26/01/2017

Dados, educação e realidade: situações indefinidas.

Por Claudinei José Martini

Professor, Especialista em Educação a Distância, Mídias na Educação e Ensino de Ciências

A Educação Brasileira passa por momentos profundos de transformação, reflexos em grande parte de uma sociedade que infelizmente privilegia o ter ao invés do ser, em que o prestígio das aparências enriquece o desapego por uma cultura do saber, verdadeiro benfazejo de uma qualidade que ainda perseguimos no ensino público. 

Os fatos deste declínio, apresentados cotidianamente nas diversas mídias podem ser verdadeiramente explicados por meio de números estatísticos? A divulgação dessa quantificação do aprendizado representa claramente o que é o ensino? Na constituição dos dados e nos cálculos efetuados levam-se em conta os diversos contextos socioeconômicos existentes em nosso País tão desigual? Diante destas circunstâncias, o professor continuará a ser responsabilizado pelo fracasso escolar?

O “apetite voraz” da imprensa em divulgar friamente os rendimentos escolares por meio de pesquisas estatísticas, sem levar em conta outros aspectos mencionados anteriormente, pode ser duvidoso e devemos analisá-los com cautela.  

É fato que, com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/1996), inspirada nos ideais de Darcy Ribeiro, ofereceu-se a universalização do acesso ao conhecimento. A nova Lei atendeu antigas e diversas reivindicações de toda comunidade brasileira entre elas a ampliação da carga horária mínima durante o ano letivo. Também, essas mudanças trouxeram de imediato uma drástica queda no percentual de evasões escolares e nas reprovações.

Na medida em que tais fatores foram sendo concretizados por meio de políticas públicas, proporcionando o acesso a milhares de crianças, jovens e adultos aos bancos escolares, também se criou uma cultura de que a escola deveria ser o local de resolução de todos os problemas sociais existentes. Não. Escola é local de aprender, ou deveria ser. A qualidade foi deixada em segundo plano. Os números e as estatísticas tornam-se importantes para promover avaliações como Prova Brasil e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) que não revelam as reais condições de trabalho e salários que os profissionais da educação pública estão expostos pelo desinvestimento nesta área que deveria ser estratégica para o País.

Será mesmo que os professores estarão “condenados” a serem os únicos responsáveis pela falência a que o sistema público de ensino foi submetido ou é necessário um investimento maior na capacitação destes profissionais e em melhores condições de trabalho?

Diante de todos esses argumentos, a família ainda é a principal e mais importante instituição de ensino promotora da socialização e da educação primária, ou não?

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