Educação e o Desamparo Aprendido
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Dissertar sobre desamparo aprendido, segundo Ferreira e Tourinho (2013)[1], remete-nos à análise comportamental que faz alusão à dificuldade de aprendizagem encontrada em indivíduos previamente expostos a estímulos aversivos.
Para os pesquisadores, o desamparo aprendido é denominado pela dificuldade de aprendizagem apresentada por sujeitos expostos a uma estimulação incontrolável, quando comparados a outros grupos.
Dito isso, o desamparo aprendido é explicado melhor em um experimento realizado por uma professora com seus alunos, os quais foram divididos em grupos. Foram direcionadas certas atividades e, apesar de ser o mesmo conteúdo, um grupo escolhido por ela sempre recebia a tarefa mais árdua e complexa para ser resolvida no tempo disponível.
Este experimento sucedeu outras vezes sem sucesso algum por parte deste grupo, até que, em certo momento, novas atividades foram repassadas para todos os grupos. A atividade desta vez era considerada de fácil solução; todavia, o grupo que recebia as mais complexas não conseguiu sequer solucionar algo bem simples.
O fato é que este experimento constatou o desamparo aprendido, isto é, o grupo que falhou sucessivas vezes na execução das atividades falhou nesta também por simplesmente acreditar que não seria capaz de resolver o problema, mesmo sendo de fácil solução. Houve, na verdade, um bloqueio, uma crença de sua incapacidade e até mesmo autossabotagem.
Este experimento serve para pontuar, nas falas dos autores acima, que o desamparo aprendido produz um déficit na aprendizagem, como também estimula a baixa autoestima dos indivíduos.
As falas acima são corroboradas pela pesquisadora Hunziker (2005) [2], que também complementa existir uma independência entre resposta e estímulo. Dessa forma, a aprendizagem é estabelecida frente aos eventos incontroláveis, o que é generalizado para novas situações, mesmo sendo estas diferentes.
Infelizmente, na educação, o desamparo aprendido tem sido recorrente em nossos alunos, fazendo com que desistam de tentar aprender porque existe em si uma crença limitadora de que não serão capazes de adquirir o conhecimento necessário para a assimilação do que foi passado.
Dito isso, cabe ao docente, quando percebe o desamparo aprendido, agir de forma a rever sua metodologia e, em parceria com o corpo discente, mudar as perspectivas. O docente deve começar o processo ensino-aprendizagem de forma gradual, com ações pequenas e concretas, além de auxiliar o aluno a identificar pensamentos negativos e direcionar seu foco para seus pontos fortes como forma de superar desafios, bem como a criação de um ambiente de apoio.
[1] FERREIRA, D. C.; TOURINHO, E. Z.. Desamparo aprendido e incontrolabilidade: relevância para uma abordagem analítico-comportamental da depressão. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 29, n. 2, p. 211–219, abr. 2013.
[2] HUNZIKER, M. H. L.. O desamparo aprendido revisitado: estudos com animais. Estudos de Psicologia: Teoria e Pesquisa, Vol. 14. n° 3, 17-26. 1997. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/estpsi/a/9mTT8yBFJ9nsGx7hgMJx58b/?format=pdf&lang=pt>