04/12/2017

Brinquedoteca: Espaço Educativo Dinamizador do Processo Ensino E Aprendizagem

BRINQUEDOTECA: ESPAÇO EDUCATIVO DINAMIZADOR DO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM

               Ozinei dos Santos Chaves1                                                                                                                                       

RESUMO

O presente estudo objetiva compreender a brinquedoteca como um espaço educativo dinamizador do processo de ensino e aprendizagem. A metodologia adotada partiu de uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa. Para tal, utilizou-se do método de revisão de literatura por meio de leituras analíticas de textos e de artigos no sentido de respaldar e fundamentar essa pesquisa. As conclusões obtidas revelam que a brinquedoteca assume funções de: diagnóstico, ferramenta, recurso didático e pedagógico, contribui significativamente para a compreensão, assimilação e aproveitamento dos conteúdos. Além disso, promove o desenvolvimento da linguagem, da autonomia, da criatividade, da imaginação e favorece o desenvolvimento emocional, cognitivo e social da criança.

Palavras-chave: Brinquedoteca. Espaço educativo. Recurso Didático. Ensino. Aprendizagem

TOY: EUROPEAN EDUCATIONAL STIMULUS OF THE TEACHING AND LEARNING

ABSTRACT

The present study aims to understand the toys as a European education to foster the process of teaching  and learning. The methodology adapted was based on a literature review of qualitative approach. To this end, we used the method of literature review through analytical readings of texts and articles in order to support and justify this research.The conclusions obtained reveal that the toy assumes functions: diagnostics, tools, and educational teaching resource; contributes significantly to the understanding, assimilation and exploitation of content. It promotes language development, autonomy, creativity, imagination and promotes emotional, cognitive and social child.

Keywords: Toy. European education. Teaching Resource. Teaching. Learning

1 INTRODUÇÃO

          Atualmente, as escolas como instituições de ensino e os professores como mediadores e facilitadores dos processos educativos podem se servirem de meios e recursos que facilitam o processo de ensino e aprendizagem, e um deles está à utilização da brinquedoteca que se caracteriza como espaço educativo formal e não formal dinamizador desse processo, representando em sua essência "o mundo das crianças", principalmente por existir nesse espaço os brinquedos, os jogos e as brincadeiras tão presentes na vida e na rotina das crianças. Contudo, a principal finalidade desta obra é oferece um referencial de informações úteis e necessárias quanto à relevância desse espaço para aprendizagem, para a interação social e para a construção do conhecimento dos alunos das séries iniciais da Educação básica.

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1 – Pós-Graduando Lato Sensu em Docência do Ensino Superior pela Faculdade de Tecnologia Fase do Amazonas. Licenciatura Plena em Pedagogia com habilitação em (administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional) pela Faculdade Estácio do Amazonas. E-mail: ozinei.chaves@gmail.com. Telefone: (92)992174639/981586599.

           A fundamentação teórica que norteou esse estudo baseia-se em: Azevedo (2008), Cunha (2001, 2002, 2007), Santos (1997, 2007), Kishimoto (1993). Por se tratar de um referencial e de um embasamento teórico bastante rico de informações, a obra caracteriza-se por ser também bibliográfica, porque busca por meio destes teóricos a base de sustentação teórica dos conceitos e termos essenciais do tema da pesquisa.

          A grande parte das escolas não oferece um espaço lúdico que dinamiza as aulas e que ofereça a interação social das crianças. Essa pesquisa partiu das seguintes questões norteadoras: quais são as primeiras ideias que surgem quando pensamos sobre brinquedoteca? Qual a etimologia e contexto histórico da brinquedoteca? Como compreender a brinquedoteca sobre a ótica formal e não formal? Como a brinquedoteca poderá influenciar de forma positiva e significativa o processo de ensino e aprendizagem? A brinquedoteca pode ser utilizada como recurso didático nesse processo? E qual o papel do educador nesse espaço educativo?

2 AS PRIMEIRAS IDEIAS QUE SURGEM QUANDO PENSAMOS SOBRE BRINQUEDOTECA

          Quando falamos, pensamos e imaginamos brinquedoteca, as primeiras ideias que surgem são: espaço, criança, brinquedo, brincadeiras, jogos, interação, prazer, atividades lúdicas, atividade natural e espontânea. Logo, não paramos para analisar o quanto essas ideias remetem a facilidade da aprendizagem, a compreensão e assimilação dos conteúdos, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, a facilitação dos processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.

3 UM SOBREVOO NA ETIMOLOGIA E NO CONTEXTO HISTÓRICO DA BRINQUEDOTECA

         Etimologicamente a palavra brinquedoteca origina-se do ludus mais o grego theke, "caixa, lugar para guardar algo" (SITE DE ETIMOLOGIA). A história da brinquedoteca emerge no ano de 1934 nas chamadas brinquedotecas de Los Angeles Toy Loan. A propagação desse termo é facultada nos meados de 1960, principalmente nos países como Suécia, Inglaterra, Bélgica e França. Foi na Suécia que surge a chamada LEKOTEC (Luduteca) como a engrenagem de ampliar às famílias que tinham crianças com necessidades especiais. Em 1967 nasce os Toys Libraries (Brinquedotecas de brinquedos) na Inglaterra. A partir do Congresso Internacional de Toys Libraries na cidade de Toronto no Canadá em 1987 as discussões foram direcionadas à ideia de ampliar a função da brinquedoteca para enfoque educacional e terapêutico (UNIVERSO DA BRINQUEDOTECA).

            No cenário nacional a noção de brinquedoteca de amplia com o surgimento da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) na cidade de São Paulo onde foram desenvolvidas atividades de exposição de brinquedos pedagógicos. No ano de 1973 a própria APAE introduz o Sistema de Rodizio de Brinquedos e Materiais Pedagógicos que ficou estabelecido como Luduteca. É de ressaltar que na escola de Indianópolis na cidade de São Paulo em 1981 que se instaurou a primeira brinquedoteca como oficio da prática do brincar. Em 1984 instituiu-se a Associação Brasileira de Brinquedotecas – ABBRi (BRINKDSONLINE.COM.BR).    

4 COMPREENDENDO O CONCEITO DE BRINQUEDOTECA

           A brinquedoteca caracteriza-se como um espaço educativo onde são desenvolvidas atividades com o foco no desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo, assim como na aquisição e na construção do conhecimento de forma lúdica. Esse espaço pode ser considerado como um ambiente arquitetado, pensado e mobiliado de acordo com o mundo mágico das crianças, um lugar repleto de brinquedos, jogos e brincadeiras educativas, onde a criança brinca, e consequentemente, aprende ao mesmo tempo. Pode-se ser considerado um espaço que promove a interação da criança com o meio social, seus colegas e seus professores. A brinquedoteca deve ser encarada como se fosse um planeta, um mundo, um universo que gira em torno do imaginário, do mágico e do real das crianças.

          Na linha de raciocínio de Cunha (2001):

A brinquedoteca é um espaço criado para favorecer a brincadeira, aonde crianças (e os adultos) vão para brincar livremente, com todo estímulo à manifestação de potencialidades e necessidades lúdicas. E ainda “muitos brinquedos, jogos variados e diversos materiais que permitem a expressão da criatividade”. Desta forma a autora disserta que, a brinquedoteca propicia a construção do saber, sendo uma “deliciosa aventura, na qual a busca pelo saber é espontânea e prazerosa”. (CUNHA, 2001, p.15 e 160).

          Quando se valoriza a brinquedoteca como um espaço lúdico de aprendizagem, automaticamente percebe-se o quanto este espaço caracteriza-se como detentor de um papel fundamental para o desenvolvimento pessoal, social e cultural, além de colaborar para uma saúde mental para as crianças. Além disso, a brinquedoteca assume também como um poderoso auxiliar na construção da relação entre a criança e o adulto e, na própria relação da criança com as outras crianças.

          Segundo Santos (1997), “as brinquedotecas surgiram no Brasil nos anos 80, como um espaço criado com objetivo principal de possibilitar estímulos para que a criança possa brincar livremente”. Tanto anos se passaram desde seu surgimento e, que ainda hoje, a realidade de muitas escolas de educação infantil continua não oferecendo esse espaço de estímulos, de interação social e de desenvolvimento motor para as crianças.

          É de ressaltar que no ambiente da brinquedoteca ato de brincar está ligado diretamente ao ato de aprender. Por isso, que na brinquedoteca o “aprender brincando” é o fator determinante que vai caracterizar o exercício que faz desenvolver a linguagem, a imaginação, a criatividade e a potencialidade infantil. A brinquedoteca remete a ludicidade e que de acordo com Santos (2007, p.12), “a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão”.

         Cunha (2007, p.9) propõe a brinquedoteca com o objetivo de “alimentar a vida interior da criança”. A brinquedoteca assumiria em sua essência um caráter educativo e instrutivo porque permitiria a criança interagir através dos brinquedos lúdicos proporcionando com isso, à curiosidade, a imaginação, a capacidade de relacionamento, de comunicação e de cooperação.  Além disso, a brinquedoteca se tornaria um novo caminho para o aprimoramento e para o desenvolvimento da educação infantil.

          Além disso esse espaço lúdico influenciaria significativamente no processo de construção do conhecimento. Brincando a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades e além de promover um ambiente que penetre no âmbito da realidade, inclusive da realidade social. Sobre o aspecto lúdico e sociedade da brinquedoteca, Kischimoto (1993, p.110), nos diz que:

Brincando [...] as crianças aprendem [...] a cooperar com os companheiros [...], a obedecer às regras do jogo [...], a respeitar os direitos dos outros [...], a acatar a autoridade [...], a assumir responsabilidades, a aceitar penalidades que lhe são impostas [...], a dar oportunidades aos demais [...], enfim, a viver em sociedade.

          É no brincar e por meio da interação social com as demais é que a criança pode ser mais criativa e desenvolver um espírito cooperador tão importante para a vida adulta. É através do brincar que a criança libera e se liberta de suas emoções e, consequentemente, ela vai aos poucos se familiarizando com as diversas regras sociais e tomando também contato com experiências novas envolvidas no seio da escola e de sua comunidade.

         Nesse sentido, “a brinquedoteca é concebida como espaço de animação sócio cultural encarregado de transmissão da cultura infantil, assim como do desenvolvimento da socialização, integração social e construção de representações infantis” (AZEVEDO/ Apud. KISHIMOTO, 1994).

         Outra finalidade pedagógica da brinquedoteca seria de caracterizar-se como um laboratório, de propiciar o diagnóstico inicial das dificuldades, habilidades, capacidades e progressões cognitivas das crianças. A partir deste diagnóstico, ela assumiria o papel de instrumento e recurso pedagógico que possibilitaria ao aluno tomar consciência de seus avanços, dificuldades e possibilidades.

        A brinquedoteca seria detentora de um papel na construção do conhecimento e de um papel fundamental no desenvolvimento da linguagem, de papeis sociais (fundamentais para a vida adulta da criança), no desenvolvimento emocional, cognitivo e social. Nesse sentido, a brinquedoteca ligada a uma função educativa e pedagógica importunará a aprendizagem do aluno, seu saber e sua compreensão de mundo.

5 ENTENDENDO A BRINQUEDOTECA SOBRE A ÓTICA FORMAL E NÃO FORMAL          

            A brinquedoteca pode ser entendida tanto do ponto de vista formal e não formal. Analisando de uma perspectiva formal elas se localizam no território das instituições de ensino formalizado, a saber, nas escolas públicas e privadas. É bem verdade que nem todas as escolas se orgulham desse espaço em suas dependências.

            Compreendendo a partir de uma ótica não formal as brinquedotecas podem ser concebida como um espaço não de aprendizagem porque se situa em ambientes fora dos domínios escolares. Nessa linha de raciocínio Kishimoto (1996) afirma que as brinquedotecas podem se de vários tipos, a saber: brinquedotecas mantidas por Organizações Filantrópicas; brinquedotecas para crianças portadoras de necessidades especiais; brinquedotecas em hospitais; brinquedotecas móveis; brinquedotecas em clínicas psicológicas, centros culturais, dentre outros.  

6 A BRINQUEDOTECA COMO RECURSO DIDÁTICO: O PROFESSOR COMO PEÇA CHAVE

           Sendo um espaço educativo potencialmente pedagógico, a brinquedoteca também assume a função de recurso didático porque o professor se utiliza dela no intuito de diagnosticar e trabalhar dificuldades e potencializando capacidades. Além disso, o docente poderá relacionar os conteúdos ministrados em sala de aula com os brinquedos, os jogos e as brincadeiras nesse espaço, além de instigar o raciocínio das crianças. É importante destacar que os brinquedos e jogos devem ser utilizados de acordo com cada faixa etária, aplicados com direcionamento, finalidade e muita responsabilidade até porque o professor deve aplicar e intervir nas atividades quando for preciso, sendo que cada jogo educativo tem seu objetivo particular.

          A brinquedoteca quando utilizada de maneira correta tem sua eficácia, que não seja apenas por passa tempo, diversão, fazer por fazer, ou até mesmo pela simples desculpa de prender a atenção dos alunos. Ela deve ser encarada de forma séria, é preciso que haja sempre um planejamento prévio, não que seja somente para preencher um "tempinho" que ainda resta na aula, ou porque o professor dessa ou daquela turma faltou.

         Porém, nesse espaço lúdico o educador é a peça chave, devendo ser encarado como elemento essencial e fundamental. E nele a tarefa de intervir de forma adequada nas atividades, visando sempre o resultado satisfatório, prazeroso e a busca de finalidades pedagógicas. “Nesse sentido, a formação do educador, a nosso ver, ganharia em qualidade se, em sua sustentação, estivesse presentes os três pilares: a formação teórica, a formação pedagógica e como inovação a formação lúdica” (SANTOS, 2007, p.14).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

           Diante dos estudos realizados acerca do tema em questão e das reflexões efetivas nesse artigo, fica clara a necessidade e o desafio de implantar nas escolas de educação infantil brinquedotecas, proporcionando com isso, uma melhoria na qualidade das aulas, no diagnóstico da aprendizagem, na compreensão, assimilação e aproveitamento significativos dos conteúdos.

          Com efeito, a brinquedoteca contribuiria para construção da sensibilidade, da imaginação, da criação, da curiosidade, além de contribuir para o desenvolvimento pessoal, social e cultural, para uma boa saúde mental e para a facilitação dos processos de socialização, expressão e construção do conhecimento de forma prazerosa e significativa.

           Dessa forma, a brinquedoteca além de promover o prazer de brincar quando em sua execução promoveria também, um espaço ligado a um objetivo pedagógico produzindo assim, uma alfabetização e uma aprendizagem mais autêntica, prazerosa, estimulante e significativa à prática educativa.

          Portanto, “a brinquedoteca tem uma mensagem a dar para a escola porque pode ajudar as crianças a favorecer um bom conceito de mundo, um mundo onde a afetividade é acolhida, a criatividade estimulada e os direitos da criança respeitados”. (CUNHA; In: SANTOS, 2002, p.2).

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Antônia Cristina Peluso de. Brinquedoteca no diagnóstico de intervenção em dificuldades escolares. Campinas, SP: Editora Alínea, 2008.

CUNHA, Nylse Helena Silva. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. 3 ed. São Paulo: Vitor, 2001.

________. A brinquedoteca brasileira. In: SANTOS, Santa Marli Pires dos (org). Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. 8 ed, Petrópolis, Vozes, 2002.

________. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. São Paulo: Araquariana, 2007.

KISHIMOTO, T. M. (Org). Jogo, brinquedos, brincadeiras e educação. São Paulo: Cortez, 1996.

ORIGEM DA PALAVRA – SITE DE ETIMOLOGIA. Disponível em: <http://www.origemdapalavra.com.br/site/palavra/brinquedoteca>. Acesso em: 02 jul de 2016.

SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

________.O lúdico na formação do educador. (org). 12 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

<http://www.brinkdsonline.com.br/blog/quando-surgiu-a-primeira-brinquedoteca>. Acesso em: 02 jul de 2016.

<http://www.universodacrianca.vilabol.uol.com.br/conhecendoabrinquedoteca.html>. Acesso em: 02 jul. 2016.

 

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