05/04/2020

APONTAMENTOS COMPARATIVOS DAS CARACTERÍSTICAS DO BOM PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA EDUCAÇÃO BÁSICA E DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NAS PERCEPÇÕES DE ACADÊMICOS DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

APONTAMENTOS COMPARATIVOS DAS CARACTERÍSTICAS DO BOM PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA EDUCAÇÃO BÁSICA E DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NAS PERCEPÇÕES DE ACADÊMICOS DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

 

Hugo Norberto Krug[1]

 

RESUMO

Objetivamos neste estudo, comparar as características do bom professor de Educação Física (EF) da Educação Básica (EB) e da Educação Superior (ES), nas percepções de acadêmicos de Licenciatura em EF. Caracterizamos a pesquisa como qualitativa com enfoque bibliográfico, tendo como interpretação das informações coletadas à análise documental. Pela análise das informações obtidas na literatura especializada em EF, onde a base de dados foi o indexador Google Acadêmico, concluímos que, identificamos um rol de sessenta e seis características do bom professor de EF da EB e da ES, sendo que, somente dezenove características são comuns entre os mesmos, onde cinco são as principais: ‘tem boa didática’; ‘tem domínio do conteúdo’; ‘é atualizado’; ‘gosta do que faz’; e, ‘é planejador’. Ainda concluímos que, a maioria das características do bom professor de EF da EB e da ES são características profissionais que se sobrepõem sobre as características pessoais, mas, quando vistas de outra forma, a maioria das características do bom professor de EF da EB e da ES são características intelectuais que se sobrepõem as características afetivas, sociais e físicas.

Palavras-chave: Educação Física. Bom Professor. Características. Educação Básica. Educação Superior.

 

1- AS CONSIDERAÇÕES INICIAIS

 

Para Cunha (2010, p.41), “[a] necessidade de encontrar um modelo de bom professor foi (e continua a ser) uma preocupação constante pelas repercussões que poderá ter na formação de professores, na qualidade do ensino e ainda na imagem social e profissional da função docente” (acréscimo e grifo nosso).

 

Schwartz e Bittencourt (2012, p.8) destacam que,

 

[...] a imagem que os alunos e professores fazem do que seja um ‘bom professor’ passa por suas próprias experiências enquanto alunos. Muitas vezes este ideal de profissional está estreitamente vinculado a “bons” e “maus” professores que passaram por suas experiências escolares. Nesse sentido, encontramos, seguidamente, alunos e professores, a partir de processos de identificação e de contra-identificação, dizendo que gostariam de ser (ou não) como alguns de seus antigos professores (grifo nosso).

 

Entretanto, ainda conforme Schwartz e Bittencourt (2012, p.8),

 

[...] é preciso ressaltar que o professor não se constitui somente a partir do que ele pensa de si próprio, mas é fortemente construído pelas qualidades que a sociedade atribui e espera dele. Sendo assim, imagens como a do professor que ama sua profissão, que nasceu com o dom para sua profissão, que é responsável por mudar o mundo, por transformar a sociedade, são recorrentes nos discursos acadêmicos e do senso comum, os quais de tão repetidos acabam naturalizados e não questionados. Imagens, seguidamente veiculadas pelas mídias, tais como a da quase angelical professora, a da intelectual assexuada, a da carrasca que castiga as crianças ou a da histérica profissional que grita com seus alunos, também constroem os imaginários em relação ao que é ser (ou não) um ‘bom professor’. Muitas vezes, esse tipo de esteriótipo remete àquela velha história de que bons professores, entendidos como detentores do saber, eram aqueles de um tempo longínquo que não volta mais (grifo nosso).

 

Segundo Schwartz e Bittencourt (2012, p.7), “[a]s qualidades esperadas de um ‘bom professor’ variam de acordo com o contexto histórico, cultural e social” (grifo nosso).

Diante deste contexto, considerando o amplo cenário de atuação de professores, ou seja, na Educação Básica (EB) e na Educação Superior (ES), focamos o interesse investigativo na área de Educação Física (EF), isto é, em estudos que se basearam nas percepções de acadêmicos de Licenciatura em EF, pois, acreditamos que estudar o que esses pensam sobre o ‘bom professor’ de EF da EB e da ES, pode apontar dimensões importantes a serem consideradas para a melhoria da qualidade da docência nesses níveis de ensino, já que, de acordo com Sales (2009 apud OLIVEIRA, 2016, p.409), “[...] a qualidade do ensino está fortemente atrelada ao ‘bom professor’” (grifo nosso).

Assim, embasando-nos nestas premissas descritas anteriormente, formulamos a seguinte questão problemática, norteadora do estudo: quais são as características do bom professor de EF da EB e da ES, nas percepções de acadêmicos de Licenciatura em EF? Dessa forma, o objetivo geral foi comparar as características do bom professor de EF da EB e da ES, nas percepções de acadêmicos de Licenciatura em EF.

A argumentação sobre a importância do acontecimento deste estudo, embasou-se na justificativa de que, as informações colhidas poderão possibilitar uma reflexão sobre a formação inicial e continuada dos professores de EF atuantes na EB e na ES, a partir das características do bom professor de EF da EB e da ES, buscando, assim, uma melhor compreensão do perfil desses professores, para uma maior qualidade da formação profissional e consequentemente das áreas de atuação profissional.

 

2- OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Caracterizamos a pesquisa como qualitativa com enfoque bibliográfico.

Segundo Maanen (1979 apud NEVES, 1996, p.1), "[a] expressão ‘pesquisa qualitativa’ assume diferentes significados no campo das ciências sociais. Compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social [...]".

Já, pesquisa bibliográfica, de acordo com Fonseca (2002, p.32),

 

[...] é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. [...]. Existem [...] pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta.

 

Neste sentido, achamos necessário citarmos Ferrari (1982) que aponta que, a pesquisa bibliográfica permitirá ao investigador uma visão geral das contribuições científicas de pesquisadores sobre determinado assunto, não permitindo que, o rumo de uma pesquisa seja igual à outra.

Assim, neste estudo, o assunto referiu-se ‘às características do bom professor de EF da EB e da ES’.

Desta forma, no primeiro momento da pesquisa, efetuamos um levantamento sobre a literatura que aborda a temática estudada, mas com a ressalva de que era nas percepções de acadêmicos de Licenciatura em EF. No segundo momento da pesquisa, utilizamos à análise documental, que, para Lankshear e Knobel (2008), é baseada em documentos e constrói interpretações para identificar significados. No terceiro momento da pesquisa, desenvolvemos o presente texto, a partir das análises sobre as obras encontradas.

Particularmente, a busca na literatura especializada em EF foi realizada na base de dados do indexador Google Acadêmico. Foram encontrados seis manuscritos que abordavam a temática em questão: Ferreira e Krug (2001); Krug e Krug (2008); Krug et al. (2014); Telles et al. (2015); Krug et al. (2017a); e, Krug (2018).

 

3- OS RESULTADOS E AS DISCUSSÕES

Os resultados e as discussões deste estudo foram orientados e explicitados tendo como referência o objetivo geral.

Neste momento, achamos necessário lembrarmos Luft (2000) que diz que, a palavra característica significa traço, propriedade ou qualidade distintiva fundamental e que a palavra comparação significa ato ou efeito de comparar. Assim, consideramos, neste estudo, que, estamos comparando as qualidades que diferenciam o bom professor de EF da EB daquele que atua na ES, nas percepções de acadêmicos de Licenciatura em EF.

Desta forma, no direcionamento do atingimento do objetivo geral deste estudo, o quadro 1 mostra a comparação das características do bom professor de EF da EB e da ES, nas percepções de acadêmicos de Licenciatura em EF.

 

QUADRO 1 - Características do bom professor de EF da EB e da ES, nas percepções de acadêmicos de Licenciatura em EF.

Características do bom professor

Educação Básica

Sub-

Educação Superior

Sub-

Total

de Educação Física

Estudos

Total

Estudos

total

 

1-Tem boa didática. (**) (º)

Krug e Krug (2008);

Krug et al. (2014) e

Telles et al. (2015).

 

3

Ferreira e Krug (2001);

Krug et al. (2017a) e

Krug (2018).

 

3

 

6

2-Tem domínio do conteúdo. (**) (º)

Krug e Krug (2008);

Krug et al. (2014) e

Telles et al. (2015).

 

3

Ferreira e Krug (2001);

Krug et al. (2017a) e

Krug (2018).

 

3

 

6

3-É atualizado. (**) (º)

Krug e Krug (2008);

Krug et al. (2014) e

Telles et al. (2015).

 

3

Ferreira e Krug (2001);

Krug et al. (2017a) e

Krug (2018).

 

3

 

6

4-Gosta do que faz. (**) (º)

Krug e Krug (2008);

Krug et al. (2014) e

Telles et al. (2015).

 

3

Ferreira e Krug (2001)

e Krug (2018).

 

2

 

5

5-É planejador. (**) (º)

Krug e Krug (2008)

e Telles et al. (2015).

2

Krug et al. (2017a) e

Krug (2018).

2

4

6-É criativo. (*) (º)

Krug e Krug (2008);

Krug et al. (2014) e

Telles et al. (2015).

 

3

 

-

 

0

 

3

7-É profissional. (**) (º)

Krug e Krug (2008)

e Telles et al. (2015).

2

Krug (2018).

1

3

8-É amigo. (*) (ºº)

Krug e Krug (2008)

e Krug et al. (2014).

2

Ferreira e Krug (2001).

 

1

3

9-Trabalha coletivamente. (**) (ººº)

Telles et al. (2015).

1

Krug et al. (2017a) e

Krug (2018).

2

3

10-Tem uma boa relação com os alunos. (**) (ºº)

Telles et al. (2015).

1

Krug et al. (2017a) e

Krug (2018).

2

3

11-Respeita as diferenças dos alunos. (**) (ººº)

Telles et al. (2015).

1

Krug et al. (2017a) e

Krug (2018).

2

3

12-É educador. (**) (º)

Krug e Krug (2008)

e Krug et al. (2014).

2

-

0

2

13-É dinâmico. (*) (º)

Krug e Krug (2008)

e Krug et al. (2014).

2

-

0

2

14-É incentivador/motivador. (**) (ºº)

Krug e Krug (2008)

e Krug et al. (2014).

2

-

0

2

15-Tem cultura geral. (**) (º)

Krug e Krug (2008).

1

Krug (2018).

1

2

16-É comunicativo. (*) (º)

Krug e Krug (2008) e

Telles et al. (2015).

2

-

0

2

17-É interessado. (*) (º)

Krug e Krug (2008)

e Krug et al. (2014).

2

-

0

2

18-É atencioso. (*) (ºº)

Krug e Krug (2008) e

Telles et al. (2015).

2

-

0

2

19-É responsável. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

Ferreira e Krug (2001).

1

2

20-É competente/eficiente. (**) (º)

Krug e Krug (2008)

1

Ferreira e Krug (2001).

1

2

21-É inteligente. (**) (º)

Krug e Krug (2008).

1

Ferreira e Krug (2001).

1

2

22-Sabe escutar os alunos. (**) (ºº)

Telles et al. (2015).

1

Krug et al. (2017a).

1

2

23-Sabe compreender a realidade. (**) (ººº)

Telles et al. (2015).

1

Krug et al. (2017a).

1

2

24-É crítico. (*) (ººº)

Telles et al. (2015).

1

Krug et al. (2017a).

1

2

25-É respeitador. (*) (ºº)

Krug e Krug (2008) e

Telles et al. (2015).

2

-

0

2

26-É compreensivo. (*) (ºº)

Krug e Krug (2008)

e Krug et al. (2014).

2

-

0

2

27-Tem controle emocional. (*) (º)

Telles et al. (2015).

1

Krug et al. (2017a).

1

2

28-É paciente. (*) (º)

Telles et al. (2015).

1

Ferreira e Krug (2001).

1

2

29-É reflexivo. (**) (º)

Krug et al. (2014) e

Telles et al. (2015).

2

-

0

2

30-É consciente. (*) (ººº)

Krug e Krug (2008).

1

-

0

1

31-É afetivo. (*) (ºº)

-

0

Ferreira e Krug (2001).

1

1

32-É honesto. (*) (ººº)

Krug e Krug (2008).

1

-

0

1

33-É orientador. (**) (º)

Krug e Krug (2008).

1

-

0

1

34-É justo. (*) (ººº)

Krug e Krug (2008).

1

-

0

1

35-É exigente. (**) (º)

Krug e Krug (2008).

1

-

0

1

36-É persistente. (*) (º)

Krug e Krug (2008).

1

-

0

1

37-É dedicado. (**) (º)

-

0

Ferreira e Krug (2001).

1

1

38-Relaciona o conteúdo de sua disciplina com o contexto social. (**) (º)

 

-

 

0

 

Krug (2018).

 

1

 

1

39-É pesquisador. (**) (º)

-

0

Krug (2018).

1

1

40-Promove a formação integral do aluno. (**) (º)

-

0

Krug (2018).

1

1

41-Tem boa relação com os pares. (**) (º)

-

0

Krug (2018).

1

1

42-Troca experiências com os pares. (**) (º)

-

0

Krug (2018).

1

1

43-Sabe lidar com as dificuldades e imprevistos surgidos. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

44-Sabe gestão de aula. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

45-Sabe se preocupar com a aprendizagem dos alunos. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

46-É objetivo. (**) (º)

Krug e Krug (2008).

1

-

0

1

47-É acessível. (*) (º)

-

0

Ferreira e Krug (2001).

1

1

48-É pontual. (**) (º)

-

0

Ferreira e Krug (2001).

1

1

49-Promove o senso crítico e reflexivo dos alunos. (**) (º)

-

0

Krug (2018).

1

1

50-Tem o controle/domínio da turma de alunos. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

51-Sabe as abordagens pedagógicas. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

52-Sabe ensinar. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

53-Sabe relacionar teoria e prática. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

54-Sabe lidar com a falta de especo físico e materiais. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

55-Sabe trabalhar com a inclusão. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

56-Sabe realizar transposição didática. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

57-Sabe explicar as atividades de aula aos alunos. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

58-Sabe os desafios da profissão docente. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

59-Sabe fazer a mediação do conhecimento. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

60-Sabe como funciona a escola. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

61-É seguro. (*) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

62-É comprometido. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

63-Tem iniciativa. (*) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

64-Sabe mediar os conflitos. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

65-Sabe o conhecimento didático-pedagógico da matéria. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

66-Tem conhecimento sobre os seus alunos. (**) (º)

Telles et al. (2015).

1

-

0

1

Legenda 1: *Características pessoais; **Características profissionais.

Legenda 2: ºCaracterísticas intelectuais; ººCaracterísticas afetivas; ºººCaracterísticas sociais; ººººCaracterísticas físicas.

Fonte: O autor.

 

 

No quadro 1, podemos perceber a ‘identificação de um rol de sessenta e seis diferentes características do bom professor de EF da EB e da ES’, constantes nos manuscritos estudados.

Assim, para melhor explicitarmos este rol, destacamos as seguintes relações:

1ª)sobre a comparação da quantidade de características do bom professor de EF da EB e da ES’, constatamos que, ‘o bom professor de EF da EB’ possui ‘cinqüenta e seis diferentes características’ (itens: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 23; 24; 25; 26; 27; 28; 29; 30; 32; 33; 34; 35; 36; 43; 44; 45; 46; 50; 51; 52; 53; 54; 55; 56; 57; 58; 59; 60; 61; 62; 63; 64; 65; e, 66), enquanto que, ‘o bom professor de EF da ES’ possui ‘vinte e nove diferentes características’ (itens: 1; 2; 3; 4; 5; 7; 8; 9; 10; 11; 15; 19; 20; 21; 22; 23; 24; 27; 28; 31; 37; 38; 39; 40; 41; 42; 47; 48; e, 49). Assim, podemos inferir que, o bom professor de EF da EB possui uma quantidade maior de características do que o bom professor de EF da ES;

2ª)sobre a comparação das características comuns do bom professor de EF da EB e da ES’, constatamos que:

a)identificamos um rol de dezenove diferentes características comuns entre o bom professor de EF da EB e o da ES’ (itens: 1; 2; 3; 4; 5; 7; 8; 9; 10; 11; 15; 19; 20; 21; 22; 23; 24; 27 e 28); e;

b)identificamos um rol de cinco principais características comuns entre o bom professor de EF da EB e da ES’. Foram elas: ‘tem boa didática’; ‘tem domínio do conteúdo’ e ‘é atualizado’ (todas com seis citações), ‘gosta do que faz’ (cinco citações) e ‘é planejador’ (quatro citações). Assim, podemos inferir que, o bom professor de EF da EB e o bom professor de EF da ES possuem diversas características comuns, mas sobressaem-se algumas como principais, sendo elas: tem uma boa didática; tem domínio do conteúdo; é atualizado; gosta do que faz; e, é planejador;

3ª)sobre a comparação dos tipos de características (pessoais* e profissionais**) do bom professor de EF da EB e do bom professor de EF da ES’, constatamos que:

a)do rol de cinqüenta e seis diferentes características do bom professor de EF da EB’, a ‘maioria’ dessas (quarenta) são ‘características profissionais’ (itens: 1; 2; 3; 4; 5; 7; 9; 10; 11; 12; 14; 15; 19; 20; 21; 22; 23; 29; 30; 33; 35; 43; 44; 45; 46; 50; 51; 52; 53; 54; 55; 56; 57; 58; 59; 60; 62; 64; 65; e, 66) e, a ‘minoria’ dessas (dezesseis) são ‘características pessoais’ (itens: 6; 8; 13; 16; 17; 18; 24; 25; 26; 27; 28; 32; 34; 36; 61; e, 63);

b)do rol de vinte e nove diferentes características do bom professor de EF da ES’, a ‘maioria’ dessas (vinte e três) são ‘características profissionais’ (itens: 1; 2; 3; 4; 5; 7; 9; 10; 11; 15; 19; 20; 21; 22; 23; 37; 38; 39; 40; 41; 42; 48; e, 49) e, a ‘minoria’ dessas (seis) são ‘características pessoais’ (itens: 8; 24; 27; 28; 31; e, 47); e,

c) o ‘bom professor de EF da EB e da ES’ possuem ‘quatro características pessoais comuns’ (itens: 8; 24; 27; e, 28) das dezenove listadas no rol geral de características pessoais (itens: 6; 8; 13; 16; 17; 18; 24; 25; 26; 27; 28; 30; 31; 32; 34; 36; 47; 61; e, 63) e, ‘quinze características profissionais comuns’ (itens: 1; 2; 3; 4; 5; 7; 9; 10; 11; 15; 19; 20; 21; 22; e, 23) das quarenta e sete listadas no rol geral de características profissionais (itens: 1; 2; 3; 4; 5; 7; 9; 10; 11; 12; 14; 15; 19; 20; 21; 22; 23; 29; 33; 35; 37; 38; 39; 40; 41; 42; 43; 44; 45; 46; 48; 49; 50; 51; 52; 53; 54; 55; 56; 57; 58; 59; 60; 62; 64; 65; e, 66). Assim, podemos inferir que, tanto o bom professor de EF da EB, quanto o bom professor de EF da ES possuem mais características profissionais do que características pessoais, fato esse que justifica a existência dos cursos de formação profissional, mas, também, fortalece a existência de algumas características pessoais que acrescentam positivamente na atuação profissional. Além disso, também, podemos inferir que, apesar do bom professor de EF da EB e da ES possuírem características pessoais e profissionais comuns, percebemos que estas (comuns) são em menor número do que as que são diferentes, o que indica que, a formação profissional do bom professor de EF da ES é mais complexa do que a formação profissional do bom professor de EF da EB, e isto fortalece à exigência de que, para exercer a docência na ES necessita de curso(s) de mestrado e/ou doutorado; e,

4ª) ‘sobre a comparação dos tipos de características (ºintelectuais; ººafetivas; ºººsociais; e, físicasºººº) do bom professor de EF da EB e do bom professor de EF da ES’, constatamos que:

a)do rol de cinqüenta e seis diferentes características do bom professor de EF da EB’, a ‘maioria’ dessas (quarenta e duas) são ‘características intelectuais’ (itens: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 12; 13; 15; 16; 17; 19; 20; 21; 27; 28; 29; 33; 35; 36; 43; 44; 45; 46; 50; 51; 52; 53; 54; 55; 56; 57; 58; 59; 60; 61; 62; 63; 64; 65; e, 66) e, a ‘minoria’ dessas (quatorze) divididas em ‘categorias afetivas’ com sete (itens: 8; 10; 14; 18; 22; 25; e, 26) e em ‘categorias sociais’ também com sete (itens: 9; 11; 23; 24; 30; 32; e, 34), sendo que não houve nenhuma indicação de ‘categorias físicas’;

b)do rol de vinte e nove diferentes características do bom professor de EF da ES’, a ‘maioria’ dessas (vinte) são ‘características intelectuais’ (itens: 1; 2; 3; 4; 5; 7; 15; 19; 20; 21; 27; 28; 37; 38; 39; 40; 42; 47; 48; e, 49) e, a ‘maioria’ dessas (nove) divididas em ‘categorias afetivas’ com quatro (itens: 8; 10; 22; e, 31) e em ‘categorias sociais’ com cinco (itens: 9; 11; 23; 24; e, 41), sendo que não houve nenhuma indicação de ‘categoria física’. Nesse cenário, citamos Munaro (1984) que afirma que, as características intelectuais, afetivas e sociais são mais relevantes do que as físicas nos professores de EF no exercício de sua profissão; e,

c) o ‘bom professor de EF da EB e da ES’ possuem ‘doze características intelectuais comuns’ (itens: 1; 2; 3; 4; 5; 7; 15; 19; 20; 21; 27; e, 28) das cinqüenta listadas no rol geral de características intelectuais (itens: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 12; 13; 15; 16; 17; 19; 20; 21; 27; 28; 29; 33; 35; 36; 37; 38; 39; 40; 42; 43; 44; 45; 46; 47; 48; 49; 50; 51; ;52; 53; 54; 55; 56; 57; 58; 59; 60; 61; 62; 63; 64; 65; e, 66), ‘três características afetivas comuns’ (itens: 8; 10; e, 22) das nove listadas no rol geral de características afetivas (itens: 8; 10; 14; 18; 22; 25; 26; 31; e, 41) e ‘quatro características sociais comuns’ (itens: 9; 11; 23; e, e, 24) das sete listadas no rol geral de características sociais (itens: 9; 11; 23; 24; 30; 32; e, 34). Assim, podemos inferir que, tanto o bom professor de EF da EB, quanto os bom professor de EF da ES possuem mais características intelectuais do que afetivas e sociais, fato esse que justifica a existência de conhecimentos específicos da profissão professor a serem aprendidos nos cursos de formação profissional, mas, também, fortalece a existência de características afetivas e sociais que acrescentam positivamente na atuação profissional. Além disso, também, podemos inferir que, apesar do bom professor de EF da EB e da ES possuírem características intelectuais, afetivas e sociais, percebemos que, principalmente, as características intelectuais do bom professor de EF da EB são em maior número do que do bom professor de EF da ES, o que indica uma distorção nos achados, pois são os professores formadores (ES) os responsáveis pela formação profissional dos professores da EB. Nesse sentido, achamos necessário lembrarmos Krug et al. (2017b, p.98) que colocam que, o professor formador é importante para os acadêmicos de Licenciatura em EF porque “[...] ensinou os conhecimentos da profissão [...]”.

 

4- AS CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pela análise das informações obtidas na literatura especializada em EF, sobre a temática em questão, podemos concluir que, ‘identificamos um rol de sessenta e seis características do bom professor de EF da EB e da ES’, nas percepções de acadêmicos de Licenciatura em EF, sendo que, ‘somente dezenove características são comuns entre o bom professor de EF da EB e da ES’. Entretanto, ‘identificamos um rol de cinco principais características comuns entre o bom professor de EF da EB e da ES: tem uma boa didática; tem domínio do conteúdo; é atualizado; gosta do que faz; e, é planejador’.

Ainda podemos concluir que, a ‘maioria das características do bom professor de EF da EB e da ES são características profissionais que se sobrepõem às características pessoais’, mas, quando vistas de outra forma, também podemos concluir que, a ‘maioria das características do bom professor de EF da EB e da ES são características intelectuais que se sobrepõem as características afetivas, sociais e físicas’.

Uma constatação que chamou à atenção, nos resultados deste estudo, foi que, em nenhum dos estudos selecionados para serem analisados foi mencionada alguma característica física do bom professor de EF da EB e da ES, fato este intrigante, pois se trata de profissionais que trabalham o movimento humano.

Outra constatação que também chamou à atenção, nos resultados deste estudo, foi que, ficou evidenciado uma enorme quantidade e diversidade de características do bom professor de EF da EB e da ES, mostrando uma visão bem ampla das características necessárias a um bom professor de EF.

Entretanto, frente a esse quadro constatado, convém lembramos Nóvoa (2009) que aponta que, muitos pesquisadores definem o bom professor através de listas intermináveis de competências, cuja enumeração, muitas vezes, se torna insuportável (o que parece ter acontecido com este estudo). Para tentar sair, um pouco deste rol, Nóvoa (2009) sugere que se trabalhe na perspectiva de algumas disposições (arranjo de características pessoais e profissionais) ao invés de competências. As disposições recomendadas são cinco: a) disposição ao conhecimento; disposição à cultura profissional; c) disposição ao tato pedagógico; d) disposição ao trabalho em equipe; e, d) disposição ao compromisso social. Destacamos que, não foi encontrado nenhum estudo nesta orientação.

Para finalizar, ressaltamos que, é preciso considerar que, este estudo fundamentou-se nas especificidades e nos contextos de seis manuscritos, sendo três sobre o bom professor de EF da EB e três sobre o bom professor de EF da ES, todos nas percepções de acadêmicos de Licenciatura em EF, em específico, que foram encontrados na base de dados do indexador Google Acadêmico e que por isso, não pode ser generalizado os seus achados, sendo somente encarado como uma possibilidade de ocorrência.

 

REFERÊNCIAS

CUNHA, A.C. Representação do “bom” professor: o “bom” professor em geral e o “bom” professor de Educação Física em particular. Educação em Revista, Marília, v.11, n.2, p.41-52, jul./dez 2010.

FERRARI, A.T. Método da pesquisa científica. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1982.

FERREIRA, L.M.; KRUG, H.N. Os bons professores formadores de profissionais de Educação Física: características pessoais, história de vida e práticas pedagógicas. Revista Kinesis, Santa Maria, n.24, p.73-96, 2001.

FONSECA, J.J. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.

KRUG, H.N. O bom professor universitário na percepção de acadêmicos concluintes da Licenciatura em Educa&

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