Educação e Letramento Político
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
A falta de letramento na vida tem suas consequências. Peguemos como primeiro exemplo, o letramento nas escolas, o que até o ano de 1950, bastava um indivíduo estar alfabetizado para a sociedade vê-lo como um sujeito promissor e isso se dava por uma resposta afirmativa quanto a uma simples pergunta? “Sabe ler e escrever?”.
Interessante perceber que quando existia dúvida entre o questionador, bastaria que o sujeito escrevesse o seu nome para ser considerado alfabetizado, entretanto, a partir de 1950, a dúvida não mais se limitava a escrita de um nome, fazia-se necessário que a pessoa escrevesse um simples bilhete.
Entretanto hoje não basta mais ser alfabetizado, é de suma importância o letramento, já que é este letramento que explicitará habilidades de contextualização na leitura usando por meio da escrita toda a explicitação de seu raciocínio.
Um sujeito letrado usufrui de benefícios da prática sociocultural bem como proporcionar um entendimento de textos mais complexos além propiciar a inserção do sujeito na prática da cultura sócio-histórica, ou seja, que considera a interação entre aspectos sociais e históricos na análise de um fenômeno ou objeto de estudo e é justamente este letramento que tem faltado em nossos jovens.
Isso porque o letramento torna pessoa em um agente transformador, permitindo a ela uma visão mais horizontal e em concomitância, permite com que o indivíduo tenha discernimento da verdadeira realidade, mesmo que o sistema obnubile com falsas informações, ele não se dará por vencido, pois o letramento além de desenvolver suas habilidades cognitivas, permite também que ele desenvolva sua autonomia intelectual.
O letramento traz em si tantos benefícios na educação que faz com que o discente desenvolva um pensar e agir críticos, fomentando suas capacidades de ação a uma melhor contextualização sem se deixar esbarrar na manipulação do sistema.
Assim sendo, é justamente este letramento que reverberará por toda a vida do educando, extrapolando e reverberando por toda sua existência e influenciando inclusive em sua vida política por meio do letramento político.
E será este mesmo letramento que permitirá acompanhar as notícias e os temas relevantes e não se deixar influenciar por falácias e/ou falsas narrativas, isso porque a sua visão não é mais tão simplista como outrora quando era vulnerável e manipulável, isso porque quando uma pessoa é letrada politicamente ela tem desenvolvida em si, as habilidades, conhecimentos e atitudes necessárias para uma participação mais ativa e consciente na vida política de uma sociedade.
Ela passa a ter um melhor entendimento quanto ao funcionamento do sistema político e percebe a tênue linha da manipulação, já que é possuidora de discernimento.
Um exemplo são empresários que julgam as ações sociais realizadas pelo governo como esmola e/ou fomento a preguiça e a “malandragem”, exigindo assim um Estado mínimo, mas colocam pano quente quando fazem pedido de isenções intitulada de renúncia fiscal que é simplesmente um desvio do dinheiro público para empresas ricas, que em 2024 o Brasil teve mais de R$ 600 bilhões de reais em renúncia fiscal e no mesmo ano, o governo gastou R$ 285 bilhões com despesas relacionadas à assistência social.
O fato é que o letramento político te dá discernimento para entender as obrigações do governo com o seu povo e perceber que o rombo na economia não está nas despesas quanto a assistência social e sim nas renúncias fiscais que é apenas a ponto de um iceberg, porque outros absurdos são escondidos e até mesmo camuflados, mas que os políticos apontam para os mais pobres da sociedade como causa primordial de certa desordem econômica.
Por isso é fácil afirmar que não existe uma educação neutra, porque a própria neutralidade é na verdade uma doutrinação a imbecilidade e a manipulação dos menos esclarecidos que é a maioria.