04/07/2016

Aluno: De Objeto à Sujeito da Educação

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade – www.wolmer.pro.br

            Algumas vezes buscamos na história da educação um marco ocorrido para que a mesma se transformasse no que está, mas temos que observar que o tempo passa e as coisas mudam, e assim também tem que ser a educação, isto é, ela tem que acompanhar as mudanças da sociedade e também, fazer mudanças na sociedade, ou seja, uma educação como transformação da sociedade.

            Há décadas atrás víamos o aluno como objeto da educação, e como objeto, o mesmo deveria se comportar, isto é, ser totalmente passivo e algumas vezes reativo. Isso nos remetia as ideias de Pavlov, o famoso estímulo resposta, ou condicionamento pavloviano ou condicionamento respondente, explicado com as galinhas dançantes.

            Hoje percebemos que o aluno é sujeito e não mais objeto dessa educação, e isso implica em dizer que ele deixa de ser reativo e passa a ser proativo e protagonista. Mudou-se completamente o perfil do educando, que antes apenas ouvia o discurso do professor e hoje, interage neste processo de ensino-aprendizagem, mas as mudanças não têm acontecido de forma correta. Tem-se feito na verdade emendas que na sua maioria fica pior que o todo. Sem ir para o viés religioso já que a educação deve ser laica, mas aproveitando de uma parábola bíblica que diz “Ninguém deita remendo de pano novo, em veste velha, porque semelhante remendo rompe a veste e faz-se maior a rotura”, ou seja, temos salgado carne estragada, usando de medidas paliativas para uma educação de qualidade.

            As mudanças devem fazer parte do cotidiano da escola de forma a enriquecer as aulas e cativar os alunos. Como no livro O Pequeno Príncipe o verbo cativar anda esquecido pelos professores. Cativar é criar laços, é fazer com que aquele aluno seja único, respeitando sua individualidade e fazendo-o crescer sem homogeneizá-lo com os demais.

            Precisamos criar rupturas neste sistema. Peguemos como exemplo, as brigas que as escolas enfrentam ao impedir o acesso a uma tecnologia que poderia ser utilizada para melhorar o processo educativo. O primeiro exemplo que podemos usar é a caneta esferográfica, que criada em 1937 e patenteada por seu criador  Laszlo Biro em 1938 encontrou uma grande rejeição nas escolas, assim se sucedeu com as calculadoras.

            Muitas escolas tentam intimidar o aluno quanto ao uso da tecnologia, sendo que esta mesma tecnologia, se usada de forma correta, poderá ser uma ferramenta para melhorar as aulas de seus professores, fazendo com que os educandos possam interagir mais neste processo ensino/aprendizagem.

            Obviamente, é preciso trabalhar a cultura quanto ao uso destas tecnologias e que muitas destas não sirvam de bengalas para aulas empobrecidas de conteúdo de seus professores.

            Assim acontece também com uso de celulares. Muitos gestores querem fazer valer a base de uma arbitrariedade a sua ordem, ao invés de incentivar o uso deste de forma inteligente e incorporar isso a uma boa cultura para o processo de ensino-aprendizagem, preferem a proibição, tolhendo o aluno de uma ferramenta que só acrescentaria em sua vida acadêmica.

            Ao analisarmos o uso dos celulares, perceberemos que os smartphones facilitarão e muito as atividades tanto docente quanto discente como: gerenciador de tarefas, acompanhamento do aluno, apresentação de aulas, consultar informações, preparar vídeos, se inteirar das notícias, como dicionário, como tradutor, agenda, como revisar e estudar para provas, para ler livros digitais, para localização em mapas, como scanner, calculadora dentre outras funções ignoradas por gestores e educadores.

            Obviamente, as mudanças implicadas na educação, necessitam da parceria da família, que muito tem se omitido no processo educativo de seus filhos. Em tempos remotos, a educação era responsabilidade da família, os valores e ética de responsabilidade da igreja e a parte acadêmica era de responsabilidade das escolas, mas as igrejas se dividiram, as famílias se desestruturaram e isso sobrecarregou as escolas que se incumbiu de assumir todos estes papeis, mas ela precisa do apoio familiar e envolve-la mais nas decisões, e assim, parar de chamá-la apenas para entregar boletim escolar.

            As mudanças ocorridas com a educação brasileira deve acontecer também com os livros didáticos aos quais, têm entre 70% e 80% de seus conteúdos totalmente estéreis.  São informações que nada agregarão a seus educandos. As escolas devem partir para um currículo local para o geral, ou seja, um currículo mínimo focando a realidade, o entorno do educando, desenvolvendo neste, competências necessárias para o seu protagonismo, lembrando que competências fazem com que os alunos lidem com a adversidade e desenvolvam habilidades, linguagens e conhecimentos.

            Em todas as mudanças, cabe ressaltar que está no professor que deve dinamizar cada vez mais o ensino/aprendizagem do educando, mas para isso, o mesmo deve estar sempre aprendendo e disposto aprender a aprender.

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