Avaliação Institucional: instrumento de (re)construção e (trans)formação da escola pública
Nilton Bruno Tomelin[1]
Resumo
A avaliação institucional é um instrumento que pode fundamentar ações efetivas da gestão, quando esta é pautada em princípios como participação coletiva, democracia e comprometimento institucional. Para alcançar seus objetivos a avaliação institucional deverá contar com a participação de diferentes atores e assumir um caráter processual, tornando-se assim uma ação virtuosa na e pela escola pública. Efetiva-se como um legítimo processo de pesquisa qualitativa cujos dados interpretados, respeitando-se a complexidade da gênese de seus dizeres, ampliam a eficiência da escola pública a qual torna-se fonte de transformação da própria comunidade em que está inserida.
Palavras-chave: participação coletiva, caráter processual, pesquisa qualitativa.
Introdução
O presente texto aborda a avaliação como instrumento de (re)construção e (trans)formação da escola pública, uma vez que esta encontra-se numa nova dinâmica. O tema será tratado com ênfase na dimensão institucional da escola. A avaliação é seguramente um dos temas de maior complexidade e profundidade do contexto escolar, seja pela sua diversidade ou pela sua intervenção nos sujeitos e nas instituições humanas. Somos dos que acreditam que ela é um grande aliado na pretensa investida em favor da (re)construção e (trans)formação da escola pública
Nesta perspectiva o enfoque dado à avaliação institucional é processual com as seguintes características: intrínseca à educação pois todo agir educativo (humano) é avaliado; contração coletiva pelo qual se discutem rumos, ritmos e ajustes e se procede a intervenção, em forma de gestão participativa; dependente do referencial teórico que o fundamenta, isto é, da concepção de educação que se pratica; transcende ao pedagógico atinge toda a instituição; e é por isso multifacetada: administrativo, financeiro, pedagógico e jurídico.
Conforme lembram CEREZER e TÉCHIO (2005) “nota-se que este tema não se restringe apenas a uma forma de valoração neutra. Pelo contrário, a avaliação está interligada com outros elementos da estrutura educacional e seus efeitos atingem todos os envolvidos com as instituições de ensino”. Cada vez mais se percebe a importância da avaliação institucional como instrumento de inovação na instituição escolar, especialmente pela absoluta ausência de neutralidade em sua concepção. Para isso é preciso construir um papel participativo e não apenas reflexivo promovendo uma efetiva intervenção no sentido de romper o status quo. É preciso acreditar nas muitas utopias que movem nossa prática cotidiana e nos leve a participar na construção de uma sociedade fundada na justiça social.
1. Princípios, finalidades e objetivos da avaliação institucional
Originalmente avaliar é um ato diagnóstico Sabe-se que a avaliação passou por diferentes contextos, ora sendo considerada como instrumento de responsabilização, ora como instrumento de julgamento, ou ainda de controle. Segundo DIAS SOBRINHO (2000, p. 78) “na avaliação institucional não cabe punição. Processos de avaliação educativa são construtivos, provativos, antropológicos e obviamente pedagógicos”. Contemporaneamente se tem dado outras conotações a este importante elemento processual. Avaliar torna-se um processo intrínseco ao viver humano. Avaliar passa a ser uma diretriz em favor da (re)construção e (trans)formação de sujeitos e instituições.
Para desenvolver qualquer atividade é preciso pensar em propósitos e desafios. O desafio é avaliar a escola em sua complexidade, como é desenvolvida cada uma das atividades que levam os alunos a aprenderem a se tornarem cidadãos. A avaliação institucional tem sua atenção centrada em processos, relações, decisões e resultados das ações da instituição. Se a avaliação educacional volta-se para sujeito e objeto, a institucional contempla também o funcionamento da instituição e as relações nela concretizadas.
Fala-se de um avaliação para (trans)formação e transcendência, que prioriza a identificação de dificuldades e sucessos e , a partir daí formula ações com objetivos de mudança e aperfeiçoamento da escola ou do sistema educacional. Para DIAS SOBRINHO (2000, p. 115) “... a avaliação institucional é um processo intencional, resultado de vontade e opções políticas, um conjunto coerente de conceitos e práticas deliberada e socialmente organizados, estruturados e implementados”. É preciso, portanto, optar. Não há transformação institucional sem que haja efetiva vontade de transformação individual.
Essas breves considerações não esgotam a questão; apenas buscam oferecer alguns elementos para consolidar a compreensão e a prática da avaliação institucional na educação, que tem um compromisso ético, social e político.
Os princípios que orientam a avaliação institucional se encontram em sua própria definição: A avaliação institucional é um processo global e contínuo, sistemático, competente e legítimo, participativo, que pode envolver agentes internos e externos na formulação de subsídios par a melhoria da qualidade da instituição escolar. Na percepção de GADOTTI (1999, p. 06) é preciso “...transformar a escola burocrática existente, numa outra escola, uma escola com autonomia, uma escola cidadã.” O exercício da cidadania passa a ser instrumento permanente de reinvenção da escola. Esta reinvenção não poderá negar sua origem e a constante necessidade de retornar a determinados pontos para discuti-los com maior profundidade, seguindo o modelo não-linear.
Não se trata apenas de uma ação sob o ponto de vista institucional, mas passa a ser um projeto social de qualificação de sujeitos. Neste contexto a avaliação institucional assume características como:
a)Processualidade: a avaliação não pode ser um instantâneo (fotografia) em um dado momento, mas um processo pela qual a escola se conhece, indo à raiz dos fenômenos, para alcançar uma compreensão contextualizada. Embora não seja isenta ou neutra tal radicalidade compreende a necessidade de se conhecer de forma imparcial a realidade e historicidade, para que se possa nela intervir ou a ela se adequar.
b)Participação: para que a avaliação tenha sucesso é necessário o envolvimento de todos os segmentos que compõe a comunidade escolar. Esta participação não se encerra na coleta de informações, mas tem nela o início.
c)Globalidade: por que envolve todas as atividades da instituição e os sujeitos que participam da instituição. Este caráter eminentemente inclusivo dará credibilidade e sustentabilidade ao processo à medida que o comprometimento seja coletivo, voluntário, crítico, impessoal e ético.
Estes princípios, aparentemente lógicos e de caráter quase que obrigatório, representam o grande desafio para que uma instituição, seja escolar ou não, possa iniciar um crescente processo de revitalização. Assim não bastam sujeito e objeto para que se realize uma avaliação, mas precisa ser tecnicamente competente e politicamente legítima.
A Avaliação institucional engloba avaliação dos processos e dos resultados da aprendizagem, isto é, quando um indivíduo ou grupo é submetido a situações com vistas à aquisições de novo conhecimento ou habilidade; é usada também para avaliação do desempenho da atividade profissional de professores, gestores e demais funcionários. É também destinada a analises de currículos ou programas de cursos, de um nível ou modalidade de ensino, ou ainda curso de qualificação profissional. Mas não é apenas isto. É um ato essencialmente transformador.
A avaliação de uma instituição refere-se ao desempenho global, considerando todos os fatores envolvidos em face dos objetivos ou da missão da instituição, no contexto social, econômico, político e cultural no qual está inserida. Analisa os processos de funcionamento e os resultados alcançados; leva em consideração a realidade social, buscando identificar os fatores favoráveis ao bom andamento e aqueles responsáveis pelas dificuldades, sempre com finalidade de oferecer subsídios para a superação. Percebe-se que não há mais o enfoque na famigerada busca de culpados eventuais, como se tem visto.
Avaliação institucional é uma atividade intrínseca a cada instituição como um todo, interfere e produz efeitos sobre seu funcionamento. Portanto os dois objetivos mais importantes são:
- Auto conhecimento: identificar os acertos e as insuficiências, as vantagens e as dificuldades numa perspectiva de superação, (re)construção e (trans)formação da realidade e dos sujeitos envolvidos.
- Elementos para a tomada de decisões: os elementos que dão certo devem ser amplamente divulgados e disseminados, assim como deve se deixar de reproduzir as velhas formas, os erros modificar radicalmente e elaborar alternativas para a introdução de novos caminhos.
A exemplo do que ocorre com um bom praticante de surf é preciso que o avaliador conheça as suas possibilidades espaciais e temporais, trace algumas previsões elementares e não tema a queda. Como nenhuma onda é igual à outra, também na instituição escolar nenhum momento será igual e não poderá, portanto ser pensado igual a qualquer outro.
Esta proposta nos remonta a um modelo de avaliação que pode ser caracterizado como uma corajosa decisão em favor de uma auto-avaliação (institucional, pessoal, profissional e ética). Entretanto DIAS SOBRINHO (1998) afirma que uma avaliação institucional, que "vem de cima para baixo e de fora para dentro", nada mais é do que expressão de políticas neoliberais, atendendo em alguns casos a interesses de organismos internacionais que concentram em torno de si os fatídicos interesses de mercado. Desta forma desvirtua o compromisso maior do processo avaliativa e torna-o absolutamente viciado.
Uma vez superado tal vicio é possível pensar numa avaliação institucional genuinamente (re)construtora a (trans)formadora. Numa avaliação comprometida com algo que transcende os limites da tabulação de resultados. A finalidade da avaliação é a busca do aperfeiçoamento da escola, visto como possibilidade e potencialidade de transcendência em relação ao status quo. Aperfeiçoamento ou reconstrução significa empenhar-se na melhoria da qualidade. Qualidade entendida como valor ético capaz de oferecer dignidade, esperança e defesa radical e incondicional em favor da vida.
Assim se sugere um processo integrado de auto-avaliação e de avaliação externa. Didaticamente define-se
- Internos: alunos professores, outro profissionais em educação que são responsáveis pela escola e que estão presentes efetivamente no cotidiano escolar, seja como servidores, educadores, educandos, gestores.
- Externos : mães/pais, entidades sociais e outros sujeitos diretamente envolvidos com a atividade da escola (parceiros). São os sujeitos efetivamente partícipes do processo e que o protagonizam, não como meros espectadores mas como agentes capazes de efetivamente buscar contribuir para o sucesso institucional.
A avaliação de uma instituição não admite contrair-se a um instrumento diagnóstico e muito menos ser considerada uma operação de controle externo. Neste sentido HADJI (2001, p. 21) afirma que
“colocando-se deliberadamente a serviço do fim que lhe dá sentido, torna-se um elemento, um momento determinante da ação educativa; propondo-se tanto a contribuir para uma evolução do aluno [da instituição] quanto a dizer o que, atualmente, ele [ela] é; e, inscrevendo-se na continuidade da ação pedagógica [institucional], ao invés de ser simplesmente uma operação externa de controle, cujo agente poderia ser totalmente estrangeiro [estranho] à atividade pedagógica [institucional]”.
Dito de outra forma pode-se afirmar que o estudo propõe que o fim maior da avaliação institucional é efetivamente o sucesso do educando, o que passa a ser o norte de toda ação de agentes internos e externos.
A partir de agora vamos estudar os princípios e finalidades de forma mais concreta. Para isso teremos como referência básica o Projeto Pedagógico. Na verdade o principal motivo da avaliação institucional existir é ser um instrumento de aperfeiçoamento do projeto pedagógico da escola. Um projeto pedagógico que atenda as reais necessidades e interesses de seu entorno é algo a ser construído permanentemente com a mesma dinâmica com que a história traça seus rumos. Metaforicamente ALVES (1990) lembra que um bem-te-vi aprovado com distinção na escola de urubus pode ser muito inteligente para os urubus, mas nunca será bem-te-vi. Não se admite um modelo introduzido, importado ou exótico, mas uma dinâmica processual que acompanhe diuturnamente o contexto em que se insere a instituição escolar.
O desenvolvimento do processo avaliativo necessita de um suporte estratégico com encaminhamentos determinados. Assim é importante fazer uma relação dos princípios e das finalidades da avaliação institucional com os objetivos do projeto pedagógico da escola. Outro aspecto a ser considerado é a diversidade de formas de se avaliar. Desta forma é preciso reconhecer as diferentes modalidades da avaliação institucional e tratar das ações metodológicas e das etapas que poderão ser utilizadas.
Partindo destes princípios a avaliação institucional apresenta-se como um processo que dará oportunidade à escola, com a participação de todos de refletir sua prática e seu impacto de intervenção junto a comunidade. Se avaliar é uma forma de estabelecer compromissos com a sociedade, de estudar, propor e implementar mudanças no cotidiano das atividades, o processo de avaliação precisa ser construído pela sociedade.
Não se pode operacionalizar uma avaliação deste porte apenas obedecendo o rigor do método científico e por outro lado também não é aceitável que se a processe de forma inconsistente, sem qualquer orientação. Assim não há na pesquisa, que gera os resultados da avaliação institucional, quem possa e se permita permanecer como mero espectador. DEMO (2001, p. 10) diz: “entendo pesquisa como diálogo inteligente e crítico com a realidade, tomando como referência que o sujeito nunca dá conta da realidade e que o objeto é sempre também um objeto-sujeito”. Esta dinâmica permite um grau diferenciado de comprometimento para os sujeitos da pesquisa e os torna automaticamente entes para os quais a pesquisa está sendo realizada. O inegável caráter de pesquisa cientifica oferece à avaliação institucional maior credibilidade e consistência no ato da discussão dos resultados e de sua aplicação frente ao problema identificado.
Nota-se que tomado como pesquisa cientifica, o processo de avaliação institucional, respeitando-se a diversidade e as particularidades pode ser identificado como um estudo de caso. Tanto isto é verdadeiro, que para cada instituição recomenda-se que se elabore um projeto próprio com metodologias, estratégias, suporte teórico e discussões adequadas à identidade local. De acordo com TRIVIÑOS (1987, p. 133-4)
“é uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa aprofundadamente... Esta definição determina suas características que são dadas por duas circunstâncias, principalmente. Por um lado, a natureza e abrangência da unidade. Esta pode ser um sujeito. Em segundo lugar, também a complexidade do Estudo de Caso está determinada pelos suportes teóricos que servem de orientação em seu trabalho ao investigador”.
Assim, desenvolver um projeto de avaliação institucional é como lançar-se ao espaço. Há um universo desconhecido por se descobrir, que quando descoberto, já é outro, dado o potencial de (trans)formação presente no contexto de uma instituição como uma escola pública por exemplo.
Como o astronauta não atingiria o espaço sozinho, o gestor não alcançará qualquer resultado sem contar com sua equipe e comunidade. No aspecto da avaliação não há como se obter qualquer resultado sem a participação incondicional de todos os envolvidos e em contrapartida a colheita de resultados também deverá contempla a todos, para que a conquista seja e o reinicio para um (re)conquista de novos espaços.
2. Implementação do processo de avaliação institucional integrado ao projeto pedagógico da escola
Avaliar é um ato político que envolve pessoas, ideologias, convicções, pré-conceitos e pré-juízos historicamente construídos. Conforme lembra DIAS SOBRINHO (2002, p. 200) que
“já muito antes da era cristã a avaliação servia a propósito de seleção de indivíduos de determinadas corporações para ocupação de lugares e exercício de funções específicas no sistema de serviços públicos. Na velha China, a avaliação selecionava os mais aptos ao serviço dos mandarins. Na Grécia antiga, Atenas praticava a docimasia: a avaliação se centrava no julgamento das aptidões morais dos candidatos a funções públicas”.
O homem, portanto é essencialmente avaliador e ao contrário de muitas de nossas posturas, avaliar não se constitui num hábito exclusivamente da cultura ocidental. Assim não se pode ignorar-lhe o caráter político e histórico, sob pena de se propor um projeto de avaliação apático, desprovido de sentido.
Convenciona-se dizer que o Projeto Político Pedagógico (PPP) consiste no documento no qual se situa a verdadeira identidade da instituição de ensino. Assim, consiste num compromisso de grande complexidade que transcende a simples concepção burocrática a que é atribuída a um simples documento. Trata-se do grande compromisso institucional e durante o processo de avaliação instituição é algo a ser permanentemente discutido. Há que se pensa-lo com instrumento de melhoria do processo de aprendência e dele depende o sucesso institucional e individual dos sujeitos autores/atores do processo. Diante disto WITTMANN (2002, p.94) afirma que
“a elaboração, execução e avaliação dos Projetos Políticos Pedagógicos demandam envolvimento co-responsável. O eixo da prática educativa está na relação aprendente, na ecologia cognitiva, na qual professores e alunos ampliam seu conhecimento e, ao mesmo tempo, em todos e em cada um, se produzem, as aptidões cognitivas e atitudinais necessárias para este emergente mundo novo, humanamente cada vez mais exigente”..
Percebe-se uma preocupação constante em se fazer da elaboração de um PPP o caráter de respeito à diversidade e de atender as reais necessidades dos sujeitos presentes no meio escolar. Embora estejamos tratando de um processo institucional de avaliação, não se pode omitir o fato de que a instituição nada mais é do que um agregado humano, somado as suas relações e que deverá funcionar de forma a atender a todos de forma igual, democrática e ética. As individualidade e especificidades são essencialmente peculiares e nos permitem contemplar o ser humano como sujeito de múltiplas características e como partícipe de uma instituição poderá contribuir decisivamente para que esta assuma um caráter essencialmente humano. Para tanto haveremos de conhecer o sentido inter-subjetivo que emana do conceito de ser humano.
Encarar o ser humano apenas como um recurso ou produto presente de uma instituição é uma heresia imperdoável. Assim, no processo de avaliação institucional, uma das necessidades é perceber o homem com parte viva de um processo que o tem como centro, sujeito, objeto, autor e ator. Segundo KEIM (2002, p. 66-7)
“O Homo como Ser tem consciência de sua condição como agente dinâmico que mantém e transforma tudo que está à sua volta. Esta condição o faz consciente de que é impulsionador inteligente e movido por desejos e paixões na dinâmica auto-organizativa do meio em que atua, em suas dimensões biológica, psicológica, social e transcendente”.
Assim o PPP de uma unidade de ensino há que pensar no tipo de sujeito que estará em suas entranhas e que tipo de se sujeito deverá ser pensado. Não basta uma análise quantitativa ou mesmo qualitativa da instituição de ensino, há que se compreende-la sob a percepção de que tipo de gente se encontra dentro dela. Trata-se de uma postura muito mais ética do que teórico-metodológica.
As chamadas entidades democráticas, Grêmio Estudantil, Conselho Escolar e Associação de Pais e Professores, são elementos fundamentais no fortalecimento do processo de avaliação visto que por elas é possível estabelecer ações efetivas, frente à demandas descritas nos resultados da avaliação. Além disso, com estas organizações estaremos incentivando a formação política de cidadania, que se processa pela ação organizada pelos segmentos. Da mesma forma, o surgimento destes órgãos representativos e sua efetiva participação nas discussões permite identificar os diferentes aspectos que contempla a realidade da instituição escolar. Entretanto não se admite que cada segmento pense uma instituição diferente que contemple exclusivamente os seus interesses e necessidades. Faz-se necessário, através de discussões impessoais, reorganizar o espaço e o tempo e através de um consenso estabelecer critérios democráticos que garantam aos representados a contemplação de suas reivindicações. É preciso renunciar a muitas prerrogativas individuais em favor do interesse do grande coletivo.
Outra estratégia é a criação ou aproveitamento dos fóruns já existentes na escola: fórum de avaliação da escola, fórum sobre gestão escolar; fórum sobre a violência na escola etc. Tais espaços contribuem para que os problemas institucionais sejam percebidos como elementos de uma preocupação de uma coletividade ou parte dela. Geralmente este tipo de agremiação é motivada por algo que angustia um segmento ou o todo da instituição. Por nascer de forma espontânea do conjunto da comunidade escolar, implica em compreender que a sociedade já se deu conta de que há problemas e que estes devem ser assumidos por todos e não apenas delegar a um grupo o poder de decisão em favor desta ou daquela tendência.
Os fóruns de discussão são espaços (reuniões, seminários) para debater sobre temas que interessam a comunidade escolar. Neste tipo de espaço devidamente organizado e regrado, mas sem a imposição de limites individuais, onde reine o respeito, podem surgir grandes soluções. GADOTTI (1995, p. 14) lembra que “as divergências não implicam em desrespeito às pessoas. Ao contrário, divergir e manter o respeito manifesta um elevado grau de civilização o qual todos nós almejamos alcançar”. Este pode ser a grande contribuição do processo de avaliação institucional em favor da construção de uma efetiva cidadania.
Com os dados da avaliação institucional devidamente sistematizados e com um referencia de discussão os fóruns poderão promover profundas mudanças no contexto da instituição avaliada. Afinal, se os dados da avaliação institucional se limitam a oferecer apenas um mero relatório de informações, é preciso compreender que os dados não falam por si sós. Podem informar quantitativamente os fatos, mas não permitem uma visão abrangente e historicamente construída.
Cria-se assim um ambiente dialético, capaz de atende as necessidades efetivas da comunidade e da instituição. Segundo CHIZZOTTI (1998, p. 80) “a dialética também insiste na relação dinâmica entre o sujeito e o objeto, no processo de conhecimento... Valoriza a contradição dinâmica do fato observado e atividade criadora do sujeito que observa, as oposições contraditórias entre o todo e a parte e os vínculos do saber e do agir com a vida social dos homens”. Desta forma não se permite as tradicionais lacunas positivistas instaladas entre o real objeto e sujeito, fazendo-os elementos integrados (re)construindo o todo. A postura dialética garante o rompimento do status quo e oferece o novo como fruto de um processo democrático, humano e ético. Assim avaliar os resultados obtidos não será apenas um exercício reflexivo e de constatação, mas de efetiva ação em favor de um novo que se apresenta como possibilidade de uma práxis (trans)formada.
O planejamento e o acompanhamento do processado e avaliação da escola poderão ser feitos pelo Grupo de Trabalho e/ou pelo conselho deliberativo escolar. Estes entes são um efetivo instrumento democrático de representação e a eles caberá, de forma co-responsável, estabelecer a construção dialética de um plano de ação, com base nas discussões oriundas da avaliação institucional. O número de representantes de cada segmento varia de acordo com a realidade da escola. Sugere-se que a definição de pessoas para o Grupo de Trabalho seja feita em assembléia ou reunião por segmento e que se observem alguns critérios:
1.Adesão voluntária do pretendente;
2.Disponibilidade e flexibilidade de tempo;
3.Capacidade de articulação entre as pessoas do segmento que representa.
Esse grupo será responsável pela coordenação do processo de avaliação em todas as suas fases. Estabelecerá regras, definirá metodologias, técnicas e estratégias para determinar os caminhos a seguir. Evidentemente não se deseja delegar a este grupo toda a responsabilidade pelo processo avaliativo e sua aplicação, mas definir representantes legítimos o que garante legitimidade ao processo.
A forma do projeto pedagógico está na possibilidade de integração, na definição conjunta de princípios e na teorização de linhas de ação. Sem isso nos tornamos tarefeiros, repetidores que executam ordens sem discutir concepções. Por outro lado não se pode permanecer na divagação teórica, sem buscar na realidade estratégias de ação prática. Assim aliar teoria e prática passa a ser um desafio e parte integrante do processo de (re)construção e (trans)formação da realidade vivenciada pela instituição.
Para que o projeto se estabeleça na escola, é fundamental que haja um processo de avaliação. Inserida nas várias ações desenvolvidas no interior da escola, a avaliação se coloca como agente promotor do crescimento da comunidade escolar. Deixa de ser um mero instrumento diagnóstico e passa a se constituir num elemento visceral para que a instituição possa delinear seus novos caminhos.
A avaliação institucional bem como a avaliação educacional, não se destina a julgar de forma mesquinha ou punir com castigos e privações, nem deve ser pretextos para prêmios e recompensas. Ela é um processo de redirecionamento e de crescimento. Avaliar como processo de maturação institucional para a (trans)formação da escola em função da conquista de sua autonomia. A grande meta será a efetivação do processo de promoção por qualificação do educando. Não há outro objetivo senão o sucesso do educando, pelo prazer de educar e aprender, pela sólida edificação da cidadania e pela edificação dialética de uma nova realidade, voltada ao ser humano que é a grande razão de ser da escola e da educação.
3. Elaborar, aplicar, organizar e interpretar instrumentos de coleta de informações sobre a escola
A sistematização do processo avaliador é algo a ser pensado de duas formas distintas: científica e ética. Estas duas perspectivas se caracterizam da seguinte forma:
a.Científica: todo o processo deve ser permeado por um método, o qual deverá estabelecer diretrizes desde a coleta de dados até a implementação de ações efetivas em favor da (re)construção e (trans)formação.
b.Ética: a avaliação não será neutra e isenta de valores. Ao contrário deverá ser expressão das reais necessidades, desejos, sonhos e aspirações de cada sujeito. Os dados não serão tratados apenas como parte de uma estatística, mas como instrumento de intervenção social em favor da vida.
Conforme a necessidade e o tipo de pesquisa a ser desenvolvido teremos diferente formas de se estabelecer tal sistematização. Isto é demonstrado no que diz CHIZZOTTI (1998, p.78) “a pesquisa qualitativa é uma designação que abriga correntes de pesquisa muito diferentes. Em síntese, essas correntes se fundamentam em alguns pressupostos contrários ao modelo experimental e adotam métodos e técnicas de pesquisa diferentes dos estudos experimentais”. A definição do melhor caminho, a retomada de escolhas é parte do processo da maturidade institucional, efetivamente implementado partindo de avaliações, intervenções e ações que garantam um permanente (re)construir.
Veremos que utilizando métodos científicos de investigação tudo se tornará mais fácil. Não se trata de uma mera formatação, mas de um instrumento de otimização de tempo, recursos e ações. Se tivermos uma boa base de conhecimentos de metodologias de pesquisa, poderemos cumprir esta tarefa aperfeiçoando, durante os debates com a comunidade, novos caminhos da escola. Paralelo a tudo isso o educador vê aprimorar suas competências, como gestor escolar, para acompanhamento do processo de avaliação institucional e do processo educativo como um todo.
Vamos dividir didaticamente este estudo em dois momentos. No primeiro, que chamamos momento de preparação, trabalharemos com estratégias de escolha de dimensões e categorias de análise que servirão de base para a elaboração e escolha de instrumentos coletivos e individuais de coleta de informações. No segundo momento, nos deteremos mais a aplicação, na organização e na interpretação as informações. Serão enfocadas e discutidas algumas técnicas de organização quantitativa e qualitativa, que permitirão visualizar melhor a realidade e as causas e efeitos das informações coletadas.
O primeiro passo desta fase de propagação de instrumental de coleta de informações é a definição de dimensões, de categorias de análises e de aspectos a serem avaliados. Veja que há uma hierarquia entre estes pontos. A dimensão revela a abrangências da avaliação; as categorias de analise são as questões referentes a essa abrangência; e os aspectos são os detalhes pelos quais serão feitas as perguntas.
Depois de definidas as dimensões, categorias de análise e aspectos a serem avaliados, segue-se a escolha dos instrumentos, de aplicação coletiva e individual, que serão utilizados, tais como questionários a serem respondidos por indivíduos ou grupos representativos; debates em pequenos grupos; entrevistas, seminários, assembléias gerais; pesquisa em arquivos; observações. É preciso adequar os instrumentos às dimensões, categorias e aspectos a serem avaliados. É fundamental ter em mente que nenhum instrumento é completo por si só. Por isso temos que utilizar vários tipos de instrumentos, par que eles se complementem. Cada momento fará buscar por si, instrumentos adequados que respondam as necessidades eminentes daquele momento.
Um dos instrumentos de coleta de informações mau usados são os questionários. Há quem os entenda como uma seqüência de perguntas apolíticas e neutras que apenas desejam buscar respostas desconexas. Em verdade este instrumento exige um estudo elaborado que permite pensa-lo como veículo de (re)descoberta. Assim ele deverá abranger três partes:
a.Dados de intensificação dos respondestes: informações sobre o perfil do respondeste, deverá ter informações como, sexo, idade, nível de escolaridade, situação de trabalho, carga horária, local, função, salário ou renda individual ou familiar, tempo de estudo ou trabalho na escola, curso de qualificação feitos nos últimos anos, participação de grupos sociais e comunitários etc. A historicidade e a contextualidade facilitam a interpretação e discussão dos dados coletados.
b.Questões da avaliação, de acordo com as dimensões e categorias escolhidas: Trata de conteúdo propriamente dito. As questões de conteúdos deverão ser elaborados de forma clara e com dificuldade gradativas (das simples às mais complexas). As perguntas mais apropriadas são as fechadas, pois facilitam a apuração dos dados e a comparação. As respostas poderão ser dadas mediante a escalas quantitativas (1-2-3-4-5) ou qualitativas (SIM-NÃO-ÀS VEZES) ou menções (MUITO BOM-BOM-REGULAR-RUIM-NÃO EXISTENTE- NÃO SEI).
c.Espaço para considerações finais: nela os questionários deverá ter perguntas abertas, para que o respondeste tenha a possibilidade de esclarecer pontos que desejar ou acrescentar novos elementos.
Atente-se para o fato de que são apenas sugestões e que cada contexto exigirá abordagens diferenciadas. Com roteiros flexíveis e dinâmicos é possível qualificar um projeto de ação que garanta uma efetiva compreensão da realidade e identifica prováveis caminhos a percorrer. O grande cuidado que se deve ter é o de segui-los, porém não engessando a estrutura e o processo. Sem um roteiro há uma grande possibilidade de se perder o rumo no encaminhamento das discussões ou observações.
O questionário é um dos mecanismos mais eficientes para esta modalidade de pesquisa, mas não é o único e certamente não atende a todas as necessidades para a coleta de dados. Outro aspecto importante será a observação. Trata-se de um instrumento valioso, pois capta elementos de expressão não verbal como nenhum outro. Baseado em roteiro de avaliação, ele poderá captar elementos que serão adicionais a outra informações já coletadas. Para TRIVIÕS (1987, p. 153-4) a observação
“satisfaz as necessidades principais da pesquisa qualitativa, como, por exemplo, a relevância do sujeito, neste caso, da prática manifesta do mesmo e ausência total ou parcial, de estabelecimento de pré-categorias para compreender o fenômeno que se observa. A caracterização será um processo que se realizará posteriormente no processo de análise do material coletado”.
Toda comunidade escolar pode e deve participar na elaboração dos instrumentos, seja de forma direta ou representativa. Porém na hora da elaboração escrita, tendo superado a fase de discussão, o trabalho é interessante que seja realizado por um pequeno grupo. Como sugestão de um fluxo de estratégias de envolvimento da comunidade nesta fase apresentamos:
1.Discutem-se no grupo de trabalho ou conselho escolar as grandes dimensões e categorias de análise e os aspectos de cada categoria;
2.Escolhem-se pessoas para coordenar a elaboração do instrumento;
3.Essa equipe elaborará um boneco do questionário, como versão preliminar, com base nas categorias e aspectos estabelecidos pelo grupo de trabalho ou conselho escolar;
4.Esse boneco é levado pelos representantes do grupo de trabalho ou do conselho escolar para as reuniões com representantes dos vários segmentas envolvidos, que analisam e sugerem modificações.
5.A equipe de coordenação incorporadas sugestões dos vários segmentos e elabora a versão mais definitiva;
6.Essa versão é levada ao grupo de trabalho para aprovação final;
7.Após a aprovação, os instrumentos serão testados por amostragem, serão aplicados a um número reduzido de pessoas de cada segmento para relatarem o grau de dificuldade que tenham tido.
8.Se for o caso modifica-se o que ainda não está claro, e os instrumentos estarão prontos.
Esse fluxo se aplica mais a elaboração do questionário e embora trabalhoso, tal ritual compromete os envolvidos, fazendo-os autores e atores de um espetáculo que lhe pertence. Já em relação aos outros instrumentos basta colocar o roteiro para elaboração e aprovação do grupo de trabalho. No caso de assembléia, seminários, reuniões, é importante apresentar a pauta no início e pedir complementação se for o caso.
Depois de situar toda a parte de preparação, nos detemos mais em:
1.Como aplicar instrumentos individuais e coletivos de coleta de informações sobre a escola?
2.Como organizar as informações quantitativas e qualitativas?
3.Como interpretar as informações quantitativas e qualitativas geradas nos processos internos e externos de avaliação institucional?
4.Como elaborar relatórios sobre o processo de avaliação institucional vivenciando na escola?
5.Como aplicar instrumentos individuais e coletivos de coleta desinformações sobre a escola?
As informações coletadas não precisam ser apenas lidas, mas estudadas, comparadas. É preciso ter cuidado para não fazer leituras superficiais de informações, principalmente confiando cegamente no que os quadros estatísticos apresentam. É a analise contextual, que identifique as relações de causa e efeito, assim como a relação com outras informasses, que dará sentido aos números. Nossa postura será ter sempre cuidado de saber o porquê das informações não só quantitativas, mas qualitativas. Conhecer dados do respondente (não necessariamente a identidade nominal) permite que se compreenda determinadas respostas oferecendo uma leitura mais criteriosa.
As informações quantitativas são importantes como precursoras para o inicio de uma visualização do processo e para que façamos comparações de forma mais objetiva, sem, no entanto perder de vista a subjetividade inerente ao gênero humano e a sua existência. As informações qualitativas são ricas de relações e nos permitem penetrar na complexidade dos fatos sociais. As informações quantitativas são coletadas por meios de questionários e de perguntas fechadas. Para sua organização são utilizadas tabelas e gráficos.
As tabelas permitem visualizar o número e a percentagem de respostas de cada alternativa da pergunta. A totalidade das respostas, se estas forem excludentes, sempre será o número total de resplendentes, o percentual de 100%. As tabelas permitem a visualização das respostas de todos os segmentos e a consistência das afirmações dos respondestes. Os resultados totais servirão par uma comparação final de cada avaliação geral na escola.
Uma tabela bem elaborada oferece condições para a elaboração de um gráfico. Outro instrumento importante para as organizações de informações é os gráficos. Permitem, além de compreender proporções quantitativas, oferecer condições para que todos possam compreender de forma mais visual. Podem ser de diversas modalidades.
Em caso de valores numéricos basta apenas calcular médias e em se tratando de dados qualitativos (conceituais) pode-se analisar a predominância de determinado dado. Os dados qualitativos, coletados por meio de questões abertas também deverão ser agrupadas pelas categorias de analise, estabelecidas pelo grupo de trabalho. A pessoa que está organizando deve fazer uma síntese do pensamento, agrupando todas as idéias semelhantes. Vale lembrar que similaridade não é exatamente igualdade. Dependendo da origem e circunstância uma informação poderá assumir diferentes sentidos. As informações qualitativas registradas em entrevistas, observações reuniões precisam ser organizadas e cruzadas por aspectos.
Concluída a coleta de dados e sua síntese, é preciso construir um relatório. O relatório é um valioso instrumento de registro de um processo de construção coletiva. Nele deverão estar contidos os dados essenciais coletados durante a avaliação, num esquema apropriado ao desenvolvimento do processo, mas com escrita simples e clara para facilitar a divulgação dos resultados e o estabelecimento de planos de ações.
4. Usar os resultados da avaliação institucional
Definida a estrutura logística e metodológica da avaliação institucional é preciso transcender. É correto afirmar que o sucesso da avaliação depende de termos claros os porquês, os para que e os como. A partir daqui trabalharemos a idéia do para que, isto é, como podemos usar os resultados de processos de avaliação.
Inicialmente há que se dizer que todos os dados deverão ser considerados. Não há como hierarquizar dados e valores, apenas organiza-los de forma a facilitar sua utilização. Isso porque de acordo com CHIZZOTTI (1998, p. 84) “na pesquisa qualitativa todos os fenômenos são igualmente importantes e preciosos: a constância das manifestações e sua ocasionalidade, a freqüência e a interrupção, a fala e o silêncio”. Um dado que por si só pode parecer insignificante, noutro momento poderá fazer a diferença, pela sua contextualidade, historicidade e eticidade.
Uma atividade que precede a interpretação dos dados e as possíveis ações a desenvolver é perceber a receptividade do processo avaliativo. Como fruto desta análise pode-se chegar a várias conclusões:
1.A avaliação foi útil, pois apontou dificuldades;
2.Você e sua equipe tem conhecimento e competência para identificar suas causas;
3.Você e sua equipe toma os resultados da avaliação como subsídio para a tomada de decisões, isto é, para formular ações com vistas à superação das dificuldades;
4.A avaliação comprometeu a equipe envolvendo-a com a instituição;
5.Durante o processo foi possível imprimir um caráter ético ao ato educativo;
6.A avaliação permitiu a (re)construção do PPP com elementos inovadores;
7.O processo avaliativo permitiu (trans)formar a identidade da escola, oferecendo informações diferenciadas e peculiares;
8.Foi possível identificar mazelas que impedem a melhoria da qualidade do processo de aprendencia na instituição;
9.Houve um despertar em favor da promoção do ser humano no contexto escolar;
10. A avaliação tornou-se então, instrumento de (auto)(trans)formação das ações e propósitos institucionais.
Neste sentido é importante detalhar o desenvolvimento dessas ações com cuidado, par que se levem em conta tudo o que é necessário: quem são os responsáveis pela mobilização da comunidade? Quem vai coordenar as ações propostas? Quais os prazos? Quais os resultados esperados? Não basta apenas determinar os resultados, mas é fundamental que se construa uma proposta (inserida no PPP da unidade) de continuidade e dinamicidade. Outras avaliações acontecerão diuturnamente para que se possa (re)construir e (trans)formar continuamente a realidade.
Não há porque parar para reiniciar o processo, apenas inseri-lo no contexto e construí-lo permanentemente. Isso nos remonta aos dizeres de DEMO (2001, p.18) ao afirmar que “vida extensa é a que dura muito, vida intensa é aquela que vale a pena viver. Melhor ainda seria combinar ambas. Isso realça outra marca da intensidade que é sua processualidade”. Trata-se de uma associação entre quantidade e qualidade gerando algo maior: processualidade que consiste na perspectiva de constante (re)construir.
Imprime-se também um caráter essencialmente ético no momento de se aplicar o novo. Não se trata apenas de aplicar a título de testes, mas no sentido de dar melhor sentido ao que se pretende fazer no contexto escolar. O ser humano haverá de ser objeto de ação contínua para que este possa se sentir dignamente acolhido. Assim para FREIRE (1996, p.20) “é no domínio da decisão, da avaliação, da liberdade, da ruptura, da opção, que se instaura a necessidade de ética e se impõe a responsabilidade. A ética se torna inevitável e sua transgressão possível é um desvalor, jamais uma virtude”. Como vemos não há outro caminho que conduza a um ambiente humano, senão a ética. Tudo o que a ameaçar poderá também representar uma ameaça ao ser humano e sua condição planetária.
Neste momento o envolvimento dos pais e os dirigentes do sistema de ensino é fundamental. Alem de terem este direito, tem também o dever de contribuir e participar ativamente do processo. Eles próprios são alvo da avaliação e mudanças de atitudes e posturas serão algo a ser galgado. Estrategicamente cada ação deverá ter definidos: cronograma, objetivos, ações, resultados previstos e avaliação permanente. Será uma construção permanente e determinada pela.
Além das dificuldades a avaliação apontará também sucessos. O desenvolvimento de novas teorias e práticas educativas e instrumentos legais contribuem para que a educação, se (re)construam permanentemente no desenrolar da história. Diante disto há que se considerar esta evolução e reconhece-la como progenitora de toda a discussão que se tem em relação a questões como avaliação institucional. Assim encontraremos coisas que funcionam bem e trazem bons resultados. A escola atual, tomada de problemas, mazelas e dificuldades é a mesma que se vê discutindo inclusão, humanização e revisão permanente de currículos e metodologias, instituição de órgãos representativos e deliberativos que compartilham a gestão da instituição. Assim faz necessária uma possibilidade de visibilidade maior para que possamos vislumbrar para além de nossos olhos...
A reflexão e o debate com seus colegas ajudam na seleção de ações para disseminar as situações positivas que existe na escola. As experiências de aprendizagem colaborativa podem ser interessantes para reforçar a responsabilidade individual e coletiva. Se o grêmio, um jornal da escola, o esporte escolar, projetos de ecologia existem torna-se um compromisso faze-los instrumento de ação social e educativa, garantindo a instituição um caráter cidadão. Para ASSMANN (1998, p. 65)