01/04/2020

Diversidade Linguística e comunicação na Educação

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

            O ato de comunicar é tornar algo comum, ou seja, a informação tem que ser compreendida pelo receptor para que ocorra a comunicação, pois se a mesma não for, não se poderá afirmar que houve a comunicação.

            Lakatos e Marconi no livro Sociologia Geral publicado pela Atlas em 1999, esclarecem que comunicar é uma forma importante de interagir e isso é fundamental para o homem enquanto ser social e também para a cultura, e esta comunicação poderá ocorrer por meios vocais como expressões e traços fisionômicos; por meios de sons inarticulados que se baseiam nas emoções e inflexões de voz e por meio de palavras e símbolos, o que nos diferem dos outros animais, já que apenas os homens desenvolveram a capacidade da linguagem, ou seja, a atribuição de significados a fonemas e a um conjunto de sons articulados.

            Deslandes em seu artigo intitulado O projeto ético-político da humanização: conceitos, métodos e identidade, publicado pela Interface - Comunic, Saúde, Educ, v.9, n.17 em 2005, deixa claro que a comunicação tem implicitamente a tarefa de discutir politicamente capitais e agentes envolvidos nesta proposta bem como a sua comunicabilidade que para a autora é a comunhão e negociação de sentidos e interpretações.

            Assim como a comunicação se faz mister para a socialização do indivíduo, é necessário entender também a importância da linguagem, já que para Laplantine em seu livro Aprender Antropologia, publicado pela Brasiliense em 2000, argumenta que a linguagem deve ser vista como um patrimônio cultural de uma sociedade, já que será por meio dela que os indivíduos de uma dada sociedade se expressam e de forma concomitante, expressam também seus valores, preocupações e pensamentos.

            As falas acima, convergem com as linhas de pensamento dos autores Berger e Luckmann quando esclarecem no livro A Construção Social da Realidade, publicado pela Vozes em 1985, que a linguagem pode ser definida também como sistema de sinais vocais, sendo o mais importante sistema de sinais de sociedade.

            Para os autores, os esquemas motivacionais e interpretativos são interiorizados por nós com um valor institucional definido e isso se dá por meio da linguagem e com a linguagem.

            Lakatos e Marconi no livro Sociologia Geral, publicado pela São Paulo em 1999 deixam claro que o homem foi o único animal que desenvolveu a capacidade da linguagem, isto é, dando significados a fonemas e a um conjunto de sons articulados, já que Harari em seu livro Sapiens - Uma Breve História da Humanidade, publicado pela L&PM em 2016, enfatiza que a linguagem está para todos os animais, e que todos possuem uma forma de linguagem, e isso não excluem insetos como abelhas e formigas que se comunicam de maneira sofisticadas informando uns aos outros onde encontrar o alimento.

            Gnerre (1985) citada por Rodrigues em seu e-book Língua no Brasil, publicado pela Unesp em 2014[1] denuncia o preconceito linguístico, Para a autora, uma variedade "vale" o que "valem" na sociedade, ou seja, o poder e o status dos falantes é que manterão as relações do poder econômico e social.

            Rodrigues informa que existe em nosso país um preconceito linguístico arraigado a um conservadorismo e por uma intolerância quanto a variação e a mudança.

            Nas falas da autora "um dos desafios da contemporaneidade é o reconhecimento e a aceitação, não apenas da heterogeneidade do português, mas também de muitas outras línguas que foram e são faladas no Brasil".

            Rodrigues esclarece que nossa história sempre relata fatos que reprimiram estudos de línguas em nosso pais, começando pelo Marquês de Pombal reprimindo o ensino em línguas gerais e indígenas e pela política nacionalista do Estado Novo, tendo Getúlio Vargas como representante que proibiu o uso de línguas estrangeiras em escolas e em instituições fundadas por grupos de imigrantes.

            A diversidade linguística existe e cabem as escolas e a nós educadores incentivar o conhecimento e o respeito pela diversidade cultural tendo como cerne o diálogo e o compartilhamento de saberes, pois como visto acima, a língua é a representação da cultura de um povo e é vista como o um de seus principais patrimônios.

 

[1] Para mais informações vide http://books.scielo.org/id/h5jt2/pdf/rodrigues-9788579835155-06.pdf

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