10/07/2019

Avaliação

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Fazendo uma comparação entre a educação nos dias atuais e da mesma na década de 70 e 80 a reprovação hoje seria dos pais, já que os mesmos são totalmente omissos no ato de educar seus filhos.

            Era comum sermos recebidos pelos diretores com as falas de que “a escola é uma extensão da casa”, entretanto hoje, poderíamos dizer o mesmo? Será que a escola deve ser vista como uma extensão da própria casa cujo aluno não tem respeito algum sequer pelos pais?

            A depredação nas escolas públicas está banalizada, o desrespeito com o professor e demais funcionários dentro da instituição é visto como algo corriqueiro e em muitas destas instituições, os gestores sequer têm autonomia para tomar medidas punitivas.

            Os pais não têm mais tempo para educar seus filhos e literalmente os abandonam nas escolas, embora seja ela o lugar certo das crianças ficarem, estas precisam também ser assistidas pelos pais.

A escola é um lugar para aprender, dito isso, a parte do educar é de total responsabilidade dos pais.

Infelizmente pude presenciar certa vez uma mãe reclamando de não ter aula sábado, isso foi depois de dois sábados letivos seguidos. Era uma escola integral e ela alegou que “teria sossego em casa e poderia dormir até mais tarde”. Ora, esta mãe ficava praticamente o dia todo sem seu filho e queria ficar também no sábado?

A omissão da família é tão gritante que não há acompanhamento destes em relação às atividades escolares de seus filhos e quase certo recebermos uma resposta dos pais “não sei”, caso resolvamos perguntar sobre professores, ano escolar, atividades escolares dentre outras informações relacionadas às atividades de seus filhos.

No Pará em uma escola particular, foi realizada uma avaliação totalmente atípica. No dia dos pais buscarem pegarem o boletim escolar, perceberam que as notas baixas não eram relacionadas a seus filhos e sim a eles próprios. Tais notas foram resultados de avaliações realizadas pelos próprios filhos nas questões que abordavam diálogo, compreensão, passeio em família, ajuda nas atividades da escola, presença nos eventos escolares, demonstração de carinho, estresse diário, bom humor e paciência.

De acordo com a reportagem[1], a menor nota foi 1 e estava relacionado a “ajuda nas atividades da escola”. Já pensou se as escolas públicas resolvessem fazer com seus alunos estas mesmas avaliações? Com toda certeza na questão presença nos eventos escolares os pais ficariam com zero, já que muitas escolas encontram estratégias para fazerem os pais comparecerem a certos eventos, como café, sorteios, etc....

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no Art. 4º ressalta que a responsabilidade em cuidar e educar os filhos é da família e deflui do artigo 129, no inciso V, que

Os pais, além da matrícula, têm o dever de acompanhar a frequência e o aproveitamento escolar do filho [...] garantir a permanência, bem como no de observar e participar da evolução escolar da criança ou adolescente, avaliando seus progressos individuais e estimulando-os para que o estudo seja-lhes rendoso”.

Em relação a este inciso, a família tem se demonstrado completamente omissa com suas obrigações e se esquecendo que não existe uma boa escola, seja ela pública ou privada que supra a carência deixada pela ausência da família.

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