17/01/2017

Alunos e suas Genialidades

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Todos nós exercemos uma genialidade. Metafóricamente falando, podemos julgar um peixe pela habilidade de subir em árvores e se assim fizermos, ele passará a vida toda acreditando ser um inútil, um incapaz e um peso para sociedade.

            As escolas tem que repensar seus métodos. No livro Gestão Pedagógica: Gerindo Escolas para Cidadania Crítica e Ativa, publicado pela Editora WAK em 2009, ressalto que a centena de anos a escola se baseia no ditar dos mestres, ou seja, está inserido aí um discurso e em um discurso não haverá o diálogo que fará a diferença na educação.

            Precisamos revolucionar e também evoluir nossos métodos e partir para novas metodologias de aprendizagem, nas quais os professores possam perceber que peixes não sobem em árvores e tampouco vencem corridas mostrando resistência, força e explosão, mas que tem outras habilidades úteis para sua sobrevivência.

            Essa metáfora representa unicamente o que as escolas têm feito com seus alunos, criando massa de manobra, pessoas manipuladas e totalmente padronizadas. Não se padroniza a educação. No livro Docência: um momento reflexivo, publicado pela Ícone Editora em 2007 é ressaltado que o professor tem o papel fundamental na transformação do aluno e tal transformação dependerá da aptidão de cada aluno, ou seja, das forças e necessidades que cada um traz consigo.

            Paremos para pensar: quantas crianças em sala de aula se identificam com o peixe, sentindo-se perdidos sem ao menos encontrar e acreditar em habilidades e assim desenvolvê-las, pensando no pior e acreditando na própria incapacidade de mudar, aprender e se transformar.

            A escola jamais poderá matar a criatividade de seus alunos, e ignorar a sua individualidade

            São muitas as escolas que sobreviveram ditando regras e impondo conhecimentos nada relevantes no processo de transformação do seu educando.

            As tecnologias mudaram, a sociedade mudou mas o método de ensino continua o mesmo. As escolas públicas estão preparando crianças para um futuro que não existirá e olhando apenas para o retrovisor.

            Antes preparávamos pessoas para apertarem parafusos e trabalharem no mínimo 8horas por dia, sempre com atividades repetitivas. Afinal de contas, era a mão de obra, ou seja, precisava-se apenas da mão e não da capacidade de pensar do trabalhador.

            Hoje encontramo-nos na mais-valia-relativa e de acordo com Soler em seu livro Educação Física Inclusiva nas Escolas: em busca de uma escola plural, publicado pela Editora Sprint em 2005, esclarece que a mais-valia-relativa está sedimentada pela exploração da inteligência do trabalhador e isso implica em dizer que pode-se reduzir os dias de trabalho na semana sem queda na produtividade.

            Logo, nessa era de mais-valia-relativa, precisamos trabalhar em nossos alunos o intelecto de forma criativa, inovadora, crítica e com autonomia do aluno, e com capacidade de se conectar e interagir com os demais envolvidos nesse mundo globalizado.

            Está comprovado que somos seres ímpares, temos nossas individualidades até mesmo nos gêmeos mais idênticos, como por exemplo, temos no médico um profissional de auto status social e que ao prescrever um medicamento, não faz a mesma prescrição para todos, apesar de alguns casos terem o mesmo sintoma, as pessoas reagem ao tratamento de forma diferente, como rejeição a certos tipos de medicamentos, resistências, dentre outras coisas que devem ser observadas.

            Outro caso a ser analisado é o de um advogado que também tem um status social. Quando este vai defender seu cliente, não utiliza do mesmo argumento que utilizou na defesa anterior, porque são situações diferentes, diferentes causas e especificidades.

            Hoje o professor não tem nenhum status social como outrora, e chega a ficar na frente de mais de vinte crianças, com pontos fortes e diferentes necessidades, com sonhos, frustrações  e realidades distintas e passando quase sempre a mesma coisa de forma padronizada querendo que o peixe suba em árvores.

            Os professores são os profissionais mais importantes do mundo. Todos os demais profissionais passam ou passarão por suas mãos. Ele poderá encorajar seu aluno fazendo-o acreditar em si mesmo ou roubar  o seu sonho em ser alguém promissor reduzindo-o a um nada, e mesmo sabendo da importância deste profissional para a sociedade, ele é mal remunerado.

            Sorte que somos profissionais e acreditamos em mudanças. Temos em nossas mãos a caixa de pandora. Assim como um médico salva vidas, o  professor mostra como é a vida em sociedade. Socializa o seu aluno e o transforma em ser humano e não um idiota apenas.

            Os professores são perseguidos pelo sistema e tem seus planos de carreira criados por políticos que mal conhecem a realidade em uma sala de aula. Estes mesmos políticos usam da falácia para convencer a sociedade que nós professores somos os verdadeiros culpados da sociedade estar assim.

            A sociedade precisa  acreditar nos professores e na mudança deste sistema que consiste em ignorar o seu povo, negando que o dever do Estado é oferecer uma educação de qualidade.

            Porque não poderemos personalizar a educação fazendo mudanças e acabando com este conhecimento estéril  imposto pelo sistema que rouba a perspectiva de nosso aluno? Porque quem está no topo da pirâmide brincando de professor não é composto por profissionais licenciados e com experiência preferencialmente em sala de aula e em escolas públicas?

            Vamos fugir ao senso comum e partirmos para o diálogo, a pesquisa e explorar cada individualidade.

            Não existe uma matéria mais importante que a outra. Existe na verdade conteúdos transdisiplinares que se complementam enriquecendo a vida de nossos alunos.

            Peguemos como exemplo a Finlândia que encurtou  o tempo nas escolas, valorizou mais os professores, aboliu as lições de casa e acreditaram na colaboração ao invés da competição.

            Suas salas raramente ultrapassam o número de 20 alunos e os estudantes aprendem duas línguas oficiais como finlandês e o sueco e mais duas línguas estrangeiras.

            Além das disciplinas necessárias, os alunos tem aluas de artes, música, cozinha, carpintaria, serralheria e costura e ela representa o país com mais livros infantis per cápita no mundo e a atividade de leitura é plenamente incentivada.

            Nossos estudantes representam nosso futuro e precisamos mudar a realidade para que possamos ter melhores perspectivas.

            Voltando a metáfora, o dia que o peixe não precisar subir em árvores, teremos realmente uma educação transformadora e conseguiremos mostrar toda a genialidade de nosso aluno.

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