20/10/2016

Domesticação Subalterna

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Partindo da premissa de que realmente a crise da educação brasileira não passa de um projeto da elite para alienação da massa, fica fácil aceitar algumas emendas constitucionais embasadas pela falácia de que precisamos economizar.

            Fica fácil também para esta elite sucatear as escolas usurpando sonhos, perspectivas e a possibilidades do educando de se instruir de forma a alcançar um protagonismo e uma cidadania.

            Não precisa ser um economista para entender que a economia se faz gastando melhor os recursos públicos, ou seja, para um governo que está preocupado em economizar, porque então sancionar um reajuste de 41,47% aos servidores do judiciário e 12% para analistas e técnicos do Ministério Público da União? Isso sim é nefasto para a economia, pois custará aos cofres públicos somente este ano, quase R$ 2 bilhões, e de acordo com projeção realizada pelo Ministério do Planejamento, em 2019, este gasto chegará a  R$ 9,5 bilhões[1].

            Porque aumentar em 624% em publicidade[i] com a revista Veja, 900% com a revista Época, 78% com a Folha, 230% com o Jornal O Globo e 31% com a Globo de televisão que já lucra R$ 15,8 milhões de repasses federais? Sem contar que os donos desta rede televisiva apóiam o fim da aposentadoria rural, a não gratuidade das universidades públicas e arrocho salarial.

            É de se pasmar, afinal de contas, o governo com seu PEC 241 diz querer congelar as despesas até 2020, mas na verdade, ele quer congelar é toda uma geração, tornando-a inerte às suas arbitrariedades, encontrando-se então a justificativa para tantas ações idiotas na educação.

            Professores são geralmente profissionais politizados e isso passa a ser um entrave aos discursos vazios e insipientes deste nosso governo usurpador que segundo pesquisa IPSOS tem uma rejeição de 70%.

            Este governo nunca deveria ver educação e saúde como gastos, a ponto de propor cortes e congelamentos até 2020, ele deveria vê-las como investimento e fazer valer pelo Estado uma educação/saúde com qualidade, para que o país possa se desenvolver, pois com seus projetos, emendas constitucionais dentre outras idéias imbecis, ela terá o que muitos conhecem como vitória de Pirro, que é uma vitória obtida com um alto preço e com prejuízos irreparáveis por toda uma geração.

            Realmente o governo precisará cortar gastos, mas serão gastos com a educação para que assim, o mesmo possa aumentar como uma progressão geométrica a sua massa de manobra incorporada por sujeitos submissos, ignorantes e alienados quanto as políticas públicas.

            Com o governo atual, a nossa crise da educação pública passa a ser um projeto bem executado por seus representantes e pelo Estado.

            Ao o povo, cabe uso de uma fala entre o agente Smith e Neo no filme Matrix Reloaded “a ignorância é uma benção”.

 


[1] http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/07/temer-assina-reajuste-de-ate-41-para-servidores-do-judiciario-diz-stf.html
http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,temer-sanciona-reajuste-de-4147-para-servidores-do-judiciario-e-ministerio-publico,10000064087
 


[i] http://www.viomundo.com.br/denuncias/apesar-da-grave-crise-economica-repassea-de-dinheiro-publico-a-folha-crescem-78-sob-o-governo-temer-abril-tem-mais-624.html
http://www.revistaforum.com.br/2016/10/02/repasses-federais-a-folha-de-s-paulo-crescem-78-em-comparacao-com-mesmo-periodo-em-2015/

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