25/08/2020

Educação: Do Isolamento Social ao Pertencimento

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

            O Covid-19 chegou ao nosso país e nos mostrou a nossa pequenez diante de deste mal e também ressaltou como é vil a nossa política, onde o interesse sobrepuja a vida humana.

            Ele chegou impondo mudanças sociais e comportamentais.

            Sua chegada em momento algum foi sorrateira, pelo contrário, foi anunciada e esperada, embora ignorada e vista como uma gripezinha, gripezinha que não para de contabilizar números de mortes que até este exato momento, ultrapassa 115 mil, e muito maior é o número de famílias dizimadas e sonhos destruídos.

            Em contrapartida, o Covid-19 diante de tanto mal, trouxe algo interessante para a realidade da sociedade, foi a união da família que com este isolamento, veio o pertencimento.

            Com um olhar na seara da educação, era percebido e ressaltado por mim no livro Escola não é Depósito de Crianças, publicado pela WAK em 2012, que as crianças eram deixadas nas escolas e estas instituições eram nada mais nada menos que um depositário, no qual os pais deixam seus filhos nestas instituições educacionais e as incubem de tudo, isentando-se de qualquer responsabilidade perante o ato de educar seus próprios filhos.

            Quantos foram os funcionários destas instituições que tiveram que esperar os responsáveis buscarem seus filhos bem depois dos horários, por motivos banais, nunca tendo o próprio filho como prioridade.

            Estes pais andam tão omissos em suas obrigações que houve necessidade de uma intervenção do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, elucidando no seu Art. 4º que a responsabilidade em cuidar e educar os filhos é da família e neste mesmo Estatuto, Deflui do artigo 129, inciso V que "os pais, além da matrícula, têm o dever de acompanhar a frequência e o aproveitamento escolar do filho [...] garantir a permanência, bem como no de observar e participar da evolução escolar da criança ou adolescente, avaliando seus progressos individuais e estimulando-os para que o estudo seja-lhes rendoso".

            Vale ressaltar que mesmo este Estatuto sendo lembrado pelas instituições de ensino, tais pais, sentem-se em sua plena arrogância, responsabilizar as instituições pela total educação de seu filho, se olvidando de que a educação de valores deve ser oriunda da família, pois é neste educação que são reveladas as virtudes dos pais.

            Assim sendo, o Covid-19 trouxe consigo caos à saúde, economia e também a educação institucionalizada, porém em contrapartida, ela inseriu o aluno a família, pois a sua exclusão começa em seu leito, a partir do momento em que a escola é vista como um depósito de crianças.

            A escola pode ser a melhor escola da cidade, quiçá da região, entretanto, esta jamais suprirá a carência deixada pela família.

            Dito isso, pode-se perceber que a aceitação pessoal, aquele sentimento de utilidade, autoridade, valores, ética, calor emocional, sentimento de bem estar, respeito próprio e pertencimento a família foram as boas mudanças trazidas pelo Covid-19.

            Este nefasto vírus veio também como forma de demonstrar a importância do educador e reforçar os laços desta criança com a família, unindo-a para o enfrentamento desta seara da educação reforçando ainda mais a parceria entre pais e educadores, parceria esta que nunca poderia ter enfraquecido.

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