11/08/2015

Diretor Escolar: Refém da Oligarquia?

            Oligarquia é o mesmo que governo de poucos, pois deriva de oligoi (poucos) e arche (governo). É um governo de poucos em benefício próprio, e para manter este benefício, escolhem-se diretores, mas esta escolha não segue uma regra ética, e sim favores políticos para que não se rompa este poder quase absoluto.

            Escolha que não faz valer a meritocracia, palavra esta derivada do latim mereo que é o mesmo que merecer e obter.

            A meritocracia se baseia no merecimento que se faz prevalecer o conhecimento e valores associados a educação, sem abrir mão das competências, obviamente, faz-se valer alguns acertos mediantes a muitas escolhas “erradas”, mas o que pode ser errado para a escola, pode ser certo para o governo, pois assim fica fácil a manipulação deste “diretor”.

            As escolhas certas para as escolas muitas vezes não são bem quistas pelo governo, pois os gestores que não são vistos apenas como diretores, conseguem contornar o caos estabelecido e assim, fazer com que sua equipe fique ainda mais produtiva (como se fosse fácil medir produtividade em educação), mas entende-se esta palavra como ambiente harmônico em que os educadores se tornam co-participantes de uma educação de qualidade.

            A escolha do “diretor” é feita para que este profissional faça uso de uma “mão de ferro” para manter as ordens pré-estabelecidas pela oligarquia, então, sua opinião passa a ser uma ordem, e o mesmo procura de conluio para se manter neste cargo.

            Geralmente são pessoas centralizadores e sem autonomia, sendo que muitas vezes, fracos de personalidade, pois, há casos em que estes abrem mão das causas que acreditavam e que na atual conjuntura, são postas à margem.

            Como se sabe, é o tipo de profissional esperado pelos políticos para se atuar em uma instituição que deveria formar cidadãos críticos, mas que estrategicamente esteriliza o solo para esta seara.

            Ele desconhece a palavra liderança, pois não consegue construir relações e desconhece também palavras como empatia, persuasão, flexibilidade, assertividade e democracia, isso tudo porque teme perder a autoridade.

            Sem a meritocracia, aplica-se o termo que foi utilizado por uma brilhante professora de inglês ao conversar sobre o tema deste singelo texto: "scratch my back and I'll scratch yours", ou seja, "coce minhas costas e eu coço as suas", e assim vai caminhando então a nossa titubeante educação, e nós educadores nos tornamos reféns de um sistema manipulador e ao mesmo tempo opressor.

            Parece que as pessoas que se beneficiam das oligarquias, escolhem seus diretores ignorando competências de suma importância, que são liderança, competência Cognitiva, Metacognitiva e Sociais. A liderança abrange comportamentos ou atitudes como autonomia, criatividade, inovação, entusiasmo, capacidade de lidar com conflitos, superar obstáculos, liderança, habilidade em apresentar ideias e saber defendê-las com propriedade, influência em estabelecer uma boa rede de relacionamento e articulação das comunidades.

            As competências Cognitivas estão inseridas na solução de problemas fazendo uso do empowerment, pensamento crítico, formulação de perguntas pertinentes de forma a realizar uma função com eficácia e/ou eficiência, mas para isso, ele buscará sempre a informação relevante baseado na ética e bom senso. É observador e percebe os valores de cada membro de sua instituição e os aplica valorizando seus funcionários.

            Tem o espírito aberto à críticas, pois vê nelas uma oportunidade para melhorar e acredita que o seu crescimento será um fator positivo para a instituição. Isso tudo obviamente é amparado pela competência Metacognitiva que se baseia na auto-reflexão, aceitação de erros e aprendizado com os mesmos.

            E para finalizar, temos as competências Sociais que se encontram na persuasão, habilidade de comunicação, coletividade e proatividade.

            Quando na escolha de um diretor, encontra-se um profissional com grande parte destas qualidades, acontece o inesperado. Este escolhido, simplesmente abre mão destes adjetivos por uma boa posição de conforto, abstendo-se então, de seus ideais e desconsiderando seus iguais.

            Como visto em meu livro Gestão Pedagógica: Gerindo Escolas para uma Cidadania Crítica da WAK Editora, uma boa gestão escolar deve ser vista como pedra fundamental para a escola oferecer a comunidade uma instituição de ensino que atenda às exigências do dia a dia. E como atender tais exigências se o profissional escolhido "a dedo" se tornou estrábico diante desta zona de conforto em que foi proporcionado se tornando-se um fantoche desse sistema manipulador?

            As vezes nos perguntamos: O diretor é um mercenário ou refém desse sistema? Refém somos nós educadores que nos encontramos desamparados por quem deveria nos defender e incentivar.

            Reféns são os pais que colocam seus filhos nessas instituições acreditando que nelas trabalharão conceitos que sequer são encontrados nos diretores.

            Reféns é toda a comunidade que pensa que a educação destas instituições é um diferencial para uma cidadania que se faça imperar a criticidade e o protagonismo.

            Percebe-se com isso, que muitos diretores não passam de mercenários que mudam de ideais por simplesmente ter um salário exponencialmente melhor e também, por poder fugir das salas de aulas, invertendo os papeis, pois agora, simplesmente ele quem "manda". Como já dizia Thomas Hobbes, "o homem é lobo do homem".

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×