20/09/2021

Centenário de Paulo Freire

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente– www.wolmer.pro.br

 

De acordo com o Relatório Education at a Glance 2021 da OCDE (Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico), em relação a 40 países pesquisados, o Brasil é o país que menos valoriza o seu professor, e para agravar a realidade desta profissão que não mede esforços para oferecer o seu melhor, o Relatório enfatiza que o Brasil faz parte de um grupo minoritário que não destinou dinheiro para segmento algum do ensino, sendo que 65% a 78% das nações aumentaram o seu orçamento.

As afirmações acima são constatadas quando o Governo Federal veta para as escolas públicas, ajuda financeira para internet de alunos e professores e publica portaria que zera reajustes do Piso do Magistério em 2021,

A realidade com a educação é apenas um reflexo da política vigente. Uma política que em momento algum prioriza a educação de qualidade, que fomenta o sucateamento das instituições educacionais públicas e a desvalorização dos educadores com a afirmaçãode uma fala estulta de nosso governo federal dizendo que o excesso de professores atrapalha o país.

O que esperar da educação de um país que tem um presidente com uma fala tão vil assim?

Obviamente que no viés elitista e político existe um fundamento para tal dizer, já que os professores funcionam como mola propulsora do senso crítico e do protagonismo cognoscente, o que atrapalha a criação de cidadãos alienados, subalternos, domesticados e docilizados a aumentarem cada vez mais a massa de manobra e consequentemente os verdadeiros idiotas úteis.

Realmente os professores atrapalham os planos de alienação e manipulação da sociedade, e temos como exemplo, Paulo Freire, que sempre se indignou com a situação em que a educação brasileira se encontrava em sua época, afirmando que “não aceita expressões como a realidade é esta mesma”. Para o educador, nenhuma realidade tem que ser assim, pois toda realidade está submetida à possibilidade de nós educadores intervirmos nela.

Este educador representa o ícone de nossa educação e no dia 19 de setembro de 2021 o mundo homenageou o seu centenário, entretanto em nossa atual política, Paulo Freire é visto como inimigo da educação e tudo tentou para desconstruir sua imagem e seu legado.

Paulo Freire enfatizava que o professor tem o dever de não ser neutro, já que a educação tem que ser libertadora e para que isso aconteça, a neutralidade não pode existir.

Segundo Paulo Freire “Não basta saber ler que 'Eva viu a uva'. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho”, ou seja, cabe o professor instigar um pensamento crítico para que o educando pense, questione e seja um agente de mudanças sociais.

Quando se desenvolve o senso crítico, o professor passa mesmo a atrapalhar qualquer plano de manipulação do governo, o que justifica o ostracismo de Paulo Freire imposto pelos Ministros de Educação, sendo que este último ministro defende inclusive o castigo físico para crianças, tendo como fundamento uma citação bíblica: "Castiga o teu filho enquanto há esperança, mas não te excedas a ponto de matá-la”.

Realmente, pensamentos assim têm que ter Paulo Freire como inimigo da educação, e educadores que convergem com estes pensamentos, jamais foram ou serão educadores. Serão apenas adestradores pavlovianos (estímulo/resposta).

Nosso Patrono da Educação Paulo Freire foi tão atacado pelo governo atual que hoje, este governo está proibido pela justiça de atentar contra a sua dignidade, pois como disse Paulo Freire “sem a educação a sociedade não muda” e que possamos dar forças a seu legado e fazer de nosso sofrível educação pública uma educação libertadora.

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×