05/02/2018

Ano Letivo

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Mais um ano letivo começa, e começa de forma concomitante a esperança de mais reconhecimento com a profissão de professor e consequentemente uma educação mais cognoscente, crítica e cidadã, sobrepujando a hipocrisia dos secretários, os números fabricados e as inversões de valores.

            Inversões em que hoje é normal agressão de aluno ao professor, heróis serem jogadores de futebol e/ou pessoas famosas ao invés de pessoas que por ato de amor, abriram mão da própria vida para salvar crianças indefesas, como o caso da professora em Janaúba MG.

            Assim tem sido a nossa educação. Quisera eu poder pegar o fragmento de uma letra de música contemporânea e poder dissertar sobre ela, mas a nossa cultura anda tão sofrível que em nossos jovens, (neste caso, não perderam, pois só se perde aquilo que se tem), simplesmente não têm sequer um pensamento inteligível para que se faça uma letra crítica e digna de ser ouvida por gerações.

            As músicas de hoje, são fomentos a uma sociedade totalmente alienada, desqualificada e podre, e por isso cabe percebermos, de acordo com Milton Nascimento que "há um passado no meu presente [...] ele fala de coisas bonitas que eu acredito que não deixarão de existir, amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor, pois não posso, não devo, não quero viver como toda essa gente insiste em viver, não posso aceitar sossegado qualquer sacanagem ser coisa normal".

            E assim pode-se perceber que as coisas se banalizaram. É comum hoje o professor não ter mais voz ativa em sala de aula e os pais se sentirem no direito de tirar satisfação ou até partir para agressão física quando este profissional tenta fazer algo que eles foram omissos, como, como reprimir seus filhos por um desvio de conduta.

            É comum hoje pais omissos, alunos desinteressados, políticos indiferentes com a classe e com a educação, e a nossa situação brasileira sendo reflexo dessa nossa educação alienadora.

            O ano começa, começam as "lutas" para fazer com que o aluno se interesse pelos estudos mesmos eles sabendo que não serão reprovados.

            Começa também a luta dos gestores em fazer com que os pais se envolvam mais no processo educativo de seu filho em parceria com a escola, pais estes que se esqueceram completamente que a educação e a formação de caráter vem de berço, mas que coube a escola abraçar esta causa e assim, poder oferecer um pouco mais para que seus educandos não sejam vítimas e/ou algozes dos problemas sociais como violências, drogas e prostituição, tirando-os assim das zonas de riscos com a Escola em tempo integral.

            Realmente nunca seremos vistos como heróis nem por estes pais omissos que culpam a escola pelos deslizes de seus filhos e sequer percebem que estes são apenas reflexos de seus comportamentos levianos e tampouco pelos políticos que percebem que realmente precisam enfraquecer a classe para que assim, continue gerando cada vez mais esta massa alienada

            Embora Lakatos e Marconi no livro Sociologia Geral, publicado pela Editora Atlas em 1999 esclarecerem que a educação é uma ação intencional e esta ação tem o intuito de desenvolver certos números de estados físicos, intelectuais e morais, entretanto, em nosso país, os nossos políticos querem que a educação tenha outra ação intencional que é, ser cada vez mais idiotizadora.

            Interessante perceber que o autor Harari no seu livro Homo Deus: Uma breve história do amanhã, publicado pela Companhia das Letras em 2016 deixa claro ao esclarecer que não estamos aqui para servir o Estado, é ele que tem que nos servir, e esta fala converge com as palavras de Abraham Lincolm o 16º presidente dos Estados Unidos quando afirmava que "nós os cidadãos, somos os legítimos senhores do Congresso e dos Tribunais, não para derrubar a Constituição, mas para derrubar os homens que a pervertem" e infelizmente ouve-se ao contrário, pois de acordo com as falas do presidente da câmara dos deputados, em sua estultice diz que "o congresso não é obrigado a ouvir o povo. Isto aqui não é um cartório onde a gente carimba o que o povo está pedindo".

            Como visto, isso é reflexo de nossa educação, da inversão de valores e da alienação de nosso povo que tudo aceita de forma pacata, pois reforçando as falas acima de Lakatos e Marconi sobre educação como uma ação intencional, que em nossos dias, a sua intenção é transformar seus educandos em seres pacatos, passivos e subservientes, então, comecemos o nosso ano letivo sendo mais uma vez um infrator desta vontade política através de uma desobediência civil.

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