que argumentam a necessidade da afetividade, os resultados mostram que além de mediar o aprendizado, torna-se possível melhorar as relações interpessoais, fortalecendo os vínculos de amizades, respeito, solidariedade, generosidade e confiança. Vale ressaltar que é de extrema importância na aprendizagem. Ela cumpre um papel fundamental na vida da criança, influenciando a ação, à vontade, a memória, a percepção, o pensamento e, o equilíbrio da sua personalidade.

Palavras chave: Afetividade; Aprendizagem; Vínculos afetivos; Professor/ aluno

ABSTRACT

This text aims to analyze the importance of affectivity in children's education, specifically with children from 0 to 04 years old, linked to kindergartens and pre-school, in the teaching line, in the teaching-learning process, as well as the affective bonds in teacher relations / student and family / child, pointing to the fact that affectivity can determine a child's success. The article leads to a reflection on affectivity, when the teacher becomes the main mediator in the classroom, providing learning, demonstrating that it can improve the conviviality and the student's ties. Allowing an established relationship between friendship and respect, developing your own physical, psychic, spiritual and moral progress. According to Wallon, Chalita and Chardelli, among others, who argue for the need for affectivity, the results show that in addition to mediating learning, it is possible to improve interpersonal relationships, strengthening the bonds of friendship, respect, solidarity, generosity and confidence. It is worth mentioning that it is extremely important in learning. It plays a fundamental role in the child's life, influencing the action, the will, the memory, the perception, the thinking, and the balance of his personality.

Keywords: Affectivity; Learning; affective bonds; Teacher / Student.

 

  1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho, objetiva-se a apresentar a importância da afetividade na educação infantil, tendo como base as relações de afetividade tanto professor/aluno quanto de família/criança. Visto que são de extrema importância, pois as crianças em fase de formação necessitam de educação e cuidados que favoreça o seu desenvolvimento como indivíduo. Vale frisar que o vínculo afetivo que o professor estabelece com o aluno em sala de aula é imprescindível. Quando o aluno cria uma relação afetiva com seu mestre, o aprendizado se torna mais prazeroso.

Nesta perspectiva, construíram-se questões importantes para o desenvolvimento desse trabalho:

  • As relações afetivas entre professor e aluno interferem na aprendizagem da criança?
  • Como deve ser a posição do pedagogo em relação aos problemas encontrados na interação de professor e aluno e que ponto esses problemas afetam o ensino e aprendizagem do indivíduo?

Quando a criança ingressa na escola, torna-se ainda mais evidente o papel da afetividade na relação professor/aluno.

A escola é a primeira aprendizagem formal no meio social da criança. É perceptível que a afetividade no ambiente escolar promove uma aprendizagem saudável, onde o aluno se percebe como indivíduo responsável pela construção da sua identidade e, consequentemente do seu conhecimento.

No entanto, o objetivo primordial é transmitir a importância da afetividade no contexto escolar da Educação Infantil, procurando entender as relações entre professor/aluno, aluno/aluno e os vínculos que se estabelecem no cotidiano da sala de aula, sendo a escola um espaço de multiplicidades, onde se integram diferentes valores, aspectos sociais, experiências, culturas e crenças.

O texto foi elaborado sendo o embasado em alguns autores tais como: Wallon (1992), Brasil (1998), Almeida (1999), Parreiras, (2012), Freire (1989 e 1994), Chalita (2001), Chardelli (2002), entre outros.

2.  AFETIVIDADE

O referido trabalho aborda uma pesquisa realizada sobre a afetividade presente no processo de aprendizagem da criança, principalmente quando se trata de educação infantil. Sendo a mesma, facilitadora deste processo em que o professor é o mediador. Muitas vezes encontramos casos de instituição que dão pouca importância à afetividade, onde os educadores depositam os conteúdos, enxergando os alunos como meros objetos. É necessário quebrar os paradigmas e pensar na criança como um todo. Cujo, é formado de emoções, sensações e amor.

De acordo com o Referencial Curriculares Nacional para a educação Infantil (RCNEI):

As instituições de educação infantil devem favorecer um ambiente físico e social onde as crianças se sintam protegidas e acolhidas, e ao mesmo tempo seguras para se arriscar e vencer desafios. Quanto mais rico e desafiador for esse ambiente, mais ele lhes possibilitará a ampliação de conhecimentos acerca de si mesma, dos outros e do meio em que vivem. (BRASIL, 1998, p.15).

Assim, é importante ressaltar que na Educação Infantil qualquer aprendizagem está intimamente ligada à vida afetiva da criança. Por isso não cabe à escola redimir esse processo, mas sim ampliá-lo e fortalecê-lo, criando um ambiente sócioafetivo saudável para esses pequenos seres em formação.

Almeida, (1999, p. 42) diz; A afetividade tem um papel imprescindível no processo de desenvolvimento da personalidade da criança, que se manifesta primeiramente no comportamento e posteriormente na expressão”.

Para o autor, a afetividade está relacionada aos sentimentos, seguidos de admirações, que se tem e podem ser adquiridos com o passar do tempo. A criança aprende a desenvolver esse tipo de sentimento que se manifesta de acordo com o que a criança passa pelos vários estágios da sua infância, desde o seu nascimento. 

Dessa forma é a afetividade quem determina a atitude que podemos ter diante de nossas vivências, e, será ela quem determinará a forma de relacionamento, seja ele positiva ou negativa entre os alunos com ou sem necessidades especiais.

No entanto, a afetividade exerce um papel importantíssimo em todas as relações. Além de influenciar decisivamente a percepção, o sentimento, a memória, a autoestima, o pensamento, o querer e as atitudes, torna-se um componente essencial da harmonia e do equilíbrio da personalidade humana.

Assim, a agressividade, a alegria, o medo e a tristeza têm funções importantes na relação da criança com o meio, a emoção causa impacto no outro e tende a se propagar no meio social, pois é altamente orgânica. Desta forma, nessa teoria, acredita-se que a afetividade é um ponto de partida para o desenvolvimento do indivíduo como vemos a seguir. Segundo Parreiras (2012, p.46):

Muitas vezes, uma criança cresce no seio familiar com a presença de pai e mãe e conta com uma estrutura de família muito frágil e vulnerável. Não é a presença nem a ausência de pai e de mãe que determinam a estabilidade emocional de uma criança. São as representações parentais construídas pela criança, ou seja, a possibilidade de criar vínculos, de simbolizar, de representar, de contar com alguém que a proteja, que a cuide.

Percebe-se que a família é o âmbito em que a criança vive suas maiores sensações de contentamento, felicidade, prazer e afeto, o campo de ação no qual experimenta tristezas, desencontros, brigas e medos. É na família que se aprende a linguagem da vida. A linguagem da afetividade; um misto de apegos e inseguranças, frustrações e encantamentos, ciúmes e amor intenso.

Ainda segundo Parreiras (2012, p. 43):

Qualquer dificuldade afetiva da criança costuma aparecer na forma como se comunica, em sua leitura e interpretação do material lido, e na escrita que produz. Nos desenhos de crianças, encontramos suas questões afetivas e existenciais de forma simbólica. A criança constrói uma cena, e ali podem estar espelhados seus conflitos, suas dúvidas, suas alegrias. Além disso, o corpo pode traduzir alguma angústia em forma de sintoma físico (alegria, dor, doença) ou emocional (tristeza, agressividade, insônia).

Sendo assim, pode-se dizer que a afetividade contribui para o sucesso no processo de ensino-aprendizagem, pois a afetividade e a cognição são aspectos indissociáveis, estão intimamente ligados e influenciam pela socialização, através da escola, família e sociedade, sendo extremamente necessária para a formação de pessoas felizes, éticas, seguras e capazes de conviver com o mundo que a cerca. A afetividade na Educação Infantil tem o caráter de se preocupar com o aluno como ser sócio-afetivo que ele é, reconhecendo-o como indivíduo autônomo, com direito a ter preferências e desejos diferentes uns dos outros.

Na visão de Freire (1989, p. 170), a afetividade é o território dos sentimentos, das paixões, das emoções, por onde transita medo, sofrimento, interesse, alegria".

Assim, tanto famílias quanto educadores são sem dúvidas, peças fundamentais nesse processo de educar verdadeiramente, mas, para que haja esse processo educativo verdadeiro é necessário que algo mais permeie essa relação da criança com a família e com a escola.

É esse algo a mais que falta em diversas famílias e instituições de ensino, e este algo a mais, é a afetividade, que pode proporcionar uma relação mais estreita entre as crianças e aqueles que fazem parte do seu meio educativo.

De acordo com Chalita (2001, p. 65): “A questão da aprendizagem supera a questão do ensino. O processo de aprendizagem, que é do professor e do aluno, tem de ser permanente. Ele faz com que a educação não se reduza a meros conteúdos decididos de forma autoritária”

Muitos têm comentado que a educação afetiva deveria ser dentre tantas outras, a primeira preocupação dos educadores e das famílias, pois é justamente esta afetividade que vai condicionar o comportamento, o caráter e a atividade cognitiva da criança, sem esquecer que a preparação da criança para a vida escolar e posteriormente para a vida em sociedade, passa pelo desenvolvimento de competências emocionais, como a confiança, curiosidade, intencionalidade, autocontrole, capacidades de relacionamento, de comunicação e de cooperação, e tudo isso se torna muito mais simples quando se estabelece um vínculo entre a criança, a família e o educador.

Dessa forma a afetividade é a dinâmica mais profunda e complexa de que o ser humano pode participar. Inicia-se a partir do momento em que um sujeito se liga a outro pelo amor, sentimento único que traz no seu núcleo, o medo da perda, também complexo e profundo.

 Quanto maior o amor, maior o medo da separação, da perda e da morte, o que acaba desencadeando outros sentimentos, tais como o ciúme, a raiva, o ódio, a inveja, a saudade entre outros que impulsionam a capacidade de sentir. A afetividade é a mistura de todas essas sensações, e aprender a cuidar adequadamente de todas essas emoções é o que vai proporcionar ao sujeito uma vida emocional plena e equilibrada.

Desse modo podemos dizer que a afetividade constitui um domínio funcional tão importante para a vida social e emocional de um indivíduo que mostra a revelação de carinho ou cuidado que se pode ter com alguém íntimo e querido, permitindo assim ao ser humano demonstrar os seus sentimentos e emoções a outro ser, sendo um laço criado entre os seres humanos para representar a amizade mais aprofundada. A afetividade é um estado psicológico que pode ou não ser modificado a partir das situações.

Para Wallon (1995), a criança na pré-escola “[...] atribui a emoção como os sentimentos, desejos e manifestações da vida afetiva, demonstra os sentimentos como um papel fundamental no processo de desenvolvimento humano”.

Portanto é por meio delas que a criança mostra seus desejos e suas vontades, enfatizando que a afetividade é um dos principais elementos para o desenvolvimento humano. Por isso, podemos perceber que a afetividade e a cognição são inseparáveis.

Assim, concebemos a afetividade como um reconhecimento construído através das vivências, que se configura como dever da escola, do educador e da família, a tarefa de despertar na criança as potencialidades do coração, pois, a afetividade estimula a capacidade de desenvolver o conhecimento voltado para conhecê-lo e o aprender, de maneira que os vínculos e aprendizados se construam a partir das trocas estabelecidas entre o sujeito e o meio.

Dessa forma, sabe-se que o sentido da aprendizagem é único e particular na vida de cada um, pois, o desenvolvimento da aprendizagem é um processo contínuo e a afetividade possui um papel fundamental nesse processo de desenvolvimento do aluno, uma vez que a ausência de uma educação, que deixa de abordar a emoção (aspectos afetivos) em sala de aula e na família, poderá ocasionar prejuízos incalculáveis no desenvolvimento cognitivo dessa criança.

Gabriel Chalita (2001, p. 33) nos traz que: “[...] afetividade é ter afeto no preparo, afeto na vida e na criação. Afeto na compreensão dos problemas que afligem os pequenos [...]”.

De acordo com as definições, é possível perceber a importância dos vínculos afetivos na vida da criança por se tratar de um ser que está em pleno desenvolvimento. A partir do argumento afirmativo que a educação da criança começa com a família e depois passa para a escola, podemos mostrar e provar que a afetividade sempre aparece ligada à educação, seja ela formal ou informal.

 Parreiras (2012, p. 46), diz: "Toda criança tem o direito de ser criada numa família mesmo que não seja sua família biológica. A falta física do pai ou da mãe não é determinante de um desenvolvimento emocional fragilizado da criança".

Dessa forma, temos a certeza que a afetividade é a dinâmica mais complexa de que o ser humano é capaz de lidar, e acontece a partir do momento em que o sujeito se liga a outro pelo amor, constituindo assim um amplo aspecto de sentimentos associados à história das relações sociais, onde a criação dos vínculos afetivos deve ser compartilhada para que os laços afetivos se solidifiquem.

A afetividade aparece ao decorrer da vivência da criança em sala e vai se desenvolvendo o lado do intelecto e cognitivo. Ambos contribuem para a formação da criança e evoluem conforme o seu comportamento como indivíduo, construindo necessidade ao longo do seu período escolar.

Nesta perspectiva o desenvolvimento da afetividade é de acordo com cada sentimento das crianças repassado de aluno para aluno e de aluno para professor. No meio escolar, a socialização vem por meio da afetividade.  Do ponto de vista de Chardelli (2002, p.31):

A todo momento, a escola recebe crianças com auto estima baixa, tristeza, dificuldades em aprender ou em se entrosar com os coleguinhas e as rotulamos de complicadas, sem limites ou sem educação e não nos colocamos diante delas a seu favor, não compactuamos e nem nos aliamos a elas, não as tocamos e muito menos conseguimos entender o verdadeiro motivo que as deixou assim. A escola facilita o papel da educação nos tempos atuais, que seria construir pessoas plenas, priorizando o ser e não o ter, levando o aluno a ser crítico e construir seu caminho.

Portanto, afetividade são todas as emoções e sentimentos que de uma ou de outra forma interferem na vida das pessoas. Mas, para transmitir afeto é preciso senti-lo.

2.1 Relações Professor/Aluno

Esta pesquisa mostra que quando a criança entra na escola, torna-se ainda mais evidente o papel da afetividade na relação professor-aluno. Em sala de aula tenta-se descobrir qual é o papel do professor, direcionando olhar para a relação que se desenvolve entre professor e aluno.

Assim, a relação que o professor tem com o aluno é um sentimento que envolve marcas e deixa para toda vida do educando sendo elas boas ou más. Dentro dessa relação de afetividade o professor e o aluno devem buscar uma inter-relação e comunicação que vai formar uma construção de conhecimentos e valores que serão adquiridos.  De acordo com Chalita (2001, p.162):

[...] e para que possa transmitir afeto é preciso que sinta afeto, que viva afeto. Ninguém dá o que não tem. O corpo transborda quando está cheio; o mestre tem que transbordar afeto, cumplicidade, participação no sucesso, na conquista de seu educando; o mestre tem de ser o referencial, o líder, o interventor seguro, capaz de auxiliar o aluno em seus sonhos, em seus projetos.

No entanto quando existe afetividade entre professor e aluno, o interesse em frequentar a sala de aula torna-se agradável, despertando o interesse em estar com outras pessoas e, o professor da educação infantil, além de ensinar conhecimentos, é também amigo e confidente. Quando o professor estabelece vínculos afetuosos, a criança confia e confidencia intimidades de sua vida pessoal e familiar. 

Para Almeida (1999, p. 91) “[...] é preciso que o professor esteja muito atento aos movimentos das crianças, pois estes podem ser indicadores de estados emocionais que devem ser levados em conta no contexto de sala de aula”.  Assim a sala de aula deve ser um ambiente acolhedor para que os alunos possam sentir-se amados e respeitados. Portanto, todo sujeito é único, singular e cabe ao educador demonstrar afeto para com todos sem fazer acepção, mostrar o valor que cada criança tem na escola livre de preconceitos e preferências.

Sendo assim, quando a criança vai para a escola esses sentimentos passam a ser mais amplos. Enquanto que na família, afetividade é entre pai e filho, na escola tende a se manifestar os sentimentos mais coletivos por várias outras crianças e pelos professores que ela agora convive. A convivência com outras crianças desperta emoções, sentimentos que devem ser bem administrados pelos professores em sala de aula.

Por isso o professor deve ajudar a desenvolver o interesse do aluno, despertando emoções, enfatizando a afetividade no dia a dia escolar dessas crianças. Dessa forma Chalita (2001, p. 52) caracteriza:

Para lidar com crianças na educação infantil, o educador precisa ser sensível às suas emoções, estar apto para lidar com situações que exijam paciência, compreensão e técnica, tendo capacidade para lidar com imprevistos que requerem flexibilidade e criatividade, além disso, deve usar sempre o conhecimento e a sociabilidade ligada aos aspectos afetivos, para o bem do aluno e tranquilidade dos pais.

Assim quando a criança entra na escola, ela passa a viver sob outros contextos, estabelece outras relações, submete-se a outras regras, e convive a partir do que já construiu em sua vida afetiva. Tanto a família quanto os educadores são fundamentais nesse processo de educar, mas para que isso ocorra é necessário que algo mais permeie essa relação entre criança/ família/ escola: a afetividade.

No entanto a educação afetiva deveria ser dentre tantas outras a primeira preocupação dos educadores, pois é justamente esta afetividade que vai condicionar o comportamento, o caráter e a atividade cognitiva da criança. Sem esquecer que a preparação da criança para a vida escolar e posteriormente para a vida em sociedade, passa pelo desenvolvimento de competências emocionais, como a confiança, e a sociabilidade e, tudo isso se torna mais simples quando se estabelece um vínculo entre a criança, a família e a escola.

Ao passo que as interações em sala de aula são constituídas por um conjunto de variadas formas de atuação, que se estabelece entre partes envolvidas, a mediação do professor em sala de aula, seu trabalho pedagógico, sua relação com os alunos, tudo faz parte desse papel. A afetividade não se limita a carinho físico, muitas vezes se dá em forma de elogios superficiais, ouvir o aluno, dar importância às suas ideias. É importante essa forma de afetividade; Às vezes nem percebemos que pequenos gestos e palavras são maneiras de comunicação afetiva.

O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdo de naturezas diversas; que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. (BRASIL, 1998 a, p.41).

Assim, quando a criança entra na escola, ela passa a viver sob outros contextos, estabelece outras relações, submete-se a outras regras, e convive a partir do que já construiu em sua vida afetiva. Tanto a família quanto os educadores são fundamentais nesse processo de educar, mas para que isso ocorra é necessário que algo mais permeie essa relação entre criança/ família/ escola: a afetividade.

No entanto, a educação afetiva deveria ser dentre tantas outras a primeira preocupação dos educadores, pois é justamente esta afetividade que vai condicionar o comportamento, o caráter e a atividade cognitiva da criança. Sem esquecer que a preparação da criança para a vida escolar e posteriormente para a vida em sociedade, passa pelo desenvolvimento de competências emocionais, como a confiança, e a sociabilidade e, tudo isso se torna mais simples quando se estabelece um vínculo entre a criança, a família e a escola.

Ao passo que as interações em sala de aula são constituídas por um conjunto de variadas formas de atuação, que se estabelece entre partes envolvidas, a mediação do professor em sala de aula, seu trabalho pedagógico, sua relação com os alunos, tudo faz parte desse papel. A afetividade não se limita a carinho físico, muitas vezes se dá em forma de elogios superficiais, ouvir o aluno, dar importância às suas ideias. É importante essa forma de afetividade, às vezes nem percebemos que pequenos gestos e palavras são maneiras de comunicação afetiva.

O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdo de naturezas diversas; que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento (BRASIL, 1998, p.41)..

Sendo assim, esta característica por sua vez exige uma formação muito ampla do profissional que deve também, tornar-se um aprendiz, reflexivo de sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com a comunidade e com as famílias e pesquisando informações para o trabalho que desenvolve.

É necessário que os projetos educativos das instituições, para debater e atender de fato esse diálogo, constantemente tenha. “[...] professores que estejam comprometidos com a prática educacional, capazes de responder às demandas familiares e das crianças, assim como às questões específicas relativas aos cuidados e aprendizagens infantis” (BRASIL, 1998 a, p. 41).

Desta forma o ato de ensinar e de aprender envolve e exige certa cumplicidade do professor; tal cumplicidade se constrói nas intervenções, através do que é falado, do que é entendido, do que é transmitido e captado. Cabe ao professor planejar e executar suas aulas, para que seus alunos criem vínculos positivos entre si e os conteúdos.

A propósito quando um professor apenas transmite um conteúdo, sem anexo, sem que o aluno assimile e efetivamente o conteúdo, nada será aprendido, pois o professor tem de tornar os conteúdos interessantes aos olhos dos alunos. Pequenos gestos como sorrir, escutar, refletir, respeitar, são entre tantos outras, necessidades que levam o sujeito a investir na afetividade, que é o “combustível” necessário para adaptação, a segurança, o conhecimento e o desenvolvimento da criança.

Assim o afeto é muito importante para que o profissional seja considerado um bom professor e mais ainda, para que o aluno se sinta importante e valorizado, o professor deve entender seus sentimentos, buscar soluções para as diversas dificuldades que os alunos apresentam preocupar-se com seus alunos por inteiro, tendo sensibilidade para entendê-los, buscar ações que os valorizem, independentemente de seu grau de desenvolvimento.

Por isso a afetividade é indispensável desde o início do desenvolvimento humano. As mudanças no homem, vão acontecendo de acordo com seu meio e com as pessoas à sua volta: familiares, amigos e professores.

No entanto o afeto deve estar presente na relação entre professor e alunos dentro do ambiente escolar. De acordo com o grau de afeto apresentado entre as duas partes que a interação se realiza e constrói-se um conhecimento altamente compensador.

Dessa forma a confiança é tudo para os alunos, é uma ferramenta para a participação no sucesso e na conquista de seu educando. O professor é o referencial, o líder, o que orienta e auxilia o aluno em suas atividades, seus sonhos e projetos.

Por outro lado, o professor também cresce e se realiza quando percebe que conseguiu passar todo ensinamento para o aluno de uma forma tranquila, com amor e seriedade, sem castigos, sem punições. O professor tem que estar apto para construir, se dedicar aos alunos, vibrando com suas conquistas.

2.2 Vínculos Afetivos

A atual pesquisa revela que o vínculo faz parte de nós enquanto seres humanos. Desde o momento em que somos concebidos, já no útero da mãe começa nossa relação com o mundo externo e com as pessoas que farão parte do nosso meio, nesse sentido começamos a estabelecer vínculos, e talvez o primeiro deles que podemos citar é a voz daquela que nos carrega.

Logo, observamos a importância que o vínculo estabelece na nossa vida, evidenciando o quanto esse será fundamental e determinante ao longo da existência. Podemos ter uma vivência saudável e equilibrada ou desequilibrada e insensata dependendo de como lidamos com os vínculos que nos rodeiam.  Com de acordo com Leão (1950, p.25).  

No início da vida dos estados afetivos, a criança solta gritos: gritos de alegria, gritos de dor. Simples reações naturais de sensibilidade, tais gritos não tem ainda valor de sinal.  Mas as pessoas que convivem com a criança veem nisso, índice de certo estado afetivo, o que as leva a reagir aos sinais da criança de maneira adequada.

Assim, percebe-se como mencionado anteriormente, desde o ventre de nossas mães já começamos a criar vínculos com o mundo exterior, e após o nascimento esta tarefa se intensifica cada vez mais. Sempre que conhecemos uma pessoa, poderemos criar um vínculo com ela, que poderá ser positivo ou negativo.

No entanto, o vínculo positivo pode ser criado com base no afeto, na simpatia e no amor, enquanto que um vínculo negativo surge, através do ciúme, da inveja ou da raiva. Enfim, de certa forma, o primeiro contato que tivermos com o outro, poderá ser o fator determinante na construção de vínculos. Por isso o vínculo afetivo que o professor estabelece com o aluno em sala de aula, deve ter um caráter libertador e de confiança no cotidiano, para combater as indiferenças e os preconceitos. Rótulos comuns presentes no ambiente escolar. Sendo o vínculo afetivo estabelecido, favorece a expressão de questões pessoais entre professor e aluno no cotidiano escolar. Além disso, conduz a autonomia e o sucesso na construção da aprendizagem recíproca, na formação da personalidade dos alunos, em adultos seguros e confiantes de si, capazes de pensar de forma crítica o mundo ao seu redor.

Desta forma podemos relatar que um dos motivos que leva a criança a ser agressiva em sala de aula, é sua autoestima baixa, pois, pensa que nunca vai conseguir aprender algo, ou não se considera capaz de fazer nada direito. Outro fator é a falta de afetividade procedente da família, a criança não se sente amada em casa e acaba trazendo para sala de aula, os desafetos vividos em sua casa.

De acordo com o autor Saltini, (1997, p. 89). Neste caso, “o educador serve de continente para a criança. Poderíamos dizer, portanto, que o continente é o espaço onde podemos depositar nossas pequenas construções e onde elas tomam um sentido, um peso e um respeito, enfim, onde elas são acolhidas e valorizadas, tal qual um útero acolhe um embrião”.

Por isso, é nossa função estarmos atentos para a construção dos vínculos afetivos das crianças e das famílias, principalmente durante o período de adaptação na escola. Ou seja, criar vínculos é um exercício fundamental, tanto na relação professor e aluno, quanto na relação pais e filhos. Afinal, o vínculo é o primeiro laço que vai dar a segurança e o impulso para todas as etapas do desenvolvimento da criança.

Ao passo que o vínculo na escola e na família é fator determinante no desenvolvimento das crianças, o laço escola-família, se faz mais que necessário, pois, é através dele que muitas vezes consegue-se vencer obstáculos no transcorrer da vida escolar da criança.

Por isto, se insiste tanto em mostrar que é essencial criar um elo de comunicação entre a família e a escola, por que ambas se necessitam, têm trabalhos diferentes, mas se complementam.

Nenhuma agência socializadora, sozinha, poderá suprir todas as necessidades infantis, é preciso haver uma parceria, e é interessante destacar que o sucesso ou o fracasso no desenvolvimento escolar da criança, é influenciado por diversos fatores, sendo que o envolvimento da família com essas crianças é o fator principal.

No entanto, tudo o que é imposto, é apenas assimilado, mas não desfrutado, realmente entendido. Ou seja, só ocorre o aprendizado verdadeiramente quando a criança se torna parte do contexto e não é apenas um objeto no processo, e essa afetividade só é estimulada através da vivência, na qual o educador pode e deve estabelecer um vínculo de afeto com o educando.

Sendo assim, a criança precisa de estabilidade emocional para se envolver com a aprendizagem e, o afeto pode ser uma maneira eficaz de se chegar perto do educando.

Por isso, criar vínculos é o primeiro objetivo que o educador deve ter ao entrar em uma sala de aula, e depois deste laço criado, da confiança construída, tudo vai ficando mais fácil, tudo vai caminhando de forma natural, e as crianças além de seguirem uma postura moral correta, vão entendendo o porquê da mesma, e vão cobrar posturas idênticas das demais pessoas que vivem próximas.

Dessa forma, podemos concluir que a afetividade deve permear o nosso trabalho, visto que só se aprende com prazer, quando é ensinado com amor.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da fundamentação teórica argumentada neste artigo, percebe-se o quanto a afetividade é fundamental para a vida humana e que representa um dos aspectos mais significativos na construção de pessoas mais saudáveis, mais capazes de tomar decisões sábias. Principalmente a importância que tem a afetividade na vida da criança e como essa relação vai influenciar, não só na sua formação, mas toda sua vida adulta e sua relação com o mundo.

Todo ser humano precisa de afeto e em sala de aula não é diferente, através do afeto, o aluno adquire todas as condições necessárias para se sentir seguro e protegido.

Assim, as instituições de educação infantil que primam pela qualidade, propiciam interações sociais afetivas, contribuem para a preparação de crianças inteligentes e acima de tudo felizes. Numa época de crises, tragédias e separações como a que estamos vivendo, é necessário começarmos a pôr em prática nas escolas, ideias mais humanísticas, que valorizem desde cedo à importância das emoções e do afeto.

Portanto é imprescindível destacar, a importância do vínculo afetivo na relação professor-aluno no processo de aprendizagem da criança.

O educador deve propiciar um ambiente agradável, seguro e amoroso para favorecer o processo de aprendizagem. Na educação infantil, o professor é considerado um referencial para os alunos.

 A criança passa boa parte do tempo com ele e com isso o educador tem que avaliar e reavaliar a sua prática pedagógica, para que haja de fato aulas afetivas.

Sendo assim, a família e o professor, como educadores que são, devem compreender que possuem uma missão, que é formar pessoas e, isso somente acontecerá pela obra do amor e da afetividade, que será responsável por fazer nascer um verdadeiro ser humano, em um mundo, onde a agressividade é absolutamente assustadora e a solução está somente no afeto.

Portanto, a afetividade é essencial à criança, é a base do seu conhecimento, cujo só produz mudança na medida em que também é conhecimento afetivo. Um professor afetivo é mais feliz no seu lado docente, deixa as aulas mais significativas e torna a aprendizagem mais prazerosa.

Considera-se que a afetividade são todas as emoções e sentimentos que de uma ou de outra forma interferem na vida das pessoas. Ninguém dá o que não tem.

O copo transborda quando está cheio; O mestre tem que demonstrar afeto, cumplicidade, participação no sucesso, na conquista de seu educando; O mestre deve ser o referencial, o líder, o interventor seguro, capaz de auxiliar o aluno em seus sonhos, em seus projetos.

4.REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Ana Rita Silva. A emoção na sala de aula. Campinas/SP: Papirus, 1999.

Blog de Sergio Savian. Disponível < http://www.sergiosavian.com.br> Acessado em 05 de ago. de 2017.

BRASIL, Referencial curricular nacional para a educação infantil; vol.3, Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996 Brasília: MEC/SEF, 1996.

CHALITA, Gabriel; Educação: A Solução Está no Afeto: Gabriel Chalita - São Paulo: Editora Gente, 2001.

CHARDELLI, Rita de Cássia Rocha.  Brincar e ser feliz. Endereço eletrônico: < http://7mares.terravista.pt/forumeducacao/Textos/textobrincareserfeliz.htm

FREIRE, J. B.; A Técnica dos Incidentes Críticos no Ensino: J. B. Freire. - Lisboa, Editorial Estampa: UNOPAR, 1989/1994.

KRUEGER,   Magrit Froehlich.  A Relevância da Afetividade na Educação Infantil, disponível em< http://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev03-04.pdf> acessado em 6 de jul. de 2017.

LEÃO, Dr. Irmão; Psicologia Aplicada à Educação: Curso de Psicologia Aplicada à Educação. Dr. Irmão Leão - São Paulo: Editora F.T.D. S.A, 1950.

PARREIRAS, Ninfa; Do Ventre ao Colo, Do Som a Literatura: Livros para bebês e crianças: Ninfa Parreiras - Belo Horizonte: RHJ, 2012.

PIAGET, Jean; Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1985.

PIAGET, VYGOTSKY, WALLON. Teorias psicogenéticas em discussão. Yves de

La Taille, Martha Kohl de Oliveira, Heloysa Dantas. 14º ed.- São Paulo: Summus, 1992.

WALLON, Henry. Psicologia e Educação da Infância. Ed. Lisboa: Estampa, 1975.

 

 


[1] Formada em Pedagogia pela Universidade do Norte do Paraná Unopar.

[2] Formada em Pedagogia pela Universidade do norte do Paraná Unopar.

[3] Pedagogo e Historiador; Mestre em Ciências da Religião- Faculdade UNIDA

[4] Licenciado em Pedagogo (UNEMAT); Mestre em Ensino (UNIC/IFMT).

[5] Licenciada em Geografia pela Faculdade de Educação Ciências e Letras de Iporá; Doutora em Ciências Pedagógicas pela Universidad Central Marta Abreu de Las Villas (Cuba).

 

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