09/08/2018

Desafios Na Prática Docente

Carmem Silvia Rodrigues Pereira 

Etiene da Silva de Vargas 

Marta Regina Fontoura 

RESUMO

Este artigo tem como objetivo divulgar os projetos pedagógicos desenvolvidos na Escola Estadual de Ensino Fundamental Marieta D’Ambrósio desde 2010 até o presente momento. Projeto estes que visam à integração entre a comunidade escolar, na formação continuada de professores e funcionários e teve como tema principal a leitura e a escrita. Todos os projetos foram elaborados com o objetivo de proporcionar o desenvolvimento de temas que eram necessários serem abordados no cotidiano escolar. A Escola Estadual de Ensino Fundamental Marieta D’ Ambrósio é uma escola da Rede Estadual de Ensino Pública coordenada pela 8ª Coordenadoria Regional de Educação, está localizada na Rua Apple, nº. 645, telefone: 3222-6977, Bairro Centro, em Santa Maria – RS, CEP 97015-030. A vida oferece oportunidade a todos. É a formação que faz a diferença. Em cada pessoa, ato ou pensamento é possível encontrar uma infinidade de pontos de vistas e interpretações que definem uma formação. E na formação sempre se encontra a influência ou a forte presença de um professor. Uma vida dedicada à educação e à formação de pessoas merece todo reconhecimento, pois sabe-se que é na formação do indivíduo que se faz a transformação da sociedade.

Palavras-chaves: Formação, literatura, educação, produção artística.

 

INTRODUÇÃO

O docente é uma pessoa que vive em integração numa cotidianidade formada com os elementos humanos; participando dela com os aspectos de sua personalidade e nas esferas da vida, como por exemplo, trabalho, lazer, descanso, atividade social, intelectual e etc, constituindo-se como pessoa e profissional.

Trabalhar com a formação de professores implica conhecer os dispositivos que atuam neste processo formativo. De acordo com Ferry (2004, p. 53), a formação nos remete à ideia de ter uma forma, sendo necessário “ponerse em forma”, onde cada pessoa é responsável pela sua formação, através da mediação. Esta mediação ocorre através de leituras, cursos, grupos de pesquisas, grupos de estudos, entre outras atividades, que são consideradas como dispositivos de formação, pois mobilizam os saberes das pessoas, sendo estes, os meios para que ocorra a formação.

O professor é um indivíduo que constrói na sua vida e na sua formação a sua própria visão de mundo. Ele não pode ser visto como um robô que executa e que processa informações. Ele é uma pessoa que vai construindo, a seu modo, o seu mundo representacional no cotidiano de sua vida e em sua história (BOLZAN, 2002).

Entretanto, numa perspectiva histórica, a formação para a docência é um processo em construção há muito tempo na vida de cada professor - ou seja, desde os seus primeiros anos de vida - e não só durante o período de estudos empreendidos em faculdades ou universidades, que alguns denominam de formação inicial (MORIN, 2000).

E para finalizar, a percepção e concepção do tempo de formação que depende de fatores, ideologias culturais, políticas econômicas, físico-matemáticas, acadêmicas, entre outros.

1 Contexto do relato sobre os desafios na prática docente na Escola Estadual de Ensino Fundamental Marieta D'Ambrósio

O presente relato tem como objetivo divulgar como se dá o processo de formação continuada e que aspectos caracterizam esse processo no planejamento e na efetivação da formação continuada na referida escola.

A Escola Estadual de Ensino Fundamental Marieta D’ Ambrósio é uma escola da Rede Estadual de Ensino coordenada pela 8ª Coordenadoria Regional de Educação, está localizada na Rua Apple, nº. 645, telefone: 3222-6977, Bairro Centro, próximo ao CDM (Centro Desportivo Municipal), em Santa Maria – RS, CEP 97015-030.

Percebe-se que os educadores buscam sempre formação continuada em cursos e seminários que são oferecidos pelas instituições públicas e particulares, mas voltam para o seu cotidiano escolar ainda com muitas dúvidas e insatisfações, não conseguindo aliar teoria com a prática. Assim, demonstram que não encontram novas alternativas para mudar a sua prática e oferecer novas oportunidades para a aprendizagem dos educandos. Por isso, verifica-se que no cotidiano da escola em que o professor está inserido, a necessidade de formação continuada para qualificar a sua prática pedagógica e para sanar suas angústias e dúvidas no decorrer do processo de ensino e aprendizagem.

Com isso, percebemos que é preciso organizar formações continuadas dentro da escola com temáticas voltadas às necessidades cotidianas do nosso educador e do educando e para tanto essas formações serem aplicadas na prática, ou seja, uma formação onde o educador tenha prazer em estar participando para posteriormente efetivá-la na sua prática cotidiana. As mudanças não ocorrem imediatamente, precisam de transformações decorrentes de ações pedagógicas que tenham como objetivo a qualidade de ensino. Para acontecer isso é necessário um trabalho qualificado e em equipe.

Assim, propomos fortalecer uma nova discussão através do presente relato dos Desafios na Prática Docente na Escola Estadual de Ensino Fundamental, que envolve o corpo docente da escola e equipe diretiva, assim como a coordenação pedagógica. Também pensamos e realizamos formações continuadas com o apoio do grupo GEPEIS, professores especializados, Casa do Poeta, entre outros. Também houve a participação de outras escolas.

Dessa forma, concordando com Portelli ao dizer que: “A memória é um processo individual que ocorre em um meio social dinâmico, valendo-se de instrumentos socialmente criados e compartilhados” (1997, p.16), percebo assim a memória como organizadora, desveladora e ressignificadora de vivências passadas, capaz de transmutá-las em novas subjetividades, capazes de contribuir para uma nova perspectiva na formação continuada de professores.

Tendo em vista que a formação continuada de professores é um trabalho que envolve investimento na pessoa e nos saberes experienciais, através da reflexividade crítica sobre atos e práticas num movimento permanente de reconstrução e ressignificação, em hipótese alguma se restringe à formação inicial ou se constrói por acumulação. Desse modo, torna-se premente encontrar alternativas que viabilizem proporcionar espaços de interação das dimensões pessoal e profissional do sujeito com vistas à apropriação de seus processos de formação/autoformação (Ferreira, 2003).

Por isso, o processo educativo pode vir a ser significativo para o ser humano quando ele está buscando aquilo que acrescente na sua formação podendo torná-lo bem sucedido, o que está explicitado em Périssé (2004, p. 7-8) quando afirma que:

[...] o sucesso e a eficácia só são alcançáveis a partir da compreensão de que a qualificação profissional é um empreendimento contínuo e sem fim e de que somente uma prática genuinamente reflexiva cria condições de avanço [...] não adianta profissionalizar-se na prática, compreender a necessidade de qualificação contínua, adotar uma prática reflexiva, sem desenvolver uma das competências mais necessárias neste século: a capacidade de mudar, que implica muitas vezes em desaprender para reaprender.

Sendo assim, precisamos dotar nossas instituições, nossas vidas e nossos comportamentos de sentidos construídos a partir da sensibilidade do olhar às questões da atualidade, que nos impulsionam e nos exigem pensamentos, ações e proposições imediatas. Enfim, não podemos viver estagnados no passado, sem que as experiências de outrora à luz de um novo olhar, atento e reflexivo, nos impulsione às contribuições sociais e educativas no presente. Necessitamos revisitar os espaços de formação, sejam eles iniciais ou continuados, no intuito de ressignificar os processos identitários profissionais.

Por isso, buscamos destacar que o objeto de trabalho dos professores são os seres humanos e sua formação. Temos que admitir que, os saberes dos professores encontram-se intimamente ligados a esse ser e ir constituindo-se pessoa e profissional. E a formação contínua dos professores acaba-se entrando nas questões sociais e a reflexão se torna essencial, como afirma Freire (2006, p. 43):

Por isso é que, na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática.

Ele possui um conceito em relação à formação contínua dos educadores como processo consistente, constituinte tanto do ser educador fazedor e produtor de saberes quanto do local em que ele trabalha. A formação está intrínseca na vida do educador.

2 DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES

No ano 2009 organizamos juntamente com o Grupo GEPEIS da Universidade Federal de Santa Maria a organização, planejamento, efetivação e elaboração do Projeto Político Pedagógico, o grupo contribuiu na formação de professores, funcionários e equipe diretiva, assim como nos seminários desenvolvidos para pais e alunos.

O presente dos Desafios da Prática Docente na Escola Estadual de Ensino Fundamental Marieta D’Ambrósio acontece desde 2010, quando iniciamos com o I Seminário de Educação: os Desafios da Alfabetização na Prática Docente, nesse seminário foram proporcionado aos professores dos Anos Iniciais discussões sobre a questão da alfabetização, a implantação da progressão continuada e as leis referentes aos 9 anos de ensino.

Em 2011, a partir do Dia do Desafio iniciou-se o projeto Marieta em Movimento onde realizamos atividades aeróbicas com todos os alunos e professores dos anos iniciais quinzenalmente. Neste mesmo ano, realizarmos uma formação com a Escola Estadual de Ensino Médio Professora Maria Rocha, as atividades foram relacionadas à nossa vivência como professor: (Re) inventando outras formas de estar juntos: (res) significando a docência pelo cuidado de si, foram quatro dias com muitas atividades no grande grupo e em pequenos grupos para trocar experiências, já que era uma escola de ensino fundamental e outra de ensino médio com realidades totalmente diferentes. As palestras forma organizadas pelo grupo GEPEIS com profissionais ligados ao grupo deles e com atividades voltadas ao nosso dia a dia como seres humanos e profissionais da educação.

Também em 2011, iniciamos o I Seminário de Educação: os Desafios da Alfabetização na Prática Docente, nesse seminário foi proporcionado aos professores dos Anos Iniciais discussões sobre a questão da alfabetização, a implantação da progressão continuada e as leis referentes aos 9 anos de ensino.

Em 2012, realizamos o II Seminário de Educação: os Desafios do Letramento na Prática Docente com a participação da Casa do Poeta de Santa Maria e de São Pedro do Sul, e professores especializados. Forma palestras e oficinas relacionando a teoria com a prática para que posteriormente os docentes mediassem com os alunos. Foram vários encontros realizados onde havia a seguinte dinâmica: teoria, técnicas e produções, essas técnicas eram atividades para serem realizadas pelos professores em sala de aula com seus alunos. Posteriormente, organizamos todo o trabalho de formação desse ano em uma obra Desafios na Prática, nela há os artigos e as técnicas desenvolvidas pelos palestrantes e a produção literária de cada participante da formação continuada.

Em 2013, essa obra foi lançada na Feira do Livro da Escola, na Feira do Livro de Santa Maria, nosso trabalho também foi divulgado na Feira do Livro de Santa Rosa e na Feira do Livro de Porto Alegre. Nesse mesmo ano foi realizado a Formação Continuada com profissionais especializados na educação, com temas sobre as doenças do professor: Síndrome de Burnout, Indisciplina e Disciplina – Ato Infracional, Leis específicas, Regimento Escolar e Projeto Político Pedagógico. Lançamos a I Feira do Livro e o I Concurso Literário Marieta em Prosa e Verso, nesse momento esteve presente como palestrante o escritor e advogado João Adede Y Castro que falou sobre Pichação: Educação ou Punição, também foram realizadas oficinas literárias e palestras sobre Educação e Paz, dando continuidade as formações que estamos desenvolvendo na escola. Todas as pessoas envolvidas nas palestras vêm ao nosso encontro realizar palestras, oficinas e intervenções gratuitamente.

Ainda foi organizada para esse ano a formação continuada com palestras sobre motivação, Leis 10.639 e 11.645/08, Educação Inclusiva e Avaliação dos Professores da Rede Estadual de Ensino. Em 2014, realizamos o lançamento da obra I Concurso Literário Marieta em Prosa e Verso e o projeto Marieta e suas Diversidades, onde foram desenvolvidos temas sobre a mulher no trabalho, destaque na sociedade, negra, índia, cigana, escrava entre outros assuntos referente à mulher na sociedade santa-mariense.

Após realizou-se oficinas de telas tendo como objetivo desenvolver atividades de pintura em telas na sala de aula com os alunos. Posteriormente expôs-se o trabalho de telas desenvolvido pelos alunos e professores na Câmara de Vereadores.

3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RELATO

Após a elaboração e efetivação da formação continuada na Escola Estadual de Ensino Fundamental Marieta D’Ambrósio, percebeu-se que é uma atividade formativa essencial a prática do professor, nesses momentos temos a capacidade de refletir sobre as escolhas, desejos e expectativas que nos fazem ser o profissional que somos. A formação continuada é um espaço que propicia essa reflexão sobre nossos saberes e conhecimento necessários a nossa docência.

Cada momento realizado é um sonho conquistado com muito esforço, dedicação e comprometimento, sempre nos questionamos: “Será que é isso que nossos colegas realmente querem ouvir, participar e discutir sobre sua prática docente? Será que atingiremos nossos objetivos propostos?”. Mas depois verificamos e avaliamos que os colegas se aproximaram mais da nossa escola, começaram a realizar a formação continuada conosco, optando pelo nosso trabalho de formação porque avaliam como válido e fundamentado e também porque valorizamos o que nossos colegas têm de conhecimento para desenvolver conosco, ou seja, valorizamos os nossos profissionais como formadores.

Neste contexto, Freire (2006, p. 39) marca na formação permanente dos professores, o momento fundamental, que é o da reflexão crítica sobre a prática que [...] tem “de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática”. Ao analisar reflexivamente sua atuação, o docente poderá evidenciar como estão articuladas as suas aulas com os demais processos educativos presentes na vida dos alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

As instituições Públicas de Educação e Ensino são percebidas por nós como locais onde é possível, ao professor, participar, envolver-se, aprender e mediar novos conhecimentos. Assim, propomos fortalecer uma nova discussão através do presente relato que envolve o corpo docente da escola e equipe diretiva. Esta pesquisa parte da perspectiva de valorizar as práticas e os saberes docentes, apostando no exercício de ouvir os professores da referida escola, inter-relacionando suas vivências pedagógicas, referentes à escola em questão, com o intuito de ressaltar a importância da formação continuada na trajetória dele tanto individual como em grupo.

Nesse sentido, buscamos contribuir com a formação continuada dos professores, assim como enriquecer a nossa caminhada, nessa dinâmica acreditamos poder estar contribuindo com um olhar singular à formação, à medida que propomos desenvolver um espaço onde as práticas possa ser ressignificadas a partir dos saberes por eles construídos.

Por isso, buscamos destacar que o objeto de trabalho dos professores são os seres humanos e sua formação. Temos que admitir que, os saberes dos professores encontram-se intimamente ligados a esse ser e ir constituindo-se pessoa e profissional. Sabe-se, no entanto que o maior desafio na apropriação dos processos de formação por parte do professor pode ser viabilizada, também, pelo trabalho com oficinas, palestras, etc. por isso, realizar uma pesquisa que busque rever como acontece a formação continuada, valorizando o professor e seu trabalho é de grande importância para a escola e para nós como profissionais de educação.

REFERÊNCIAS

BOLZAN, D. Formação de Professores: compartilhando e reconstruindo conhecimentos. Porto Alegre: Mediação, 2002.

DEMO, Pedro. Desafios modernos da educação. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. 272 p

____. Professor e seu direito de estudar. In: SHIGUNOV NETO, Alexandre; MACIEL, Lizete Shizue Bomura (Org.). Reflexões sobre a formação de professores. Campinas: Papirus, 2002. p. 71-88. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).

FERRY, Gilles. Pedagogia de la formación. Buenos Aires: Centro de Publicaciones Educativas y Material Didáctico, 2004.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 34 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006

FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Repensando e ressignificando a gestão democrática da educação na cultura globalizada. Educação & Sociedade. Campinas, vol. 25, n. 89, p. 1227-1249, Set./Dez. 2004. http://www.scielo.br/pdf/es/v25n89/22619.pdf Acessado em 05/03/2013 e 07/04/2013.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

NUNES, Célia Maria Fernandes. Saberes docentes e formação de professores: um breve panorama da pesquisa brasileira. Educação & Sociedade, ano XXII, nº 74, Abril/2001. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v22n74/a03v2274.pdf Acessado em 05/03/2013 e 07/04/2013.

OLIVEIRA, Inês Barbosa de. ALVES, Nilda. (Orgs.). Pesquisa no/do cotidiano das escolas. Sobre redes de saberes. Rio de Janeiro: DP&A, 2001

PÉRISSÉ, Paulo Marcelo Perlingeiro. O educador apreendedor. São Paulo: Cortez, 2004.

PERRENOUD, Philippe. A formação dos professores no século XXI. In: PERRENOUD, Philippe et al. As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação. Tradução de Cláudia Schilling e Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2002.

PERRENOUD, Philippe A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão pedagógica. Tradução de Cláudia Schilling. Porto Alegre: Artmed, 2002b. 234p.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ. Vozes, 2002.

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