30/07/2019

Carreira Diplomática

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Antes de entendermos a importância de um embaixador, vamos entender o termo diplomata. Segundo o dicionário significados, diplomata é o mesmo que educado. Aquela pessoa que sabe lidar com outras pessoas, buscando esclarecer ou resolver situações problemáticas.

            O mesmo dicionário complementa que o cargo de diplomata é disponibilizado para qualquer um que preencha os requisitos: ser brasileiro nato, estar em dia com as obrigações eleitorais e militares, ter concluído o ensino superior e ser aprovado na prova de admissão organizada pelo Instituto Rio Branco, pertencente ao Ministério das Relações Exteriores.

            De acordo com o blog https://blog.clippingcacd.com.br/cacd/o-que-faz-um-diplomata/, o concurso citado acima conhecido como (CACD), tem um nível elevado acima da média e é um dos mais concorridos no Brasil.

            O blog supracitado resume a função do diplomata em três principais funções que são: representar o Estado brasileiro junto à comunidade internacional; negociar tratados e acordos que defendam os interesses brasileiros além de informar o governo brasileiro sobre os temas de interesse brasileiro no mundo.

            De acordo com Miriam Leitão  

Para chegar a assumir uma embaixada, o topo da carreira, o diplomata que sai do Instituto Rio Branco tem que atuar como 3º secretário, 2º secretário. Depois de 1º secretário, é conselheiro, ministro-conselheiro, embaixador. Nesse ponto da carreira, o diplomata começa a chefiar embaixadas menos complexas. Há inúmeras sutilezas, leis internacionais, convenções e códigos que precisam ser seguidos.

 

            Interessante perceber que qualquer um, desde que passe na prova citada acima pode ser um diplomata, entretanto, na atual política basta também ser filho de presidente, conhecer Donald Trump e "fritar hambúrguer nos EUA".

            Busquemos na história alguns embaixadores como Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo foi um político, diplomata, historiador, jurista, orador e jornalista brasileiro formado pela Faculdade de Direito do Recife. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Este personagem lutou contra escravidão, combateu um projeto de exploração do Xingu, defendendo os direitos dos indígenas.

            Ele desafiou a elite conservadora da época, que considerava a escravidão uma instituição indispensável ao desenvolvimento do Brasil.

            Em 1905 foi criada a embaixada do Brasil em Washington e teve como representante este ícone brasileiro[1].

            Outro representante de renome foi Roberto Campos, que além de escritor, foi economista, professor, político, formado em filosofia e teologia e seguiu a carreira diplomática depois de passar no concurso do Itamaraty.

            Como político foi um dos criadores do atual Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), participou do grupo que criou  o Banco Nacional da Habitação (BNH), Criou, em conjunto com outros, o Banco Central do Brasil, o FGTS e o Estatuto da Terra e foi um dos idealizadores da Petrobras[2]

            Com Walter Moreira Salles não foi diferente. Ele era banqueiro, empresário e diplomata. Ficou conhecido pela fama de conciliador em suas incursões diplomáticas e foi um dos negociadores da dívida externa brasileira na década de 1950, em três ocasiões, nos governos dos presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros.[3] 

            Tivemos outros com capacidade intelectual renomada e todos merecedores de um do posto mais importante na estrutura do Itamaraty, entretanto, hoje, temos um possível representante brasileiro que ressalta o nepotismo na política e que ao se justificar, Eduardo Bolsonario diz a frase que virou meme "já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer nos EUA", ou seja, com a atual política, não precisa mais passar no concorrido concurso citado acima, basta ser filho do presidente e ter feito hambúrguer nos EUA e como disse Miriam Leitão, " O fato de Eduardo conhecer Donald Trump não quer dizer nada".

            Aliás, muitos dão créditos a invenção do hambúrguer aos EUA, entretanto, este mérito pertence a tribo dos tártaros guerreiros dos séculos XII e XIII durante a invasão da Europa pelos mongóis.

            Estas tribos de acordo com Aventura na História, edição 194, julho 2019, eram formadas por guerreiros nômades oriundos das regiões da Rússia. Eles foram os responsáveis por moer carne dura e de má qualidade para torná-la mais fácil de digerir.

            Reza a lenda, de acordo com a Revista, que os tártaros antes de partirem para as missões exploratórias, colocavam a carne crua embaixo da sela dos animais, assim na hora de comer, o bife já estava feito uma pasta.

            Este tipo de carne, saboroso e rústico caiu nos agrados dos alemães que viviam em Hamburgo, tornando-se conhecido como "bife de carne moída", o que mudou para hamburg style steak (bife de estilo hamburguês) e com a entrada de imigrantes nos Estados Unidos e os primeiros americanos a provarem tal iguaria foram os marinheiros, e por estarem sempre ocupados, introduziram o bolo de carne no meio do pão para comer enquanto trabalhavam.

            Depois deste passeio pela história do hambúrguer, percebemos que o meme faz sentido, afinal de contas, "saber fritar hambúrguer" pode ser um diferencial para quem quer representar o Brasil em uma de suas embaixadas, já que dos personagens citados acima, provavelmente nenhum sabia fritar um hambúrguer como deve saber o nosso quase embaixador.

            E obviamente, o STF reforça que não é nepotismo nomear parente para cargos políticos, o que vai contra a própria definição de nepotismo já que é um termo utilizado para designar o favorecimento de parentes e amigos próximos em detrimento de pessoas mais qualificadas[4].

            Prevalece assim a meritocracia em se saber fritar um hambúrguer.

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