Educação Diverge de Evidência Anedótica

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

O Brasil tem enfrentado uma polaridade política, e desde que iniciou-se a história do país com a exploração das “terra brasilis” ou “Terra do Pau-Brasil” houve polarizações, ora religiosa, ora ideológica, ora econômica e até mesmo política, mas não se sobressaia tantas imbecilidades e negacionismos, talvez seja porque antes era voto de curral ou voto de cabresto, e agora, com as tecnologias de informação, o imbecil passa a ter voz e vez.

Qualquer néscio pode virar um influenciador e com seus milhões de seguidores, direcionar sua massa de manobra para conseguir seu intuito.

Tivemos em certo governo, uma onda de negacionismo que quase adentramos na era medieval, cuja ciência era vista como bruxaria e para tal época, queimavam-se as bruxas, e claro, hoje a caça as bruxas se dá por meio de cortes de verbas na área de pesquisa[1].

Foi um governo que passou para o confronto direto com a ciência[2], desacreditando não apenas no âmbito nacional, mas mundialmente a ciência e as instituições mais renomadas, o que infelizmente muitos alienados passaram a ecoar imbecilidades e qualquer verdade que contrapunha o seu senso hipócrita.

As fontes de informações se limitaram a grupos bem selecionados nas redes sociais e WhatsApp, e qualquer informação que não saísse deste meio, obviamente era refutada.

O argumento se baseava em evidência anedótica, que se fundamenta em uma informação não científica e baseada em experiências pessoais, observações não sistemáticas ou relatos isolados que em alguma situação, busca-se uma pessoa da área, porém com pensamentos similares a quem buscou para dar um parecer ou até testemunho sobre a situação, imperando muitas vezes uma opinião preconceituosa e maledicente.

Na evidência anedótica as observações generalizadas não são validadas de forma independente, o que difere da evidência científica que tem como pedra angular uma metodologia, medição e experimentação.

Usemos como exemplo uma afirmação que o fato de eu nunca ter visto uma pessoa preta ser agredida pela polícia[3] não implica em dizer que isso não seja algo que acontece com muita frequência. É fazer imperar como uma verdade inquestionável a minha negação dos dados, dos estudos e das pesquisas além de dizer que a mídia está errada em proliferar informações contrárias ao meu achismo.

Veja que interessante, a educação tem como objetivo desenvolver o discernimento do educando e alguém com discernimento é alguém que segue a linha da pesquisa, dos dados e principalmente da ciência.

A educação trabalha o aluno no seu desenvolvimento integral, nas suas habilidades e porque não afirmar, no desenvolvimento do seu protagonismo e criticidade que diverge de passividade e de preguiça intelectual.

A educação instiga o aluno a pensar, a questionar o status quo, a não ser um mero vassalo totalmente docilizado.

Educar implica em uma ação voluntária e subversiva porque tira o educando de sua alienação para autonomia intelectual a caminho do seu maior poder que é o conhecimento que não tem como ser balizado pela evidência anedótica.