15/06/2015

Brasil e Portugal: Países Distantes e Problemas Similares

            Ao analisarmos a história de nosso país, poderemos perceber que a então Terra de Santa Cruz era apenas um antro de Portugal para mandar suas escórias para cá e assim poder explorar e roubar tudo que lhe fosse capaz, inclusive a dignidade de nossos nativos.

            Foi em um ato de “covardia” do então Dom João VI fugindo do domínio de Napoleão sobre Portugal, foi que o Brasil começou a ser o que é, e este Rei, simplesmente veio com toda sua corte corrupta instalar-se em nosso país. Corte esta composta por ministros, conselheiros, juizes da Corte Suprema, funcionários do Tesouro, membros do alto Clero e outros mais que compunham a elite portuguesa, deixando para trás todo um povo para ser massacrado pelo então conquistador francês, mas ele simplesmente não saiu de seu país com sua corte apenas com as roupas do corpo, eles levaram tudo que era possível e fizeram o mesmo quando retornaram a Portugal, deixando os cofres brasileiros simplesmente vazios.

            Esse singelo texto não tem o intuito de narrar uma história muito esquecida pela então educação pública, mas apenas para mostrar pontos comuns entre Brasil e Portugal, pois ambos enfrentam problemas com a corrupção e a má educação oferecida a seu povo, visto que poderemos perceber de acordo com um ranking levantado pela  OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) da educação em 36 países, Portugal fica em 32º e o Brasil em 35º e em um ranking de corrupção mundial, o Brasil está em 69º e Portugal em 33º o que dá o título de um dos países mais corrupto da Europa, mas precisamos perceber as dimensões entre estes países, o que não justifica. O fato é que pegaremos a Finlândia como excelente exemplo.

            A Finlândia é um país sem muitos recursos naturais e de acordo com uma declaração levantada pela então presidente Tarja Kaarina Halonen (2002 – 2012) na época, foi ressaltado por ela que

somos um país pobre, que não tem ouro. O recurso que temos é o nosso povo. Assim, investimos no nosso povo. Toda a pessoa tem de receber formação, educação, para ir tão longe quanto a sua capacidade permitir. Um povo educado elegerá dirigentes honestos e competentes. Estes escolherão os melhores assessores. Com um povo inculto acontece exatamente o inverso. Um povo educado não tolera corrupção. Um povo educado sabe muito bem distinguir um discurso sério de uma verborreia demagógica.[1]

 

            Com isso, de acordo com o ranking levantado pela  OCDE, a Finlândia ocupa a 1ª posição na educação, e na corrupção, ela está no 3º país menos corrupto. Essas informações apenas reforçam as falas da ex-presidente Tarja, ou seja, a educação será a chave mestra que abrirá muitas portas para a evolução de uma nação, e que essa cresça com dignidade sem se contagiar pelo câncer da corrupção que corrói a sociedade.

            Observa-se então que quanto maior o investimento na educação, menor será a corrupção no país, pois a Finlândia destina 6% de seu PIB a educação.

            Brasil e Portugal são países distantes, separados pelo Oceano Atlântico, mas com coisas em comum além da língua, que são corrupção e uma educação de má qualidade.

            Cabe aqui um questionamento: O fato do Brasil ter sido explorado e usurpado por Portugal e também ter recebido sua escória de sociedade o fez tão semelhante em tais problemas? Será que é uma herança maldita?

            O intuito aqui não é fomentar a Lei de Godwin. Para Mike Godwin, à medida que cresce uma discussão, a probabilidade de surgir uma comparação envolvendo Adolf Hitler ou nazismo é certa, ou seja, não precisamos inflar os ânimos apenas refletirmos e traçarmos novas metas para nossa educação pública tão cambaleante.

            Temos um país maravilhoso, com vasta riqueza natural, um povo encantador e trabalhador, enfim, todas as variáveis possíveis para uma equação perfeita de forma e elevar o PIB e o IDH de nosso país. Infelizmente, no meio dessas variáveis nesta equação formada por somas, subtrações, divisões e multiplicações, temos a variável educação que ao entrar nessa operação multiplicando, resultará em zero ou tendendo a zero, isso porque existe um princípio matemático que nos mostra que uma multiplicação por zero dará resultado zero, ou seja, precisamos valorizar cada vez mais a educação para que a resultado seja mais promissor.

            Apesar das palavras corrupção e educação rimarem, as mesmas são totalmente opostas, pois quanto mais educação de qualidade o povo tiver, menos corrupto o país terá, isso porque o povo não se deixará iludir por incontinências verbais alicerçadas por demagogias  oferecendo a este povo apenas esperanças, que neste caso se faz valer as palavras de Nietzsche citadas no livro A Caixa de Pandora (2010) pela Editora Icone e de minha autoria. Para Nietzsche, a esperança que é uma realidade, é o pior dos males, pois ela prolonga o tormento dos homens, ou seja, apenas ficamos esperando, na condição passiva, aguardando mudanças , em uma total inércia e alienação, abrindo mão de nosso protagonismo.

            Diante de uma educação de qualidade oferecida a nosso povo, educação esta que elevará o nosso cidadão ao protagonismo, conseguiremos fazer com que nosso país não seja uma referência negativa, e sim, passar a ser visto como um bom exemplo, como países que investiram na educação de seus jovens acreditando em um porvir  cada vez mais promissor.

 

[1]    Entrevista ao Valor Econômico e Folha de São Paulo em 6 de Setembro de 2007

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