12/06/2019

Beijo da Morte

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Não precisamos ser formados em História, Filosofia ou até mesmo Antropologia para entendermos o quão suja é a política, em especial a política brasileira.

            Uns a chamam do beijo da morte, pois o poder que ela proporciona, faz a pessoa buscar qualquer meio para se manter no seu topo, e isso me remete aos livros que já li, e um em particular que se chama O Príncipe, escrito por Maquiavel. Este livro talvez seja um livro de cabeceira para alguns políticos que querem chegar ao topo da pirâmide social.

            Dito isso, percebo que com o passar do tempo, as idéias de Maquiavel não são nada comparadas com os estratagemas políticos de hoje, o que me remete a outra grande obra que é A Arte da Guerra de Sun Tzu. Estes personagens não são nada comparados com o que temos no Brasil.

            Vale lembrar que este texto não é contra partido A ou B, apenas uma forma esclarecedora de mostrar um lado que muitos desconhecem, seja por fanatismo que beira a imbecilidade ou por falta de discernimento o que é agravado pela má qualidade da educação pública.

            Primeiro precisamos perceber que a educação é a chave mestra para resolver se não todos, mas a grande maioria dos problemas sociais, já que a mesma, como dizia Durkheim é um fato de tudo.

            Longe de pleitearmos a paideia, que seria a educação perfeita, mas a nossa educação tinha que pelo menos, dar autonomia intelectual a nossos alunos.

            Giles (1983, p. 27) é enfático em sua obra Filosofia da Educação, publicado pela EPU, ao falar que educar é alcançar a pessoa naquilo que lhe é mais específico, no seu ser humano, isto é, na sua intelectualidade, na sua afetividade, nos seus hábitos para levá-lo a realização de um ideal.

            Para o autor, o educar deve levar o educando à consciência, e estas falas convergem com a de Freire em sua obra Educação como Prática da Liberdade, publicado pela Paz e Terra em 2003. Para Freire o conscientizar não significa ideologizar, pois a conscientização é uma forma para abrir caminho à expressão das satisfações sociais.

            Ainda Freire, porém na sua obra Educação e Mudança, publicada pela mesma editora acima no ano de 1979, esclarece que a educação não pode ser restritiva, pois se assim for, estaremos apenas domesticando e não educando, já que a educação tem a função de transformar o educando. A domesticação é a negação da educação.

            Para Morin, no livro Pedagogia Dialógica, publicado pela Cortez em 2002, a educação tem que mostrar que não há conhecimento que não esteja em algum grau, ameaçado pelo erro da ilusão, o que reforça as falas de Kant, quando enfatizava que nossos sentidos nos enganam, já que o mundo real é apenas uma representação interna gerada pela mente, que no caso da maioria, é uma mente totalmente desprovida de intelecto.

            Percebendo assim a verdadeira função da educação, podemos perceber o quanto estamos sendo enganados.

            A política brasileira sempre foi corrupta, e isso ocorre desde o descobrimento do Brasil. Nosso país nunca foi colonizado, pois a intenção dos portugueses não era colonizar, apenas roubar as riquezas destas terras e encher os cofres portugueses custando assim o sangue e vida dos nativos, e depois dos negros.

            Com a vinda da Família Real ao Brasil por medo de enfrentar Napoleão, é que os planos mudaram. Resolveram então colonizar e obviamente, quando eles retornaram a Portugal, simplesmente levaram todo dinheiro dos cofres públicos deixando um grande rombo na nação. A corrupção era gritante e roubalheira era algo corriqueiro.

            Na nossa história política tivemos revoluções, golpes, traições, mas nada se compara com o que tem acontecido atualmente.

            O cotidiano político do Brasil hoje ressalta as falas de Hobbes quando afirmava que "o homem é lobo do homem".

            Como disse anteriormente, Sun Tzu e Maquiavél se estivessem vivos hoje, seria interessante fazerem um curso com nossos políticos para aprenderem as nuances da política.

            Isso mostra a importância da nunciopolítica e do planejamento estratégico para iludibriar o povo.

            É sabido que a política hoje representa o câncer da sociedade tendo como tumores os políticos, agora imaginar isso da justiça, ceifa qualquer sonho de mudança.

            Vamos falar por parábolas, e qualquer semelhança é mera coincidência. Era uma vez um povo cansado da opressão, mas como a educação em tal época tinha o intuito de domesticar, quando houve a oportunidade deste povo escolher o seu representante, ele o escolheu mal, mas se analisarmos, foi um mal necessário, pois tal escolha nos traria amadurecimento, já que teríamos outras oportunidades.

            Infelizmente todas elas foram escolhidas de forma equivocada, deixando-se iludir por discursos fundados em demagogias, mas isso apenas mostrava que o povo ainda não havia atingido a sua autonomia intelectual.

            Vieram outras oportunidades e o povo escolheu alguém que veio da base da pirâmide. Alguém que sofreu com a seca, a fome e outras intempéries, entretanto, o poder cegou seus aliados e estes se deixaram corromper, o que é típico do ser humano, pois já dizia Públio Terêncio Afro em sua frase em antes de Cristo: "Homo sum: nihil humani a me alienum puto". O autor morreu em 159 a.C. e tal frase foi repetida por alguns escritores e poetas e sua tradução ficou "Sou homem: nada do que é humano me é estranho".

            E realmente o homem é falho, mas a justiça não pode ser. Ela tem que ser perfeita para que o a humanidade prospere e não se afunde na lama e na podridão da corrupção.

            Eis que surge uma luz. Um jovem juiz disposto a moralizar o país com sua imparcialidade e sem temor a perseguições políticas, pois este tinha a consciência de que a justiça teria que prevalecer.

            Mero engano. Este salvador da pátria deixou-se afundar nesta podridão, flexibilizando suas próprias opiniões e aplicando a justiça de forma enviesada, trazendo assim alguns questionamentos como: Será que sua atitude foi baseada em uma encenação? Será que o planejamento para o partido X chegar ao poder foi tão estratégico assim? Será que o cargo que este juiz ocupa no governo hoje é fruto desta falha de justiça? Será que isso não pode ser encarado com um golpe muito bem arquitetado e sem precedentes?

            Como disse, esta metáfora é para as pessoas entenderem e perceberem que a política no país nunca priorizou o povo como deveria priorizar uma democracia que nada mais é que o governo do povo, pelo povo e para o povo. E que a justiça nunca foi justa, e por isso, muitos querem desacreditar Paulo Freire, justo ele que tanto lutou para mostrar que a verdadeira educação deve ser libertadora e fazer com que o educando desenvolva em si uma consciência crítica, mas na atual conjuntura, o povo alienado é bem melhor para engolir este escândalo.

            Cabe ressaltar que este texto é apenas uma forma esclarecedora de mostrar uma realidade que muitos teimam em não ver e que outros por mais que queiram ver, não atingiram a autonomia intelectual para tal.

            Faz todo sentido o atual governo querer colocar as faculdades de humanas no ostracismo e denegrir a imagem de pessoas que trilham por esta seara. Afinal de contas, pensar incomoda, fazer pensar incomoda muito mais. Dito isso, podemos perceber que não foi a toa que Sócrates foi condenado a tomar cicuta, tendo como um dos motivos corromper os jovens através de suas atividades filosóficas.

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