11/03/2014

Deputados defendem mudanças no currículo e ensino integral no ensino médio

Comissão especial da Câmara propõe que ensino médio seja organizado por áreas de conhecimento - e não mais por disciplinas como acontece atualmente. O objetivo é a aproximação com o Enem, que já segue este critério na divisão da sua prova. A proposta apresentada pela comissão da Câmara também estabelece prazo de cinco anos para que as escolas tenham pelo menos 50% dos alunos no sistema integral. Confira as propostas da comissão no último capítulo da série sobre a reformulação do Ensino Médio, com Karla Alessandra, da Rádio Câmara.

 

O último Exame Nacional do Ensino Médio, Enem, teve número recorde de inscrições com mais de sete milhões de alunos. A prova serve para classificar o aluno no SISU, Sistema de Seleção Unificada, que possibilita a escolha de uma das 123 instituições de ensino superior que aderiram ao programa.

A prova é dividida por áreas de conhecimento: linguagem, matemática, ciências da natureza e ciências humanas. Como forma de preparar o aluno do ensino médio para essa prova, a comissão especial da reformulação do ensino médio propôs que o ensino médio seja organizado por áreas de conhecimento e não mais por disciplinas como acontece atualmente. O relator da Comissão Especial, deputado Wilson Filho, do PTB da Paraíba, explicou porque a mudança foi proposta.

"Se muita gente já vê no Enem uma porta de entrada para a Universidade, se muita gente já se inscreve no Enem pensando no seu futuro, por qu não colocar para esses que acabam o Ensino Médio e pensam no Enem como a porta de entrada para o seu futuro, por que não colocar? E essa é uma opção - as mesmas diretrizes e o mesmo formato curricular que tem o Enem no Ensino Médio. É uma opção."

Ensino integral

A proposta apresentada também estabelece um prazo de cinco anos para que as escolas tenham pelo menos 50% de seus alunos no sistema integral. Outra novidade apresentada pela comissão permite que no último ano do ensino médio os alunos podem optar por uma das áreas de conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas, ou, ainda, optar pela formação profissional.

O presidente da comissão especial, deputado Reginaldo Lopes, do PT de Minas Gerais, destacou que já no próximo ano alguns estados vão ampliar para cinco horas o tempo de aula do ensino médio.

Ele destacou que o principal ganho da proposta apresentada na comissão é tornar o aluno o protagonista da sua educação.

"Ele vai definir o seu projeto de vida e, ao mesmo tempo, propõe o ensino médio multidisciplinar que possa desenvolver habilidades não cognitivas e não meramente as habilidades cognitivas."

O projeto de lei proposto no relatório ainda deve ser analisado por outra comissão especial que será criada para este fim. Depois de aprovado na comissão especial, a proposta segue para o Plenário da Câmara.

O presidente do INEP, Luiz Cláudio Costa, admite que a proposta é um avanço, principalmente na mudança no modo como a grade curricular é organizada.

"Temos ainda grandes desafios porque o nosso modelo de ensino médio - da forma que ele é - é preciso avaliar direitinho se nós temos apenas o ensino médio acadêmico, a questão do ensino médio com muitas disciplinas o estudante sai do nono ano e de repente ele vai para 19 disciplinas no seu currículo, o tempo que ele tem para absorver se é esse o caminho. Essa reflexão está sendo feita e o Brasil está enfrentando isso de frente."

Bolsa para alunos

Para o presidente do Conselho Nacional de Juventude, Alessandro Melchior, a proposta apresentada resolve em parte os problemas. Mas, é preciso avançar ainda mais para atender os 75% dos jovens no ensino médio que estão inseridos ou querem participar do mercado de trabalho para complementação da renda familiar ou para terem seu próprio dinheiro. Alessandro Melchior defende a adoção de uma bolsa de inatividade juvenil para que os adolescentes possam se dedicar ao ensino em tempo integral.

"Se você pegar as classes média e alta no Brasil, elas financiam seus jovens que continuam no ensino médio, depois vão para a universidade para que possam entrar no mercado de trabalho com mais qualificação e com mais condições de disputa das melhores vagas. No caso da juventude pobre, isso não é apresentado, e aí para a gente o principal elemento que precisa ser resgatado é justamente o financiamento dessa inatividade juvenil que até agora não apareceu."

Em 20 anos o número de jovens matriculados no ensino médio aumentou 120% . Agora, o país precisa garantir qualidade no ensino, evitando a evasão e recuperando os alunos que, apesar da idade, ainda não concluíram o ensino fundamental.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Karla Alessandra

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