Desempenho dos Estudantes em Língua Portuguesa no Ensino Fundamental: Desafios e Perspectivas
Adalgisa Pereira Corrêa Alves
Licenciatura em Letras - Língua Portuguesa e Inglês. Especialista em Docência para Educação Profissional. Primavera do Leste, MT.
Sandra Ribeiro da Silva
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Docência para educação Infantil. Primavera do Leste, MT.
Heloiza Tainá de Souza
Graduanda em Psicologia. Primavera do Leste, MT.
Silvana Regina Brancalhão Mazzo
Licenciatura em Pedagogia. Graduação em Administração. Primavera do Leste, MT.
Joelma Veiga da Silva
Licenciatura em Pedagogia. Primavera do Leste, MT.
O desempenho dos estudantes em Língua Portuguesa no ensino fundamental tem sido alvo de constantes reflexões entre educadores, pesquisadores e gestores escolares, uma vez que essa disciplina constitui base para o desenvolvimento das demais áreas do conhecimento. A linguagem é instrumento essencial de comunicação, expressão e pensamento, e a proficiência em leitura, escrita e interpretação de textos é determinante para o sucesso escolar. No entanto, avaliações nacionais e internacionais vêm apontando fragilidades no aprendizado de Português, revelando a necessidade de repensar práticas pedagógicas, metodologias e políticas públicas voltadas para a melhoria do ensino da língua materna.
No Brasil, exames como a Prova Brasil, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) têm evidenciado resultados preocupantes quanto à compreensão leitora e à produção escrita dos alunos do ensino fundamental. Muitos estudantes apresentam dificuldades em interpretar textos simples, identificar ideias principais e estabelecer relações entre informações. Além disso, erros recorrentes na ortografia, na gramática e na organização textual indicam que as habilidades de escrita também estão aquém do esperado. Esses indicadores revelam não apenas problemas de aprendizagem, mas também desigualdades sociais e regionais que influenciam o desempenho escolar.
Entre os fatores que explicam essas dificuldades, destaca-se a falta de uma cultura de leitura consolidada, tanto no ambiente escolar quanto no familiar. O acesso restrito a livros, bibliotecas e materiais de qualidade compromete o desenvolvimento das competências linguísticas. Além disso, muitas práticas pedagógicas ainda estão centradas na memorização de regras gramaticais, desvinculadas de contextos significativos. Conforme aponta Soares (2002), a alfabetização e o letramento devem ser compreendidos de forma integrada, de modo que a aprendizagem da leitura e da escrita esteja associada ao uso social da linguagem, permitindo que o estudante reconheça a função prática e cultural da língua em sua vida cotidiana.
O papel do professor, nesse cenário, é central. Cabe a ele mediar situações de aprendizagem que estimulem o interesse pela leitura e pela produção textual, utilizando diferentes gêneros discursivos e recursos didáticos. A diversificação das práticas, como rodas de leitura, projetos interdisciplinares, escrita colaborativa e uso de tecnologias digitais, contribui para tornar o ensino mais dinâmico e significativo. Vygotsky (1998) destaca a importância da interação social e da mediação no desenvolvimento das funções psicológicas superiores, reforçando a ideia de que a aprendizagem da língua se fortalece em contextos de diálogo e cooperação.
Outro aspecto relevante para o desempenho em Português é a formação docente. Muitos professores do ensino fundamental ainda enfrentam desafios quanto à atualização pedagógica e à adoção de metodologias inovadoras. A valorização da formação inicial e continuada é imprescindível para que possam planejar práticas coerentes com as necessidades dos alunos e com as demandas do mundo contemporâneo. Além disso, o envolvimento da família no processo educativo é fundamental. Quando os pais incentivam a leitura em casa, acompanham as tarefas escolares e valorizam a aprendizagem, os resultados tendem a ser mais positivos.
As políticas públicas também desempenham papel decisivo na melhoria do desempenho em Português. Programas de incentivo à leitura, distribuição de livros didáticos e paradidáticos, investimentos em bibliotecas escolares e projetos de formação de professores contribuem para ampliar as oportunidades de aprendizagem. No entanto, é necessário que essas ações sejam articuladas de forma consistente e contínua, evitando iniciativas fragmentadas que não produzem efeitos duradouros.
Em síntese, o desempenho dos estudantes em Língua Portuguesa no ensino fundamental reflete um conjunto de fatores pedagógicos, sociais e culturais. Para melhorar esses resultados, é preciso investir em práticas de ensino que privilegiem a leitura e a escrita em contextos reais, em políticas públicas de acesso à cultura e em uma formação docente sólida. A língua, como expressão de identidade e cidadania, deve ser trabalhada de modo a permitir que os estudantes se tornem sujeitos críticos, capazes de interpretar o mundo e de se expressar com clareza e autonomia. Somente assim será possível reverter os índices preocupantes e garantir uma educação de qualidade que promova a inclusão e o desenvolvimento integral.