13/06/2018

A Psicomotricidade de Crianças Com Deficiência Intelectual

Resumo Esta pesquisa de revisão teórica teve como foco a Psicomotricidade na infância de crianças com Deficiência Intelectual. O objetivo desta pesquisa foi entender como a Psicomotricidade poderá contribuir com o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo das crianças com Deficiência Intelectual. Quando estes têm alguma restrição, dificuldade, déficit ou comprometimento, esta habilidade motora não será restrita, mas terá um ritmo mais lento, contudo, de alguma forma terá a possibilidade de conseguir ou alcançar alguma alteração através dos benefícios da psicomotricidade, ajudando a mesma ter autonomia e independência durante sua vida. Em relação a metodologia, foram utilizadas as bases científicas de dados como de artigos científicos retirados do Lilacs, Scielo e Google Acadêmico, livros e pesquisa de campo, tendo como palavraschave: Psicomotricidade. Deficiência Intelectual. Autonomia. A partir dos levantamentos teóricos encontrados nesta pesquisa foi possível identificar o quanto a Psicomotricidade é importante na infância de crianças em geral, ditas ‘’normais’’ ou com Deficiência Intelectual, pois é inegável que com a ausência da Psicomotricidade podem ocorrer consequências danosas ao desenvolvimento das crianças. Conclui-se que qualquer criança que seja estimulada pelos pais e professores, com atividades que estimulam tanto a coordenação motora grossa quanto a coordenação motora fina, terá com suas dificuldades a sua evolução. Palavras-chave: Psicomotricidade, Deficiência Intelectual, Autonomia. Abstract This theorical review´s research had as focus the psychomotricity in intellectual disability. The point of this research was understand how the psychomotricity, knowledge area of physical education (PE), may contribute in understanding of a better motor, cognitive and affective development of those subjects. When those have some restriction, difficult, deficit or impairment, this motor skill dont´t will be restrict, but will have a slower pace, however, somehow it has the possibility of conquer and achieve some alteration through the motrocity beneficits, sipporting it to have autonomy and indepedence during his lifetime. Regarding the methodology, was used the data scientific basis of scientific articles taken from Lilacs, Scielo and Google Academy, books and field research, having as keywords psychomotricity, intellectual disability and autonomy. From this theorical survey found in this research was possible identify how the motrocity is important in childhood of everyone, considered normal or with 1 Discentes do curso de Licenciatura em Educação Física do Centro Universitário Ítalo Brasileiro. 2 Docente do curso de Licenciatura em Educação Física do Centro Universitário Ítalo Brasileiro 

intellectual disability, because it´s undeniable that with the abscense of motrocity can compromise the integral child development. Finally, any child who is stimulated for their parents or teacher, with activities that stimulate the motor coordenation from ludic experiences, can develop their social affetive, cognitive and motor skills. Keywords: psychomotricity, intellectual disability, autonomy.

INTRODUÇÃO

A Psicomotricidade é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito, cuja ação é resultante da sua individualidade, sua linguagem e sua associação. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. Pode também ser definida como o campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistémicas entre o psiquismo e a motricidade. O que leva ao ser ter uma relação afetiva desde o surgimento na barriga de sua mãe, podendo ser transmitidas sensações afetivas e cognitivas; auxiliando também na compreensão das contribuições lúdicas da motricidade na Educação Física. A criança é o espelho e reflexo dos pais, pois tudo que ela ver e observar, ela irá copiar. Portanto a relação dos pais no aspecto afetivo faz com que a criança desenvolva com segurança aspectos como: Engatinhar, andar, falar e etc. Apresenta – se também formas de como lidar com crianças que possuem alguma deficiência. Para alguns autores a Psicomotricidade pode ser ensinada nas escolas ou até mesmo em casa, através de formas lúdicas e brincadeiras. Tudo isso fazendo com que a criança possa ter como referência os pais e o seu educador, desenvolvendo ainda mais a sua motricidade. A realização desse trabalho partiu de análises e compreensão de bibliografias de diversos artigos pesquisados que tratam sobre a temática e do interesse ao observar desde o surgimento do ser e suas reações na barriga da mãe, até a sua vida adulta ou total autonomia.

O QUE É DEFICIÊNCIA INTELECTUAL OU ATRASO COGNITIVO? 

Deficiência Intelectual ou atraso cognitivo é caracterizado por algumas falhas nas funções intelectuais que necessitam de raciocínio, soluções lógicas e práticas, planejamentos em geral, pensamentos abstratos, aprendizagens, noção do tempo, valores monetários, não compreendem e não seguem regras, funcionamentos adaptativos como os conceituais, sociais e práticos. (MILLAN, SPINAZOLA, ORLANDO, 2015)

A mudança do termo de Deficiência Intelectual passou por algumas modificações durante alguns anos. Foi publicada no ano de 2010, a 11ª edição do manual ‘’Deficiência Intelectual: definição, classificação e níveis de Suporte’’

(SHALOCK et al., 2010) pela AAIDD (Associação Americana em Deficiência Intelectual e do Desenvolvimento).

A definição de 2002, manteve-se, mas assumiu o termo ‘’retardo/ deficiência intelectual com a seguinte redação para deficiência intelectual: (MILLAN, SPINAZOLA, ORLANDO, 2015).

Deficiência intelectual é uma incapacidade caracterizada por limitações significativas tanto no funcionamento intelectual (raciocínio, aprendizado, resolução de problemas) quanto no comportamento adaptativo, que cobre uma gama de habilidades sociais e práticas do dia a dia. Esta deficiência se origina antes da idade de 18 (SHALOCK et al., 2010, p. 6)

Os tipos de deficiência intelectual estão relacionados a vários fatores, como alterações gênicas e cromossomos ou desordens do desenvolvimento do embrião, além de vários outros distúrbios funcionais ou estruturais que reduzem a capacidade do cérebro, pois é conhecendo os tipos de deficiência que as formas de tratamento/cuidados serão desenvolvidas, assim como o tipo de atividades. (FERREIRA et. al., 2006)

Os principais fatores observados das causas genéticas são: Herança genética; Por falta na combinação dos genes e por condições genéticas adversas; Como alterações de número de cromossomos, como a síndrome de Down. (FERREIRA et. al., 2006, p. 21)

Problemas durante a gestação: o atraso cognitivo pode surgir na fase embrionária ou do feto, durante a divisão celular. ‘’Uma mulher alcoólica ou que contrai uma infecção durante a gravidez, como a rubéola, por exemplo, pode também ter uma criança com problemas de desenvolvimento mental.’’ Problemas durante o parto: A falta de oxigenação, causada por diversos fatores ocorrido durante o parto, pode ocasionar problemas. Problemas de saúde: As causas da deficiência mental podem, em alguns casos, ter sua origem em doenças como Sarampo ou a meningite. Fatores como a desnutrição ou intoxicação por venosos ou resíduos como o mercúrio e chumbo também podem ser a causa dos problemas cognitivos. (FERREIRA et. al., 2006)

Nenhuma das causas acima contribui necessariamente ao atraso cognitivo mas existe o risco, uns com mais chances, outros não, podendo ser evitado tanto quanto preciso. A meningite e o alcoolismo em si, não causam necessariamente a deficiência intelectual, porem constituem um grave risco para ser ignorado.

A deficiência intelectual não é uma doença contagiosa, infecciosa ou uma doença mental (sofrimento psíquico), como por exemplo, a depressão e a esquizofrenia. Observaram-se duas coisas que se diagnostica a deficiência intelectual: O funcionamento cognitivo ou funcionamento intelectual. (FERREIRA et. al., 2006)

A capacidade do cérebro da pessoa para aprender, pensar, resolver problemas, encontrar um sentido do mundo, uma inteligência do mundo que as rodeia (a esta capacidade chama-se funcionamento cognitivo ou funcionamento intelectual). A competência necessária para viver com autonomia e independência na comunidade em que se insere (a esta competência também se chama comportamento adaptativo ou funcionamento adaptativo). Estas limitações acabam provocando um maior tempo de aprendizagem, e de desenvolvimento (FERREIRA et. al., 2006)

As limitações de pessoas com deficiência intelectual, como dificuldade de comunicação, desenvolvimento de tarefas, acuidade e relacionamentos pessoais estão diretamente ligadas alguma limitação no funcionamento cognitivo. (FERREIRA et. al., 2006, p. 21 )

Sua interação com o mundo: percepções e forma de exprimir-se em geral levam mais tempo para apresentar alguma adaptação. Os atrasos do funcionamento cognitivo são normalmente diagnosticados por um corpo técnico formado por 

neurologistas, psicólogos, fonoaudiólogos e etc, enquanto o funcionamento adaptativo deve ser observado por pais e familiares e principalmente educadores. (FERREIRA et. al., 2006)

Existem diferentes métodos para a determinação de cada grau da deficiência intelectual. As técnicas psicométricas são as mais utilizadas, usando o QI para a classificação de cada grau. Os cinco graus de DM resultantes do teste de QI, distribuem-se, segundo a Associação Americana para a Deficiência Mental e com base na Organização Mundial de Saúde Bautista (1997 apud FERREIRA et. al., 2006)

QUADRO 1: NÍVEIS DE QI E IM (INCAPACIDADE MENTAL) 3

Limite ou Bordeline Ligeiro Moderado ou Médio Severo ou Grave Profundo

QI- 68-85 QI- 52-67 QI- 36-51 QI- 20-35 QI- inferior a 20

IM- 13 IM- 8-12 IM- 3-71 IM- 3-7 IM- 0 a 3

Estágio de

desenvolvimento

Operações

concretas Estágio de desenvolvimento Operações concretas Estágio de desenvolvimento Pré-operatório Estágio de desenvolvimento Sensório-motor Estágio de desenvolvimento Sensório-motor

Limite ou Bordeline - QI- 68-85 / IM- 13 (Estágio de desenvolvimento - Operações concretas)

A recente introdução da classificação, ‘’limite ou bordeline’’ não conta ainda com a unanimidade de opinião sobre se deveria ou não fazer parte da classificação dos graus de deficiência. A divergência de opiniões dá-se porque crianças encontradas neste grupo apresentam apenas algumas dificuldades ou atraso nas aprendizagens. Outro fator que justifica a pluralidade de opiniões é que o fato de que crianças que se desenvolvem em ambientes precários podem ser incluídas neste grupo. (FERREIRA et. al., 2006)

Ligeiro QI- 52-67 / IM- 8-12 (Estágio de desenvolvimento - Operações concretas)

A maioria dos deficientes deste grupo não apresenta claramente algum tipo de deficiência mental. Em geral são pessoas com capacidade de integração e adaptação, mas que tem dificuldades devido a herança cultural, familiar ou ainda devido a fatores decorrentes do ambiente em que vivem. Apesar de suas limitações conseguem alcançar um nível intelectual de um estudante de ensino básico. (FERREIRA et. al., 2006)

Moderado ou médio - QI- 36-51 / IM- 3-71 (Estádio de desenvolvimento - Pré Operatório)

Os deficientes deste nível apresentam maior dificuldade de interação social. Podem desenvolver a linguagem verbal, mas apresentam dificuldade de compreensão da ética social bem como dificuldades na fala. Sua capacidade intelectual é bastante prejudicada, mas ainda assim tem a possibilidade de dominar conhecimentos básicos sem, no entanto, chegar a dominar técnicas mais elaboradas como leitura e escrita. A capacidade motora pode desenvolver-se de forma aceitável. (FERREIRA et. al., 2006).

Severo ou Grave - QI- 20-35 / IM- 3-7 (Estádio de desenvolvimento - Sensório Motor)

Neste grupo se enquadram indivíduos que geralmente precisam de ajuda ou suporte. Podem apresentar sérios problemas psicomotores, porém, tem possibilidades de aprender algumas formas de comunicação apesar da dificuldade para expressar-se verbalmente. Podem aprender coisas simples como atividade da vida diária básica e atividades pré-tecnológicas. (FERREIRA et. al., 2006)

Profundo - QI- inferior a 20 / IM- 0 a 3 (Estádio de desenvolvimento - Sensório Motor)

Neste grupo encontram-se apenas indivíduos cujo desempenho, mesmo das funções básicas, encontra-se comprometido. A comunicação com o meio bem como as capacidades sensoriais e motoras estão severamente comprometidas, necessitando de ajuda para o desenvolvimento de quase todas as funções e 

atividades. Eventualmente poderão apresentar autonomia para deslocar-se e responder a estímulos de forma coordenada. (FERREIRA et. al., 2006)

Ao tentar estabelecer a causa, no entanto deparamo-nos com vários fatores a serem considerados, pois apesar da disponibilidade de métodos abrangentes para a investigação aproximadamente 50% dos casos não consegue estabelecer sua etiologia. Um fator importante a observar é a severidade da deficiência intelectual, pois a identificação etiológica é bem mais frequentemente possível nos casos mais severos, onde 75% dos casos onde ocorre a identificação etiológica apresenta um dos fatores de risco: síndrome genéticas ou anormalidades cromossômicas, asfixia intraparto, digenesia cerebral, severa privação psicossocial e exposição pré natal a agentes tóxicos (álcool ou drogas), (SCHWARTZMAN, LEDERMAN, 2017)

Cerca de 10% das crianças com retardo global no desenvolvimento ou com DI apresentam alguma anormalidade citogenética, e em 40% destas não há alterações dismórficas evidentes. Em 1983 Hagberg e Kyllerman, realizaram estudos de casos onde os fatores de risco cursam a deficiência intelectual. (SCHWARTZMAN, LEDERMAN, 2017)

Nessa população, a síndrome de Down foi a maior causa de DI severa. Alterações cromossômicas foram detectadas em 29% dos casos também de DI severa. Síndrome do X-frágil foi a etiologia identificada em 4% dos casos de DI severa e de 10% dos de DI discreta. (SCHWARTZMAN, LEDERMAN, 2017, p. 74)

Síndrome fetal alcoólica foi identificada em 8% dos casos urbanos de DI discreta. Por fim, erros inatos do metabolismo foram identificados em menos de 1% de toda a população (SCHWARTZMAN, LEDERMAN, 2017).

‘’Deve-se levar em conta que este estudo é da década de 80, e caso se realize algum estudo similar nos dias atuais, muito provavelmente resultados diferentes seriam encontrados. ’’ (SCHWARTZMAN, LEDERMAN, 2017)

Devido as peculiaridades de cada indivíduo o planejamento do tratamento de pessoas com deficiência intelectual, deverá ser feito caso a caso levando-se em consideração o grau de DI, o grau de comprometimento de cada área adaptativa entre outras características. A identificação precoce é de vital importância na investigação dos efeitos sobre o sistema nervoso, uma vez o tratamento é caro, prolongado e 

conduzido por equipe multidisciplinar incluindo a necessidade de frequentar escolas especializadas. (SCHWARTZMAN, LEDERMAN, 2017)

Do ponto de vista administrativo a prevenção corresponde a conduta mais barata e mais eficaz. Levando-se em conta que maior parte da deficiência intelectual, ocorre durante ou logo após o parto e observa-se que um bom acompanhamento durante a gestação, como vacinação da rubéola, a detecção de sífilis e HIV reduziria as sequelas em crianças infectadas no período perinatal. (SCHWARTZMAN, LEDERMAN, 2017)

PSICOMOTRICIDADE: O INÍCIO E O LÚDICO

Uma pesquisa observacional feita pela Piontelli (1945 apud MARTINS, 2013) concluiu que cada feto é individualizado, a influência da mãe durante e após a gestação no aspecto afetivo e psicológico mostram a importância no desenvolvimento futuro do individuo.

Os recém-nascidos respondem às interações já nos primeiros minutos de vida. O apego é um importante fator no bom prognóstico do desenvolvimento afetivo, psicomotor, social e cognitivo de crianças. Pela segurança de que suas necessidades físicas e emocionais serão satisfeitas, o bebê começa a desenvolver um sentimento de confiança que o conduz à construção da independência; sendo assim desenvolve a curiosidade para desbravar e experimentar o mundo. A confiança é algo fundamental para o feto se tornar um adulto q compreenda a vida complexa, sendo necessário o acompanhamento dos pais durante a infância e mostrando referências de como deseja que ele seja na fase adulta. (MARTINS, 2013)

Winnicott (1963 apud MARTINS 2013) psicanalista inglês e teórico das relações objetais, descreveu o desenvolvimento propondo três categorias: dependência absoluta, dependência relativa e autonomia relativa. Nas primeiras fases do bebê além dos aspectos psicoafetivos é importante ressaltar que o meio ambiente em que vive também gera uma experiência e vivência simbólica e estruturante para o futuro do mesmo.

Le Boulch (1987 apud BECKERT; TRENHAGO, 2016), ressalta que “é partindo de um desenvolvimento funcional metódico que facilitaremos as 

aprendizagens específicas”. Neste desenvolvimento funcional, a educação psicomotora desempenha um papel central já que ela termina no ingresso a uma imagem do corpo operatório, condição da disponibilidade pessoal em relação ao meio material e humano. Ressalta ainda, que a educação psicomotora nas escolas deveria desenvolver nas crianças, uma postura correta frente à aprendizagem de caráter preventivo do desenvolvimento integral do indivíduo, frente a várias etapas de crescimento.

Como o nome já diz a psicomotricidade trata do interno e externo do ser humano não havendo assim a maneira de separar esse desenvolvimento e sem contemplar a parte motora, cognitiva e afetiva do ser humano, não conseguiremos trata-lo como um todo. (MARTINS, 2013)

Segundo Luckesi (2000 apud BECKERT; TRENHAGO, 2016) o lúdico tem sua origem na palavra latina “ludus” que quer dizer “jogo”. Se se achasse confinado a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo.

Compreender o lúdico é muito importante para o bom desenvolvimento do trabalho pedagógico efetivado pelo professor, pois a preocupação com a educação existe há muito tempo, principalmente aquelas que tratam do ensinar e do aprender. As questões de como ensinar envolvendo e estimulando o aluno a aprender estão presentes em diferentes períodos, constituindo-se numa das importantes preocupações dos educadores. (SOUZA, 2013)

O lúdico no processo ensino-aprendizagem é a brincadeira, o jogo e o brinquedo já as atividades lúdicas, devem se fazer presentes como recurso didático no processo educacional, principalmente na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental. (SOUZA, 2013)

De acordo com Oliveira (2008 apud BECKERT; TRENHAGO, 2016) o

brincar, afeto, motricidade, linguagem, percepção, representação, memória e outras funções cognitivas estão profundamente interligados. A brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para a apropriação dos signos sociais.

Em uma sala o professor renuncia à centralização, à onisciência e ao controle onipotente e reconhece a importância de que o aluno tenha uma postura ativa nas 

situações de ensino, sendo sujeito de sua aprendizagem, a espontaneidade e a criatividade são constantemente estimuladas. (BECKERT;

TRENHAGO, 2016)

Fortuna, 2001 apud BECKERT; TRENHAGO, 2016 afirma que:

Uma proposta lúdica educativa torna-se um desafio à prática do professor, pois além de selecionar, preparar, planejar e aplicar os jogos precisa participar no decorrer do jogo, se necessário jogar, brincar com as crianças, mas sempre observando, no desenrolar, as interações e trocas de saberes entre eles, “brincar e aprender ensinam ao professor, por meio de sua ação, observação e reflexão, incessantemente renovadas, como e o que o aluno conhece.

Além de o jogo ser uma atividade interessante e utilizada na educação física tanto em aulas como em estudos, ela transmite conteúdos podendo colaborar na formação do indivíduo de forma ampla, proporcionando o desenvolvimento em outros aspectos, como físico, intelectual, social, afetivo, ético, artístico e no caso de crianças deficientes é utilizado jogos adaptados. (BECKERT; TRENHAGO, 2016)

Este desenvolvimento pode ser obtido através de situações comuns decorrentes da aplicação de jogos como o exercício da vivência em equipe, da criatividade, imaginação, oportunidades de autoconhecimento, de descobertas de potencialidade, formação da autoestima e exercícios de relacionamento social.

(DOHME, 2005 apud BECKERT; TRENHAGO, 2016)

A produção de materiais didáticos mais específicos, materiais pedagógicos adequados para as diferentes necessidades, adaptação das escolas para que os alunos especiais possam nelas transitar, oferta de transporte escolar adaptado, etc. Com base na psicomotricidade conseguimos perceber que uma melhora das crianças com deficiência, pois a ciência nos vem mostrando avanços imensos no desenvolvimento infantil das suas ações motoras básicas e no seu intelecto. (MARTINS, 2013)

AS LEIS DE INCLUSÃO E OS SEUS BENEFÍCIOS PARA OS DEFICIENTES

A educação física, em níveis variados e adaptados, podem ajudar pessoas com necessidades especiais a adquirir não só maior mobilidade como também, resgatar sua autoestima, seu equilíbrio emocional. Mesmo deficientes físicos com mobilidade reduzida podem praticar esportes, sob a tutela de profissionais qualificados 

e habilitados. A entrada da pessoa com deficiência na escola regular e um marco fundamental neste processo de inclusão. (TROMBKA, 2016)

As leis brasileiras e os Parâmetros Curriculares Nacionais oportunizam ao aluno através da Educação Física a cultura de movimentos humanos, de conhecimentos, valores e habilidades expressos principalmente nas manifestações do esporte, do jogo, da ginastica, da luta e da dança. Nesse mesmo contexto a Educação Física de cunho educativo deve ser trabalhada na escola e que a prática do mesmo deve atender a todos os alunos, respeitando suas diferenças e estimulando-os ao melhor conhecimento de si e sua potencialidades. (TROMBKA, 2016)

A Constituição Federal estabelece o direito de as pessoas com necessidades especiais receberem educação preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208, III). A diretriz atual é a da plena integração dessas pessoas em todas as áreas da sociedade. Trata-se, portanto, de duas questões - o direito à educação, comum a todas as pessoas, e o direito de receber essa educação sempre que possível junto com as demais pessoas nas escolas "regulares". (SANTOS, 2001)

As tendências recentes dos sistemas de ensino são a integração/inclusão do aluno com necessidades especiais no sistema regular de ensino e, se isto não for possível em função das necessidades do educando, realizar o atendimento em classes e escolas especializadas, além do atendimento específico; melhoria da qualificação dos professores do ensino fundamental para essa clientela; expansão da oferta dos cursos de formação/especialização pelas universidades e escolas regulares. (SANTOS, 2001)

Apesar do crescimento das matrículas, o déficit é muito grande e constitui um desafio imenso para os sistemas de ensino, pois diversas ações devem ser realizadas ao mesmo tempo. Entre elas, destacam-se a sensibilização dos demais alunos e da comunidade em geral para a integração, as adaptações curriculares, a qualificação dos professores para o atendimento nas escolas regulares e a especialização dos professores para o atendimento nas novas escolas especiais, a contratação de funcionários especializados para o acompanhamento dos alunos pois o numero de alunos em sala de aula vem aumentando e dificulta o acompanhamento do professor. (SANTOS, 2001)

É fundamental que a família transmita um clima de segurança e de confiança para que as crianças possam explorar o mundo que as rodeia e, assim, vão progressivamente formando a sua personalidade. Se, pelo contrário, permanecem num clima constante de insegurança, também elas próprias se poderão tornar inseguras. A inclusão refere-se à inserção da criança com necessidades educativas especiais no ensino regular, sendo que deve receber, sempre que possível todo o serviço educativo adequado com o apoio de todos os profissionais envolvidos e famílias. (SANTOS, 2001)

Neste seguimento de ideias, o professor do ensino regular tem competências, conhecimentos e experiências únicas que o capacitam para o desenvolvimento de procedimentos flexíveis de trabalho com alunos com necessidades educativas especiais, no contexto da sala de aula, já que de alguma forma pode ser considerado como um especialista no normal desenvolvimento da criança e do jovem, como um especialista na preparação, organização, implementação e avaliação das atividades letivas. (TROMBKA, 2016)

Na maioria das vezes essas pessoas com deficiência são excluídas e recuidadas na sociedade pela sociedade. Mas percebesse que com a manutenção das leis e projetos já existentes a Educação Física através da psicomotricidade pode oferecer melhoras e manter a saúde, com a cultura corporal do movimento, desenvolver o cognitivo e melhorando o acervo motor das crianças, embora a parte estrutural da maioria das escolas ainda não está adequadas para receber esse tipo de publico em especial, as politicas de inclusão vem estabelecendo uma normatização das exigências adequadas para a inclusão dessas pessoas nas práticas esportivas e educativas. (TROMBKA, 2016)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Partindo das pesquisas e através da compreensão bibliográfica dos autores estudados podemos considerar que a psicomotricidade vem fazendo com que o indivíduo com deficiência não deve ser descartado do nosso convívio, pois o mesmo se enquadra no processo de inclusão, podendo assim assegurar e promover condições de igualdade dando-lhes o direito de liberdade para exercer atividades bem 

como ir à escola, realizar tarefas de casa, autonomia (colocar os sapatos, pentear os cabelos etc.), trabalhar, entre outros como qualquer pessoa fazendo com que ela tenha uma evolução no seu processo cognitivo e afetivo em nosso meio.

A entrada da pessoa com deficiência na escola regular é um marco fundamental neste processo de inclusão. As leis brasileiras e os Parâmetros Curriculares Nacionais oportunizam ao aluno através da Educação Física a cultura do movimento humano, de conhecimentos, valores e habilidades expressas principalmente nas manifestações do esporte, do jogo, da ginástica, da luta e da dança.

REFERÊNCIAS

 

BECKERT, E. A; TRENHAGO, J. Psicomotricidade Infantil: a Arte de Brincar e

Aprender Através do Lúdico. Revista Virtual Psicologado. Ed. 2. Fev. 2016. Disponível em: https://psicologado.com.br/atuacao/psicologiaescolar/psicomotricidade-infantil-a-arte-de-brincar-e-aprender-atraves-do-ludico. Acesso em: 19 de mai. 201

FERREIRA, F; Dias, M; Santos, P. Educação Diferente. In: Projecto da responsabilidade da apie. Associação Portuguesa de Investigação Educacional. Educação Especial e Deficiência. Mar. 2006. Disponível em: https://edif.blogs.sapo.pt/568.html. Acesso em: 16 de mai. 2018.

MARTINS, D. Vínculos primários e desenvolvimento psicomotor – A importância dos vínculos afetivos no desenvolvimento Infantil. In: XII

Congresso Brasileiro De Psicomotricidade: Vínculos Em Psicomotricidade: O Real E O Virtual. Associação Brasileira de Psicomotricidade. Rio de Janeiro, Setembro de 2013

MILLAN, A; SPINAZOLA; ORLANDO, R; Deficiência intelectual: caracterização e atendimento educacional. Edu - Revista Educação. Batatais. v. 5, n. 2, p. 74-79, 2015. Disponível em: file:///C:/Users/estudo/Downloads/sumario4.pdf. Acesso em: 16 de mai. 2018.

REIS, V, A, dos S. O envolvimento da família na educação de crianças com necessidades educativas especiais. 2012. Dissertação (Mestrado em Ciências da Educação na Especialidade de Educação Especial: Domínio Cognitivo e Motor) Escola Superior de Educação João de Deus. Lisboa, Setembro de 2012.

SANTOS, M. R. (Org). Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. 2º Edição. Brasília: Diário Oficial da União, 2001.

SCHWARTZMAN, J. S; LEDERMAN, V. R. G. Artigo Deficiência intelectual: causas e importância do diagnóstico e intervenção precoces. Revista inclusão. Brasilia, V.10.

n. 2, p. 17-27, jan/jun. 2017. Disponível em: revista.ibict.br/inclusao/article/download/4028/3364. Acesso em: 16 de mai. 2018.

SOUSA, D, C. A pluralidade dos vínculos em psicomotricidade: multi, inter e transdisciplinaridade. In: Xii Congresso Brasileiro de Psicomotricidade: Vínculos em Psicomotricidade: O Real E O Virtual. Associação Brasileira de Psicomotricidade. Rio de Janeiro, Setembro de 2013

TROMBKA, I. (Org). Estatuto da Pessoa com Deficiência: Edição do Senado Federal. 2º Edição. Brasília: Coordenação Edições Técnicas, 2016. Disponível em: www.senado.leg.br/livraria. Acesso em: 20 de Abril de 2018.

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