20/06/2018

Colonialismo Ideológico

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

 Em novembro de 2015 fui convidado para ministrar duas palestras, no 1º Espaço Educação, Arte e Cultura tendo como organizadora a Prefeitura de Praia Grande. A primeira palestra foi sobre Docência: Formação, Desafios e Realizações e a segunda teve o tema Gestão do conhecimento e Educação Pública: da Massificação ao Protagonismo, sendo que a primeira teve como público docentes e a segunda, secretários e gestores.

Interessante é que no intervalo entre a primeira e a segunda palestra, o filho de uma amiga fazendo um trabalho de faculdade me fez o seguinte questionamento: Você acha que a mídia influencia o comportamento das pessoas? A resposta foi um sim de imediato seguido de vários exemplos, o que me inspirou a escrever algo sobre Educação e a Mídia para a Revista Gestão Universitária.

Ressalto que outro texto relacionado a mídia, também já foi publicado pela Revista Gestão Universitária em 2017, intitulado Os Meios Midiáticos e a Deseducação do Brasil. Observe que ambos estão ligados diretamente a educação.

Hoje, se a mesma pergunta me fosse direcionada, não precisaria fazer muitas citações acadêmicas, citaria apenas o Papa Francisco que é de um carisma encantador, sem ir para o viés religioso, pois aqui está sendo usada a sua cultura e conhecimento.

De acordo com o Papa Francisco, “os meios de comunicação têm uma responsabilidade muito grande. Hoje em dia, em suas mãos está a possibilidade e a capacidade de formar uma opinião. Podem formar uma boa ou má opinião”

Ele ressalta o perigo do colonialismo ideológico e também das imposições de padrões como pensamento único, a banalização do que é ético e a inversão de valores, valores estes que são a pedra angular de uma sociedade.

Para ele as ditaduras começam com a comunicação caluniosa. O mesmo cita o poder destrutivo da comunicação e esclarece que basta pensar na perseguição dos judeus no século passado, assim sendo, podemos pegar como exemplo o excelente filme “A Lista de Schindler” em que mostra a mídia comparando judeus com ratos saindo do esgoto.

O Papa Francisco faz sua reflexão na história de Nabot, no qual o rei Acab deseja conseguir a vinha de Nabot, oferecendo-lhe dinheiro o suficiente para comprar outra vinha até melhor, porém Nabot se recusa, pois, o terreno faz parte da herança do pai o que tem uma representatividade além do financeiro, assim sendo, sua perversa esposa Jezabel aconselha o rei a acusar Nabot de falsidade e matá-lo e assim tomar posse de sua vinha.

Nossas mídias são como Jezabel que caluniam com informações fora do contexto e alienam ainda mais o povo, já que este tem uma educação sofrível o que o deixa comprometido, já que o mesmo não tem conhecimento suficiente para ter discernimento.

Gallo em seu livro Ética e Cidadania publicado pela Papirus em 2003 ressalta que a “criação e o desenvolvimento de meios de comunicação cada vez mais potentes e abrangentes e o desenvolvimento da informática têm contribuído para que a alienação e a falta de criatividade e, consequentemente, a dominação sejam cada vez mais intensas”.

Jezabel são as mídias que se aproveitam desta alienação e imperam a dominação sobre o povo, manipulando a informação, derrubando governos, apoiando corruptos, tirando proveito da situação um momento aqui e outro ali e o povo, sem instrução, sem conhecimento e com esta educação estéril, torna-se cada vez mais servil e sem dignidade, aumentando exponencialmente o colonialismo ideológico.

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