30/05/2016

Doutrinação Ideológica?

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade – www.wolmer.pro.br

            A poucos dias, li em um noticiário de um jornal local que uma pedagoga precisou da intervenção da polícia militar para sair da escola, isso porque chamou a atenção de uma criança mal educada, e a mãe omissa, se ofendeu, isto é, a criança não tem educação em casa, e a escola também sequer pode "educá-la", ou seja, não se pode chamar a atenção de um delinqüente, que a mãe mais delinqüente quer dar exemplo a seu filho de como se revolve problemas com violência.

            Estamos passando por uma inversão de valores em relação a educação e o reflexo disso tem sido a falência da educação pública, a nulidade do poder dos professores em sala de aula e quanto ao ato em ensinar e/ou educar. Estamos apenas, adestrando os alunos a serem vaquinhas de presépio e boi de manobra para viverem uma vida de gado marcado e "feliz".

            O nosso maior representante na educação, é simplesmente um graduado em administração de empresas. A licenciatura passou longe, e de acordo com o que foi dito, como educador, ele poderá ser um bom administrador de empresa e só. Aliás, estamos falando de educação ou administração? Porque não colocar uma pessoa com licenciatura e experiência, como Ministro da Educação? Talvez seja porque ele se preocupará realmente com a educação pública? Será porque ele se preocupará com a valorização de sua profissão? Ou porque ele não chamaria "um ícone da educação e da cultura", para ouvir suas ricas sugestões para uma educação melhor? 

            Não quero mais fazer ironias, afinal de contas, a situação é mais grave do que se parece. A Educação, jamais irá melhorar com tantos absurdos.

            Está na hora de pararmos de aceitar opiniões de qualquer um sobre educação. Quem entende de educação é professor, é quem está em sala de aula, vivenciando os problemas, as humilhações, os assédios morais, as violências psicológicas e físicas tantos de alunos quanto de pais omissos e tão marginais quanto seus filhos que nos agridem.

            Quem entende de educação não consegue falar sobre educação porque é emudecido pelo sistema. Fala-se de educação, economistas, jornalistas, amigos da escola, atores pornôs, estupradores de mãe de santo, toda escória representada por políticos imundos pela corrupção, enfim, todos falam, menos o profissional licenciado, habilitado, pois este profissional é o único que não tem voz e nem vez.

            Pedro Demo em seu livro Saber Pensar, publicado pela Cortez em 2000 ressalta que o professor tem a sublime tarefa de mostrar que a crítica é necessária para aprender com autonomia, ele complementa que a aprendizagem deve incluir a convivência comum como bem maior, mas nos dias de hoje, que bem maior será que estes políticos estão pensando? Até quando vamos contribuir com essa alienação de nossos alunos? Até quando vamos nos anular para que os representantes possam se perpetuar no poder? Até quando seremos obrigados a acatar tantos absurdos?

            Podemos esperar algo bom para educação com nosso representante? Como dito anteriormente, temos em nosso maior representante (Ministro da Educação) uma pessoa formada em administração de empresa, um político de carteirinha que hoje representa a educação e que votou contra a política de cotas, contra o Prouni e contra o crédito educativo.

            Como foi dito por "nosso presidente", o povo não cabe no orçamento público e uma forma de atingir o povo será pela educação, pois estão previstos cortes. Não temos um governo eleito pelo povo e para o povo. Temos um representante da elite, um usurpador que de tudo fará para prestigiar esta elite que representa.

            De acordo com um texto político lido, eles já estão prevendo cortes na receitas da União para a Educação e isso tem sido reforçado por alguns senadores quanto a desvinculação dos estados e municípios, cortando de 20% a 30% das receitas destinadas à educação. Já pararam para analisar em que isso irá refletir?

            Como dito várias vezes em meus textos, não tem como falar de educação sem perpassar pelo viés político, fica quase como um binômio nos dias atuais.

            No texto Apartheid da Educação, publicado em 27/04/2016 pela Revista Gestão Universitária, comentei sobre as idiotices cometidas por políticos, em nossa já tão sofrível educação pública e uma delas era que deputados haviam aprovado lei que punirá professores que falarem sobre política em sala de aula.

            Como fazer com que a educação pública cumpra o seu papel social que é emancipar e também dar condições para seus alunos se tornarem protagonistas e saírem da alienação imposta pelo sistema sem perpassar pela política e sem politizar seus alunos?

            Por incrível que pareça, a visita de um ator pornô ao ministro da educação (letras minúsculas propositais) foi para dar brilhantes sugestões sobre acabar com a doutrinação ideológica nas escolas, ou seja, querem mesmo todos alunos alienados e "despolitizados" para poderem ser cada vez mais manipulados por estas escórias.

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