Educação e a Dor de Ser Preto
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
A educação é transformadora e isso todos sabem, principalmente a elite dominante que a sucateia para se manter no poder, porque esta mesma elite quer manter o seu legado, subtraindo seu povo a este direito que deveria ser inalienável.
É por meio da educação que a desigualdade social é vista de forma crítica e não como um destino do povo preto, pardo e pobre.
Apesar de pensarmos erroneamente que um homem educado é um homem livre de preconceito, temos como exemplo, parlamentares bacharéis em direito ou em outras áreas totalmente sem humanidade.
Pessoas que usam como palanque a chacina ocorrida no dia 28 de outubro deste ano afirmando que a polícia poderia ter matado mais 120, todavia se olvidam que o crime organizado está por toda a parte, seja nos parlamentos que até tivemos como exemplo a PEC da Blindagem ao qual alguns queriam se blindar de possíveis crimes.
Bandido tem em todo lugar: nos parlamentos, na Faria Lima, nos condomínios de Luxo, enfim, não é só nas periferias e/ou comunidades.
A situação é que ao povo preto, pardo e pobre é imposto a herança de uma vida sem valor.
Quando a polícia aborda um preto do subúrbio, ele não é visto como um cidadão trabalhador com todos os seus direitos que deveriam inclusive ser resguardado por ela, mas como um bandido e a própria polícia se encarrega de alvejar esta pessoa sem que haja julgamento, aliás, o julgamento é feito no exato momento em que ele foi abordado, muitas vezes condenado a uma execução.
Temos bandidos ricos que cumprem suas prisões domiciliares em suas mansões com todo o luxo oriundo de sua corrupção, entretanto, ao preto sequer é dado a oportunidade de um julgamento justo.
As escolas públicas trabalham a consciência negra, o respeito, a dignidade, mas o problema não está na comunidade ao qual o aluno está inserido, o problema é externo, é do político que se formou nas instituições privadas elitizadas e que apesar de terem tido uma formação alicerçada em uma boa grade curricular, esta instituição nada pode fazer em relação ao seu caráter.
Como ressaltado em meus livros, escola não trabalha caráter, o caráter é intrínseco no sujeito. A imbecilidade é nata e quanto a isso, poderíamos discorrer laudas e mais laudas dando exemplos de pessoas como políticos e religiosos que têm apenas o verniz da hipocrisia a cobrir a besta escondida em si.
É obvio que temos muitas variáveis que poderiam ser analisadas no dia a dia destas pessoas que morreram, não para justificar, mas para compreender onde o Estado erra e onde erramos quando escolhemos parlamentares como o governador e o prefeito que ordenaram a chacina.
A educação não vai erradicar o crime, isso porque um político que desvia verba de merenda, da saúde ou que faz uso de propinas e corrupção é tão criminoso quanto um assaltante, e pode-se afirmar que moralmente, chega a ser até pior, porque quando o político se apropria do dinheiro público, ele está lesando toda sociedade e não apenas um indivíduo.
A educação não pode ser omissa e deixar esta chacina cair no esquecimento, ela precisa fazer seus educadores trabalharem a conscientização de seus alunos, porque Paulo Freire já afirmava que o sistema teme o pobre que sabe pensar, isso porque ele é questionador e a todo momento desafia o status quo.
Observe que quando a educação trabalha o protagonismo de seus alunos, é trabalhado em concomitância a criticidade que pode representar a ameaça ao poder, exigindo assim a sua manutenção.
Dito isso, que nas próximas eleições possamos desenvolver o discernimento em nossos alunos para que tenham melhores escolhas em relação a seus representantes e que jamais se esqueçam o que foi feito ou deixou de ser feito pelos que já estão no poder.