28/01/2019

Educação Ecocentrada Como Ferramenta de Desenvolvimento Sustentável

Roberto Gilonna Júnior

 

INTRODUÇÃO

Este artigo com tema Educação Ecocentrada como Ferramenta de Desenvolvimento Sustentável para construção de uma sociedade equilibrada qualitativamente, apresenta em seu escopo, duas portas de entrada para a educação e para a socialização da vida humana: a família e a escola. Da família herdamos ou não o sentido da acolhida e da autoconfiança (da mãe) e o sentido dos limites e a percepção de valores éticos (do pai). A escola, além que repassar informações, se propõe ao objetivo de criar as condições para a formação de pessoas autônomas com competência para plasmar o próprio destino e aprender a conviver como cidadãos participativos (BOFF, 2017). A educação, sob esta ótica, pode ser entendida como centrada no ser humano e na sociedade.

Esse propósito correto é hoje insuficiente. Depois que irrompeu o paradigma ecológico, nos conscientizamo-nos do fato de que todos somos ecodependentes. Não podemos viver sem o meio-ambiente, com seus ecossistemas, que incluído o ser humano, forma o ambiente inteiro. Somos um elo da comunidade biótica.

A humanidade não está frente à natureza, nem acima dela como donos, mas dentro dela como parte integrante e essencial. Participamos de uma comunidade de interesses com os demais seres vivos que conosco compartem a biosfera. “O interesse comum básico é manter as condições para a continuidade da vida e da própria Terra, tida como superorganismo vivo, Gaia” (BOFF, 2017).

Precisa-se impedir que esta depreciação da terra entre num processo de caos, buscando um novo equilíbrio na destruição para a construção de uma nova ecocidadania à custa de pesados sacrifícios ecológicos como o extermínio de milhares de espécies, cataclismos, secas, inundações, insegurança alimentar em vastas proporções e, eventualmente, o desaparecimento de incalculável número de seres humanos – preço alto.

JUSTIFICATIVA

Este estudo se justifica por ser um conceito desconhecido e pouco difundido no ocidente/meridional assim como o conceito de ecosustentabilidade também. E por estarem em fase de construção, aqui tem-se uma breve análise sobre o que pensam alguns teóricos amealhados com conhecimentos repassados empiricamente.

A educação em si é uma prerrogativa unicamente da família atribuída na própria Constituição Federal de 1988. Também o estado tem sua parcela de contribuição para formação desse cidadão enquanto o tutor maior de um povo, de um território.

A Educação Ecocentrada tem em sua essência, um elo na construção de uma sociedade mais compromissada no cuidado ao meio ambiente social. Tem a capacidade de preservar e manter um sistema etnoecológico partindo de fora para dentro, ou seja, vindo da consciência produzida pela força da Educação Ecocêntrica, através do impulso na formação prática de um povo, pra proteção da parte interna do sistema – A floresta, o meio ambiente ecológico propriamente dito.

Quem poderia colocar em prática esse mecanismo? Quais impactos seriam vistos a curto, médio e longo prazo?

A prática de tal ferramenta dar-se-á através da reformulação curricular ou por meio do investimento em projetos de extensão que tenham como foco principal o ser humano, a escola (federal, estadual, municipal, privada), por meio das associações, institutos, cooperativas e fundações.

Os impactos que se constituem de curto prazo: a difusão do aparelho acadêmico/escolar nas comunidades com mais perseverança e ênfase, regularmente trazendo a massa social para dentro destes domínios; - de médio prazo: a consolidação de uma ideia simples como “educar econcenticamente” a população para o cuidado com meio em que vive ( sua rua, beco, avenida, biela, espaço pessoal, quintal, etc.); - de longo prazo: a tomada de consciência da proteção e preservação do meio ambiente como um todo ( as matas urbanas, as matas rurais, os parques locais, parques regionais e assemelhados) constituindo o verdadeiro equilíbrio no desenvolvimento sustentável a que se propõe a Educação Ecocentrada.

METODOLOGIA

Para a classificação da pesquisa, toma-se por base a sistemática apresentada por Severino (2017), que a qualifica em relação a um aspecto: quanto aos meios. Quanto aos meios, a pesquisa constitui-se bibliográfica e documental. Bibliográfica, porque para a fundamentação teórico-metodológica do trabalho realizou-se na investigação sobre os seguintes assuntos: educação ambiental, meio ambiente, acontecimentos e ações por vezes insignificantes para o equilíbrio do desenvolvimento sustentável.

A pesquisa documental se deu pela investigação “[...] de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo  com os objetos da pesquisa, por exemplo, artigos retirados da plataforma Cielo (GIL, 2008).

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Como referencial teórico o estudo concentra análises de fragmentos do artigo “Elementos para pensar o desenvolvimento sustentável”(FERREIRA & TOSTES, 2015), onde os autores defendem educação como elemento crucial para o desenvolvimento Sustentável (DS) sem a qual não há sustentabilidade global; em que sem a preparação adequada de seus membros, uma comunidade não pode progredir e desenvolver-se; torna-se a educação um elemento fundamental e sem ela não há inclusão ecoambiental; impõe-se como imperativo promover a educação para o DS, com forte componente ambiental; educação como imperativo ético de mobilidade social, de cidadania e de crescimento econômico para todos.

De acordo com os autores, educação ecocentrada é um desafio ímpar e requer um horizonte de longo prazo e deverá ser incorporada uma ética ecológica aplicada (não teorizada); ser uma força motivadora para gerar ações ambientais responsáveis e valores para a sustentabilidade; mostrar-se essencial para o desenvolvimento pelo seu valor intrínseco (...) contribui com o despertar cultural; que atua como agente de conscientização e compreensão dos direitos humanos; e contribui para o aumento da adaptabilidade, o sentido de autonomia, a autoconfiança e a autoestima.

Ainda temos os fragmentos de Boff (2017) indicam que a sustentabilidade, resulta de um processo de educação pela qual o ser humano redefine o feixe de relações que entretém: com o universo; com a terra; com a natureza; com a sociedade; e consigo mesmo dentro dos critérios de equilíbrio ecológico.

Somente um processo generalizado de educação pode criar mentes novas e corações novos, capazes de fazer a revolução paradigmática exigida pelo risco global sob o qual vivemos. A situação mudada do mundo exige que tudo seja ecologizado, isto é, cada saber deve prestar a sua colaboração a fim de: Proteger a Terra; Salvar a vida humana; e  nosso projeto planetário (BOFF, 2017).

Ainda de acordo com Boff (2017) a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que proclamou os anos de 2005-2014 como a  ”Década da educação para o desenvolvimento sustentável”, traz em seu bojo três das principais e importantes  perspectivas para evolução da educação ecocentrada quais são:

  1. Perspectivas socioculturais que incluem: direitos humanos, paz e segurança; igualdade entre os sexos; diversidade cultural e compreensão intercultural; saúde;
  2. Perspectivas ambientais que comportam: recursos naturais (água, energia, agricultura e    biodiversidade); mudanças climáticas; desenvolvimento rural; urbanização sustentável; prevenção e mitigação de catástrofes.
  3. Perspectivas econômicas que visam: a redução da pobreza e da miséria; a responsabilidade e a prestação de contas das empresas.

 

Como afirma o autor acima citado, todos somos ecodependentes e participantes de uma comunidade de interesses com os demais seres vivos que conosco compartem a biosfera. Nesse sentido, a educação deve impreterivelmente incluir as quatro grandes tendências da ecologia: a ambiental, a social, a mental, a integral ou profunda (aquela que discute nosso lugar na natureza).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas democracias mais solidificadas a educação é tratada como elemento crucial para o desenvolvimento. Tanto é fato que vemos na Europa países como França, Alemanha, Bélgica, Portugal e Itália mostram avanço através de um sistema de educação social ecocentrada na preservação e cuidado com o meio ambiente existencial e natureza.

Na América do Sul países com Uruguai, Argentina, Chile, Equador e Colômbia fizeram no período de 2005 a 2014 com que a educação fosse elemento fundamental para inclusão de seres humanos na sociedade, tirando-os do assistencialismo perdurante durante anos e até séculos de dependência.

Educação como ferramenta de desenvolvimento sustentável torna-se imperativa ser manipulada como instrumento ecoetico, utilizando os recursos de forma conscientemente ética, devolvendo ao meio ambiente a parte cabente na reposição do recurso retirado ou usado. Uma ética ecológica aplicada, pujantemente praticada e notoriamente vista – e não teorizada, incubada no sentido de alguns privilegiados terem acesso.

A educação ecocentrada no Brasil deve ser levada em consideração pelo aspecto das motivações para gerar ações ambientais, dando início a um novo processo de guarda dos recursos naturais existentes no meio urbano, meio rural e meio florestal. Com isso, gera-se valor intrínseco sob o ponto de vista da recuperação a baixo custo nas políticas públicas e consolida um despertar cultural no sentido de cultura de preservação do meio ambiente inculcando assim um espectro de agente de conscientização e autoestima.

REFERENCIAS

BOFF, Leonardo. Sustentabilidade: o que é-o que não é. Editora Vozes Limitada, 2017.

FERREIRA, José Francisco Carvalho; TOSTES, José Alberto. Elementos para pensar o desenvolvimento sustentável. PRACS: Revista Eletrônica de Humanidades do Curso de Ciências Sociais da UNIFAP, v. 8, n. 1, p. 123-141, 2015.

GIL, A.  C . “Métodos  e  Técnicas  de  Pesquisa  Social.”  6. ed., 3  reimpr.,  São Paulo: Atlas, 2 008 .

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. Cortez editora, 2017.

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