AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Por Claudinei José Martini
Professor, Especialista em Educação a Distância, Mídias na Educação e Ensino de Ciências.
Ao se debater o tema Avaliação, vemos ainda nos dias atuais tal assunto sendo trabalhado de maneira tradicional, partindo de pesos e medidas. A avaliação deve servir para o professor diagnosticar o estágio de aprendizagem em que o aluno se encontra. Sendo assim, a avaliação tem como objetivo a melhoria da qualidade de ensino e da aprendizagem, de acordo com a realidade e com as necessidades intelectuais e sociais de cada aluno, incentivando a capacidade crítico-reflexiva de ação transformadora e, portanto, deve ter sempre o foco na aprendizagem.
Neste sentido, a avaliação emancipatória caracteriza-se justamente por tornar esta transformação em emancipação, libertando o aluno de condicionamentos pré-determinados, ou seja, fazer com que a pessoa desenvolva sua autonomia a partir de reflexões críticas dentro de uma ação educacional orientada pelo diálogo, criando coletivamente projetos e ações tanto por educadores quanto por educandos, em espaços que estimulem, em grupos, a discussão e a comunicação em uma relação dialógica, compreendendo que é através da pesquisa que se amplia o saber em um movimento dialético de reflexão-ação-reflexão na promoção do conhecimento emancipatório.
Intrínseca está à avaliação formativa, constituída também por um processo dialógico entre professor, aluno e instituição, de forma qualitativa, construindo, através do professor um diagnostico das fragilidades do aluno, com intenção de ajudá-lo a sanar tais dificuldades, os desempenhos são provisórios, tornando-se um processo na busca de melhores resultados. É um processo avaliativo-construtivo. Não é pontual; é diagnóstica, dinâmica e inclusiva. Visa à aprendizagem e o crescimento do aluno para o acompanhamento da aprendizagem, que é um processo que se inicia pelo conhecimento que o professor tem do seu aluno, em que, cada um aprende num tempo e de uma maneira diferente, sempre comunicando e informando os resultados com transparência aos envolvidos no processo de avaliação.
Paulo Freire comunica que nas relações homem-mundo, os temas geradores e o conteúdo programático desta educação devam ser investigados, questionados e debatidos na sala de aula, extraído da problematização da prática de vida dos educandos, estimulando o diálogo que é princípio de uma exigência existencial para libertação do homem, mediatizados pelo mundo dentro de uma ética universal do ser humano.
Sendo assim, a Educação a Distância (EaD) configura-se como um meio transformador de possibilidades dentro de uma educação que configura-se inclusiva, portanto, na prática, os espaços de reflexão criados dentro de um ambiente virtual de aprendizagem como: fóruns, blogs, wiki’s, entre outros, tornam-se meios para que, além do aluno construir coletivamente o conhecimento, também possibilita uma interação entre os envolvidos e um novo tratamento da informação. Neste contexto, a criação de grupos de reflexão e pesquisa favorece o saber crítico que é construído entre os membros participantes, consolidando-se em um saber emancipatório e formativo, desenvolvendo a linguagem e o entendimento crítico das pessoas dentro de uma relação dialógica.
Contudo, para que de fato ocorra um processo de avaliação formativo, o professor deve permitir mudanças em seus critérios de avaliação e estar aberto a elas, rompendo com os modelos tradicionais e quantitativos. Uma avaliação formativa ajuda o aluno a aprender e o professor a ensinar, identificando erros, sugestões e críticas ao seu modelo avaliativo, explicações adicionais, estimulando no aluno a autoconfiança aos trabalhos e tarefas para que, instigue no educando a responsabilidade de suas dificuldades no sentido de, reconhecer que não se aprende sozinho, mas coletivamente, alunos, família, professores e instituição de ensino, desenvolvendo uma cultura que permita a coexistência e a cooperação e reconhecendo que a negociação democrática é uma metodologia válida para construir uma abordagem formativa.
Portanto, a avaliação é uma atividade construída através do planejamento ao decorrer de um processo e seus instrumentos constituem a prática avaliativa “a partir das interações que se vão organizando no âmbito da sala de aula, tendo em vista a compreensão dos alunos nos conteúdos trabalhados” (ARAÚJO, 2010, p. 13).
Dessa forma, as formas de avaliação na Educação a Distância tornam-se diferentes, pois o aprender tem que ocorrer de dentro para fora, com o aluno sendo um sujeito participativo e não apenas um ouvinte. Uma aprendizagem que realmente torne o aluno autônomo deve propiciar um ambiente que estimule a participação, envolvimento, motivando o sujeito, como também propicie a produção intelectual, individual e coletiva e, portanto, a avaliação neste ambiente deve levar em consideração este processo formativo consolidado de dentro para fora na qual requer disciplina, perseverança, motivação e reflexão própria.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, Targélia de Souza; OLIVEIRA, Eloiza da Silva Gomes de. Avaliação da Educação e da Aprendizagem. 2 ed. – Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2008. 340 p.
ARAUJO, Myriam M. L. de. Avaliação da Aprendizagem. Caderno Didático dos Cursos de Pedagogia a Distância. UAB, Universidade Aberta do Brasil. 2010.