Educação: da Exclusão a Inclusão.
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br
Ao analisarmos a história da educação, perceberemos que ela sempre passou por altos e baixos e em boa parte de sua história, ela foi excludente e manipuladora e poucas pessoas tinham o privilégio de ter acesso a ela, e quando isso acontecia, a mesma tinha conteúdo limitado sendo alienante e excludente, e nunca teve uma ação neutra, pois ela sempre foi influenciada pela política e/ou idelogia e/ou religião.
Isso nos faz analisar se o pouco caso que os políticos fazem com a educação é por ter conhecimento de sua história ou simplesmente por simples ignorância e assim, consequentemente se observa o presente a refletir o passado?
Obviamente a resposta é a segunda alternativa, pois estes políticos não conhecem nada além do próprio interesse e sabem que se a educação pública tivesse um mínimo aceitável de qualidade, este mesmo político teria pouca chance de se encontrar no poder.
Vamos analisar os pontos mais críticos da educação sem o intuito de perpassar por toda sua história, mas apenas alguns pontos cruciais para um melhor entendimento e uma fundamentação para compreensão do seu contexto.
No Egito antigo a educação visava a fala, a obediência e a moral. Isso ocorreu a mais de 3000 anos antes de Cristo e essa mesma educação era para uma minoria e a aprendizagem se fazia através de transcrições de hinos, livros sagrados e coerções físicas.
Em Esparta, prevalecia o conformismo e o estadismo, na qual tinha a educação trabalhada para formação do soldado perfeito. Ela continuava excludente, já que as mulheres não tinham acesso a ela, apenas a parte de atividades físicas para poderem estar saudáveis e terem filhos saudáveis para o Estado. Em tal época as mulheres eram educadas para o casamento e preparadas para terem bons filhos. Visto que, quando as crianças espartanas nasciam, elas eram inspecionadas por anciãos e se a mesma demonstrasse alguma fraqueza ou deficiência, era simplesmente jogada do cume do Monte Taigeta.
Essa educação era tão levada a sério que os pais entregavam seus filhos ao Estado quando estes completavam 7 anos de vida. Com isso, elas eram trabalhadas para serem soldados fortes e corajosos, o que é corroborado com o filme 300 e narra a história do Rei Leonidas que lidera 300 soltados para enfrentar um exército de 300.000 soldados liderados pelo "deus-rei" Xerxes da Pérsia.
O interessante é que em nenhum momento os soldados do Rei Leônidas se intimidaram com seus numerosos inimigos. Lutaram bravamente até não restar nenhum espartano nesta batalha. A educação criara realmente soldados bravos, destemidos, fortes e obedientes.
Situação similar aconteceu em Roma. A diferença é que eram os pais responsáveis pela educação de seus filhos, e quando um filho atingia entre 8 a 9 anos este passava por uma rigorosa avaliação, o que definiria se a mesma iria ou não continuar vivendo, pois todas as crianças deveriam servir ao Estado.
Adentrando na época medieval, a mesma ficou conhecida como ép0ca das trevas. Nesta época o pensar criticamente era uma afronta a igreja católica. Ela exigia total submissão e desenvolver a inteligência poderia ser um pecado a ser pago com a vida, o que causou forte grave prejuízo em relação ao desenvolvimento intelectual e científico do povo e da Nação.
E assim a educação foi caminhando. Ora seguindo uma ideologia, ora outra, mas sempre direcionada pelas mãos pesadas da Igreja ou do Estado.
Foi no período do renascimento que a atenção novamente é voltada para a educação, causando uma revolução na mesma, já que tal período foi considerado período de luz, tivemos vários pensadores que pregavam uma educação para o povo.
Uma corrente muito forte foi puxada por Martinho Lutero através da reforma que inseriu o ser humano como o centro das atenções e o pensamento científico começa a levantar questionamentos até então, intocáveis e vistos como verdades absolutas, que obviamente eram voltadas para uma domesticação subalterna de seus alunos.
Hoje temos estudiosos realmente preocupados com a verdadeira educação de qualidade, que fomenta o protagonimso cognoscente, direcionando o aluno para uma cidadania crítica e ativa.
Obviamente tivemos outros períodos como no Brasil Colônia e no Imperialismo que alavancou o ensino em nosso país, e a partir deste momento, tivemos mudanças que são refletidas até hoje, mas um fato inquestionável é que a educação, passou a ter uma vertente para a total inclusão dos alunos, tendo apoio de muitos educadores, pensadores e pesquisadores.
Nesta educação são trabalhadas novas metodologias de aprendizagens e com amparo da neurociência para entender e trabalhar melhor alunos com déficits de aprendizagens e/ou outras limitações.
Uma forma para se buscar uma educação de qualidade é através da flexibilidade cognitiva, tema muito estudado na década de 50 e que hoje, colhe-se os frutos.
Esta flexibilidade tem seu fulcro em auxiliar o aluno a não ser tão pavloviano, ou seja, com. respostas impulsivas e/ou impensadas, ou seja, respostas automáticas sem uma análise das outras possíveis respostas que poderão surgir mediante uma situação problema.
Geralmente uma situação problema tem mais de uma forma de ser resolvida, e esta flexibilidade faz com que o aluno tenha pensamentos alternativos para encontrar a melhor solução, e isso pode ser visto como o cerne dá criatividade.
O fato é que a educação hoje é voltada para a vida, para o ser integral, coisa que foi ignorada pelos Jesuítas que tiveram como característica a separação da escola e a vida, entretanto, apesar da educação pública ser muito falha para com o seu povo, existem profissionais sérios que sempre procuram um meio de levar uma perspectiva melhor para seus alunos.
A educação para uma vida prática é uma fala defendida por Giles em seu livro Filosofia da Educação publicado pela EPU em 1983 e o autor ressalta que a finalidade do processo educativo está em preparar o educando para uma vida essencialmente prática, o que a faz se tornar uma educação pela vida e para a vida.