02/04/2024

AVALIAR PARA SUPERAR DIFICULDADES

Unnamed

Eliete Catarina Vieira

Pedagoga. Especialista em Ed. Infantil, Alfabetização e Letramento. EMEF Novo Horizonte - Primavera do Leste, MT.

Maristela Ferreira de Freitas Viana

Pedagoga. Especialista em Psicopedagogia Educacional e Clínica, Português e Literatura. EMEI Mundo Encantado - Primavera do Leste, MT.

Ângela Cristina Busanello Caetano

Licenciatura Plena em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Educacional. EMEI Mundo Encantado - Primavera do Leste, MT.

Marli Schilling Bernardes

Licenciatura em Normal Superior. Especialista em Psicopedagogia Institucional na área da educação. Pós graduação em ABA - Análise do  Comportamento Aplicada. EMEI Rosidelma Allmeida Ferraz - Primavera do Leste, MT.

Graciene Paula de Arruda Souza

Especialista em Neuropsicopedagogia e Coordenação Pedagógica. EMEI Mundo Encantado - Primavera do Leste, MT.


      Nas últimas décadas, a atenção dos educadores, dos políticos e da sociedade voltou-se para a dimensão social e política da avaliação por representar, muitas vezes, práticas incompatíveis com uma educação democrática. Intensificaram-se, a partir deste momento, os estudos e as pesquisas na área.

      As discordâncias em torno dessa prática ocorrem em paralelo à discussão sobre as finalidades da escola, que parecem não atender aos problemas sociais e que corre o risco de educar os alunos até mesmo para uma ultrapassada visão do presente. Diz Morin (2000, p. 84):

Nova consciência começa a surgir: o homem, confrontado de todos os lados às incertezas, é levado em nova aventura. É preciso aprender a enfrentar a incerteza, já que vivemos em uma época de mudanças em que os valores são ambivalentes, em que tudo é ligado (MORIN, 2000, p. 84).

      No âmbito da educação brasileira, as questões debatidas em avaliação, os preceitos expressos nos documentos legais, e as novas experiências desenvolvidas em várias regiões do país, expressam igualmente essas tendências universais. Estudiosos contemporâneos (Arroyo, Demo, Estrela, Hadji, Luckesi, Macedo, Perrenound, Vasconcelos, Zabala e muitos outros) apontam, em uníssono, a preocupação em superar o viés positivista e classificatório das práticas avaliativas escolares, retomando-as em seu sentido ético, de juízo de valor, de respeito às diferenças, de compromisso com a aprendizagem para todos e a formação da cidadania (HOFFMANN, 2001).

      Para Hoffmann (idem), os estudos contemporâneos, em relação à avaliação da aprendizagem, apontam novos rumos teóricos, tendo como diferencial básico o papel interativo do avaliador no processo, influenciando e sofrendo influências do contexto avaliador. O que passa a conferir ao educador uma grande responsabilidade, por considera-lo comprometido com o objeto da avaliação e com a sua própria aprendizagem do processo de avaliar. Mudanças da avaliação, nas escolas, precisam levar em conta tais tendências. Os professores, ao inovar em suas práticas, devem estar conscientes das concepções que regem suas ações. A sua credibilidade profissional está em jogo, porque toda a sociedade passa a contestar os parâmetros da avaliação educacional.

      Os processos avaliativos tendem a adequar-se aos novos rumos, com práticas sendo repensadas pelos professores nas salas de aula, estudos e pesquisas desenvolvidos pelos teóricos nas universidades. Programas de qualificação segundo Hoffmann (2001) passam a exigir o engajamento de cada professor nessa discussão, pois os ensinamentos teóricos e a apresentação de novos preceitos metodológicos não irão garantir, por si só, a compreensão e a tomada de consciência sobre concepções formativas e mediadoras em avaliação, cujo significado revela uma alteração radical de sua finalidade.

      É preciso um esforço coletivo para delinear os caminhos da avaliação educacional, na direção do seu significado ético de contribuição à evolução da sociedade. A compreensão dos novos rumos exige a reflexão conjunta pelos avaliadores e todos os envolvidos. Essa compreensão é um compromisso a ser assumido coletivamente, “compreender significa [...] incluir, necessariamente um conjunto de empatia, de identificação e de projeção. Sempre intersubjetiva, a compreensão pede abertura, simpatia e generosidade” (MORIN, 2000, p. 94-95).

      A medida que os estudos apontam para o caráter interativo e intersubjetivo da avaliação, alertam também para a essencialidade do diálogo entre todos os que fazem parte desse processo, para a importância das relações interpessoais. Cavalcanti Neto e Aquino (2009, p. 225) destacam que “na avaliação não se julga nem classifica, mas, sim, se diagnostica e se intervém em favor da melhoria dos resultados no desempenho dos educandos”. Esta postura diante o processo avaliativo é capar de diminuir a evasão escolar, pois o aluno conseguirá desenvolver esta proposta comprovando a aprendizagem dos conteúdos ministrados.

      Atualmente a aplicação de provas segundo Cavalcanti Neto e Aquino (2009, p. 232):

[...] têm por finalidade verificar o nível de desempenho do educando em determinado conteúdo e classifica-lo em termos de aprovação ou reprovação, por conceitos, notas ou algo semelhante. Manifesta-se, nesse contexto, uma prática seletiva, na qual aqueles que conseguem atingir os objetivos do professor são incluídos e os demais são excluídos (CAVALCANTI NETO; AQUINO, 2009, p. 232).

      A prática avaliativa precisa respeitar o processo de ensino e aprendizagem do aluno e não considerar o resultado de uma prova como resultado final de sua aprendizagem perante algum conteúdo ministrado. Hoffmann (2001) alerta para os estudos contemporâneos sobre a diferença entre pesquisar e avaliar em educação. Para tal autora a pesquisa relaciona-se com a obtenção de informações e a análise destas ao passo que o avaliar refere-se não somente ao observar, compreender ou explicar uma situação, mas sim em proporcionar melhorias em relação a este tipo de ação.

      Para ela [Hoffmann], compreender as novas tendências é o princípio mais importante a se considerar, pois ele alerta para a finalidade da avaliação em relação às práticas classificatórias, seja de aprendizagem do aluno, seja de um currículo ou programa. É essencial destacar esse ponto porque as principais mudanças em avaliação dizem respeito à finalidade/objetivo dos procedimentos avaliativos. Ainda é possível observar que muitas escolas e universidades iniciam processos de mudança alterando normas e práticas avaliativas, ao invés de delinear, com os professores, princípios norteadores de suas práticas.

      Luckesi (2005 apud Cavalcanti Neto e Aquino, 2009) afirma que o processo avaliativo precisa diagnosticar para encontrar soluções mais adequadas para dificuldades identificadas e não representar uma ameaça ou castigo. O avaliador precisa fazer referência à realidade do educando para conseguir transmitir um ensino de qualidade, ou seja, o aluno precisa identificar o significado do que está estudando, conseguir associar a sua realidade e consequentemente construir sua aprendizagem. Torna-se necessário compreender que o educador precisa ter compromisso constante com a educação e consciência em todas as intervenções e ainda promover flexibilidade no relacionamento com os seus educandos.

      No que tange a aprendizagem, a avaliação não pode ter como único objetivo a verificação e o registro de dados do desempenho escolar do educando, mas a observação permanente das manifestações de aprendizagem escolar do educando, mas a observação permanente destas manifestações para proceder uma ação educativa capaz de aperfeiçoar os percursos individuais, pois toda construção do conhecimento que o educando conseguiu não pode ser resumida em uma avaliação parcial e às vezes incoerente com aquilo que o aluno presenciou até aquele momento, por isso o educador precisa estar atento ao resultado destas avaliações e até mesmo na postura do aluno durante a prática de ensino para ajuda-lo e não desmotiva-lo durante o processo de ensino e aprendizagem.

      Hoffmann (2001, p. 18) afirma que a:

[...] avaliação na visão dialética do conhecimento implica o princípio de historicidade: o conhecimento humano visa sempre ao futuro, à evolução, à superação. Assim, destina-se a avaliação mediadora a conhecer, não apenas para compreender, mas para promover ações em benefício aos educandos, às escolas, às universidades (HOFFMANN, 2001, p. 18).

      O educador precisa se conscientizar que a prática avaliativa pode transformar-se no sucesso ou no fracasso do aluno e sua participação precisa ser sempre positiva e contribuir para a construção do conhecimento do mesmo. Por isso,

[...] uma vez que os percursos individuais serão mais ou menos favorecidos  partir de suas decisões pedagógicas que dependerão, igualmente, da amplitude das observações. Pode-se pensar, a partir daí, que não é mais o aluno que deve estar preparado para a escola, mas os professores e as escolas é que devem preparar-se para ajustar propostas pedagógicas favorecedoras de sua aprendizagem, sejam quais forem seus ritmos, interesses ou singularidades (HOFFMANN, 2001, p. 18).

      Avaliar para promover significa compreender a finalidade dessa prática a serviço da aprendizagem, da melhoria da ação pedagógica, visando à promoção moral e intelectual dos alunos. O professor assume o papel de investigador, de esclarecedor, organizador de experiências significativas de aprendizagem. Seu compromisso é o de agir refletidamente, criando e recriando alternativas pedagógicas adequadas a partir da melhor observação e conhecimento de cada um dos alunos, sem perder a observação do conjunto e promovendo sempre ações interativas.

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