27/09/2018

Desafios e Realizações da Gestão Educacional no Século XXI

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

Como visto no texto BNCC e o sistema de ensino[1], pode-se perceber que não basta termos uma boa Base Nacional Comum Curricular, pois o sistema educacional trabalha com muitas variáveis e estas funcionam como engrenagens para que uma educação de qualidade aconteça.

Lembremo-nos dos precisos relógios suíços, com suas engrenagens em perfeito sincronismo. Neste tipo de sistema, não tem uma engrenagem mais importante que a outra, todas têm a sua devida relevância, ou seja, por menor que seja a engrenagem, se esta der problema, comprometerá o resultado final, o que neste caso, frustrará o próprio Cronos, o grande deus do tempo.

Assim é o nosso sistema de educação, composto de várias engrenagens que precisam se interagir para que a educação pública de qualidade seja efetivada, caso contrário, será como um “sepulcro caiado”.

Muitos pensam que para gerir uma instituição educacional com tantas engrenagens, exigirá realmente uma força hercúlea e um conhecimento de encantar a deusa da inteligência que é Atena, entretanto, como não somos semideuses, somo apenas simples humanos, precisaremos apenas observar o ambiente ao qual a instituição está inserida e fazer alguns questionamentos relacionados ao contexto sociopolítico, econômico, e cultural em que a instituição encontra-se, além dos valores pretende-se trabalhar.

Caberá ao gestor gerir tanto o administrativo quanto o pedagógico, o que é ressaltado por Costa em seu texto A Função do Gestor Escolar, publicado em 2010[2]. Para a autora, a parte administrativa foca a organização e articulação de todos os setores da escola e recursos humanos. O gestor será o elo entre comunidade e ambiente escolar, além de supervisionar e orientar a todos que receberam alguma função.

A autora esclarece ainda que o gestor no âmbito pedagógico deve exercer liderança e inspiração, com ações integradoras e cooperativas, fazendo com que não haja nenhum tipo de ruídos, tanto na comunicação interna e/ou externa além de estimular uma inovação e melhoria constante no processo educacional.

Os tempos são outros, assim como os problemas, e como a escola é uma instituição social, o gestor precisa ficar atento as mudanças relacionadas a modernidade, mudanças estas que afetam de forma ininterrupta a sociedade em si, exigindo do gestor um know-how diferenciado em sua gestão.

Isto porque a modernidade trouxe consigo não só progresso, comunicação instantânea e inovações tecnológicas constantes, ela trouxe também todo um pacote de coisas ruins como crises econômicas e políticas, aumento das desigualdades sociais, desemprego e/ou subemprego, consumismo, violência, poluição, corrupção, competitividade desleal e sem ética, incertezas, inversão de valores, dentre outros tantos males que nos assolam e nos são caros.

Darwin já afirmava em sua lei de evolução que eram as espécies que respondiam melhor às mudanças que sobreviviam e não as mais fortes e inteligentes. Dito isso, para enfrentar estes problemas alavancando a educação pública, o gestor precisará ter uma comunicação sem ruídos, trabalhar com times ao invés de equipes, visto que equipe é formada por pessoas afins, ou seja, eu escolho as pessoas que trabalharão comigo, e no time, as pessoas já estão lá e isso exige do gestor, manejo em lidar com vaidades e exige deste mesmo gestor a liderança necessária para gerir pessoas, sendo este um domador de egos inflados, visto que seu corpo docente é composto em sua maioria por pessoas assim. Ter conhecimento das tecnologias que poderão auxiliar no processo ensino/aprendizagem, além de fazer cumprir o artigo 12 da LDB que dita algumas incumbências deste gestor como: “I – elaborar e executar sua proposta pedagógica;II – administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas- -aula estabelecidas; IV – velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V – prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI – articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola e VII – informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica”.

LÜCK, ressalta em sua obra Concepções e processos democráticos de gestão educacional, publicada pela editora Vozes em 2008, que o individualismo na gestão deve ser evitado pelo gestor, pois este deve dar lugar a coletividade. Para a autora, o gestor deverá cercear também a acomodação, burocratização, autoritarismo, delimitação e transferência de responsabilidade e Medo de perda de poder e controle.

Obviamente este último é difícil contemplar, visto que em muitas escolas públicas os gestores são escolhidos a dedo, não por meritocracia, mas por favores políticos e/ou pessoas de fáceis manipulação.

Como costumo dizer, a escola é reflexo de sua gestão, e caberá a este profissional fazer desta instituição social um lugar para domesticação subalterna ou libertadora, para a reprodução de uma sociedade almejada por uma elite dominante ou para criar agentes protagônicos cognoscentes conscientes de suas cidadanias críticas e não simples pessoas ajustadas.

Caberá a este gestor ser o profissional que aplicará a verdadeira mudança de nossa educação pública sofrível para uma educação instigadora, que fomenta a pesquisa e a autonomia de nossos educandos.

 


[1] http://www.gestaouniversitaria.com.br/artigos/bncc-e-o-sistema-de-ensino

[2] Texto disponível em Disponível em http://www.webartigos.com/artigos/a-funcao-do-gestor-escolar/44851/

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