18/11/2014

Educação: Da tecnologia da informação a tradição oral do conhecimento - Entendendo as pontes vivas de Meghalaya

Educação: Da tecnologia da informação a tradição oral do conhecimento - Entendendo as pontes vivas de Meghalaya

Wolmer Ricardo Tavares

            A tecnologia da informação visa promover a produção, armazenamento, transmissão e segurança das informações, além de ser um excelente recurso didático-pedagógico para os educadores, embora, muitos destes a use como bengala para amparar a sua falta de manejo com a turma.

            Essa tecnologia quando mal utilizada, ceifa a curiosidade de seus educandos, pois eles simplesmente fazem uso da pesquisa sem sequer ter discernimento do que está sendo pesquisado. Utilizam do recurso CTRL + C e CTRL + V instigando cada vez mais ao plágio e indo para séries superiores sem a verdadeira noção ética de um trabalho bem realizado, da ausência na busca de um conhecimento usando de sua autonomia e da má formação de seu caráter, pois sem noção do que é correto ou não, ele simplesmente passa a achar normal se apossar de algo que não lhe pertence, passando assim a ter o crédito intelectual de quem produziu.

            A curiosidade não é mais aguçada como antigamente. Curiosidade essa defendida por Freire quando frisa que a função do educador libertador é juntamente com seus educandos, superar a curiosidade ingênua pela curiosidade epistemológica, fazendo com que estes educandos tenham uma consciência crítica de seu entorno, transformando-se em agentes protagonistas de suas próprias vidas. As ideias Freiriana fomentam a pesquisa, pois a pesquisa leva a constatação, intervenção e educação, além da descoberta, e isso está se tornando cada vez mais raro nas instituições educacionais.

            Com nossa educação atual, a imaginação passou a dar espaço para alienação e os educadores, cansados com um longo o ano letivo, encontram meios para ministrarem suas aulas estéreis em laboratórios de informática, isso para justificar um cansaço, uma desmotivação e até mesmo a falta de profissionalismo e desvalorização da classe, imposta por um sistema formado por pseudo-educadores e oportunistas que visam uma massa de manobra, justificando assim a perpetuação do poder.

            A tradição oral do conhecimento exposta em sala de aula, poderá salvaguardar o conhecimento tradicional, e isso poderá ser mesclado com o novo e o tecnológico.

            Assim como é feito em Meghalaya, na Índia, com verdadeiras pontes vivas, criadas por árvores de espécie Ficus elastica, árvore-da-borracha indiana. Tais pontes com o passar do tempo, ficam mais fortalecidas. Essa tradição é uma verdadeira obra de dedicação e amor às futuras gerações. São conhecimentos passados de geração a geração e assim, vão se formando as pontes, através de processos de transferência de conhecimento, mostrando sua devida relevância para uma vida equilibrada com a natureza.

            Essa transferência de conhecimento é realizada pela tradição oral, ou seja, os mais velhos vão compartilhando com os mais novos, revelando lições as famílias e comunidades. Lições com valores que deveriam ser compartilhados reverberando e gerando bons frutos, fomentando a cultura do compartilhamento do conhecimento e também mais humanização, fugindo ao egoísmo e egocentrismo intelectual.

            Cabe ressaltar nestas pontes de Meghalaya, que suas raízes precisam ser direcionadas enquanto jovens, dando direções desejadas pelos homens para se tornarem elos entre margens extremas, e assim deveria ser uma educação de qualidade, direcionando seus educandos para se tornarem homens de bem, sendo verdadeiros elos para um país digno, ligando os extremos, acabando com preconceitos e convergindo para o bem comum.

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