26/05/2020

Coerência na Educação

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

A coerência é uma palavra que deveria nos acompanhar diariamente, principalmente em nossos discursos, já que demonstra racionalidade, evitando assim contradições ou dúvidas.

Quando nossos discursos não condizem com nossas ações, temos então o antônimo de coerência que é incoerência, já que o que é falado, em momento algum é praticado pelo autor da fala.

Antes de adentrarmos na educação, peguemos como exemplo nossa atual conjuntura política, já que todo ato de educar é um ato político, comecemos então politizando este texto.

Neste ramo, a coerência é simplesmente olvidada, dando lugar a falácias, demagogias e discursos vazios que funcionam como verdadeiro canto de sereias, capazes de atrair e encantar qualquer marinheiro que o ouça e fazê-lo naufragar.  Este canto é representado metaforicamente ao poder de atração, fazendo as pessoas caírem sem resistência.

Assim sendo, as pessoas falam bonito, apontam dados e discursam com dedo em riste dando ênfase as suas falas preenchidas com falso moralismo desprovido de senso ético.

Dito isso, a incoerência toma lugar quando um político usa de um discurso demagogo dizendo querer acabar com a corrupção e este mesmo político faz uso do auxílio moradia que corresponde a R$ 4.253,00 (quatro mil, duzentos e cinquenta e três reais) conforme estabelecido no Ato da Mesa 3/2015, mesmo tendo residência própria na cidade em que se encontra o "parlamento" (câmara dos deputados e senadores) e receber este auxílio em espécie, sem precisar apresentar recibos e pior, fazer uso desta verba pública para financiar um imóvel próprio ou "sair" com as mulheres

Como também é incoerente pagar servidores com dinheiro público e confiscar em média de 40% de seus salários para ilegalidades.

Pode-se perceber que coerência é uma palavra sem significado no ramo político, pois fala-se em democracia e ao mesmo tempo querem calar as mídias além de não respeitarem opiniões contrárias.

Em contrapartida, a educação não nos permite ser incoerentes, pois precisamos ensinar aquilo que acreditamos ser verdade.

Obviamente, somos humanos e também cometemos nossos erros, entretanto precisamos levar nossos alunos a perceberem que a coerência deve acompanhá-los sempre.

 O próprio ato de educar, seja formal ou informal exige coerência. Não posso ensinar um aluno a não fazer uso de drogas (lícitas e ilícitas) sendo que sou usuário. Não posso ensinar o respeito ao próximo sendo que me coloco sempre com a razão e ignoro a opinião alheia.

Como os pais ensinam valores se não se colocam como verdadeiros exemplos?

Apesar de Chinoy elucidar em seu livro Sociedade: Uma introdução à sociologia, publicado pela Cultrix em  2006, que tanto a cultura mais lata quanto a escola influírem nos valores correntes dos estudantes, precisaremos dos pais como exemplos vivos, o que é complementado por Patias, Siqueira e Dias no artigo Bater não educa ninguém! Práticas educativas parentais coercitivas e suas repercussões no contexto escolar, publicado pela Educ. Pesqui., em 2012[1] ao afirmarem que os "pais e educadores influenciam em valores, comportamentos, habilidades e gostos, afetando, assim, a personalidade de cada criança"

 Aranha em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela Moderna em 1996 deixa claro que nós professores temos três aspectos importantes em nossa formação que são qualificação, formação pedagógica e formação ética e política. Na qualificação adquire-se os conhecimentos técnicos, científicos indispensáveis para o ensino de um conteúdo específico.

 A autora ainda esclarece que na formação pedagógica o senso comum é superado pela atividade do ensinar, que é realizada como uma atividade sistematizada e por último, na formação ética e política, o ato de educar parte de valores com o intuito de um mundo melhor.

 Observe que nós como educadores precisamos trabalhar em nossos alunos os quesitos ética e valores, então mesmo que nossos educandos não encontrem exemplos em seus lares para seguir, que possamos ser estes exemplos para que nosso educandos posam ter uma vida mais digna.

 

 

[1] Para mais informações vide https://www.scielo.br/pdf/ep/v38n4/13.pdf

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