28/09/2019

AS CONQUISTAS À COMUNIDADE REGIONAL DO MÉDIO MEARIM A PARTIR DA AUTORIZAÇÃO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA CIDADE DE PEDREIRAS - MA: Suas histórias e seus feitos ao longo de quase dez anos

INTRODUÇÃO

A gênese da educação física no mundo deu-se a milhões de anos no período que podemos compreender como pré–histórico na qual toda atividade humana dependia do movimento e do ato físico, desde os homens da caverna que necessitavam de agilidade, força e resistência para sobreviver. Vemos por tanto nessa época as primeiras formas de movimentos físicos, na qual esses indivíduos eram nômades e praticavam extensas caminhadas, além disso, eles lutavam, nadavam, corriam, saltavam. Dessa forma, podemos preconizar que foi assim que tudo começou, e aos poucos foi se aperfeiçoando com base nas necessidades de ataque e defesa, pois nesse procedimento evolutivo a agilidade, destreza e a força eram qualidades que os tornavam privilegiados com relação a outros animais (MARINHO, 2004).

Já a implantação da educação física no Brasil como ciência se deu nas últimas décadas do século XIX, era possível notar que nesse período ainda existia muito preconceito no que está relacionada às atividades físicas, por causa do trabalho escravo. Nesse mesmo século ocorreu o êxodo rural, que segundo Gondra, (2004, p.121-161) esse momento foi caracterizado onde as “parcelas da população se deslocavam para o centro urbano em busca de trabalho. Os indivíduos chegavam à cidade, robustos e corados e, em pouco tempo, ficavam pálidos, fracos e indolentes”. Nessas situações foi possível perceber que a ausência de atividades físicas gerava a perda da saúde e do condicionamento físico daquelas pessoas. A partir desses eventos a atividade física e a ginastica passaram a ser vistas como essenciais no contexto social.

Gondra (2004), ainda acrescenta que “havia também uma grande preocupação com os padrões de moralidade da época, neste sentido, a Educação Física nas escolas era vista como um elemento benéfico não só ao desenvolvimento físico, mas também moral”.

E a educação física já como ciência e agora tratada aqui no contexto do estado do Maranhão registra- se que com o nascimento das atividades esportivas, o hábito de repousar nos fins de semana é substituído pelas festas, corridas de cavalo, partidas de tênis, regatas, corso nas avenidas, matinês dançantes, e pelo futebol. A ginastica era praticada apenas pela classe alta, em aulas particulares. Na primeira década do século XX, a juventude maranhense estava começando a entender o quanto era importante praticar esportes e desenvolver a formação física. Miguel Hoerhan foi o primeiro professor de Educação Física, tendo prestado relevantes serviços à mocidade ludovicense, como professor na Escola Normal, Escola Modelo, Liceu Maranhense, Instituto Rosa Nina, nas escolas estaduais e até nas municipais, estimulando a prática da cultura física (MARTINS, 1989).

Percebem-se nítidos traços de influência militar em termos de linguagem e recomendações nas aulas de educação física, existiam princípios gerais de organização dos exércitos, no qual o que se destacava o princípio de educação física, intelectual e moral. O Exército Brasileiro espelhavam-se nos modelos de organização das forças estrangeiras, enfatiza os ideais sobre a necessidade de uma sociedade envolvida com as atividades militares, com as ações de defesa da pátria. “Esta perspectiva do Capitão acompanhava, em grande parte, as discussões sobre a necessidade de um novo formato para o Exército Brasileiro, mais operativo e menos teórico, seguindo os modelos adotados por potências militares como França, Alemanha e Estados Unidos.” (CANCELLA, 2012).

 Havia questionamentos nas práticas dos exercícios físico-militares nas escolas, por parte dos pais. Essas atividades ensinadas por professores e militares tinham como objetivo preparar os alunos, a fim de que pudesse ser chamado para defender a nação em conflitos armados no futuro, período marcado por uma grande tensão política e militar entre as nações europeias, e que levou à Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Logo após o término da Primeira Guerra Mundial, ocorreram muitas mobilizações com caráter de debater e fortalecer a identidade nacional do Brasil. E no Estado do Maranhão não foi diferente. Iniciativas particulares e filantrópicas começaram a mobilizar a grande massa analfabeta dos centros urbanos até mesmo em cursos noturnos (OLIVEIRA, 2012).

A partir daí, o Maranhão passou a agir diferente, passou a discutir os processos de ensinar e aprender adestrou procedimentos e sentimentos aos interesses do governo liberal republicano (Oliveira, 2012). Fran Paxeco foi o idealizador e organizador do Primeiro Congresso Pedagógico do Estado do Maranhão entre o final de 1919 e início de 1920, ouve nove sessões, na terceira, Fran Paxeco registra a ausência de professores da rede municipal nas atividades do Congresso Pedagógico, abriu o debate sobre a primeira parte do programa Educação Física e recebeu as seguintes contribuições: duas indicações didáticas para a área temática de Jogos e Brinquedos, a indicação coletiva de sugerir oficialmente às autoridades governamental um dia letivo específico para ensaios de hinos escolares e patrióticos, a proibição de ginástica em aparelhos para menores de dez anos, a solicitação de inspeção médica como medida de uma boa Higiene Escolar e Doméstica (OLIVEIRA, 2012).

O mesmo autor ainda fala que a nona sessão foi realizada, dia 1 de março, para a leitura dos Relatórios com as conclusões na área de Educação Física relatadas por Luiz Viana, Educação Intelectual por Antônio Lopes da Cunha, Educação Moral por Rosa Castro e rápidas considerações sobre Educação Técnica, Educação Estética e Teses Especiais. Não se pode negar a grande contribuição de Fran Paxeco, seu idealizador, que, obviamente, não faria tudo sozinho, mas sem a sua obstinação e articulação política pouco seria feito para a educação em geral, do Maranhão.

Já na Cidade de Pedreiras, a Educação Física esteve sempre presente nos ambientes escolares, acompanhando as diretrizes curriculares nacionais. E como todo o território nacional, em Pedreiras a esportivização sempre esteve presente nas aulas de educação física, assim como a participação didática pedagógica de profissionais não formados na área.

Já na questão de profissionalização, Pedreiras possui a primeira faculdade credenciada e liberada pelo Ministério da Educação (MEC) para a oferta do curso superior.

Isso pelo fato de que os quase dez anos atrás a Faculdade de Educação São Francisco – FAESF percebeu que a comunidade local necessitava de profissionais que pudessem contribuir para a qualidade de vida. Que pudesse organizar as tantas iniciativas de atividades físicas que surgiam na região. E tentando suprir essa realidade surge o Curso de Educação Física. Nesses quase 10 (dez) anos de autorização, a FAESF já exportou para o mercado de trabalho muitos profissionais que se direcionam suas atividades para a área escolar e do treinamento físico. Tanto a comunidade Pedreirense assim como as demais localizadas aos arredores da Faculdade de Educação São Francisco – FAESF necessitam ter profissionais qualificados para prestarem serviços a comunidade de forma consciente e ética.

Portanto, o objetivo deste estudo foi demostrar a comunidade os benefícios culturais, econômicos e sociais na Região do Médio Mearim a partir da autorização do Curso de Educação Física em uma IES da Cidade de Pedreiras – MA.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

A FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO FRANCISCO - FAESF

A criação da Faculdade de Educação São Francisco começou a ser idealizada no ano de 1990, a partir do projeto da Professora Aldenôra Veloso Medeiros de oferecer a Pedreiras e região a oportunidade de acesso ao ensino superior, visto que o pólo da Universidade Estadual do Maranhão mais próximo ficava a 62,7 km de Pedreiras, na cidade de Bacabal.

A Faculdade de Educação São Francisco é a concretização de um projeto educacional de um grupo de pessoas com raízes profundas em Pedreiras, empenhadas no desenvolvimento de um projeto de educação superior de qualidade, com a finalidade de qualificar profissionais graduados e pós-graduados, com o interesse da promoção do desenvolvimento educacional, cultural, social, econômico e político do homem e da região onde ele está inserido e com a qual deve estar comprometido.

A autorização para o funcionamento veio através da Portaria nº 1353/2000, de 29/08/2000-MEC, publicada no DOU de 30/08/2000. De posse dessa autorização, realizou-se o primeiro concurso vestibular nos dias 09 e 10 de setembro de 2000, tendo a FAESF iniciado suas atividades no segundo semestre do ano de 2000, com o curso de Pedagogia, autorizado pela mesma Portaria e, posteriormente reconhecido pela Portaria 148, de 14/01/2005-MEC.

Nos sete primeiros anos de funcionamento, foram utilizadas as instalações físicas do Colégio São Francisco, instituição mantenedora. No ano 2005 teve início a construção do prédio da Faculdade, tendo ocorrido a mudança de endereço no ano 2008. A primeira turma de formandos foi diplomada em oito de outubro de 2004.

Desde que foi fundada, a Faculdade de Educação Francisco desenvolveu-se muito, quantitativa e qualitativamente. Em função das necessidades da região no que refere à formação de profissionais especializados, sobretudo na área da educação, foi criado, em 2001, o curso de Letras e, posteriormente, os cursos de Administração (em 2003) e Geografia (em 2004). Atualmente, a Faculdade oferece os seguintes cursos de graduação: Administração, Ciências Contábeis, Ciências da Computação, Construção de Edifícios, Design de Interiores, Educação Física (Licenciatura e Bacharel), Enfermagem, Fisioterapia, Geografia, Letras, Nutrição e Pedagogia.

A Faculdade de Educação São Francisco espera contribuir significativamente para que os concluintes do ensino médio da microrregião do Médio Mearim, do próprio Estado do Maranhão e de Estados que integram as regiões Nordeste e Norte do país, hoje mais conhecidas como Região Meio-Norte do país, em especial os Estados do Ceará, Piauí, Paraíba, Tocantins, Pará e Amazonas, tenham mais uma opção para dar continuidade a seus estudos, chegando ao nível superior, promovendo um elevado nível cultural na população dessas regiões.

A Faculdade de Educação São Francisco está situada na Rua Abílio Monteiro, nº 1736, Bairro Engenho, no Município de Pedreiras, numa área total de 25.318,80 m², sendo construída uma área de 10.307,20m2.

 

LOCALIZAÇÃO DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO FRANCISCO – FAESF

A Faculdade de Educação São Francisco é uma instituição de ensino superior que foi criada para oferecer cursos superiores nos termos da Lei n. 9.394/1996 (LDB), bem como para desenvolver a pesquisa e a extensão em diferentes áreas do conhecimento, visando contribuir para a educação e o desenvolvimento sociocultural da microrregião do Médio Mearim, que é uma das microrregiões do estado brasileiro do Maranhão, pertencente à mesorregião Centro Maranhense.

A cidade de Pedreiras compõe a Microrregião do Médio Mearim, que, por sua vez, localiza-se na Mesorregião do Centro Maranhense. Sua população é de 39.448 habitantes, segundo o Censo de 2010.

Tabela 1 – Distribuição da população do Município de Pedreiras, por faixa etária, segundo o censo do IBGE/2010.

FAIXA ETÁRIA

PEDREIRAS

POPULAÇÃO

PERCENTUAL

De 0 a 3 anos

3.005

7,6

De 4 anos

645

1,7

De 5 anos

565

1,4

De 6 anos

671

1,7

De 7 a 9 anos

2.230

5,7

De 10 a 14 anos

3.828

9,7

De 15 a 19 anos

3.761

9,5

De 20 a 24 anos

3.789

9,6

De 25 a 29 anos

3.423

8,7

De 30 a 39 anos

5.771

14,6

De 40 a 49 anos

4.277

10,9

De 50 a 59 anos

3.107

7,9

De 60 anos ou mais

4.377

11,0

TOTAL

39.448

 

A Microrregião do Médio Mearim possui uma área de 11.022,585 km2, com uma população de 411.976 habitantes, segundo o Censo do IBGE de 2010. Possui vinte Municípios: Bacabal, Bernardo do Mearim, Bom Lugar, Esperantinópolis, Igarapé Grande, Lago do Junco, Lago dos Rodrigues, Lago Verde, Lima Campos, Olho d’Água das Cunhãs, Pedreiras, Pio XII, Poção de Pedras, Santo Antônio dos Lopes, São Luís Gonzaga do Maranhão, São Mateus do Maranhão, São Raimundo do Doca Bezerra, São Roberto, Satubinha, Trizidela do Vale. Os mais populosos são: Bacabal, Pedreiras e São Mateus do Maranhão.

Pedreiras é interligada a Trizidela do Vale, antigo bairro emancipado, pela ponte Francisco Sá. Limita-se ao norte com São Luiz Gonzaga, ao sul com Santo Antônio dos Lopes e Poção de Pedras, ao leste com Lima Campos e Santo Antônio dos Lopes, e ao oeste com Trizidela do Vale.

O município é dotado, ainda, de uma economia em franca expansão, com destaque para o comércio, visto que, segundo estatísticas do censo do IBGE 2010, conta com 778 empresas com um pessoal ocupado de 4.399 pessoas.

Outro importante setor da economia do município é a agropecuária, que conta com um número de 1.280 estabelecimentos, constituindo, ao lado do comércio e da indústria, a força da economia local.

A cidade foi fundada em áreas de fazendas escravistas e dos índios Pedras Verdes, que habitavam a região. Em meados do século XX foi um dos maiores produtores de arroz do interior do Estado do Maranhão. Hoje, destaca-se por um comércio ativo tornando-a centro econômico da região.

O território de Pedreiras já era habitado pelos cidadãos Cel. Joaquim Pinto Saldanha, João Emiliano da Luz e José Carlos de Almeida Saldanha, que fixaram suas residências no local onde hoje está situada a cidade. Fizeram-se acompanhar por nacionais e escravos e exerciam suas atividades comerciais e industrial-agrícolas. Atendendo ao desenvolvimento geral, passou a localidade a denominar-se “povoação”.

Atribui-se que o nome de Pedreiras é oriundo do grande bloco de pedras existente na margem esquerda do Rio Mearim, distante da cidade aproximadamente três quilômetros. O aludido bloco é tido como objeto de turismo, pois a ele ocorrem muitas pessoas, especialmente estudantes, na época das férias, onde costumam realizar piqueniques e folguedos.

O povoado foi elevado à categoria de vila e distrito com a denominação de Pedreiras, pela lei provincial nº 1.453, de 04/03/1889, desmembrado de São Luís Gonzaga. Pela lei estadual nº 947, de 27/04/1920, a vila de Pedreiras é elevada à categoria de cidade.

Pedreiras vem se consolidando como pólo universitário de referência na Microrregião do Médio Mearim.

Diariamente, deslocam-se à referida cidade jovens de boa parte dos municípios que integram essa microrregião e que buscam educação de qualidade e compromisso com as aspirações de uma formação sólida e segura no campo técnico e científico, em um meio em que se pode vislumbrar um desenvolvimento profissional firme e produtivo.

Tais elementos oferecem as justificativas necessárias para que a Faculdade de Educação São Francisco se lance nesse compromisso educacional e social de fortalecer essa tendência de Pedreiras ser um pólo de desenvolvimento técnico e científico, através de uma instituição de ensino superior focada na construção de uma sociedade mais preparada para os novos desafios de gestão e do conhecimento interdisciplinar.

A construção de uma instituição que possa proporcionar uma boa formação acadêmica, técnica e científica para profissionais licenciados e bacharéis é de grande importância para a confirmação e realização dessas tendências de crescimento e desenvolvimento econômico e produtivo para esta região conhecida como microrregião do Médio Mearim.

Com essa visão e um olhar para o futuro é que a Faculdade de Educação São Francisco objetiva continuar a oferecer cursos que atendam às exigências de uma sociedade em expansão, contribuindo para o aprimoramento da sociedade maranhense. Dessa forma, busca oferecer cursos que aliem desenvolvimento científico, tecnológico, empreendedorismo e responsabilidade social, numa visão realista e consciente, considerando o meio e valorizando o indivíduo nos seus vários aspectos.

As dificuldades econômicas de uma significativa parte da população da microrregião do Médio Mearim e do próprio Maranhão mostra a necessidade de capacitação de profissionais mais voltados para a busca de melhoria de condições de vida dessa clientela, sendo essencial também o desenvolvimento de estudos com vistas à identificação de formas de inclusão social das pessoas menos favorecidas economicamente. Nessa perspectiva, os cursos a serem oferecidos pela Faculdade de Educação São Francisco, os projetos de pesquisa e de extensão a serem desenvolvidos, serão os principais mecanismos a serem utilizados em seu processo de inserção regional.

Nesse contexto, a Faculdade de Educação São Francisco há de se desenvolver a partir das demandas locais e regionais, sem deixar de olhar para as nacionais, latino-americanas e globais, politicamente comprometida com a promoção do desenvolvimento social e econômico.

 

JUSTIFICATIVA DA OFERTA DA NECESSIDADE SOCIAL, REGIONAL E INSTITUCIONAL DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

A Faculdade compreendida como local dinâmico de saberes busca permanentemente sintonia com as transformações causadas pelas novas concepções sociais, educacionais, culturais e econômicas. Atenta a esse cenário, a Faculdade de Educação São Francisco – FAESF percebeu a necessidade de se ter na região do Médio Mearim um número maior de educadores com formação superior, como atividade estratégica; quer para atender às demandas das transformações sociais, quer para melhorar as condições educacionais, ou promover o desenvolvimento cultural e econômico da região.

Muito embora se reconheça que a educação, sozinha, não poderá ser a solução para todos os problemas que cercam a sociedade, é indiscutível que a transformação social que se deseja, dependerá decisivamente, da contribuição que se espera da mesma.

Para atender às necessidades desse novo contexto, a FAESF, buscou contribuir e corresponder com as transformações contemporâneas, além de prestar grandes e significativas contribuições à formação profissional de sujeitos críticos, participativos e, acima de tudo, conscientes de sua realidade.

Com a implantação do Curso de Licenciatura em Educação Física, a FAESF pretendeu consolidar a consciência de que a educação é um caminho que possibilita ao sujeito social transformar-se e transformar seu contexto de vida, tendo em vista que a Educação Física, ao utilizar o movimento humano, componente imprescindível da cultura corporal, torna-se capaz de promover tais mudanças.

São diversos os fatores favoráveis para à criação do Curso de Licenciatura em Educação Física na região do Médio Mearim. Sua necessidade social está explicitada nos dados do IBGE que mostram que o número de alunos inseridos no processo educativo vem aumentando, só no ensino médio são 21.645 alunos matriculados conforme dados do Censo Escolar de 2009 do INEP. Esses jovens correspondem a um público que demanda ações educativas e que merece o desenvolvimento de ações integradas e coesas.

Além disso, a região do Médio Mearim atualmente é um dos espaços em franco processo de desenvolvimento no Estado do Maranhão. Nesse sentido, cada vez mais, um conjunto de profissionais bem qualificados está sendo solicitado, para o bom funcionamento, não apenas do mercado, mas, principalmente, da sociedade como um todo.

Entre outros motivos para a oferta do Curso de Licenciatura em Educação Física, citamos a observação de que diversos egressos do Ensino Médio encerram seu processo educativo nessa etapa por não possuírem condições de custear suas despesas em instituições de ensino distantes da sua região de origem. 

Outra justificativa do curso é que existe, atualmente, uma crescente preocupação do Governo Federal com investimento em Educação Física como fator de prioridade social e, portanto, a necessidade de formação dos profissionais para atuarem nessa área é totalmente justificável, perante toda a realidade exposta acima.

Nessa perspectiva e comprometida com o cumprimento da sua missão institucional, a FAESF oferece à sociedade de Pedreiras e adjacências o Curso de Licenciatura em Educação Física.

 

METODOLOGIA

A pesquisa foi estruturada a partir da perspectiva qualitativa e se utilizou da pesquisa documental e de uma entrevista semiestruturada. Essa metodologia permitiu que houvesse a análise dos documentos institucionais assim como o contato direto com a diretora presidente da IES pesquisada.

A pesquisa documental pode ser definida como um procedimento do qual utilizamos documentos que nunca foram analisados e pode ser conceituado como fonte primaria. Essa fonte primaria é os dados originais que nos permitiu ter uma relação direta com os acontecimentos que analisamos. A pesquisa respeitou o recorte temporal de 2010 (ano de autorização para o funcionamento do curso) até 2018 (ano da última colação de grau até o presente momento).

             A coleta foi realizada por meio do sistema de gestão online da Faculdade de Educação São Francisco – FAESF, assim como análise do PPC- Plano Politico Pedagógico de Curso e o PDI- Plano de Desenvolvimento Institucional. Além disso foi realizada uma entrevista semiestruturada com a diretora Presidente da IES a senhora Aldenora Veloso de Medeiros[1]

Os documentos foram disponibilizados pela Pessoa A nomeada pela direção para acompanhar e para eventualmente sanar alguma dúvida a respeito do conteúdo desmobilizado. A analise destes foi realizado na própria instituição, especificamente nas dependências da IES. Durante o processo de leitura dos documentos foi necessário conversas com a Pessoa A fim de fazer alguns esclarecimentos acerca das dúvidas surgidas.

Além dessa análise houve uma entrevista semi estruturada com a diretora Presidente da IES. Assim, foi solicitado por meio de uma carta de apresentação, um encontro afim de ser captado detalhes que os documentos por si só não disponibilizava. O encontro foi marcado na manhã seguinte após a entrega da carta. No momento presente os pesquisadores se apresentaram formalmente. Foi explicado o objetivo da pesquisa e ainda um dos pesquisadores leu em voz alta o Termo Livre e Esclarecido. Após a leitura, a Diretora Presidente assinou o referido documento. Para melhor abordagem, utilizou-se do recurso de entrevista gravada em smarthphone, para posterior transcrição. Ao concluirmos a entrevista, esta foi transcrita na integra e organizada ao longo do corpo do texto associando-a com as perspectivas da pesquisa.

 

RESULTADO E DISCUSSÃO

A primeira parte dos resultados está evidenciado a partir de recortes realizada com a Diretora Presidente da Faculdade de Educação São Francisco – FAESF, na qual narra os primeiros passos para o pedido de autorização para autorização do Curso de Educação Física. É importante ressaltar aqui que a entrevista é sucinta pois o objetivo desta é apenas relata quais os primeiros passos para a implantação do curso.

Após a entrevista há dados institucionais retirados do sistema de gestão online, atas de colação de grau com quantitativo de alunos que participaram da solenidade, assim como levantamento de colaboradores (docentes e coordenadores) que contribuíram para o desenvolvimento do curso e um levantamento quantitativo e regional de formados em Educação Física.

Diante disso, ressaltamos que a realidade do Médio Mearim até 2010, quanto profissionais para atuarem na Educação Física era precária, seja no ambiente escolar e/ou no treinamento. Os profissionais que atuavam nessa área, na sua grande maioria não eram profissionais formados[2].

Sobre essa carência regional a Diretora Presidente da Faculdade de Educação São Francisco – FAESF Aldenora Veloso de Medeiros relata que a maioria das escolas da região não possuiam de profissionais formados em educação física.

A entrevistada relata que:

“Nós não tínhamos! [Profissionais] Todos que eram professores de educação física aqui nas escolas, não possui conhecimento para ministrar a disciplina. E ainda mais, talvez nem o terço das escolas tivessem aulas de educação física regular, e se tinham aulas de educação física não era de uma maneira...  assim adequada, mas sim de qualquer maneira (...)” [grifo nosso).

 

Diante desse quadro regional de carência, a Faculdade de Educação São Francisco – FAESF receptou junto ao Ministério de Educação – MEC a autorização para o funcionamento do Curso de Educação Física na instituição.

Mas mesmo percebendo empiricamente essa situação educacional, foi preciso antes de iniciar os tramites legal para a implantação do curso, foi necessária a aplicação de uma pesquisa de campo, para realmente comprovar uma a realidade existente.

(...) primeiro [passo], acho que partiu de uma reunião, verificando quais os cursos que estavam de preferência da nossa região de acordo com as instituições, sabendo que o curso de educação física é um curso que trabalha na saúde e fizemos uma pesquisa de campo, para saber se realmente, ele era, tinha demanda (ALDENORA VELOSO DE MEDEIROS) [grifo nosso) [grifo nosso).

 

Depois da pesquisa de campo, os processos para abrir o curso deram início. O primeiro passo foi:

(...) montar uma minibiblioteca com números de livros suficientes para a aprovação, e depois teríamos que ter um espaço físico para poder ter as aulas. E não foi fácil, foi muito difícil, não só financeiramente como também fisicamente, pensando em mão de obra [docentes], porque a demanda sempre teve (ALDENORA VELOSO DE MEDEIROS) [grifo nosso).

E ao longo do desse tempo, o MEC já reconheceu o curso de Educação Física, alguns discentes já realizaram a prova do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes – ENADE. Além disso, muitos profissionais já foram formados, o grau de empregabilidade regional é notório, alguns profissionais são empreendedores, outros atuam na área escolar e não escolar.

Durante o tempo de reconhecimento e autorização do curso foram realizadas 07 (sete) solenidades de formatura do curso na qual totaliza exatamente 130 (cento e trinta) formados na área como demostra o quadro 1. No qual em 2014 foram formados as duas primeiras turmas. Já em 2015 mais duas turmas foram formadas. Em 2016 não houve nenhuma formatura. Já em 2017 houve apenas uma turma mas em 2018 houveram duas turmas formadas.

Quadro 1 – Quantidade de formados por ano letivo

QUANTIDADE DE FORMANDOS

ANO DE COLAÇÃO DE GRAU

24

2014.1

13

2014.2

09

2015.1

29

2015.2

22

2017.1

27

2018.1

06

2018.2

Total: 130 formados

Fonte: Dados disponibilizado no sistema de gestão online da instituição.

E quanto à equipe pedagógica muitos foram os professores que prestaram serviços e contribuíram para o desenvolvimento dos acadêmicos. É importante ainda saliente que todos os profissionais, inclusive coordenadores do curso, até 2015 eram residentes do Estado do Piauí. Entre 2010 até 2019 já passaram pela coordenação 05 (cinco) coordenadores como demostra o quadro 2. Vale ressaltar que dentre esse número apenas 01 (um) é egresso e da cidade de Pedreiras – MA.

Quadro 2 – Demonstrativo dos coordenadores do curso de Educação Física com o tempo de atuação na IES e suas respectivas titulações.

COORDENADOR (A)

ANO DE ATUAÇÃO

TITULAÇÃO

Leydiane Gleici Oliveira Medeiros

2010- 2012

Mestre em Alimentos e Nutrição pela Universidade Federal do Piauí – UFPI

Patrícia Fernanda Marques de Sousa

2012-2014

Mestre em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília - UCB

Joilza Rodrigues Cunha Leitão

 

2014

Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Portugal

Jonilson Chaves Oliveira

 

2014-2015

Especialista em nutrição para o fitness e treinamento desportivo pela Universidade Federal do Piauí – UFPI

Francisco Eric Vale de Sousa

2015 – (atual)

Mestre em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília – UCB. Doutorando no PPG em Memoria Social e Bens Culturais pela UniLasalle

Fonte: Dados disponibilizados pelo setor de Recursos Humanos – RH da instituição.

 E durante toda a existência do Curso de Educação Física na cidade de Pedreiras, Aldenora Veloso de Medeiros Diretora Presidente da instituição relata os benefícios advindo da implantação do curso quando ela diz:

(...) o curso trouxe para a sociedade, o fornecimento de mão de obra competente, porque com abraço de todas as escolas do médio Mearim, que tiveram que procurar instituição, tem seu profissional [grifo nosso).

 

(...) a satisfação, ela é muito saudável, porque nós sabemos que todos estes que estão no mercado, procuraram mesmo dá valor a profissão, são preparados, estão servindo seus municípios, com muita competência, vejo no rosto de cada um aquela felicidade de ter feito o curso e procurar fazer uma pós-graduação e até ir mesmo para outros estados à procura de mestrado [grifo nosso).

 

Diante disso podemos salientar que a oferta do Curso de Licenciatura em Educação Física atende a demanda regional. Houve ao longo desse período concursos públicos além de seletivos para o cargo de professores da rede municipal e estadual na região. E em todos esses ex alunos participaram desses processos. Há professores efetivos nos municípios. Há também professores atuando na rede privada de ensino.

Além disso, é crescente o número de empreendimentos na área da Educação Física como a criação de estúdios, academias e espaços de lazer e recreação. E todos esses empreendedores são ex- alunos.

Ao longo de quase dez anos conseguimos atingir uma grande parte da região do Médio Mearim. Os municípios de Pedreiras – MA, Peritoró – MA, Lago dos Rodrigues – MA, Bacabal – MA, Coroatá – MA, Lima Campos – MA, Bernardo do Mearim – MA, Lago da Pedra – MA, Esperantinópolis – MA, São Luís Gonzaga do Maranhão – MA, Porção de Pedras – MA, Trizidela do Vale – MA, Joselândia – MA, Capinzal do Norte – MA, Dom Pedro – MA, São Mateus do Maranhão – MA, possuem profissionais formados pela Faculdade de Educação São Francisco – FAESF como demostrado no quadro 3.

Quadro 3 – Quantitativo, ano letivo de colação de grau e as cidades dos formandos

QUANTIDADE DE TOTAL DE FORMANDOS

ANO DE COLAÇÃO DE GRAU

QUANTIDADE DE FORMANDOS POR REGIÃO

CIDADE

 

 

 

 

24

 

 

 

 

2014.1

10

Pedreiras - MA

02

Peritoró - MA

03

Lago dos Rodrigues - MA

01

Bacabal - MA

01

Coroatá - MA

03

Lima Campos - MA

02

Bernardo do Mearim - MA

01

Lago da Pedra - MA

01

Esperantinópolis - MA

 

13

2014.2

12

Pedreiras - MA

01

Lago da Pedra - MA

 

09

2015.1

01

Esperantinópolis - MA

08

Pedreiras - MA

 

 

 

 

29

 

 

 

2015.2

18

Pedreiras - MA

01

São Luís Gonzaga do Maranhão - MA

03

Porção de Pedras - MA

01

Lago da Pedra - MA

02

Lima Campos

01

Esperantinópolis - MA

02

Trizidela do Vale - MA

01

Joselândia - MA

 

 

 

22

 

 

2017.1

01

Lago da Pedra - MA

01

Lago do Junco - MA

03

Lago dos Rodrigues - MA

12

Pedreiras - MA

02

Porção de Pedras - MA

01

São Luís Gonzaga do Maranhão - MA

01

Capinzal do Norte - MA

 

 

 

 

 

27

 

 

 

 

2018.1

01

Dom Pedro - MA

02

Porção de Pedras - MA

01

Joselândia - MA

10

Pedreiras - MA

02

Lima Campos - MA

05

Bacabal - MA

01

Capinzal do Norte - MA

03

Trizidela do Vale - MA

01

São Mateus do Maranhão - MA

01

Lago dos Rodrigues - MA

 

06

2018.2

03

Pedreiras - MA

02

Bernardo do Mearim - MA

01

Capinzal do Norte - MA

 

Fonte: Dados disponibilizado no sistema de gestão online da instituição.

 

CONCLUSÃO

As necessidades atuais globais apontam para melhorias para a população. Se aponta qualidade de vida como o caminho frutuoso para que a comunidade consiga desfrutar de um envelhecimento saudável. E junto a essa necessidade mundial a cidade de Pedreiras – MA também começou a apontar para de adequar a essa realidade. E muitas foram as iniciativas da comunidade Pedreirense como a utilização da BR para a realização de caminhadas matinais e no final da tarde na entrada da cidade.

A Faculdade de Educação São Francisco – FAESF como um patrimônio social da cidade de Pedreiras e como aquela responsável por tomar iniciativas para o desenvolvimento regional do Médio Mearim, percebeu a necessidade da implantação do Curso de Educação Física. 

E ao longo de quase dez anos de autorização do referido curso percebeu o quão já houve contribuições regionais a partir desse ato institucional. Muitas são as manifestações de desenvolvimento da área de Educação Física na Região do Médio Mearim. Muitos são os profissionais que atuam em espaços escolares e não escolares. Houve grande crescimento de investimentos nas áreas de saúde, esportes, bem estar e qualidade de vida nos últimos anos. Isto pode ser constatado, por exemplo, pelo aumento do número de academias, estúdios, centros esportivos e de concursos públicos para profissionais de educação física no âmbito escolar (municipal, estadual e federal) e nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família em toda região maranhense.

Além disso, é marcante a presença dos profissionais formados e aptos para desenvolverem atividades capaz de promover uma educação de qualidade  e orientações  relacionada a saúde.

Diante de toda essa realidade, a FAESF, pode se considerar uma IES comprometida com o desenvolvimento regional e ainda, um espaço capaz de habilitar pessoas para atuarem profissionalmente nos espaços referente a Educação Física. A FAESF contribui ainda mais para a cidade de Pedreiras. Como cidade sede Pedreiras passa a possuir um patrimônio social. A FAESF é uma instituição de ensino pertencente a comunidade local e regional. E o curso de Educação Física é legado que proporciona a região um desenvolvimento econômico, cultural e social.  

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  

 

CANCELLA, Karina. “A defesa da prática esportiva como elemento de preparação dos militares por meio das publicações institucionais “Revista Maritima Brasileira” e “ Revista Militar”. ANAIS DO XV ENCONTRO REGIONAL DE HISTORIA DA ANPUH-RIO. 2012.

 

GONDRA, José G. Combater a “Poética Pallidez”: a questão da higienização dos corpos. Perspectiva, Florianópolis, v. 22, n. especial, p. 121-161, jul. /dez. 2004.

MARINHO, Victor. O que é Educação Física. São Paulo: Brasiliense, 2004.

 

MARTINS, Dejard. Esportes: Um Mergulho No Tempo. São Luís : (s.n.), 1989.

 

OLIVEIRA, Rosângela Silva. Fran Paxeco, Lenthe Da Revitalização Pedagógica Moderna No Estado Do Maranhão, Organizador Do 1º Congresso Pedagógico Em 1920. IX Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação – Rituais, Espaços e Patrimónios Escolares, Lisboa, 12 a 15 de julho de 2012, ANAIS IX COLUBHE 2012.

 

 

 

[1] A pesquisada autorizou por meio da assinatura do Termo de Consentimento a divulgação do seu nome em toda a pesquisa.

[2] O que ainda é uma realidade existente não só nessa região geográfica, mas se faz presente também em grande parte do país.

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