20/03/2017

A Reforma e o Déjà vu

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Tempos de crise com reflexo da má qualidade da educação, e isso nos remete ao século XIX quando a romancista Hannah More não aceitava que a alfabetização chegasse aos pobres. Para ela a única importância que poderia ser direcionada aos pobres era o catecismo, que era uma forma de temer a Deus e docilizá-los perante a sociedade.

            Burke e Ornstei no livro O presente do Fazedor de Machados - os dois gumes da história da cultura humana, publicado pela Bertrand Brasil em 1998, esclarecem que a poetiza e teatróloga na época chegou a escrever dois milhões de folhetos com informações sobre disciplina social, que explicava que para a crise crescente, cabia as autoridades ensinar aos pobres a submissão total e ensinar a resignação cristã em face da privação e da adversidade.

            Hanna More não admitia escrita aos pobres. Ela acreditava que eles instruídos se tornariam fanáticos e por isso precisava treinar as classes baixas apenas para os hábitos das indústrias e da devoção.

            Isso cabe uma melhor análise para a seguinte questão: Será que a nossa educação não tem direcionado nossos alunos para justamente o objetivo de Hanna More? Docilizar os pobres para que eles simplesmente acatem as imposições feitas por políticos que sequer representam o povo.

            Políticos estes que representam o lixo da sociedade, o câncer a necrosar a dignidade do povo e a aniquilar suas perspectivas.

            Estes políticos acreditam na solução de More, ou seja, nas idéias acima a qual implica em docilizar a massa para que esta não tenha discernimento e perceba o quanto poderia mudar a situação se conseguisse pensar criticamente, isso porque a educação sem pensamento crítico não passa de um adestramento, e o povo encontra-se adestrado para abaixar a cabeça e acatar as arbitrariedades do governos usurpador.

            Analisemos mais uma vez a reforma da previdência. Um dos motivos argumentados por esta escória que representa o povo denominado políticos, é o rombo que ela tem e que chegará em pouco tempo a um colapso.

            O problema é que o povo não tem conhecimento de como é feito este cálculo e não é intuito aqui mostrar, apenas mostrar que este rombo poderia muito bem ser resolvido se fizesse valer a lei do fisco.

            Não é intuito aqui fazer campanhas aos poucos políticos que lutam pela sociedade, mas para fundamentar as informações que já são de domínio público, o Deputado Federal Cabo Sabino explica de forma simples uma maneira de resolver este rombo e pelo que se pode observar, é um dos poucos que defende a classe dos professores e do pessoal da saúde.

            Segundo o Deputado Federal a JBS deve 1 bilhão e meio, Banco Bradesco deve 700 milhões, Banco do Brasil deve 500 milhões, Caixa Econômica Federal 500 milhões, outros dois bilhões são oriundos de bancos com lucros excessivamente e que não pagam a previdência.

            Observe que na fala do Deputado já se chegou a uma soma de 5 bilhões e 200 milhões. Obviamente existem outras instituições que devem a previdência, mas o Cabo Sabino utilizou-se apenas das cifras altas e levanta uma questão de suma pertinência, que para resolver o rombo da previdência será tirando benefícios de professores, policiais e de todas as classes trabalhadoras?

            Conforme dito no texto Os Meios Midiáticos e a Deseducação do Brasil, publicado pela Revista Gestão Universitária em 16 de março de 2017, por um jornal fascista, cúmplice do governo golpista ao qual faz alusão a uma senhora com 85 anos e que ainda trabalha com muita disposição.

            Fico feliz por essa Dona Maria ter energia para poder trabalhar, mas ela é um caso atípico da sociedade brasileira. Quantos professores conseguirão lecionar em uma escola privada com uma idade superior a 65 anos? Qual empresa contratará um profissional com 65 anos ou 70 anos para um serviço braçal? E será que estas mesmas instituições continuarão com estas pessoas idosas em seus quadros de funcionários?

            Ao analisarmos essas situações, os mais críticos poderão perceber que estaremos caminhando para um grande problema social, ao qual pessoas com mais de 65 anos estarão desempregadas e na miséria, pois não terão perspectivas de emprego.

            Voltando novamente a história, na época de um Brasil que estava começando com o movimento abolicionista, o governo promulgou a Lei Saraiva-Cotegipe em 28 de setembro de 1885. Essa lei ficou conhecida como Lei dos Sexagenários o que foi motivo de risos de muitas pessoas, pois tal lei concedia liberdade a todos os escravos com mais de 60 anos, e pouquíssimos foram beneficiados por ela, pois a grande maioria dos escravos tinha o óbito antes de ser agraciado por ela, e baseado isso, estamos nos deparando com um Déjà vu.

            Pode-se perceber que realmente a educação de qualidade faz falta para o povo e que estamos onde estamos em relação a esta sofrível educação simplesmente por vontade política, o que era alertado por Darcy Ribeiro quando dizia que a crise da educação brasileira não passava de um projeto dos políticos. 

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