13/04/2020

Darwinismo na Sociedade Moderna

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

            Charles Robert Darwin naturalista inglês, entre 1831 e 1836 com o intuito de explicar a origem, transformação e perpetuação das espécies ao longo do tempo, propôs a teoria evolucionista que revolucionou pensamentos da época que antes eram voltados para Adão e Eva.

            Segundo a teoria levantada por Darwin, os organismos vivos modificavam-se através do tempo e haveria uma luta pela sobrevivência, sendo que apenas aqueles com características mais vantajosas sobreviveriam e se reproduziriam[1], e esta teoria teve como referências: variação, herança, seleção, tempo e adaptação

            Segundo Harari em seu texto Homo Deus: uma breve história do amanha, publicado pela Companhia das letras em 2016 a teoria da evolução sustenta que "todos os instintos, impulsos e emoções evoluíram no interesse único da sobrevivência e da reprodução".

            O evolucionismo também é aplicado nas organizações, porém trabalha-se apenas com três básicos que são: seleção natural, mutação e efeitos do ambiente.

            Pense, se uma organização não evoluir ela estará fadada a sucumbir, assim sendo, a mesma precisa sair da inércia e fazer a diferença e a seleção natural será ditada pela sua clientela, mas para ela possa mantê-la, precisa se adaptar e acompanhar os efeitos do ambiente.

            Assim somos nós, e é tempo de mudança, pois já afirmava Luís Vaz de Camões(1524-1580), in "Sonetos":

            Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.

 

Continuamente vemos novidades,

Diferentes em tudo da esperança;

Do mal ficam as mágoas na lembrança,

E do bem, se algum houve, as saudades.

 

O tempo cobre o chão de verde manto,

Que já coberto foi de neve fria,

E em mim converte em choro o doce canto.

 

E, afora este mudar-se cada dia,

Outra mudança faz de mor espanto:

Que não se muda já como soía.

            Observe que soía é o mesmo que ter por costume, habitualmente, acontecer frequentemente e assim é a mudança, acontece frequentemente em nossa vida, é um eterno devir como dizia Heráclito (540-470 a.C.) , quando afirmava que "Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou".

            Então que acompanhemos as mudanças impostas e as quebras de paradigmas, mostrando que somos seres adaptáveis e que cresceremos como pessoas com estas mudanças, e torçamos para que as mesmas impliquem em mais ética, humanismo e empatia.

            Que a educação pública também possa acompanhar essas mudanças desenvolvendo em nossos educandos a verdadeira brasilidade além do verdadeiro conceito de nação e principalmente que a mesma ressalte que somos seres cosmopolitas, pois somos cidadãos do mundo, já que Beitz em seu texto Liberalismo internacional e justiça distributiva[2], ressalta que fazemos parte de um cosmopolitismo, e este tem seu foco tanto na ética quanto nas instituições, sem um implicar no outro o que é complementado por Guimarães em sua obra intitulada O debate entre comunitaristas e cosmopolitas e as teorias de Relações Internacionais [3] quando afirma que o cosmopolitismo tem seus componentes básicos na imparcialidade e universalidade e encontra-se alicerçado em uma perspectiva moral.

            Para o autor, cada pessoa deve receber um tratamento igualitário e imparcial, o que converge com a percepção Kantiana da moralidade, a qual ressalta que todos indivíduos compõe um único universo moral e isso se dá devido a sua capacidade comum de agir e pensar racionalmente, e já que todos são agentes racionais, todos devem ser tratados de forma igualitária pelas instituições, exceto para alguns indivíduos com casos particulares.

            Esta pandemia impôs um novo evolucionismo, mas este está voltado para a moral e a ética e para o amor, respeitando todos os cidadãos, pois como visto acima, somos todos cidadãos do mesmo mundo.

 

[1] Para mais informações vide https://www.biologianet.com/evolucao/darwinismo.htm

[2] Para mais informações vide BEITZ, Charles R.. Liberalismo internacional e justiça distributiva. Lua Nova,  São Paulo ,  n. 47, p. 27-58,  Aug.  1999 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64451999000200003&lng=en&nrm=iso>. access on  11  Apr.  2020.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-64451999000200003.

[3] Para mais informações vide GUIMARAES, Feliciano de Sá. O debate entre comunitaristas e cosmopolitas e as teorias de Relações Internacionais: Rawls como uma via média. Contexto int.,  Rio de Janeiro ,  v. 30, n. 3, p. 571-614,  Dec.  2008 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-85292008000300001&lng=en&nrm=iso>. access on  10   Apr.  2019.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-85292008000300001.

 

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