18/11/2019

Camaleões Sociais na Educação Pública

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

            Muitos acreditam que a hipocrisia é uma máscara usada apenas nos políticos, todavia, a educação também tem seus hipócritas, e pasmem, com muita representatividade.

            Interessante primeiro perceber como funciona a psicologia humana para depois analisarmos o que seria ou não um comportamento falso, ou como muitos denominam, camaleões sociais.

            Duas de minhas obras que são Docência: um Momento Reflexivo, publicado pela ìcone em 2007 e Gestão Pedagógica: Gerindo Escolas Para Cidadania Crítica, publicado pela WAK em 2009 falam sobre a Janela de JOHARI, que foi trabalhada por Joseph Luft e Harryy Ingra em 1961.

            Para estes estudiosos, é uma técnica que possibilita uma melhor conceituação do processo de percepção do próprio indivíduo em relação a si e aos outros, e se baseia em quatro Eus.

            O Eu aberto é conhecido por todos, seja pelo próprio indivíduo e pelos que os cercam e estão neste eu todas as características que lhes são predominantes, como modo de falar, agir, habilidades. É um eu totalmente exposto.  

            O segundo Eu é o cego, ou seja, ele recebe este nome porque é observado apenas pelas pessoas e desconhecido por nós mesmos. É nele que é manifestada a ansiedade além das tensões e agressividade. Interessante perceber que ele se baseia em uma projeção, ou seja, as características que mais criticamos nos outros, são as mais destacadas em nós mesmos.

            O eu secreto é o eu escondido por nós para que os outros nunca saibam e se decepcionem. Este eu causa conflitos de personalidade.

            Por último temos o eu desconhecido, ou seja, nem os outros e nem nós mesmos sabemos e há grandes chances de algumas características jamais se manifestarem.

            Vale ressaltar que sempre estamos lidando com estes Eus, o problema maior é lidar com o que muitos denominam de camaleões sociais. Este conceito extrapola as ideia de JOHARI e se trata até de um desvio de personalidade.

            Um camaleão social é uma pessoa que se passa por alguém que não é em um determinado contexto social e com intuito de agradar a todos, o problema é que a hipocrisia como desvio de caráter passa a ser a sua verdadeira essência.

            Estas pessoas são vis e fazem de tudo para ficarem bem vistas no seu meio, dito isso, não mede esforços para prejudicar os eu próximo e quando faz isso, em bom tom diz que não teve a intenção e que foi um equivoco ou falta de comunicação.

            É uma pessoa a qual sequer poderia ter uma função de gestor (a) porque destrói qualquer sinergia com o sistema administrativo e pedagógico.

            O problema é que estes camaleões são tão bons em camuflarem seus comportamentos que até os profissionais mais experientes na vida se deixam levar por sua manipulação, com isso, o número de profissionais de educação prejudicados cresce em forma de progressão geométrica e nada acontece, já que não foi intencional o seu ato em prejudicar o outro.

            A fila de desafetos aumenta progressivamente e este esteriliza qualquer vontade de seu corpo docente de mudar o sistema, já que a personalidade e o caráter do camaleão social é como uma neoplasia maligna no sistema que infecta os demais.

            Geralmente o camaleão social é uma pessoa infeliz pois vive um personagem que foge totalmente a sua característica e tem prazer em prejudicar o seu próximo, já que a autenticidade deste é uma virtude que ele desconhece completamente.

            Jean-Paul Sartre, filósofo, escritor e crítico francês deixava claro que  "aquele que é autêntico assume a responsabilidade de ser o que é e se reconhece livre para ser quem ele é". Dito isso, pode-se perceber que a essência da liberdade e sermos quem realmente somos, e a educação nos prepara justamente para sermos o que realmente somos.

            Desvio de caráter para estas pessoas é tão comum que o amor a profissão de educador de seu corpo docente o incomoda, pois o camaleão social desconhece a palavra profissionalismo, uma vez que ele ocupa o cargo não por meritocracia, mas sim por ser apenas um camaleão social.

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×