01/12/2019

Concetualização de organização

Jorge Barros

Pós-graduado e Mestre em Administração e Gestão Escolar, Doutor em Administração e Gestão Educativa e Escolar, Professor no 2.º Ciclo do Ensino Básico no Agrupamento de Escolas Dra. Laura Ayres (ESLA), Quarteira

Vivemos numa sociedade de organizações, a que chamamos sociedade organizacional ou sociedade das organizações, das mais simples às mais complexas, cujo desempenho depende, cada vez mais, do seu funcionamento.

As organizações constituem desde sempre um dado incontornável na vida das sociedades modernas. É a partir das organizações que são fomentadas as atividades e as relações sociais. O quotidiano das pessoas é constituído por uma grande variedade de interações onde estão presentes outras pessoas, assim como as organizações.

O ser humano tem necessidade de viver em comunidade para atingir determinados objetivos, que de uma forma isolada e por si só não conseguiria, sendo esta uma das principais razões que leva ao nascimento das organizações.

O significado comum de organização pode apresentar-se como uma tarefa simultaneamente simples e complexa. Simples, se, perante a grande variedade de conceptualizações que a literatura da especialidade nos oferece, optássemos por utilizar uma delas. Já a expressão organização complexa é utilizada como significado de organização complexa burocrática e carateriza-se pelo elevado grau de complexidade na estrutura e nos processos devido ao grande tamanho (proporções maiores) ou à natureza complicada das operações (como acontece nos hospitais, nas escolas e nas universidades). Quando empregamos a expressão organizações complexas, referimo-nos ao nome que é dado às grandes organizações que apresentam caraterísticas burocráticas decorrentes do seu tamanho e complexidade. Este tipo de organizações, devido à sua dimensão e à sua estrutura organizacional complexa, apresenta caraterísticas burocráticas onde se torna mais difícil a convergência de esforços entre os departamentos ou entre as secções ou, ainda, entre uns e outras.

Têm sido inúmeras as propostas de definição de organização aventadas por diversos autores, diferenciando-se as mesmas consoante os seus pontos de vista ou a perspetiva que seguem. Uns acentuam mais os aspetos materiais e técnicos da definição, como o conjunto de equipamentos e de processos de transformação, de meios técnicos e financeiros, entre outros, e outros enfatizam mais a componente ativa e social do conceito, nomeadamente, o conjunto de pessoas organizadas e dotadas de objetivos.

As organizações podem ser definidas como unidades sociais (ou agrupamentos humanos) intencionalmente construídos, a fim de atingir objetivos específicos, que reúnem indivíduos e recursos, que interagem e se condicionam, integram racionalidades diversas e são transitórias e instrumentais por natureza.

Também se pode dizer que uma organização é um conjunto de indivíduos que interagem. O que fizerem com as suas relações definirá o que é a organização.

Igualmente se pode dizer que a organização é uma entidade social, conscientemente coordenada, gozando de fronteiras delimitadas que funciona numa base relativamente contínua, tendo em vista a realização de objetivos.

Qualquer definição de organização que se apresente deve consagrar os seguintes requisitos: ter pelo menos duas pessoas; haver entre elas relações de cooperação; ter uma atividade interna e uma ação com o exterior; encontrar-se diferenciada em funções, papéis e estatutos; possuir uma estrutura hierárquica; ter como pressuposto uma continuidade no tempo; e caraterizar-se pela existência de fronteiras.

Num outro plano, podemos afirmar que as organizações são ainda concetualizadas de formais e informais.

A organização formal não surge espontaneamente através da interação social, antes pelo contrário, é estabelecida com o propósito explícito de cumprir determinadas finalidades. Este tipo de organização é conduzido pelas práticas estabelecidas, por exemplo, pela empresa e por uma política empresarial traçada para atingir os objetivos dessa empresa. Apresenta ainda um caráter essencialmente lógico.

Já a organização informal concretiza-se nos usos e costumes, nas tradições, nos ideais e nas normas sociais. Este tipo de organização traduz-se por meio de atitudes e disposições baseadas na opinião e no sentimento. Engloba além da estrutura organizacional de órgãos, os cargos, as relações funcionais e os níveis hierárquicos, pode ser descrita como o conjunto de relações e padrões de comportamento dos membros de uma organização que não estão formalmente definidos e compreende a estruturação que não é necessariamente representada por um esquema ou por um organograma, mas que apesar de tudo existe.

As organizações são, na verdade, entidades dinâmicas e complexas e, como vimos, podem ser concetualizadas de diversas maneiras. Contudo, o conceito mais comum é aquele em que uma organização é definida como duas ou mais pessoas trabalhando juntas cooperativamente dentro de limites, para alcançar um objetivo ou meta comum. Nesta definição estão implícitos diversos aspetos, designadamente que as organizações são feitas de pessoas que trabalham juntas e em que as organizações devem ter limites e delimitações. Os limites referem-se à ênfase do que são as atividades da organização. A delimitação da organização é determinada por aquelas pessoas oficialmente membros da organização, mas pode também ser estabelecida por pessoal contratado, trabalhadores temporários e consultores.

São exemplos de organizações, as empresas, as associações empresariais, as fundações, as seguradoras, os bancos, os restaurantes, os hotéis, os clubes desportivos, a rádio, a televisão, os quartéis de bombeiros, os exércitos, as prisões, os hospitais, as igrejas, os grupos religiosos, os partidos políticos, os sindicatos, as Câmaras Municipais, as Juntas de Freguesia, as associações de estudantes e as escolas, entre outros. Outras ainda têm o próprio termo organização inscrito no seu nome como são os casos da Organização das Nações Unidas (ONU), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Organização Mundial do Comércio (OMC) e da Organização Mundial de Turismo (OMT/UNWTO), por exemplo. Ainda a palavra organização aparece em campos tão diversos e heterogéneos como o social, o cultural, o económico, o político, o religioso, o militar, o empresarial e o escolar, além de outros. As organizações organizam-se para materializar os seus objetivos e (re)definem a sua estrutura de acordo com os resultados. A sua finalidade é o seu papel primordial, definido pela sociedade na qual funcionam.

Em síntese, qualquer que seja a dimensão da organização, a mesma pode definir-se como um conjunto de duas ou mais pessoas, inseridas numa estrutura aberta ao meio externo, trabalhando em conjunto e de um modo coordenado para alcançar objetivos.

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