13/12/2016

Educação e Música

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            A música é uma manifestação cultural e de acordo com Bréscia (2003) trata-se de uma linguagem universal participando da história da humanidade desde suas mais remotas civilizações. Barreto e Chiarelli (2005) esclarecem que a música auxilia na memorização, concentração, socialização, imaginação, autodisciplina e consciência, o que nos remete ao tropicalismo que foi um momento de ruptura do sistema impositor e aniquilador.

            Através da música ouvimos a poesia, o protesto contra o sistema, a narrativa de um contexto histórico, enfim, expressamos nossa forma de pensar como na letra "Enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de raiva e de sede, são tantas vezes, gestos naturais", ou a mais pura crítica de forma inteligente quando o sistema tenta calar um de seus artistas "Como é difícil acordar calado/Se na calada da noite eu me dano/Quero lançar um grito desumano/Que é uma maneira de ser escutado", e nos faz perceber que "Nas favelas, no Senado/Sujeira pra todo lado/Ninguém respeita a Constituição".

            Hoje perdemos o "tom" com o doce balanço a caminho do mar, assim como perdemos Vinicius de Moraes, o "Poeta e diplomata. O branco mais preto do Brasil Na linha direta de Xangô".  Estamos perdendo a poesia, a cultura, a consciência política.

            Nossa juventude idiotizada, quer ouvir apenas beijinho no ombro, "pancadões" e sertanejos universitários sem um fulcro voltado para conscientização política, e mesmo se conseguíssemos extrair algo de bom nos ritmos atuais como "Eu só quero é ser feliz/Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é/E poder me orgulhar/E ter a consciência que o pobre tem seu lugar" as pessoas não conseguirão perceber que o pobre realmente tem o seu lugar e que este lugar está sendo tomado por este governo usurpador.

            A pergunta que não se cala é: "hoje as pessoas compõe este lixo porque são frutos de uma geração idiotizada pela educação institucionalizada ou porque esta geração idiotizada perdeu todo discernimento da realidade política e todo seu protagonismo cognoscente e não consegue ouvir algo mais profundo e extrair o essencial disso?

            Independente a resposta, isso nos remete a afirmação de Thomas Hobbes quando aduz que "O homem é o lobo do homem", e o nosso atual sistema de educação, vem a contribuir para esta alienação, transformando toda sua massa em seres obedientes e subalternos, incapacitados no pensar e no agir com cidadania, mostrando o quanto ainda somos idiotas.

            E assim a música tem sido utilizada, em uma geração para representar o amor, a poesia, a história, as lutas, os sonhos de uma sociedade mais humana e isonômica e em outra geração para representar o nada, a nossa pequenez com letras imbecis e uma geração de pessoas estéreis a corroborarem com este Estado corruptor.

            As músicas podem representar um rompimento com o sistema, e ela está cheia de heróis que o tempo sequer conseguiu calar, então, cabe a nós, país e educadores, rompermos as amarras deste sistema e inserirmos a cultura da boa músicas com letras inteligentes e politizadas para que nossos educandos e/ou filhos possam desenvolver o discernimento e assim fazer as devidas transformações na sociedade.

            Cabe ressaltar que este aprendizado mostrado pela música necessita de um conteúdo mais rico, ao qual fará do aluno um questionador com um auto grau de discernimento e não um alienado como tem acontecido.

Referências

BARRETO, Sidirley de Jesus; CHIARELLI, Lígia Karina Meneghetti. A importância da musicalização na educação infantil e no ensino fundamental: a música como meio de desenvolver a inteligência e a integração do ser. 2005. Disponível em: http://www.iacat.com/revista/recrearte/recrearte03/musicoterapia.htm. Acesso em: 10 de dezembro de 2016.

BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Átomo, 2003.

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×